O homem se foi e eu não pude deixar de questioná-lo. — Porque não me contou essa história antes? Por que se fez desentendido? Onde é que eu estou pisando? — Eu não gostaria de ser interrogado pelo meu passado! — Quem é essa mulher? O senhor nunca a esqueceu? — Quando me chama de senhor, me sinto mais velho do seu lado! Eu dei um longo suspiro. — Não me engane, não me subestime, por favor!— Eu implorei. Ele segurou o meu rosto e o acariciou com o polegar. — Nosso casamento é só um negócio, Juliette. Não queria aprofundar mais na minha vida! — Vamos ter um filho, não vamos? — Sim, vamos —ele estava sem jeito. — Olha pra mim, Romeu. Ele ergueu os olhos, e eu continuei: — Eu vou ser sua mulher esta noite. Vou me deitar na sua cama e vamos fazer esse herdeiro, está bem? Ele me beijou, inesperadamente, ele me beijou! O meu corpo todo estremeceu. Depois eu fiquei boquiaberta. — Me desculpe!– ele não conseguia me olhar. —
A cada botão que ele abria, eu suspirava e ríamos achando engraçado. — Isso aqui vai até amanhã, garota!— ele disse divertido. Eu fiquei séria. Ele desculpou-se: — Desculpe-me, Juliette, sei que não gosta que eu a chame assim. Eu tinha a impressão que ele me via como uma menina, uma filha, sei lá! Finalmente, quando todos os botões cederam, minhas costas estavam nuas. Ele passou os dedos suavemente contornando a minha coluna vertebral e disse baixinho ao meu ouvido: — Pronto querida, está livre, vá vestir algo mais confortável para dormir. Eu franzi a testa sem entender, mas obedeci. Fui até o closet e lá encontrei minhas roupas todas bem arrumadas. “As criadas deviam ser muito competentes”, eu pensava. A camisola branca que eu tinha escolhido junto com a minha mãe estava lá, bem dobrada, fácil de ser encontrada. Eu a vesti e me olhei no grande espelho que cobria uma parede de canto. — Ficou linda! Maravilhosa! Eu saí dali
Eu me espreguicei, me espalhando na cama. Abri os olhos devagar e ele estava de pé, me olhando admirado. — Romeu! — Bom dia, querida!— A voz ainda era doce. Eu cerrei os olhos, os apertando até o brilho deles, cor de mel sumirem. — Como teve coragem de me deixar na primeira noite do nosso casamento? Que tipo de homem é você? Ele deu de ombros, tirando o terno e respondeu tranquilamente: — É apenas um acordo, não fiz nada que possa me recriminar. Ele entrou no banheiro, enquanto se despia e eu não pude ver o seu corpo nu, apenas o imaginei ao ouvir o barulho do chuveiro ligado. Ele saiu de lá usando um roupão e passou para o closet, depois voltou usando bermuda e camiseta. Ainda assim, era elegante. — Se arrume e vamos descer para o café— ele disse me olhando sério. Eu pulei da cama com o semblante fechado. Entrei no chuveiro e tomei um banho rápido, eu tinha um plano. Saí do banheiro enrolada numa toalha. Romeu ficou surpreso, e
Romeu me puxou pela mão e sumiu comigo por entre as árvores, onde o seu filho não podia nos ver. Ele parou de repente e começou a andar de um lado para o outro, falando alterado: — O Arthur não quis se casar com você! Ele te odeia porque para ele você ocupou o lugar da Salete, mas ele está deliberadamente dando em cima de você na minha frente, eu não sou idiota a ponto de fingir não estar percebendo! Por outro lado, você, ao meu ver, está gostando desta situação. — Não!— eu quase gritei. — Eu vejo nos seus olhos, Juliette! Vocês têm quase a mesma idade, eu nunca devia ter concordado com o seu pai, esse acordo é realmente insano! Eu fiquei desolada. Droga, eu parecia perdidamente apaixonada por aquele homem que pouco se importava comigo. — Eu também concordo que foi um grande erro. Eu… — Me perdoe!— ele me interrompeu abraçando-me. Eu deixei as lágrimas escorrerem livremente. — Não queria que se sentisse assim, Juliette. Eu juro que queria que fosse d
Eu estava aflita, agitada, queria saber mais. — Romeu, você, nesse tipo de baile, diga-me, por favor, você teria coragem de desonrar uma virgem? Quer dizer, ficar com uma mulher jovem… Ah, meu Deus! Ele ficou chocado, sem compreender. — Por que isso é tão importante para você? Até onde eu sei, você foi criada presa, sob uma educação rígida! — Não foge do assunto!— eu sapateava, de tão impaciente. Ele me soltou e saiu andando rumo a casa. Eu fui atrás, insistente. — Romeu, espere! É sério, eu preciso saber! Ele parou de andar e virou-se para mim. Estava irritado. — Eu deixo as mais jovens para o meu filho, não fico à vontade com garotas que têm idade para ser minha filha! Respondi a sua pergunta? Eu fiquei desolada, cabisbaixa. — Isso não quer dizer que nunca me envolvi com uma, mas procuro evitar!— ele disse, saindo da minha frente. Eu ergui os olhos surpresos. A cor de mel deles brilharam intensamente. — Eu precisava que fo
— Três meses, apenas! — O quê!— fiquei chocada. Antônia deu de ombros. — Ela andava doente, e já dormiam em quartos separados há muito tempo. Casamento falido! Eu terminei de tomar o meu chá e subi as escadas. Romeu estava na sacada do quarto, pensativo. Eu fui até lá. — Não devíamos ter viajado em lua de mel, como todos que se casam?— Comentei sem qualquer pretensão. Ele virou-se para mim, sério. — Nosso casamento é apenas uma conveniência, não faz sentido. Nem eu e nem você queria estar nesse relacionamento! Eu suspirei e me sentei ao seu lado. — Eu sei, tudo pelos negócios! Romeu puxou uma cadeira e sentou-se mais próximo de mim.. — Você não se importa com isso? — Não, nem um pouco— Eu menti. — Não vai implicar com as minhas saídas noturnas, vai? Eu suspirei entristecida. — Não, claro que não. Abri mão da minha vida para estar aqui, perpetuando a descendência dos Martins e Fontes, M & F! Romeu me olhou, enquant
Januária se recolheu, deixando Arthur pensativo. Antônia ficou agitada e foi atrás da colega. — Está deixando o rapaz confuso, Januária! Parece até que ele não conhece a mãe!— ela chegou falando na cozinha. Januária foi lavar a louça que havia na pia. — Ele não conhece mesmo, saiu daqui pequeno para estudar fora! — Mas ele chegou a ver o pai nessa sem vergonhice, amiga! — Ele só fez o que ela permitia! Já disse, ela mandava no jogo! Antônia ficou surpresa. Januária virou-se para falar: — A história se repete, Antônia, essa aí vai mandar também! Antônia ficou mais confusa. — Mas a patroa não pediu para você proteger o lugar dela? Januária suspirou resignada. — Eu vejo a patroa nela, amiga, é tudo igual! Antônia franziu a testa. — Está falando até da…— Ela colocou a mão no ventre e parou de falar. — Exatamente! Eu sinto que já está acontecendo!— Januária tinha o olhar perdido. Antônia cobriu a boca com a mão assustada.
Um acordo İnsano entre o meu pai e seu sócio, iria decidir o meu destino. Eu teria que me casar com o único herdeiro do império deles, além de mim, claro! Eu me lembrava pouco desse garoto, que podia ter seus sete anos e eu cinco. Ele sempre foi mimado e chato, e eu também devia ser. Éramos filhos únicos de dois sócios do ramo de joias no Brasil. Esse negócio se estendia até os Estados Unidos, pois tinha um escritório lá, onde o doutor Romeu, era assim que minha mãe se referia a ele, ia muitas vezes. Eu brincava, à beira da piscina ouvindo a mesma conversa de sempre. — Casando Juliette com o filho do doutor Romeu, nossos negócios estarão seguros!— o meu pai me olhava, como se esperasse que eu crescesse muito rápido para seguir com o seu plano insano. Minha mãe, percebendo a minha presença, Inclinou-se para sussurrar: — Jaime, você não devia esperar para saber se os dois vão se gostar? Eles se viram, já faz um tempo! O garoto foi estudar nos Estados Unidos e… Meu pai alterou