(Siegfried)
O celular vibrou na minha mão, olhei o visor, vendo o número da Sra. Dagmar Turgard, minha mãe. Ela provavelmente estava irada com o meu atraso. O sol já se escondia detrás das montanhas, pintando o céu de nuvens douradas. Nessa época do ano as estradas ficam cheias de turistas em suas motorhomes alugadas para ver as luzes da aurora boreal.
Eu tinha saído da cidade, para cumprir minha jornada de noivo e não estava disposto a interrompê-la tão perto do final por conta de algumas poucas obrigações. Há tradições que temos de seguir e todas são igualmente importantes, eu as levo muito a sério.
— Aqui está. — Entrego o bolo de dinheiro para a luva de couro suja do homem com chapéu de cowboy mastigando um palito de dentes. As botas afundam na terra molhada e com pouco de neve.
O fazendeiro se desencosta de sua 4x4 prateada e confere o dinheiro, dando um sorriso quase sem dentes. Satisfeito, ele guarda o bolo de notas em seu bolso frontal da jaqueta, assovia e acena com o braço permitindo que me entreguem a carga.
Os mais de vinte bodes brancos passam por entre os veículos sendo levados pelo fazendeiro até a carreta marrom e azul de transporte.
— Você não acha que está exagerando na quantidade, Sieg? — Encostado no capô do carro com os cabelos dourados balançando ao vento, meu amigo de infância e homem de armas, Ulrich, ergue as sobrancelhas por cima dos óculos de sol de armação Ray Ban, impressionado.
Conheço Ulrich desde a infância, estudamos juntos e claro que eu poderia contar com ele para a jornada do noivo. Mulheres não podem acompanhar, caso contrário minha amiga e pessoa que mais confio, Ingvi estaria aqui comigo. Ulrich engana fácil, ele é bem alto e tem músculos quase estourando a carne de seus braços de tão inflados, mas seu sorriso fácil e seu bom coração o deixam sempre em momentos vulneráveis, especialmente com mulheres. O típico grandalhão que só assusta com seu tamanho, mas tem um temperamento afável.
— Não me chame de louco. — Dou um basta erguendo a mão no ar. — Quero garantir que Thor fique satisfeito com a oferenda e abençoe meu casamento.
— Mas vinte?! — Ulrich ainda não compreende, acompanhando com o olhar os bodes que sobem pela rampa de paletes. — O que pode acontecer de errado em um casamento cujo o noivado levou mais de vinte anos?
— Se você conhecesse Dallas da forma que conheço, não me faria essa pergunta estúpida, Ulrich.
Meu amigo tira o celular do bolso e encara o visor, interrompendo a conversa, desencostando do capô.
— Espere, sua mãe está me ligando. — Ele se afasta com seu celular voltado para o alto procurando mais sinal para atendê-la, seus cabelos loiros claros se jogam de um lado para o outro conforme ele procura uma posição cujo sinal seja satisfatório.
Sei que Dagmar vai nos dar aquela bronca, pois marcamos com a joalheria para entregar as alianças nesse horário e eu tenho que aprová-las. Alianças sagradas usadas em casamentos vikings devem ser produzida com grande meticulosidade, obedecem uma proporção única, como um visgo enrolado e deve ter uma extremidade aberta. São usadas para o handfasting, quando ocorre a amarração sagrada dos noivos, e depois, usamos como pulseiras ao redor dos pulsos como sinal de união.
— E a outra carga? — Pergunto ao dono da fazenda, ouvindo os passos secos do meu amigo na mistura de areia e neve das montanhas.
A região é especialmente montanhosa, mas entre vales e pequenos montes. As estradas por aqui são asfaltadas. Eu já estive em alguns cantos do mundo em diversas viagens, mas as capitais com grandes prédios e poluição são uma droga se comparados com a beleza da Islândia. Eu gosto da calma, dos esportes radicais e especialmente da paisagem.
— Você vai gostar dela. — O homem de rosto sujo e enrugado sorri largamente. Ele abre a porta do carro e tira uma maleta prateada de dentro, retangular, que coloca em cima do capô. O som ecoa, enquanto ele abre a maleta e mostra uma pistola antiquada Viking Combat .45CP automática, fabricada em 1911, uma modificação da Colt americana. — Cromada e personalizada com o cabo em marfim e ouro, coloquei diamantes como pediu.
Olho rapidamente a arma, dando um sorriso satisfeito. Outra tradição viking é presentear com uma arma, antigamente usava-se espada, mas atualmente é mais simbólico que sejam pistolas, meio óbvio. É um sinal de que protegeremos nossas noivas.
— Perfeito, vai querer quanto por ela?
— Absolutamente nada, Siegfried. — O homem fecha a maleta e empurra na minha direção. Não, ele não é meu amigo íntimo, apenas é muito difícil alguém te tratar pelo sobrenome por aqui, exceto que queira ser extremamente formal por algum motivo. — O senhor é muito bom para nós, é um presente.
— Lembrarei disso futuramente.
— Sieg! Sieg! — Ulrich me chama balançando uma das mãos de forma frenética. Aposto que minha mãe quer encher o meu saco pessoalmente.
Dou o dedo do meio na direção do meu amigo, que abre a boca e coloca uma das mãos na cintura, falando no celular. Pego a maleta, puxando o segurador de couro. Estendo a mão para o fazendeiro.
— Foi um prazer, Gustav.
O homem tira sua luva suja da lida com os bodes e segura em minha mão de forma firme, abaixando a cabeça em reverência simples. Suas unhas estão com terra na parte de dentro e a mão é áspera, de quem trabalha demais.
— Sieg, seu cretino! — Ulrich berra, impaciente.
— Urgh… — Resmungo de forma que não quer dizer nada, só um resmungo, mesmo!
Caminho até perto do meu colega, que se adianta na minha direção, ele está com uma cara horrível de pânico. Nossa, Dagmar deve ter falado umas poucas e boas para ele, eu sei que quando ela quer, ela consegue estorvar.
Ulrich me entrega o celular e solta:
— Sequestraram Dallas.
— Mas já? O casamento é só amanhã. — Reclamo demorando para colocar o telefone na orelha.
Outra tradição comum é o sequestro da “noiva” pelas mulheres da família, mas estou até surpreso que Ingvi e minha irmã tenham conseguido convencê-la a entrar no jogo viking, se ontem mesmo minha nada doce noiva atirou o vinho na minha cara e disse que eu era um bárbaro. Ela ficará horrorizado com as tradições de casamento, mas quer saber? Acho ótimo, será só o começo da vingança.
— Não, seu estúpido. — Ulrich pega o meu pulso e coloca o telefone na minha orelha, para eu atender logo. — Digo, sequestraram, sequestraram mesmo.
— O quê? — O sangue gelado vira lava dentro das minhas veias, as palpitações cardíacas se aceleram. — Quem foram os malditos?!
— Que merda você está fazendo que não me atende, Siegfried? — A voz esganiçada de minha mãe rompe pelo aparelho, exalo ar pelo nariz como um touro, entregando a maleta com a arma para meu amigo e vou caminhando, descendo o pequeno monte pelas pedras, até onde minha moto está estacionada. Coloco o dedo no outro ouvido para bloquear o barulho do vento.
— Onde foi que aconteceu? — Corto, querendo saber dos detalhes.
— Aconteceu há alguns minutos no centro, perdemos alguns dos nossos. — Dagmar fala paciente e devagar o que me dá nos nervos. Consigo imaginar a esguia e altiva mulher loira de rosto alongado batendo lentamente as unhas na mesa, provavelmente do seu escritório em casa, sentada de forma elegante. — Não temos como ter certeza quem está por trás disso por enquanto, mas ela está desarmada.
— Filhos de uma vaca estéril!
— Pandora conseguiu localizar o furgão por satélite, estão pela Rota 1, em direção à Hringvegur. — Dagmar avisa. — Onde você está? Venha já para casa, vou organizar uma busca.
— Estou na Rota 1, interceptarei os desgraçados pelo caminho.
— Ótimo. Deixe um deles vivo para interrogatório, Siegfried. — Ela ordena, seca.
— Nem fodendo. — Dou uma risada, desligo a ligação e jogo o celular para Ulrich no alto, que pega desajeitado com uma mão, segurando a maleta com a outra. — Esse dia não poderia ficar melhor.
— Melhor? — Ulrich indaga, guardando o celular no bolso.
— Leve os bodes para a fazenda e vá pegar a minha cama na marcenaria. — Seguro o capacete, as camas também são feitas por encomenda, uma oferenda à Frigga.
— E onde você vai? — Ulrich não tenta me impedir, claro, ele não seria doido, no máximo se ofereceria para ir comigo, mas posso lidar com alguns arruaceiros sozinho.
Dou um sorriso sacana e coloco o capacete, cobrindo o rosto.
— Vou caçar. — Seguro no guidom montando na minha monstruosa BMW R1200RT preta, é uma motocicleta de cidade, com pneus de aro pequeno, mas suficiente para seguir um furgão.
Meu amigo fica parado. Ronco o motor da moto e arranco levantando a roda da frente como se ela fosse um cavalo. A poeira levanta atrás de mim.
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Alguns minutos depois e estou seguindo em grandiosa velocidade pela estrada. Passei alguns furgões, mas eram de turistas. Vi um acampamento de jovens tentando arrumar uma fogueira para assar comida e nenhum sinal do suposto furgão que sequestrou minha noiva.
O barulho do motor da motocicleta ecoa pelas montanhas e compete com o barulho do vento em meus ouvidos. O que vejo é uma imensidão de colinas e as pequenas estradas. Talvez seja melhor contatar os soldados e me atualizar da situação. O vento gelado atravessa as frestas pelo capacete e minhas roupas, queimando a pele, mas eu acho a sensação dolorida algo refrescante.
Algo chama a minha atenção na pista, rapidamente passo por alguns cacos de vidros e um corpo de um homem vestindo roupas pretas sangrando no chão, como ele usa um capuz cobrindo o rosto, percebo que pode ser um dos sequestradores. Para Hela com isso!
Acelero a motocicleta ao máximo do dirigível e continuo seguindo pela estrada, há marcas escuras de pneu no asfalto e o cheiro de borracha queimada que indicam que há pouco o furgão fez freadas bruscas. É perceptível que ele perdeu o controle diversas vezes, ziguezagueando pela Rota 1. Passo por uma fileira de projéteis dourados, um rifle descarregado largado no canto da estrada, provavelmente perdido pelos sequestradores. Uma luxuosa ankle boots feminina e marrom no meio de uma poça de sangue faz o meu coração pesar como uma âncora.
Avisto um segundo corpo no chão torto, com braços e pernas nitidamente quebrados, como quem se arrastou metros no asfalto e começo a ficar mesmo preocupado. O que está acontecendo? Tento olhar para ver quem é o homem, mas está igualmente de capuz preto.
Tenho que frear bruscamente ao ver o furgão e a motocicleta vai diminuindo de velocidade. Acelero mais um pouco e aproximo-me devagar do furgão preto. Meu coração bate totalmente descompassado como um tambor esmurrado por um macaco, chego a ouvir as batidas do meu coração por cima do barulho do motor, me ensurdecendo completamente.
Os pneus estão arriados, as portas abertas e há cacos de vidro ao redor. Ainda assim, o furgão parece ter sido precisamente estacionado. A vidraça da parte detrás está espatifada, uma porta está faltando, o que explica os corpos no asfalto. Há sangue no interior da carreta e uma mancha enorme vermelha se arrasta pelo asfalto, até um homem, que está pendurado por uma janela, com tiros sangrentos na jaqueta, ainda pingando. Outro homem foi arrastado enquanto o furgão andava, seu rosto está desfigurado e pedaços de seu cérebro perto dele.
Estaciono a moto e coloco o pé no chão. Encaro Dallas, em pé, encostada no furgão, com um sapato faltando e com as mãos no bolso. Que nuvem tempestuosa. Desligo a moto, prendendo-a de lado e desço, puxando o capacete. O vento gelado explode contra meu rosto. Estou suando de nervoso, mas ao mesmo tempo, incrivelmente aliviado por ver que Dallas está viva.
— Que porra é essa? — Caminho até ela. O cheiro de sangue é fresco, acredito que Dallas foi se livrando dos malditos enquanto eu estava chegando. — Você fez isso sozinha?
— Hm. Sim. — Dallas desencosta do furgão e tira as mãos do bolso.
Ela está de luvas, mas há respingos de sangue em sua roupa. Suas mãos estão mais trêmulas que seus olhos quase-verdes. Eu não sei como ela conseguiu se livrar desses caras! Dallas está tremendo, não sei se de medo ou frio, talvez os dois.
— Como?! — Nem consigo acreditar.
— Qual o seu problema, achou que sou uma maldita princesa precisando de um resgate, seu desgraçado? — Ela me xinga indigesto.
Sei que diferente de mim essa não é uma realidade que Dallas enfrenta todos os dias, e tenho minhas dúvidas de quantas vezes algo assim aconteceu, visto que ela não tinha permissão para sair da mansão em que morava com muita frequência.
Eu tinha uns nove anos quando fui informado de uma tentativa de sequestro, um dos motivos para a família Drake ter saído da Islândia e ido para o Canadá, de onde seus ancestrais haviam chegado, inclusive. Aos doze anos, houve mais um ataque e sei que a mãe dela e de Pandora foi assassinada na frente de seus filhos nesse processo. É, eu sei bastante coisa sobre Dallas e ainda me lembro de quando éramos crianças saudáveis que nem sabiam do real significado de uma palavra tão forte como casamento.
As memórias da primeira grande batalha na rua que enfrentei ainda estão vívidas dentro de mim. Às vezes acordo de noite com lembranças das coisas terríveis que tive de fazer, ou com a trágica morte de meu pai. Talvez por isso eu seja tão brutal ao encontrar inimigos, descarregando neles o peso da guerra: se eu gerar memórias horríveis nos outros, não terão muitas chances de gerar em mim.
— Cale essa boca, vem aqui. — É pensando em tudo isso que, diante de Dallas, envolvo meus braços ao redor dela, abraçando-a.
— O que está fazendo? — Dallas resmunga, amassando a bochecha em meu corpo, com os braços para baixo. — Minhas roupas estão sujas.
— Ao contrário de você, não tenho essas frescuras, Dallas. — Inspiro, absorvendo o perfume do shampoo luxuoso de seus cabelos e sinto enganchar as mãos em meus braços. — E queria que você soubesse que estou aqui, que você está segura agora.
Dallas não diz nada, mas não me afasta, aceitando meu abraço, o que é um grande avanço. Fico um tempo apenas amparando-a em meus braços, com a mão em sua nuca, os seios fartos apertados contra meu corpo. Ela respira de forma contida, controlando o seu emocional de uma forma que não sei se é saudável. Dagmar sempre me disse que se você guardar muita coisa no seu coração, ele explode.
Eu facilmente me irrito diante da fraqueza, mas alguma coisa nesse momento corta essa irritação. Talvez seja o fato de que mesmo se sentindo mal, Dallas luta contra seus sentimentos, forçando-se a não desabar, o que me faz admirá-la ainda mais, ou simplesmente a forma que ela me deixa de pau duro. Por Tyr! Ela detonou com os caras!
Jogo os olhos para o céu e as montanhas, vendo o sol se pôr com pressa, as estrelas surgindo como pontos de tinta no céu. Afasto-me um pouco, dou um beijo na têmpora de Dallas e guio para longe do furgão.
— Tenho um capacete extra na moto, vamos sair daqui.
— Onde vamos?
— Eu te levaria para cama agora mesmo, arrancaria suas roupas e te foderia eternamente, mas você está com pudores absurdos por causa do casamento. — Desço a mão por suas costas, por sua lombar.
— Tire suas mãos de mim. — Dallas me empurra com uma espécie de soco para o lado e toma o meu capacete, demonstrando irritação com minhas palavras. Ela para diante da moto e me encara, virando de frente para mim. — Não deveríamos nos encontrar hoje, mas agradeço por ter vindo.
Observo enquanto ela prende os cabelos em um elástico para colocar o capacete branco, não consigo conter um sorriso. Dallas percebe e estreita os olhos, como se o que eu estivesse fazendo fosse um deboche.
— Eu vou sempre encontrar você, Dallas.
Dallas esconde o sorriso que quer se formar em sua boca gostosa colocando o capacete e fechando a tampa. Pego um segundo capacete no bagageiro e um cachecol, que entrego para ela e subo na motocicleta. Assim que acaba de enrolar o cachecol listrado no pescoço, ajudo Dallas a sentar-se atrás de mim oferecendo o braço como apoio. A moto desce um pouco com o peso extra, mas a sensação incrível de suas coxas encostando nas minhas só perde para a satisfação sem igual que sinto quando seus braços envolvem a minha cintura. Quero ver essa desgraçada gemendo embaixo de mim, agora! É uma droga ter que esperar mais algumas horas.
Acelero a moto, dando uma arrancada potente, só para sentir os braços de Dallas apertando mais forte meu corpo. Dirijo um pouco pela estrada, em um determinado ponto viro a moto e pego a ankle boots do asfalto dirigindo em alta velocidade.
Mais tarde, somos encontrados pelos guardas que vieram fazer o reforço e limpar a bagunça, quando estou ajoelhado diante de Dallas colocando o sapato resgatado em seus pés enquanto ela está encostada na moto.
(Dallas)— E minha irmã? — Seguro o copo de papelão branco aquecido pelo café em seu interior.A cafeteria fica na beira da cidade e é bem frequentado. O local está movimentado com moradores entrando e saindo, muitos aproveitam para comer alguma coisa. Com paredes pintadas com um cor de rosa escuro estranho, criando uma dec
(Dallas)— Pare com isso, sei que você adorou quando o seuvikingchegou em seu cavalo branco para te salvar. — Pandora atira a almofada do sofá no meu rosto, me fazendo dar risada, me jogando mais despojada contra a poltrona branca. — Ou no caso, uma moto preta!—
(Siegfried)(Siegfried)A cerveja está sendo servida em canecas feitas de chifres. Uma fogueira crepita no centro de um círculo de pedras, o fogo alto e abundante quase querendo tocar o céu apenas hesita contra o vento cortante e frio que sopra dos montes. As crianças brincam de cabo de guerra. Tudo está perfeito.O som se põe ao suave tocar do
(Siegfried)Ao fim da cerimônia seguimos para o salão de festas ao lado da casa de campo, todo feito de madeira com telhados triangulares, onde seria servido o jantar e festejaríamos nossa união.— Quando vão soltar a gente? — Dallas pergunta erguendo o braço que está amarrado com o meu.— Não vão, só podemos tirar quando as fitas caírem. — Lanço um sorriso, enquanto sigo pelo salão ao som da música que cresce animada, para me sentar em uma grande mesa de banquete ao lado dela, na ponta. Os outros convidados mais íntimos tomam seus lugares.Há uma cornucópia no centro da mesa, com muitas bandejas de assados, legumes e fruta, a cerveja e o vinho são servidos em abundância, mas pra nós, eles trarão uma bebida dos deuses, okvasir, ou algo parecido com o hidromel moderno, que teremos que tomar
(Siegfried)— Ui, toda essa raiva é ciúmes? — Brinco, seguindo seus passos e subindo atrás dela, quase me desequilibro e uso as mãos para segurar na parede cheia de quadros familiares, com fotos inclusive dos meus avôs e primos. — Estou lisonjeado!Dallas sobe até o terceiro andar e passa para o corredor, virando para o lado onde é o nosso quarto. As portas estão abertas, com flores no chão, as luzes dos abajures estão acesas em tons baixos e a cama está arrumada, com dois pares de travesseiros, manta, e almofadas decoradas.— Melhor, vou dormir em outro quarto essa noite. — Ela hesita, parando diante das portas do quarto master e gira, voltando o caminho. É o momento em que eu a bloqueio ali no corredor, me impulsionando para o alto da escada e impedindo a passagem com um sorriso de vitória. — Saia da minha frente. — Seus
(Dallas)A beleza do campo se ergue em picos íngremes. O céu está imensamente azul, límpido, sem nenhuma nuvem, passando uma imagem calma e tranquila das montanhas de neve, o extremo oposto de como estou me sentindo. Enrolo alguns fios de cabelo castanho em meus dedos como uma corda e puxo para o lado, sentindo a dor no couro cabeludo se formar. Uma pena que não era uma corda enforcandoaquele pescoço maldito.
(Dallas) — Tenho que admitir. Esse lugar é mesmo inspirador. — Inspiro o ar fresco da natureza que nos engole. Horas depois estamos abraçados. Siegfried recostado na moto e eu em sua frente, com o braço apoiado em sua perna dobrada. Diante de nós há um lago sem o ondulações e de água azul cristalina cercado por montanhas. O vapor que sai do lago se desprende criando uma névoa branca contornando a floresta. É uma visão extremamente bela, uma que eu ainda não tinha visto da cidade. —
(Dallas)Siegfried me levou para um local não muito distante dali. Deixamos a moto na estrada com um soldado - eles vieram de carro atrás da gente, ou você acha que íamos simplesmente andar por aí sem proteção? - e seguimos por uma montanha, adentrando a floresta.Entre árvores de caule fino e manchado com cheiro fresco, estava uma cabana, de campo, mas como se fosse enterrada. Havia um pequeno espaço desmatado e coberto de brita ao redor da cabana, criando uma espécie de pátio ao ar livre e onde parecia que estava em construção em meio ao que parecia ser um banco de