Eu respirava ofegante durante o sermão do padre, até que ficamos de frente um para o outro e veio o sim. Eu respondi emocionada, mas não sabia o que significava o brilho nos olhos dele quando chegou a sua vez. — Pode beijar a noiva!— O padre disse simpático. Romeu segurava as minhas mãos e eu sentia uma inquietação nele. — Claro!— ele disse formalmente. Eu lhe sorri e fechei os olhos, esperando sentir os seus lábios. Ele veio com um leve toque. Eu entreabri os meus lábios sutilmente, a fim de sentir o gosto do beijo dele, mas ele se afastou logo. Eu fiquei sem jeito. Os olhos dele eram penetrantes, de um azul não muito claro. A pele também não era muito alva, por isso parecia mais belo. Meu Deus, que homem lindo era aquele? Os cabelos bem penteados para trás, alguns fios caiam pelo seu rosto quando ele se movimentava. E o padre nos deu a sentença: — Eu vos declaro, marido e mulher! Aquela frase ecoou por alguns segundos e
Eu ergui as sobrancelhas e Romeu rebateu o filho, me puxando para perto do seu corpo. A essas alturas, já estávamos parados há alguns metros de Arthur. Romeu veio em minha defesa. — Você não se atreva a tratar mal a minha esposa, seu insolente! Eu só fiz o que você devia ter feito! Eu fiz a sua parte, devia me agradecer! — E pelo quê, hein pai? Eu não sou obrigado a casar com ninguém! O senhor se casou por vaidade! Vai me dizer que não gostou da ideia de ter uma esposa tão jovem? Como as pessoas já nos olhavam, Romeu me conduziu para um lugar mais sossegado, andando em passos largos, enquanto Arthur nos seguia, sem parar de atacar. — A vida dessa garota vai ser bem pior do que a da minha mãe! Ela é jovem e ingênua, vai poder usar bastante, e quando se cansar, vai deixá-la de lado!Não é assim que acontece nos casamentos arranjados? Eu estava boquiaberta e parei de andar. Os dois homens fizeram o mesmo. — Isso é verdade?— eu quis saber. — Ele só precis
Tina ficou boquiaberta com a beleza do meu enteado. Arthur era soberbo, não lhe dava atenção e falava olhando sempre para mim. — Viu só Rui, o meu pai se deu bem, casou com uma garota que podia ser sua filha!— ele comentou para um dos primos. Romeu o fuzilou com o olhar, ele percebeu que aquela conversa insistente do filho estava me incomodando. Tina se afastou, o que me deixou me sentindo solitária. Era como se a Juliette do passado fosse embora com ela. — Não está se sentindo bem, meu amor? Quer ir com a sua amiga? Eu olhei para Romeu, perplexa. Eu me perguntava se estava ouvindo bem. Ele, o Romeu, me chamando de meu amor com aquela voz doce. Eu apenas neguei com a cabeça. Eu percebi que Arthur desmoronou. A pose de sarcástico e de menino mimado foi ao chão. Os dois primos que também exibiam um sorriso malicioso e provocador, ficaram perplexos. Vendo que conseguia deixar os rapazes sem graça, Romeu virou-se para mim e acariciou o meu rosto com as suas mãos delicadas.
Eu realmente não podia imaginar o que me esperava na mansão dos Martins, nem mesmo em sonho! Meu pai chegou e ficou feliz em nos ver abraçados. Na verdade, tivemos que ficar assim, porque o Arthur não tirava os olhos de cima de nós dois. Portanto, Romeu achou por bem fingirmos estar felizes com aquele acordo insano. Meu pai colocou uma mão no ombro do meu marido e foi falando pelos cotovelos: — Então meu amigo, creio que fez um bom negócio se casando no lugar do seu filho. Sei que nós nos casamos cedo demais, mas eu não consigo imaginar minha filha, nova do jeito que é, se casando com um garoto cabeça oca como o seu filho! Eu virei para ele boquiaberta. — O quê!— Eu só pensei. Eu não conseguia nem falar, tal era a minha indignação. Romeu concordou com um sorriso cordial. Eu não sabia se ele estava de acordo com o filho ser cabeça oca, ou se foi mesmo um bom negócio para ele, como o meu pai afirmou. Eu olhei os dois conversando, e se afastando, co
Nina ficou pensativa. — Amiga, eu também bebi demais, só lembro que ele era alto, elegante e… — Obrigada, ajudou muito!— eu disse aborrecida e voltei a andar na direção do estacionamento. Tina apressou o passo para me alcançar falando ofegante: — Amiga, pensa só que seja ele quem for, não se lembra de você também! Eu não conseguia pensar de tão nervosa que eu estava. Consegui chegar até o carro do meu pai. Ele estava encostado nele, cercado de seguranças. Minha mãe aflita, o repreendia a todo instante. Quando ele me viu, sorriu e tentou vir na minha direção, mas mal conseguia ficar de pé. — Minha filha, você me realizou! Os negócios então salvos, não podia ser melhor! — Pai, por que o senhor estava falando aquelas coisas da falecida? Eu vi que o meu marido não gostou! Eu já estava perto e o meu pai segurou os meus braços. — Eu tive que fazer isso, filha! Eu evitei que ele fizesse comparações! Eu fiquei pensativa, tentando entend
O homem se foi e eu não pude deixar de questioná-lo. — Porque não me contou essa história antes? Por que se fez desentendido? Onde é que eu estou pisando? — Eu não gostaria de ser interrogado pelo meu passado! — Quem é essa mulher? O senhor nunca a esqueceu? — Quando me chama de senhor, me sinto mais velho do seu lado! Eu dei um longo suspiro. — Não me engane, não me subestime, por favor!— Eu implorei. Ele segurou o meu rosto e o acariciou com o polegar. — Nosso casamento é só um negócio, Juliette. Não queria aprofundar mais na minha vida! — Vamos ter um filho, não vamos? — Sim, vamos —ele estava sem jeito. — Olha pra mim, Romeu. Ele ergueu os olhos, e eu continuei: — Eu vou ser sua mulher esta noite. Vou me deitar na sua cama e vamos fazer esse herdeiro, está bem? Ele me beijou, inesperadamente, ele me beijou! O meu corpo todo estremeceu. Depois eu fiquei boquiaberta. — Me desculpe!– ele não conseguia me olhar. —
A cada botão que ele abria, eu suspirava e ríamos achando engraçado. — Isso aqui vai até amanhã, garota!— ele disse divertido. Eu fiquei séria. Ele desculpou-se: — Desculpe-me, Juliette, sei que não gosta que eu a chame assim. Eu tinha a impressão que ele me via como uma menina, uma filha, sei lá! Finalmente, quando todos os botões cederam, minhas costas estavam nuas. Ele passou os dedos suavemente contornando a minha coluna vertebral e disse baixinho ao meu ouvido: — Pronto querida, está livre, vá vestir algo mais confortável para dormir. Eu franzi a testa sem entender, mas obedeci. Fui até o closet e lá encontrei minhas roupas todas bem arrumadas. “As criadas deviam ser muito competentes”, eu pensava. A camisola branca que eu tinha escolhido junto com a minha mãe estava lá, bem dobrada, fácil de ser encontrada. Eu a vesti e me olhei no grande espelho que cobria uma parede de canto. — Ficou linda! Maravilhosa! Eu saí dali ansiosa para ver a reação do meu marid
Eu me espreguicei, me espalhando na cama. Abri os olhos devagar e ele estava de pé, me olhando admirado. — Romeu! — Bom dia, querida!— A voz ainda era doce. Eu cerrei os olhos, os apertando até o brilho deles, cor de mel sumirem. — Como teve coragem de me deixar na primeira noite do nosso casamento? Que tipo de homem é você? Ele deu de ombros, tirando o terno e respondeu tranquilamente: — É apenas um acordo, não fiz nada que possa me recriminar. Ele entrou no banheiro, enquanto se despia e eu não pude ver o seu corpo nu, apenas o imaginei ao ouvir o barulho do chuveiro ligado. Ele saiu de lá usando um roupão e passou para o closet, depois voltou usando bermuda e camiseta. Ainda assim, era elegante. — Se arrume e vamos descer para o café— ele disse me olhando sério. Eu pulei da cama com o semblante fechado. Entrei no chuveiro e tomei um banho rápido, eu tinha um plano. Saí do banheiro enrolada numa toalha. Romeu ficou surpreso, eu senti que ele ficou ofegante. Ali