Capítulo 3°—A Revolta

No dia seguinte, coloquei meu plano em prática. É, eu tinha um também! Desci as escadas feliz e cantarolando.

Meu pai estava tomando o seu desjejum e até largou a xícara sobre o pires, surpreso.

Ele me olhou sorrindo.

— Bom dia, filha!

Diante do olhar satisfeito do meu pai, eu surpreendi:

— Bom dia, pai, eu estava pensando, por que eu não posso me casar com o filho do seu sócio já? Por que eu tenho que esperar dois anos?

Eu sabia que meu pai só iria autorizar o meu casamento depois que eu fizesse dezoito anos, isso estava no acordo com o doutor Romeu.

Ele ajeitou o seu guardanapo, expressando satisfação.

— Fico feliz que esteja ansiosa, filha, mas teremos mesmo que esperar dois anos. O seu futuro marido está estudando fora, Romeu não gosta muito de mudanças, ele é rígido com essas coisas!

Eu fiquei pensativa. Esse Doutor Romeu devia ser tão mulherengo quanto o meu pai. Também devia ter casado contra a vontade.

Lourença servia a mesa e me olhava desconfiada. Ela me conhecia desde bem pequena, eu nasci e ela já estava ali. Eu podia enganar os meus pais, mas a ela, seria impossível!

Eu saí com Hélio rapidamente e nem percebi que ela vinha atrás de mim, afobada.

— A mim você não engana, menina! Que história é essa de pedir para o seu pai adiantar o seu casamento, hein, perdeu o juízo de vez?

Hélio parou com o olhar surpreso, depois olhou para Lourença.

— Você fez isso? Eu não acredito!— ele me olhou surpreso.

Eu entrei no carro rindo da expressão de surpresa deles.

— Vamos embora, meu amigo, eu não tenho o dia todo!— eu falei batendo no vidro do carro.

— Agora deu para falar desse jeito!— Hélio se queixou com Lourença.

Nós fomos embora e a mulher ficou suspirando preocupada.

— Ai meu Deus do céu, cuida dessa menina, parece que está perdendo o juízo! Tão diferente da mãe, aquilo não tinha boca pra nada!

Eu cheguei na escola e as minhas amigas já perceberam logo que eu estava estranha.

— Que cara é essa?— Emília perguntou curiosa.

— İsso se chama revolta! — eu respondi e saí arrastando a minha mochila, andando na frente delas, como se fosse chefe de uma gangue!

Emília era a mais quieta e também a mais medrosa, bem comportada, magrinha ela usava tranças. Já a Tina, era doidinha, essa era loirinha, toda patricinha, mas era da pá virada!

Nina era fortinha, cabelos curtos e cacheados, ela gostava de rir de tudo. Nós andávamos sempre juntas, tinha mais três que sempre se juntavam a nós e por isso chamávamos atenção quando passávamos.

As meninas perceberam que eu mudei, e logo estava topando tudo. Uma delas levou cigarros para a escola escondido e fomos fumar nos fundos.

Não demorou muito e fomos parar na diretoria. Eu fui a última a levar um sermão.

— Juliette, você conhece bem o seu pai, e não iria gostar que eu lhe contasse o que fez hoje na escola, não é?— O diretor tirano falava por detrás da sua escrivaninha.

— Não senhor. Eu lhe dou a minha palavra de que isso não vai mais se repetir.

— Pode ir!— ele falou seco, apontando a porta.

Eu saí de lá quase correndo e encontrei as meninas no corredor me esperando.

— Cigarros nunca mais!— Emília disse ofegante, enquanto voltávamos para a sala de aula.

— Vou trazer chocolates amanhã!— Tina disse misteriosa.

Nina desatou a rir, mas eu só fui descobrir o porquê no dia seguinte, quando provei o tal chocolate.

Uma sensação estranha, a cabeça começou a girar, tudo à minha volta estava lento, sei lá.

Emília, que era a mais tímida e comportada, estava meio lesa, estranha!

Nina que já ria à toa, se esforçava para não tombar para o lado. Estávamos sentadas, as três, numa calçada, nos fundo da escola.

As outras três estavam meio doidas, revirando os olhos.

— Que droga é essa, Tina? — eu me alterei, embora não tivesse forças para sequer me manter de ereta.

Tina ria e oferecia mais a porcaria do chocolate. Ninguém queria mais, estávamos enjoadas só de olhar.

Não demorou muito e uma monitora chamou o diretor. Levamos sermão ali mesmo!

— Vocês estão brincando comigo, só pode ser!

Ele falou um tempão, disse que iria chamar os nossos pais e que dessa vez não passava. Ele não iria tolerar droga na escola!

Eu ergui as sobrancelhas e olhei para Tina. Eu não acreditei que ela tivesse sido tão burra daquele jeito!

A minha sorte é que a minha mãe foi chamada.

Eu vi o jeito com que ela me olhou e entrou na sala do diretor. Eu estava um pouco lenta, mas aquilo mexeu comigo.

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