Passei a noite em claro pensando, estudando, analisando, avaliando todas as chances, todas as possibilidades de como seria dali em diante entre nós. Eu aceitaria namorá-la, pouco me importa se minha mãe, a mãe dela, todos das nossas famílias se opusessem. Mesmo que chamassem o Papa eu não desistiria. Se ela quisesse, nós ficaríamos juntas. Vou confessar, não dormi com medo de ter pesadelos. Pesadelos onde eu me declarava, onde eu confessava o que havia sentido e ela me dava um fora, me dispensava com aquelas palavras do tipo “Me perdoe, mas não é de mulheres que eu gosto, entende?”. Bom, eu entenderia, mas não ficaria feliz. Por trás da minha clássica postura taurina objetiva, forte, firme e decidida, eu tenho também os meus medos, meus receios, aquela insegurança diante do que não entendo bem.
Mas ninguém precisa saber disso (
É incrível como o mundo muda quando se está apaixonado.As coisas mudam de cor, o dia começa mais cedo, acaba mais cedo e milhares de coisas mudam de forma e lugar. De repente, começamos a ver tudo com outros olhos e quando as coisas não remetem à pessoa que amamos, simplesmente percebemos que não importa o que fazemos, lá estamos nós perdidos em pensamentos que nos trazem a pessoa a mente.Vamos dizer que a já distraída Lorena Silverstone estivesse passando por isso.Lá estava a garota de olhos castanhos perdida em devaneios observando os pássaros na árvore bem ao lado da janela de sua sala de aula, no segundo andar. Pela manhã, horário em que estudava, os pássaros reuniam-se em seus ninhos antes de sair à procura de alimentos para os filhotes e a garota dividia sua atenção entre a aula e observá-los. Normalme
—Você devia comer mais, nem mexeu na comida – exclamara Sarah, a mãe de Lori à mesa do almoço – Na sua idade precisa se alimentar para repor todas as energias que gasta.A menina agradeceu e disse que estava satisfeita. De certa forma sua mãe tinha razão, ela realmente gastava muita energia, por outro lado, comer mais não era a solução. Estavam apenas as duas como acontecia quase todos os dias. O pai de Lori trabalhava como Chefe de Cozinha em um famoso hotel na cidade de San Dimas, o Venatores et Luna e normalmente passava o dia fora, pegando apenas um dia por semana para folga. Sendo filha única, ela e a mãe eram a companhia uma da outra nos cafés da manhã e almoços.—Posso lavar a louça mais tarde? Combinei de sair essa tarde com a Ash e umas amigas e pretendia dar uma olhada no guarda-roupa, ainda não me decidi sobre o que usar.
As amigas encontraram-se duas ruas antes do shopping, como planejado. Ash pretendia alertar Lori sobre as garotas que estariam com elas naquela tarde. Apesar de todos no Delphine posarem de bons samaritanos, a verdade por trás da maioria era que não passavam de filhinhos de papai ostentando o uniforme da escola.Não entendia como sua mãe havia conseguido encaixá-la. Haviam muitos nomes na lista de espera por uma vaga. Aparentemente os contatos que Debbie tinha com gente rica e famosa tinham valido a pena naquela questão. Ainda assim não gostava do colégio e seu enorme manual de regras. Sentia falta do tom mais livre da escola onde Lori ainda estava.Praticamente arrastando a loira pela mão, Ash a levara até um banco de jardim solitário e recostara-se com ela nas costas do mesmo. Ainda faltava vinte minutos para o horário marcado com Lizzie e Anna na entrada do shopping e elas tinham aqu
O sol não havia despontado novamente, mas aquela tarde nublada continuava quente. Ash vestia um shortinho jeans pouco mais longo que o de Lori, desfiado nas barras e tênis brancos. Usava ainda uma camiseta de manga longa cor de rosa com a parte superior aberta, deixando o colo e ombros à mostra enquanto no peito havia um desenho da Hello Kitty. No pescoço trazia uma gargantilha com um minúsculo pingente prateado em forma de coração.As duas encontraram-se com Lizzie e Anna que chegavam ao mesmo tempo na entrada do shopping. De imediato, Lori encantara-se pela beleza das garotas. Elizabeth, também loira como ela era alta e magra, pouco mais alta que Ash. Seus seios tinham também o tamanho de duas pequenas maçãs e a menina tinha um olhar penetrante com seus olhos azuis brilhantes. A outra, Anna, era uma morena da mesma altura de Ashley – o que fazia com que Lori se sentisse, mais uma vez, a baixin
Por fim o grupo de garotas entrara para o shopping, Elizabeth ainda de braços dados com Ash e Anna, ainda que tivesse perdido a empolgação de minutos atrás, segurando Lorena pela mão. Naquela tarde de sexta-feira o movimento pelas inúmeras alamedas e passarelas do local estava grande e assim como Ash esperava, lá estavam elas indo de vitrine em vitrine espiando roupas e sapatos. Ao contrário do que imaginava sobre elas, Lizzie e Anna eram mais simpáticas que o esperado pela morena. Pouco depois que tinham entrado o assunto mudara para coisas preferidas entre elas e Lori estava sendo bem recepcionada pelas outras.Entre as conversas Ashley percebera quantas afinidades Anna e Lori tinham, que iam desde o tamanho das roupas – os números de Anna eram bem pouca coisa maiores que os de Lori – até seus gostos pessoais. A morena com aqueles lindos e longos cachos caindo pelos ombros e pe
Lori seguia na direção da porta quando Ashley a segurara pela mão. Virando-se para trás, a loira deixara que a namorada se aproximasse e a tomasse em um abraço. Encostaram-se na porta fechada enquanto a morena avançava, tomando os lábios da amada com o seus. Descera as mãos para a cintura da loira e em seguida atrevidamente para o bumbum. Loreno descolara seus lábios do beijo que dividia por um breve segunda para gemer baixinho de puro tesão.As duas estavam no quarto de Ash e haviam acabado de se arrumar para sair. Era noite de sábado e como planejado, Lori dormiria com ela. Era bem comum em finais de semana que uma dormisse na casa da outra, quase sempre. Porém, nessa noite, as duas tinham combinado de ir ao cinema assistir a qualquer filme de heróis que estivesse em cartaz.Na verdade, os gostos para filmes de ambas eram bem diferentes. Lori gostava de comédias e romanc
Antes que percebesse Ashley estava sentada do outro lado do banco, de frente para ela, enxugando uma das lágrimas de suas sardas com o polegar.—Seus olhos estão com aquela cor de mel linda que eu amo. Pensando bem, acho que é bom que não tenhamos mudado nosso ponto de encontro. Eu sempre vim aqui com você para ver seus olhos com esse brilho.—O verde dos seus olhos também muda com as luzes daqui, como se houvesse mais brilho neles. Lembra ainda mais um par de esmeraldas – sorrira Lori inspirando e engolindo o choro de antes – Já contei uma meia dúzia de garotos olhando para nós. Estou surpresa que nenhum veio aqui ou nos chamou para conversar ainda. Será que estamos dando na cara?Ashley olhou em volta, realmente havia mais de um garoto olhando discretamente para elas.—Não, claro que não. Acho que são só inseguros ou tími
As garotas tinham voltado para casa pouco depois das dez, mais de uma hora antes do combinado com a mãe de Ash. Deborah costumava permitir que elas chegassem até onze e meia nos finais de semana, mas a dupla nunca chegara no prazo limite. Tinham costume de ficar mais em casa que na rua e sempre voltavam mais cedo.Agora tinham um motivo maior para querer estar na privacidade do quarto da morena.Naquela noite, após voltarem, Debbie assara uma pizza para as duas e como de costume, Ash comera quase tudo. Lori ficava se perguntando como a namorada era capaz de comer cinco pedaços de pizza e não engordar. Ela mesmo comera dois porque fora forçada, duplamente forçada, uma vez que Ash e a mãe insistiam para que ela desencanasse da ideia de que estava engordando demais. Não eram as duas que sentiam o soutien apertando toda vez que tinha de vesti-lo. E não queria admitir que precisava comprar um númer