Eu me espreguicei, me espalhando na cama. Abri os olhos devagar e ele estava de pé, me olhando admirado. — Romeu! — Bom dia, querida!— A voz ainda era doce. Eu cerrei os olhos, os apertando até o brilho deles, cor de mel sumirem. — Como teve coragem de me deixar na primeira noite do nosso casamento? Que tipo de homem é você? Ele deu de ombros, tirando o terno e respondeu tranquilamente: — É apenas um acordo, não fiz nada que possa me recriminar. Ele entrou no banheiro, enquanto se despia e eu não pude ver o seu corpo nu, apenas o imaginei ao ouvir o barulho do chuveiro ligado. Ele saiu de lá usando um roupão e passou para o closet, depois voltou usando bermuda e camiseta. Ainda assim, era elegante. — Se arrume e vamos descer para o café— ele disse me olhando sério. Eu pulei da cama com o semblante fechado. Entrei no chuveiro e tomei um banho rápido, eu tinha um plano. Saí do banheiro enrolada numa toalha. Romeu ficou surpreso, eu senti que ele ficou ofegante. Ali
Romeu me puxou pela mão e sumiu comigo por entre as árvores, onde o seu filho não podia nos ver. Ele parou de repente e começou a andar de um lado para o outro, falando alterado: — O Arthur não quis se casar com você! Ele te odeia porque para ele você ocupou o lugar da Salete, mas ele está deliberadamente dando em cima de você na minha frente, eu não sou idiota a ponto de fingir não estar percebendo! Por outro lado, você, ao meu ver, está gostando desta situação. — Não!— eu quase gritei. — Eu vejo nos seus olhos, Juliette! Vocês têm quase a mesma idade, eu nunca devia ter concordado com o seu pai, esse acordo é realmente insano! Eu fiquei desolada. Droga, eu parecia perdidamente apaixonada por aquele homem que pouco se importava comigo. — Eu também concordo que foi um grande erro. Eu… — Me perdoe!— ele me interrompeu abraçando-me. Eu deixei as lágrimas escorrerem livremente. — Não queria que se sentisse assim, Juliette. Eu juro que queria que fosse diferente. Eu me
Eu estava aflita, agitada, queria saber mais. — Romeu, você, nesse tipo de baile, diga-me, por favor, você teria coragem de desonrar uma virgem? Quer dizer, ficar com uma mulher jovem… Ah, meu Deus! Ele ficou chocado, sem compreender. — Por que isso é tão importante para você? Até onde eu sei, você foi criada presa, sob uma educação rígida! — Não foge do assunto!— eu sapateava, de tão impaciente. Ele me soltou e saiu andando rumo a casa. Eu fui atrás, insistente. — Romeu, espere! É sério, eu preciso saber! Ele parou de andar e virou-se para mim. Estava irritado. — Eu deixo as mais jovens para o meu filho, não fico à vontade com garotas que têm idade para ser minha filha! Respondi a sua pergunta? Eu fiquei desolada, cabisbaixa. — Isso não quer dizer que nunca me envolvi com uma, mas procuro evitar!— ele disse, saindo da minha frente. Eu ergui os olhos surpresos. A cor de mel deles brilharam intensamente. — Eu precisava que fosse você — Eu disse baixinho.
— Três meses, apenas! — O quê!— fiquei chocada. Antônia deu de ombros. — Ela andava doente, e já dormiam em quartos separados há muito tempo. Casamento falido! Eu terminei de tomar o meu chá e subi as escadas. Romeu estava na sacada do quarto, pensativo. Eu fui até lá. — Não devíamos ter viajado em lua de mel, como todos que se casam?— Comentei sem qualquer pretensão. Ele virou-se para mim, sério. — Nosso casamento é apenas uma conveniência, não faz sentido. Nem eu e nem você queria estar nesse relacionamento! Eu suspirei e me sentei ao seu lado. — Eu sei, tudo pelos negócios! Romeu puxou uma cadeira e sentou-se mais próximo de mim.. — Você não se importa com isso? — Não, nem um pouco— Eu menti. — Não vai implicar com as minhas saídas noturnas, vai? Eu suspirei entristecida. — Não, claro que não. Abri mão da minha vida para estar aqui, perpetuando a descendência dos Martins e Fontes, M & F! Romeu me olhou, enquanto acariciava os meus cabelos. — A
Januária se recolheu, deixando Arthur pensativo. Antônia ficou agitada e foi atrás da colega. — Está deixando o rapaz confuso, Januária! Parece até que ele não conhece a mãe!— ela chegou falando na cozinha. Januária foi lavar a louça que havia na pia. — Ele não conhece mesmo, saiu daqui pequeno para estudar fora! — Mas ele chegou a ver o pai nessa sem-vergonhice, amiga! — Ele só fez o que ela permitia! Já disse, ela mandava no jogo! Antônia ficou surpresa. Januária virou-se para falar: — A história se repete, Antônia, essa aí vai mandar também! Antônia ficou mais confusa. — Mas a patroa não pediu para você proteger o lugar dela? Januária suspirou resignada. — Eu vejo a patroa nela, amiga, é tudo igual! Antônia franziu a testa. — Está falando até da…— Ela colocou a mão no ventre e parou de falar. — Exatamente! Eu sinto que já está acontecendo!— Januária tinha o olhar perdido. Antônia cobriu a boca com a mão assustada. — Pelo amor de Deus, não vai me d
Quando eu cheguei lá embaixo, encontrei Arthur, ainda na mesa, tomando um cafezinho. Ele se surpreendeu ao me ver de saída. — Onde vai? — Vou à casa do meu pai, parece que não tem muita coisa a se fazer por aqui. — O motorista está de folga, o patrão saiu com alguns seguranças — disse Januária, que segurava o bule de café. Arthur se levantou da mesa. — Eu te levo— ele disse agitado Eu o olhei surpresa. — Sério? — Eu tenho meus próprios seguranças. Eles dirigem para mim, se não se importar, claro! Eu aceitei tranquilamente, apesar do meu pai ser tão rico quanto eles, eu já havia deixado de andar com seguranças há alguns anos. — Obrigada, eu aceito! Arthur sorriu e veio na minha direção. Januária ficou resmungando, olhando para o quadro da falecida. — É patroa, essa aí vai dar trabalho! O caso dela parece mais complicado do que o seu. Ela parece ter trazido os seus problemas e algo mais. Olha só o seu filho, está de asa arriada por
Chegamos enfim na mansão dos Martins. Um segurança nos abriu a porta do carro e esperou que nós disséssemos. Arthur estava com o semblante fechado e andava um pouco mais à minha frente. Eu apressei o passo para alcançá-lo — Eu sei que você me odeia, Arthur, mas eu queria que soubesse que eu não estou no lugar da sua mãe! Esse lugar que ela ocupou na vida do seu pai eu não quero! Já entrávamos em casa, ele virou-se alterado. — Foi se humilhar para o seu pai e obrigar o meu a se deitar com você! Ele não a quer, não a deseja! Eu parei, olhando-o, sem argumentos. Ele continuou o seu desabafo: — Ele tem mulheres lindas, exuberantes a sua disposição, sabia? Devia se valorizar mais! — Eu sei— eu baixei a cabeça. — Eu devia ter me casado com você!— ele falou descontrolado. — Eu fiz o que era certo— eu disse num fio de voz. Ele se aproximou muito, mas cheio de ódio. Eu sentia o seu hálito quente no meu rosto, enquanto ele falava: — Se queria u
Eu fui conduzida até um quarto no final do corredor. Móveis antigos e muito finos compunham a decoração do lugar. Tinha uma bacia funda de inox contendo o banho num canto do banheiro. Januária me ajudou a tirar a camisola e me assentar ali de forma confortável. Foi bem relaxante. Ela sentou-se numa cadeira do meu lado e ficou me olhando serena. — Como você sabia?— Eu fiquei curiosa. — As coisas acontecem sempre do mesmo jeito, senhora. — Foi assim com ela? Januária assentiu com um sorriso triste. — Você o considera um monstro?— eu quis saber. — Não, ele não passa de uma vítima, dela e da senhora também. Eu apertei os olhos, incrédula. — Vítima? Acha mesmo que o seu patrão é vítima? Ela deu um longo suspiro. — Sim, senhora. A sua história, assim como a da dona Salete começou antes dele entrar na sua vida. Eu estremeci. — Do que está faltando? — Desse filho que traz no seu ventre. Eu fiquei boquiaberta. — A históri