Capítulo 4
Lucas pediu a Jean para levar Beatriz de volta para Alphaville. Beatriz entrou no carro e, através da janela, viu os dois abraçados do lado de fora da cafeteria. Parecia que ele estava consolando Camila. Um leve sorriso de alívio e amargura apareceu nos lábios de Beatriz. Desde o momento em que pediu a Larissa para marcar um encontro entre ela e Camila no Café Milão, ela já sabia que Larissa contaria a Lucas. Tudo estava dentro do seu plano.

Jean dirigia o carro e, ao parar no semáforo vermelho, virou-se para Beatriz:

— Secretária Silva, você é tão inteligente, mas por que provocar o Presidente Lucas?

Eles trabalharam juntos por cinco anos. Jean testemunhou o quão dedicada Beatriz era ao cuidar de Lucas. Para garantir que o estômago de Lucas fosse bem cuidado, ela estudou culinária todas as noites depois do trabalho, dominando a arte da culinária que rivalizava com a de chefs do nível Michelin. Ela cuidou de tudo para Lucas com muito carinho.

Beatriz empurrou uma mecha de cabelo atrás da orelha, apoiou o cotovelo na janela, seus olhos brilhantes. Ela nunca se sentiu tão consciente. Se o homem não a amava, por que ela deveria se apegar ao amor dele? Ela virou a cabeça para o lado, piscando seus olhos brilhantes e disse:

— Secretário Carlos, eu sei o que estou fazendo.

Jean respondeu:

— Você ainda tem ânimo para brincadeiras?

Lucas já estava muito zangado. Beatriz sorriu silenciosamente. Ela estava de bom humor. Eles ficaram em silêncio. Fora da vila em Alphaville, havia guardas de segurança; Beatriz não poderia fugir.

Jean a deixou em Alphaville e partiu. Sem a ordem de Lucas, Beatriz não podia sair daquela vila. No meio da noite, a sala de estar ainda estava transmitindo uma TV entediante. Beatriz já estava dormindo no sofá.

Lucas olhou para a mulher adormecida com um olhar penetrante. Quando ela dormia, havia uma calma nela, tão diferente da secretária Silva implacável e brilhante durante o dia. Ele franziu a testa e se inclinou sobre ela.

Beatriz foi acordada por alguém beliscando seu queixo com força. Doeu muito. Ela abriu os olhos e viu ele, frio como sempre, com um leve cheiro de perfume como o de Camila.

Beatriz franziu a testa e sentiu náuseas no estômago. A sala estava mal iluminada, com apenas uma pequena luminária de mesa acesa, e a luz da TV iluminava suavemente o ambiente.

Com metade do rosto bonito escondido na escuridão, Lucas falou com voz fria:

— Beatriz, quem te deu coragem para falar coisas aleatórias na frente da Mila?

Beatriz deitou no sofá, abaixando as pálpebras, sem dizer uma palavra. Neste momento, qualquer palavra seria errada.

— Perdeu a língua? Fale!

Ele não demonstrou nenhuma piedade ao segurar o queixo dela.

O pescoço fino e frágil foi forçado a inclinar-se em um arco. Beatriz foi obrigada a erguer seu pescoço esguio, seus olhos lindos fixos na expressão fria dele.

Seu queixo doía, as lágrimas já escorriam, mas sua voz permanecia calma:

— Eu apenas contei a verdade para ela. Nós dois temos um certificado de casamento, será que eu disse algo errado?

Ele apertou ainda mais o queixo dela, sua voz saindo fria e venenosa:

— Beatriz, é só um pedaço de papel. Esqueceu do contrato de casamento? Naquela época, você assinou só por dinheiro, sem vergonha.

Beatriz sabia que sua expressão devia estar horrível agora. Ela piscou os olhos. Sem vergonha? Então era assim que ele a visse.

Beatriz mordeu os lábios e riu levemente:

— Não sou eu que sou sem vergonha. Apenas estamos obtendo o que precisamos.

Lucas a desprezou:

— Secretária Silva, você realmente sabe falar. Pegou o presente de casamento para sustentar seu primeiro amor. Só você mesmo faria algo assim.

— Que primeiro amor? — Beatriz franziu a testa, surpresa.

Ele riu friamente. Seus dedos, que antes seguravam o queixo dela, deslizaram pelo pescoço fino e frágil, descendo mais.

Beatriz estremeceu.

Lucas baixou a voz:

— Seu corpo é realmente sexy. Não é de se admirar que Afonso queria contratá-la com um salário alto.

Ele levantou a blusa dela, e a mão quente deslizou para dentro.

Beatriz, surpresa, segurou a mão dele.

O que antes era uma carne macia e cheia, agora foi apertado com força, fazendo Beatriz encará-lo com olhos vermelhos de dor.

Os olhos do homem estavam frios, despreocupados.

Beatriz notou que a outra mão dele estava descendo.

Ela olhou para ele, a voz gélida e sarcástica:

— Então é assim que você ama Camila?

Lucas soltou uma risada ambígua e retirou a mão:

— Você se superestima. Não tenho interesse no seu corpo. Se não fosse por estar bêbado e febril naquela noite, não teríamos feito nada.

A sensação suave ainda estava presente na mão dele. Lucas semicerrava os olhos, cheio de nojo e um pouco de dúvida.

Duas meses atrás, naquela noite, foi a primeira vez que eles ficaram juntos. Mas na verdade, ele não tinha nenhuma lembrança do ato com Beatriz. Talvez ele estivesse tão febril que ela aproveitou para se deitar com ele.

A voz do homem era fria, como se desprezasse aquele acontecimento.

Beatriz respirou fundo, sentindo-se sufocada. Ela se levantou e, aproximando-se do ouvido dele, sussurrou com um sorriso:

— Mas naquela noite você estava bem interessado em mim, pedindo várias vezes.

Sua outra mão deslizou provocativamente pelo cinto dele.

O rosto de Lucas se contorceu de repente, seus olhos profundos e cheios de desprezo. Ele afastou a mão dela do seu pescoço e levantou-se.

— Beatriz, não faça nada desnecessário. Se não fosse pela minha avó gostar de você, eu não me importaria de entregá-la para Afonso depois do que fez hoje.

Ao ouvir isso, Beatriz percebeu que era uma completa perdedora.

Ele podia facilmente dizer que a entregaria para outro. Isso provava que ele nunca teve nenhum sentimento por ela durante todos esses anos.

— Amanhã, lembre-se de ir ao hospital ver a vovó. Não diga nada que não deva na frente dela.

Lucas ajeitou a roupa, seus olhos frios, e saiu apressado.

No hospital.

A avó de Lucas, ao ver Lucas e Beatriz entrando de mãos dadas, abriu um largo sorriso:

— Bia, venha sentar aqui ao meu lado.

Ela olhou para Lucas com um olhar carinhoso:

— Lucas, a vovó sonhou com meu bisneto na noite passada. Ele era tão pequeno e fofo.

Lucas esboçou um sorriso raro e brincou:

— Vovó, prometemos nos esforçar.

As células cancerígenas da avó de Lucas já tinham se espalhado. Ela só tinha mais um ou dois anos de vida. Lucas geralmente não queria deixar ela triste com esses assuntos e agora só apenas a agradava.

— Vocês dois já estão casados há dois anos. Por que é que ainda não engravidaram até agora?

Perto do fim da vida, a avó de Lucas estava inexplicavelmente obcecada com a ideia de um bisneto.

Beatriz não disse nada, apenas fingiu estar envergonhada, com a cabeça baixa.

— Bia, não precisa ficar nervosa. A vovó só está comentando. O bebê ainda não chegou porque ainda não é o momento certo. Vocês ainda têm tempo. — Disse a avó de Lucas, tentando confortar Beatriz.

— Sim, vovó, eu sei.

De repente, Beatriz sentiu um desconforto no estômago, seu rosto mudou de expressão e ela correu para o banheiro para vomitar.

A avó de Lucas, ouvindo o som do vômito vindo do banheiro, agarrou a mão de Lucas, emocionada:

— Bia, será que ela está, grávida?

Os olhos de Lucas ficaram sombrios, e ele sorriu levemente:

— Vovó, ela só está com um problema de estômago.
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