Lori seguia na direção da porta quando Ashley a segurara pela mão. Virando-se para trás, a loira deixara que a namorada se aproximasse e a tomasse em um abraço. Encostaram-se na porta fechada enquanto a morena avançava, tomando os lábios da amada com o seus. Descera as mãos para a cintura da loira e em seguida atrevidamente para o bumbum. Loreno descolara seus lábios do beijo que dividia por um breve segunda para gemer baixinho de puro tesão.
As duas estavam no quarto de Ash e haviam acabado de se arrumar para sair. Era noite de sábado e como planejado, Lori dormiria com ela. Era bem comum em finais de semana que uma dormisse na casa da outra, quase sempre. Porém, nessa noite, as duas tinham combinado de ir ao cinema assistir a qualquer filme de heróis que estivesse em cartaz.
Na verdade, os gostos para filmes de ambas eram bem diferentes. Lori gostava de comédias e romances enquanto Ash adorava terror e suspense. O único gênero que combinavam era ação e já haviam perdido a conta de quantos filmes tinham assistido juntas.
—Vamos nos atrasar – disse a loira em um sussurro enquanto suspirava com os beijos de sua amada em seu pescoço.
—Não me importo – respondeu a namorada, voltando-se para beijá-la na boca – Assim que sairmos por essa porta tenho que me contentar em apreciar o seu sorriso apenas.
—Não gosta de apreciar o meu sorriso? – provocou a outra, sorrindo.
—Eu não disse isso. Disse que não gosto de ser limitada a apenas isso – riu Ash, afastando a face para fitar o brilho nos olhos de Lori.
—Sabe que vou passar essa noite todinha aqui, não é? – comentou a loira, enquanto mordia o lábio inferior – Então… algum filme com heróis da DC?
—Ah, não – respondera a morena afastando-se para que Lori pudesse abrir a porta – Fiquei frustrada depois de Homem de Aço. Quem em sã consciência engole aquele roteiro horrível de Batman versus Superman? Vamos procurar alguma coisa da Marvel.
—Mas não é você mesma quem prefere histórias mais sombrias? – ironizou Lori, rindo – Os heróis da Marvel são tão… coloridos.
—Pelo menos eles têm a Scarlet Johansson. Ou vai dizer que prefere a Gal?
Lori colocara o dedo indicador sobre os lábios fazendo biquinho em forma de coração com um esboço de sorriso como se estivesse refletindo antes de responder um segundo depois.
—Scarlet Viúva Negra? – comentara referindo-se à personagem que a atriz interpretava no cinema – Sabe que prefiro as morenas, mas nesse caso vamos ver a ruiva.
—As morenas? – indagara Ash fingindo estar com ciúmes enlaçando a loira pela cintura enquanto desciam as escadas em direção à saída – Me conte quem são essas outras morenas.
Ash gritara da porta para a mãe dizendo que estava saindo. Como resposta as duas garotas ouviram uma advertência para levarem agasalhos, pois aquela noite iria esfriar.
Quem diabos leva agasalho ao cinema? – sussurrara a menina ao ouvido de Lori, que rira baixinho. Debbie ainda gritara antes que fechassem a porta que se chovesse ligassem avisando onde estavam para que ela fosse buscá-las.
♥♥♥
Desejar privacidade em um sábado à noite quando se vai a um bom cinema era fantasia. Parecia que metade do colégio Delphine, bem como alunos de várias outras escolas decidiam ir ao shopping e ao cinema ao mesmo tempo.
Embora San Dimas tivesse três shopping centers, além de dois cinemas independentes, os grupos sociais costumavam se reunir todos no mesmo lugar. As duas meninas estavam sentadas em um banco próximas à sala onde iriam assistir ao filme enquanto a sessão não começava e contavam os grupos conhecidos que passavam por elas, alunos do colégio Delphine Spencer e do colégio Professora Úrsula Leal.
—Precisamos começar a frequentar um cinema menos badalado – comentara Ash.
—Mas nem todos têm o mesmo conforto, segurança e estilo que aqui. Conhecemos todas as cadeiras de cada uma dessas salas. Acho que costumamos vir aqui desde que alcançamos idade para isso – respondera a companheira ao lado.
—Realmente – concordara a morena à contragosto – Mas olhe bem à nossa volta, acho que não apenas nós conhecemos tudo aqui. Se fosse um lugar menos popular…
A garota não terminou a frase, parara no meio e ficara contemplando a amiga sentada com ela. Lori não precisava que ela terminasse, sabia exatamente o que Ash queria dizer.
Após alguns segundos de silêncio, a loira olhara em volta se certificando de que ninguém as estava espiando, então colocara sua mão sobre a da outra, tocando a pedra vermelha de um anel que a mesma usava. Não era um gesto que precisasse fazer escondida, mesmo assim ela desconfiava que seu olhar, seu sorriso ou qualquer palavra pudesse denunciar que havia muito mais que amizade naqueles gestos entre as duas.
—Te dei esse anel quando éramos crianças. Tínhamos o quê? Oito anos? – Sete, corrigira Ash – Me lembro que ganhei em um doce com uma caixinha de surpresa e lhe disse que queria que fosse um garoto para poder me casar com você… – sussurrara Lorena.
—Me desculpe por não ser um garoto – disse Ash em tom zombeteiro, rindo da lembrança.
—Nada me deixa mais feliz do que você ser quem é – respondeu Lori, segurando a mão da namorada sobre o banco – Eu só me sinto muito feliz de te ver usando. Quero dizer, não somos mais crianças, não precisava usá-lo, você tem muitas joias lindas. Um dia ainda vão perguntar o que você faz com um anel de doce de criança no dedo – concluiu rindo do comentário.
Ash, que tinha a mão virada para baixo enquanto Lori tocava o anel, girou o pulso, colocando a palma da mão para cima e entrelaçando seus dedos. Seus olhos verdes brilhavam como duas esmeraldas.
—Eu uso porque é algo precioso para mim – respondeu com a voz tão suave que Lorena mordera o lábio inferior resistindo ao impulso de agarrá-la ali mesmo – Antes eu confesso que via como um símbolo da nossa amizade, que juramos nunca abrir mão por nada no mundo, se lembra? Pegamos uma faca na cozinha da Debbie e a enchemos de geleia para fingir que era sangue, então simulamos os cortes nas nossas mãos e fizemos um pacto de sangue de geleia – as duas riram se recordando – Naquela época eu dormia com esse anel pensando porque eu não poderia ter nascido um menino para me casar com você. E depois do que rolou, depois que me salvou do medo apavorante que eu tive de perder você com aquele gesto impulsivo – disse lembrando-se do dia em que ela beijara a amiga pela primeira vez – percebi que esse anel era muito mais importante do que parecia. Porque eu sempre sonhei em te ter para mim e em ser sua desde o dia que me presenteou com ele.
—Cale a boca antes que me faça chorar – sussurrou a loira rindo e virando a face enquanto engolia o choro.
—Se alguém me perguntar porque eu uso só preciso dizer a verdade, que é porque foi um presente de uma pessoa muito especial para mim.
—Você quer me fazer chorar.
—Claro que não.
Mas claro que de costas para a morena, duas lágrimas escorriam pela face de Lorena. Não tinha como ela evitar, era o tipo de manteiga derretida quando se tratava de sentimentos e agora, quando o assunto era elas, Ash vivia lhe deixando emocionada.
Antes que percebesse Ashley estava sentada do outro lado do banco, de frente para ela, enxugando uma das lágrimas de suas sardas com o polegar.—Seus olhos estão com aquela cor de mel linda que eu amo. Pensando bem, acho que é bom que não tenhamos mudado nosso ponto de encontro. Eu sempre vim aqui com você para ver seus olhos com esse brilho.—O verde dos seus olhos também muda com as luzes daqui, como se houvesse mais brilho neles. Lembra ainda mais um par de esmeraldas – sorrira Lori inspirando e engolindo o choro de antes – Já contei uma meia dúzia de garotos olhando para nós. Estou surpresa que nenhum veio aqui ou nos chamou para conversar ainda. Será que estamos dando na cara?Ashley olhou em volta, realmente havia mais de um garoto olhando discretamente para elas.—Não, claro que não. Acho que são só inseguros ou tími
As garotas tinham voltado para casa pouco depois das dez, mais de uma hora antes do combinado com a mãe de Ash. Deborah costumava permitir que elas chegassem até onze e meia nos finais de semana, mas a dupla nunca chegara no prazo limite. Tinham costume de ficar mais em casa que na rua e sempre voltavam mais cedo.Agora tinham um motivo maior para querer estar na privacidade do quarto da morena.Naquela noite, após voltarem, Debbie assara uma pizza para as duas e como de costume, Ash comera quase tudo. Lori ficava se perguntando como a namorada era capaz de comer cinco pedaços de pizza e não engordar. Ela mesmo comera dois porque fora forçada, duplamente forçada, uma vez que Ash e a mãe insistiam para que ela desencanasse da ideia de que estava engordando demais. Não eram as duas que sentiam o soutien apertando toda vez que tinha de vesti-lo. E não queria admitir que precisava comprar um númer
Lori escorregara preguiçosamente o corpo para cima, começando a beijar desde o pescoço da amante, traçando uma linha de carinhos até que seus lábios se encontrassem.—Não aconteceu nada demais – disse Ash por um instante em que param para respirar – Não fique encucada com mais isso. Vamos tomar mais cuidado daqui em diante, tudo bem? Eu prometo que vou cuidar de você. Eu te amo, sua menina complicada e medrosa.Lori era realmente a mais insegura entre as duas, mas isso não fazia com que Ash fosse cem por cento segura de tudo. Claro que se a namorada tivesse se confessado, mesmo dizendo ter sido um sonho, a mãe ficaria desconfiada das duas com segredos e portas trancadas.Sem dizer o que realmente pensava, Ashley apenas abraçara a outra mais forte, apertando seu corpo junto do dela. Ela tinha de parecer sempre forte, pois sabia que desde crianças, Lor
O restante do domingo fora tranquilo. Lori respondera à mensagem de Anna explicando que tinha combinado de passar o dia com Ash, mas que elas se veriam na segunda em sua festa de aniversário. Quando as duas voltaram para casa era já quase uma da tarde, atrasadas para o almoço, como sugerira Debbie naquela manhã. Estranhamente não havia ninguém em casa, mas Ashley ligara para a mãe, que explicara ter um compromisso do trabalho naquela tarde e que depois iria se encontrar com Sarah para combinarem os detalhes da festa no dia seguinte. Bart, irmão mais novo de Ash e Robert, seu pai, estavam com a mãe a passeio.Embora Debbie vivesse para o trabalho, não deixava de ser apegada à família e a morena sabia que eles estavam planejando o que aconteceria no dia seguinte. Sua tarefa era manter a garota loira distraída, coisa que ela faria com prazer.A mãe da menina dissera qu
A garota abaixo da morena virou a face na direção da janela, ainda fechada. Escorregou as mãos atrevidas até o bumbum de Ash e subiu deslizando os dedos pelo contorno das curvas da menina, subindo de sua cintura até suas costas. Puxou-a mais para baixo, deitando devagar o corpo da namorada sobre o seu próprio, sentindo seu calor, abraçando-a apertado. Beijou seu pescoço e mordeu sua orelha de leve.—É o melhor aniversário que já tive – respondeu – Posso passar o dia aqui com você?—Você nem faz ideia do quanto eu queria poder dizer que sim – respondeu a garota – Mas temos que sair, precisamos resolver umas coisinhas – emendou sorrindo e revelando o cartão de crédito de sua mãe em suas mãos.—Podemos passar por perto da minha casa para espiar o que podem estar aprontando? – sugeriu Lori com um s
A notícia de que a festa não seria na casa da garota pegara não apenas Lori, mas também Ash de surpresa. Debbie explicara que não tinham contado para Ash, fazendo-a também pensar que a festa seria, como nos anos anteriores, na casa de Lorena para que ela não revelasse nada antes da hora. Não que ela fosse contar, mas sem saber não havia risco de ela soltar sem querer.—Todos os anos fazemos sua festa em sua casa ou na minha – explicara a mãe de Ashley – Então pensamos em lhe fazer uma surpresa esse ano. Algo mais especial.A única coisa que Debbie não contara durante o trajeto era para onde estavam se dirigindo, o que tornava cada minuto mais angustiante para a ansiosa Lori.Quando a morena ao volante reduzira a velocidade, a loira no assento do passageiro quase fugira correndo pela janela ao ver o letreiro luminoso da fachada. Estavam se aproximando da e
Seguindo a mulher por um corredor de paredes vermelhas com diversas luminárias que pareciam ser ornamentos caríssimos retirados de algum castelo, além de quadros grandes e belos retratando paisagens e pessoas em trajes medievais, as meninas logo se viram diante de uma grande porta de madeira. Debbie batera duas vezes e então abrira, entrando e estendendo a mão para elas a seguissem.O interior do aposento era iluminado por luzes de neon no alto desenhando um L na ampla sala retangular. As paredes brancas eram limpas e vazias. Havia alguns armários de arquivos em um canto, um bar repleto de taças, copos e diversas garrafas de bebidas e ao longe, próxima à uma grande janela de vidro que ocupava toda a extensão da parede, uma mesa de escritório com caixas, papeis, monitores de computador e outros pequenos objetos.O homem sentado em uma grande cadeira atrás da mesa levantou-se e sua imagem
Ao saírem, Ash e a namorada contemplaram um céu salpicado de estrelas brilhantes com uma grande lua cheia iluminando vários prédios ao longe. A visão era tão bela que elas tinham até se esquecido do vento frio por um instante.—Cuidado ou o vento irá fazer mágica com seus cabelos – disse Debbie sorrindo.Havia outro daqueles grandes homens de terno ali que cumprimentara Deborah assim que a vira. A mulher aproximara-se e lhe dissera alguma coisa. O mesmo então abrira uma caixa de fusíveis e acionando alguns interruptores meia dúzia de luzes em alguns postes se acenderam. No meio do terraço um grande helicóptero surgira e as garotas ficaram boquiabertas apreciando a bela aeronave azul e branca.—Apresento-lhe o Eurocopter EC130 T2 L2 – disse Deborah vendo a clara curiosidade nos olhos das garotas – Lucius o deixa sempre aqui, aba