Quando Romeu chegou a noite, me encontrou naquele estado lastimável. — Querida o que aconteceu? Por que está nessa tristeza toda? Meu Deus, Juliette! Ele me abraçou e me confortou. Preferi não falar naquele momento. Só na hora do jantar, tivemos que entrar no assunto. — Se não foi a sua mãe quem veio aqui encher a sua cabeça, quem foi então? Isso está me cheirando a fofoca maldosa! — Não Romeu, a Tina não teve a intenção! — Tina! Ele paralisou com a taça de vinho branco na mão. — Ela esteve aqui sim, mas… Ele me interrompeu, alterado. — İsso é coisa do meu filho! Ele encasquetou que tenho algo a ver com a Merielle! Respirei fundo e supliquei, impaciente: — Seja sincero, Romeu. Por favor, não me engane, eu nunca serei uma Martins submissa, você sabe! — Eu sei disso, querida, acredite, eu a amo, exatamente do jeito que é! Eu baixei a cabeça. — Você jura que não é pai do filho dela? — Claro que não, Juliette!— ele se alterou.
Eu respirei fundo e olhei para Tina, sinalizando que não conseguia entender sua atitude. Ela se desesperou. — Juliette, você precisa ouvi-la, talvez seja bom para você! — O quê! Ficou louca, Tina? Essa mulher está tentando me impedir de casar com o Romeu! Você não entende? Me sacudi nervosa e consegui derrubar no chão a moça que mexia no meu vestido. A coitada me olhou surpresa, com o buquê nas mãos. Me senti horrível! — Me perdoe, por favor!— eu disse estendendo a minha mão. A moça levantou-se sem jeito e forçou um sorriso, depois se retirou, falando e olhando para Merielle: — Eu vou deixá-las à vontade para conversar, com licença! Eu a acompanhei com o olhar, depois voltei para falar mais diretamente para Tina: — E agora, o que eu sou obrigada a ouvir, depois desse constrangimento que causei aqui? Tina soltou o ar pela boca e falou nervosamente: — Amiga, espero que você se sinta aliviada como eu me senti, depois de ouvir o desabafo dela
Todo contente, ele veio ao meu encontro quando o carro que me trazia parou na porta da igreja. — Minha filha!— ele exclamou me estendendo as mãos. Minha mãe surgiu trazendo o Júnior. Meu pequeno usava um terninho, parecia um príncipe. Primeiro meu filho entrou e percorreu o tapete vermelho levando as alianças, ao som de uma música suave. Emocionado, meu pai me ofereceu o braço e ergueu o queixo, orgulhoso. Ele entrou na igreja me exibindo como um troféu. Romeu sorriu aliviado ao me ver, e a marcha nupcial tocou. Haviam muitos convidados ali. Definitivamente, minha história com o Romeu iria se perpetuar por muitos anos. Dava para perceber pelos olhares curiosos e até burburinho pelos cantos. — Você me salvou!— Meu pai disse entre os dentes, enquanto sorria para os convidados. Eu o olhei surpresa, e ele explicou: — Não sei se percebeu, mas se atrasou demais! Estava quase para infartar! Desviei meu olhar e sorri para os convidados, d
Ela respirou fundo e deu-me as costas novamente. — Não precisa carregar esse segredo sozinha. Divide comigo, mãe!— insisti. Houve um silêncio, depois veio o lamento. — Minha filha, fico feliz que tenha se casado por amor. Não gostaria que tivesse que guardar uma dor tão grande! Me aproximei, compreensiva. — E o meu pai, ele sabe? Ela falou coisas horríveis a respeito dele! Minha mãe suspirou profundamente e voltou a falar. — O seu pai sempre foi muito promíscuo. Andou a assediando também, por saber que ela se casou apaixonada por outro! Eu sofri muito com ele, mas isso já passou. Não me importo com o passado dele. Agora que ele sabe que cheguei no meu limite, está um santo! Eu a abracei com carinho. — Fico feliz que esteja bem agora, mãe. Saímos dali abraçadas e encontramos Romeu, junto com o meu pai, nos esperando, ambos apreensivos. Eles nos abraçaram, mas não fizeram perguntas, com certeza, Merielle chamou atenção deles e ficaram preocupados conosco. A f
Um acordo İnsano entre o meu pai e seu sócio, iria decidir o meu destino. Eu teria que me casar com o único herdeiro do império deles, além de mim, claro! Eu me lembrava pouco desse garoto, que podia ter seus sete anos e eu cinco. Ele sempre foi mimado e chato, e eu também devia ser. Éramos filhos únicos de dois sócios do ramo de joias no Brasil. Esse negócio se estendia até os Estados Unidos, pois tinha um escritório lá, onde o doutor Romeu, era assim que minha mãe se referia a ele, ia muitas vezes. Eu brincava, à beira da piscina ouvindo a mesma conversa de sempre. — Casando Juliette com o filho do doutor Romeu, nossos negócios estarão seguros!— o meu pai me olhava, como se esperasse que eu crescesse muito rápido para seguir com o seu plano insano. Minha mãe, percebendo a minha presença, Inclinou-se para sussurrar: — Jaime, você não devia esperar para saber se os dois vão se gostar? Eles se viram, já faz um tempo! O garoto foi estudar nos Estados Unidos e… Meu pai alterou
Eu tentei poupar a minha mãe e não falei mais daquele assunto com ela durante quatro anos. O que eu sabia era que o meu pai também casou com ela para unir as empresas que eram dos pais deles. Os pioneiros faleceram e a união dos dois deu certo, como se eles fossem donos do mundo! Quando a família do doutor Romeu despontou nos negócios, eles se uniram no mesmo propósito, seriam donos de um império que iria se propagar com a linhagem dos filhos. O ramo de joias proporciona muita riqueza e eles não queriam dividir com mais ninguém. Depois que nasceu o menino, minha mãe ficou grávida só um ano depois e tinha obrigação de ter uma menina. O meu pai chegou a dizer para ela que se não tivesse competência para ter uma menina, que não tivesse aquela criança. Minha mãe respirou aliviada ao saber que cumpriu com a sua parte naquele acordo sujo! Eu me tornei uma adolescente normal, espevitada, alegre, mas só na escola. Em casa, eu era sonsa! Bem bobinha mesmo! Meu pai relaxou. Eu andava só com
No dia seguinte, coloquei meu plano em prática. É, eu tinha um também! Desci as escadas feliz e cantarolando. Meu pai estava tomando o seu desjejum e até largou a xícara sobre o pires, surpreso. Ele me olhou sorrindo. — Bom dia, filha! Diante do olhar satisfeito do meu pai, eu surpreendi: — Bom dia, pai! Eu estava pensando, por que eu não posso me casar com o filho do seu sócio já? Por que eu tenho que esperar dois anos? Eu sabia que o meu pai só iria autorizar o meu casamento depois que eu fizesse dezoito anos, isso estava no acordo com o doutor Romeu. Ele ajeitou o seu guardanapo, expressando satisfação. — Fico feliz que esteja ansiosa, filha, mas teremos mesmo que esperar dois anos. O seu futuro marido está estudando fora. Romeu não gosta muito de mudanças, ele é rígido com essas coisas! Eu fiquei pensativa. Esse doutor Romeu devia ser tão mulherengo quanto o meu pai. Também devia ter-se casado contra a vontade. Lourença servia a mesa e me olhava desconfiada.
Minha mãe saiu com os olhos lacrimejando, e o diretor veio em seguida atrás falando: — Desculpe-me, Marlene, eu preferi falar com você, porque me pediu para não chamar o seu marido, mas isso pode ficar sem controle! Eu senti um ar de intimidade entre eles. Minha mãe devia estar sempre lá me monitorando através dele. Coisas piores estavam por vir. Levei um sermão da minha mãe, mas na mesma semana Tina teve outra ideia mais insana. Ela sempre teve, mas eu nunca compactuava com as suas loucuras. A coisa desandou mesmo depois da última conversa que tive com o meu pai. Eu estava numa revolta só! Tina descobriu uma parte do muro da escola que podíamos pular. Claro que Nina, por ser mais fortinha demorou para ter coragem. Todas nós do outro lado a esperando, e ela quase chorando. — Me esperem, eu vou tentar novamente, por favor me esperem!— ela suplicava. Eu estava impaciente. Os seguranças da escola iriam acabar por nos encontrar. — Vai logo, Nina!— eu quase gritei impaciente.