Eu estava aflita, agitada, queria saber mais. — Romeu, você, nesse tipo de baile, diga-me, por favor, você teria coragem de desonrar uma virgem? Quer dizer, ficar com uma mulher jovem… Ah, meu Deus! Ele ficou chocado, sem compreender. — Por que isso é tão importante para você? Até onde eu sei, você foi criada presa, sob uma educação rígida! — Não foge do assunto!— eu sapateava, de tão impaciente. Ele me soltou e saiu andando rumo a casa. Eu fui atrás, insistente. — Romeu, espere! É sério, eu preciso saber! Ele parou de andar e virou-se para mim. Estava irritado. — Eu deixo as mais jovens para o meu filho, não fico à vontade com garotas que têm idade para ser minha filha! Respondi a sua pergunta? Eu fiquei desolada, cabisbaixa. — Isso não quer dizer que nunca me envolvi com uma, mas procuro evitar!— ele disse, saindo da minha frente. Eu ergui os olhos surpresos. A cor de mel deles brilharam intensamente. — Eu precisava que fosse você — Eu disse baixinho.
— Três meses, apenas! — O quê!— fiquei chocada. Antônia deu de ombros. — Ela andava doente, e já dormiam em quartos separados há muito tempo. Casamento falido! Eu terminei de tomar o meu chá e subi as escadas. Romeu estava na sacada do quarto, pensativo. Eu fui até lá. — Não devíamos ter viajado em lua de mel, como todos que se casam?— Comentei sem qualquer pretensão. Ele virou-se para mim, sério. — Nosso casamento é apenas uma conveniência, não faz sentido. Nem eu e nem você queria estar nesse relacionamento! Eu suspirei e me sentei ao seu lado. — Eu sei, tudo pelos negócios! Romeu puxou uma cadeira e sentou-se mais próximo de mim.. — Você não se importa com isso? — Não, nem um pouco— Eu menti. — Não vai implicar com as minhas saídas noturnas, vai? Eu suspirei entristecida. — Não, claro que não. Abri mão da minha vida para estar aqui, perpetuando a descendência dos Martins e Fontes, M & F! Romeu me olhou, enquanto acariciava os meus cabelos. — A
Januária se recolheu, deixando Arthur pensativo. Antônia ficou agitada e foi atrás da colega. — Está deixando o rapaz confuso, Januária! Parece até que ele não conhece a mãe!— ela chegou falando na cozinha. Januária foi lavar a louça que havia na pia. — Ele não conhece mesmo, saiu daqui pequeno para estudar fora! — Mas ele chegou a ver o pai nessa sem-vergonhice, amiga! — Ele só fez o que ela permitia! Já disse, ela mandava no jogo! Antônia ficou surpresa. Januária virou-se para falar: — A história se repete, Antônia, essa aí vai mandar também! Antônia ficou mais confusa. — Mas a patroa não pediu para você proteger o lugar dela? Januária suspirou resignada. — Eu vejo a patroa nela, amiga, é tudo igual! Antônia franziu a testa. — Está falando até da…— Ela colocou a mão no ventre e parou de falar. — Exatamente! Eu sinto que já está acontecendo!— Januária tinha o olhar perdido. Antônia cobriu a boca com a mão assustada. — Pelo amor de Deus, não vai me d
Quando eu cheguei lá embaixo, encontrei Arthur, ainda na mesa, tomando um cafezinho. Ele se surpreendeu ao me ver de saída. — Onde vai? — Vou à casa do meu pai, parece que não tem muita coisa a se fazer por aqui. — O motorista está de folga, o patrão saiu com alguns seguranças — disse Januária, que segurava o bule de café. Arthur se levantou da mesa. — Eu te levo— ele disse agitado Eu o olhei surpresa. — Sério? — Eu tenho meus próprios seguranças. Eles dirigem para mim, se não se importar, claro! Eu aceitei tranquilamente, apesar do meu pai ser tão rico quanto eles, eu já havia deixado de andar com seguranças há alguns anos. — Obrigada, eu aceito! Arthur sorriu e veio na minha direção. Januária ficou resmungando, olhando para o quadro da falecida. — É patroa, essa aí vai dar trabalho! O caso dela parece mais complicado do que o seu. Ela parece ter trazido os seus problemas e algo mais. Olha só o seu filho, está de asa arriada por
Chegamos enfim na mansão dos Martins. Um segurança nos abriu a porta do carro e esperou que nós disséssemos. Arthur estava com o semblante fechado e andava um pouco mais à minha frente. Eu apressei o passo para alcançá-lo — Eu sei que você me odeia, Arthur, mas eu queria que soubesse que eu não estou no lugar da sua mãe! Esse lugar que ela ocupou na vida do seu pai eu não quero! Já entrávamos em casa, ele virou-se alterado. — Foi se humilhar para o seu pai e obrigar o meu a se deitar com você! Ele não a quer, não a deseja! Eu parei, olhando-o, sem argumentos. Ele continuou o seu desabafo: — Ele tem mulheres lindas, exuberantes a sua disposição, sabia? Devia se valorizar mais! — Eu sei— eu baixei a cabeça. — Eu devia ter me casado com você!— ele falou descontrolado. — Eu fiz o que era certo— eu disse num fio de voz. Ele se aproximou muito, mas cheio de ódio. Eu sentia o seu hálito quente no meu rosto, enquanto ele falava: — Se queria u
Eu fui conduzida até um quarto no final do corredor. Móveis antigos e muito finos compunham a decoração do lugar. Tinha uma bacia funda de inox contendo o banho num canto do banheiro. Januária me ajudou a tirar a camisola e me assentar ali de forma confortável. Foi bem relaxante. Ela sentou-se numa cadeira do meu lado e ficou me olhando serena. — Como você sabia?— Eu fiquei curiosa. — As coisas acontecem sempre do mesmo jeito, senhora. — Foi assim com ela? Januária assentiu com um sorriso triste. — Você o considera um monstro?— eu quis saber. — Não, ele não passa de uma vítima, dela e da senhora também. Eu apertei os olhos, incrédula. — Vítima? Acha mesmo que o seu patrão é vítima? Ela deu um longo suspiro. — Sim, senhora. A sua história, assim como a da dona Salete começou antes dele entrar na sua vida. Eu estremeci. — Do que está faltando? — Desse filho que traz no seu ventre. Eu fiquei boquiaberta. — A históri
Eu evitei o olhar dele durante o café, mas Romeu parecia incomodado com o jeito com que o filho me olhava. Ele fechou o semblante e fingiu não perceber. Depois de beijar o meu rosto rapidamente, ele saiu acompanhado do filho. No carro, no banco de trás, durante o trajeto até o escritório, eles conversaram. — Por que insiste em flertar com a minha mulher na minha presença? Essa falta de respeito está sem limites! Arthur se alterou. — Ela não é sua mulher, uma vez que não consumou o seu casamento, pai! Não adianta o senhor negar, porque eu já estou sabendo! — Está enganado. Para sua informação, o meu casamento com Juliette está mais do que consumado. Arthur ficou boquiaberto. — Mas ela foi falar com o pai, se queixar do senhor!— A voz dele saiu confusa. — Exatamente! O Jaime me procurou, me pressionou e eu fui obrigado a cumprir com o meu dever de marido. Arthur ficou indignado. — Mas o senhor não a queria. — Sim, mas ela me obr
Meu pai virou-se decidido a se abrir. — Se quer mesmo saber, eu vou lhe contar. Romeu estremeceu. Um medo terrível se apossou dele. — Eu preciso saber. A dúvida incomoda muito mais! — Está bem, se quer assim— meu pai foi sentar-se a uma cadeira que ficava na frente da mesa e esperou o seu sócio se acomodar no lugar dele. — Pode falar, Jaime. O que você sabe do passado da Salete? Meu pai suspirou antes de começar. — A Salete estudou comigo muito tempo e eu nunca aprovei o seu comportamento. Ela era assanhada, dava liberdade para os garotos da escola, inclusive para mim! Romeu estava pálido enquanto ouvia. — Ela gostava de um amigo meu, mas ele não era o único. — Transou com ela também? — Não!— meu pai respondeu muito rápido, o que deixou o meu marido surpreso. Ele bateu forte na mesa com a mão. — Você também transou com ela Jaime! Está nos seus olhos! — Não, tivemos um pouco de intimidade apenas, muito pouco! — Depois de casada