CAPÍTULO 2

Ares sorveu um gole de uísque e seu olhar atento estava sobre a mesa onde havia uma vasta quantidade de anfetaminas. A droga estimulante do sistema nervoso central, provoca o aumento da capacidade física e psíquica.

- Como você pode ver, está tudo dentro das normas, Don Potter. Eu sou muito rigoroso com o processo de fabricação e tenho até uma biomédica para assegurar a qualidade das minhas anfetaminas.

Com uma expressão neutra, Ares pousou o copo de uísque sobre a mesa, pegou um frasco de acrílico amarelo e retirou um comprimido branco que ele engoliu com a saliva.

Dominic empertigou o corpo e evitou trocar olhares com os outros seguranças perfilados ao redor da mesa, no escritório de Michael Sullivan em Key West.

O anfitrião ficou igualmente surpreso e forçou um sorriso.

- Eu admiro um homem que experimenta o que vende.

Ares soltou um suspiro entediado.

- Da satisfação dos meus clientes, depende a minha reputação.

Michael assentiu vendo o Chefe da Máfia Americana inspecionando de forma minuciosa os frascos, comprimidos e cápsulas. Ares era um filho da puta detalhista, perfeccionista e assustador com aquela postura fria e distante.

- Eu quero que todos os comprimidos sejam brancos. Nada dessa porcaria colorida parecendo a droga do amor.

Uma gota de suor brotou na fronte do fabricante de anfetaminas.

- Eu separo por cores porque servem para várias finalidades. Doenças neurológicas, perda de peso, insônia, déficit de atenção...

Michael se calou quando um olhar firme pairou sobre ele. Lentamente, Ares contornou a mesa de madeira oval e encarou o fornecedor de perto. Ele disse secamente:

- Jake era o seu concorrente aqui em Miami, e eu comprava anfetamina dele porque ele vendia mais barato e com uma qualidade aceitável. Infelizmente, a qualidade começou a cair e o preço começou a subir. Por isso, a nossa parceria chegou ao fim. Eu estou pouco me fodendo para essa porra colorida.

Ares arqueou a sobrancelha, deixando claro quem estava no comando ali.

- Eu vou vender como ecstasy, e com a finalidade de deixar os clientes cada vez mais dependentes. Nada de cápsulas, e os meus comprimidos, eu quero que sejam brancos. Isso será um problema, Michael?

O fabricante negou veementemente com a cabeça branca.

- De forma alguma. Comprimidos brancos. Você tem um formato de preferência?

- Redondos. Quanto vai me custar a primeira entrega de quinhentos mil comprimidos brancos e redondos para sexta-feira ao meio-dia?

Apesar do medo, Michael deu o seu preço.

- Cada comprimido é vendido por dez dólares nas ruas. Quinhentos mil comprimidos vão te custar dois milhões e quinhentos mil dólares.

Ares não pareceu satisfeito comprando cada comprimido por cinco dólares, entretanto, ele deu um sorriso perverso. A maior parte dos seus ganhos ilícitos estava na venda de cocaína, heroína, maconha, fentanil, armas e munições.

O ecstasy era apenas uma pequena parte dos seus negócios. E para lavar todo o dinheiro do tráfico, ele tinha hotéis, bares e restaurantes espalhados pelo país.

Seu sorriso ficou lindo.

- Negócio fechado. Eu vou aceitar o desconto da primeira compra, vou te pagar dois milhões, e vou aceitar o brinde.

Michael assentiu lentamente. A sensação que se abateu sobre ele foi de derrota, e não de vitória por ficar um pouco mais milionário. A partir daquele dia, ele nada mais era do que um escravo de Ares. Um erro, um tiro fatal dado pelo próprio rei do submundo.

- Segundo andar, terceira porta à direita.

- Ok. E eu vou mandar alguns homens para acompanharem de perto a minha encomenda.

Michael fez uma leve reverência.

- Certamente.

Ares saiu do escritório seguido por Dominic que disse apreensivo:

- Lucas está em Nova York. Eu não sei bem se ele entendeu que era para fazer o mandado de prisão desaparecer.

O Chefe endureceu o olhar azulado com tons esverdeados. Ares tinha olhos que mudavam de cor dependendo da luz.

- Eu estou farto do Lucas. No mínimo, já era para ele ter chegado a aspirante de Subchefe.

Dominic pigarreou antes de dizer com cautela:

- Ele sabe que é crucial ser o seu braço direito, mas ele não parece interessado. Talvez, Lucas precise de mais tempo.

Ares olhou o segurança da cabeça aos pés, e o encarou com desaprovação.

- Sempre colocando panos quentes para as merdas que o meu irmão faz. Eu já perdi as contas de quantas vezes o Lucas testou a minha paciência. A recusa dele em ser o que nasceu para ser, é inoportuna e irritante.

Além do Conselheiro de Ares, Dominic era o único que tinha coragem de questionar as decisões do Chefe. Ele disse relutante:

- Uma hora dessas, Lucas vai realmente colocar os negócios em risco. Nova York é território inimigo desde que ele dormiu com o filho do Senador Simon.

Ares fechou os olhos, levou a mão direita na testa e respirou fundo. A orientação sexual de Lucas era um problema que ele nem gostava de pensar. Era inadmissível que o seu único irmão fosse gay.

Mesmo ele sendo o rei da máfia, acabava sendo motivo de chacota pela vida sexual do irmão devasso. Ninguém falava abertamente, mas as noitadas de Lucas, manchavam o nome da Família Potter, e o desgraçado fazia questão de não ser nenhum pouco discreto.

Ao abrir os olhos, Ares olhou para o andar de cima e imaginou Aurora nua na cama com seus cabelos loiros, compridos e sedosos, rosto angelical, olhos azuis, bochechas rosadas, seios fartos, coxas torneadas, bumbum redondo... Sim, a filha de Michael era o seu tipo para foder por horas.

Dominic pigarreou novamente e não escondeu a preocupação.

- É melhor você ligar para ele e dar uma ordem clara e direta. Não é garantia de que ele vai obedecer, mas ele não terá como dizer que não entendeu o que era para fazer.

Ares pegou o iPhone com uma expressão de puro ódio e ligou para o irmão.

Sara olhou para o homem que estava deitado na cama no quarto de hóspedes. Ele estava com as mãos algemadas na cabeceira de madeira, e sem camisa enquanto seu pai limpava o ferimento no seu ombro direito.

- O tiro foi de raspão só para você soltar a arma. - Gabriel disse secamente jogando a gaze suja de sangue no chão. - O que veio fazer aqui?

Lucas respondeu com tranquilidade:

- Eu esperava que você me prendesse só para irritar o meu irmão.

Gabriel desdenhou:

- Eu mandei o Departamento checar a sua placa durante a perseguição e sabe o que eu ouvi?

Lucas ficou interessado e sorriu.

- O quê?

- "Esquece".

O mafioso riu divertido.

- Ah, então eu não tenho um mandado de prisão no meu nome? Nem por atirar em um patrulheiro?

O policial levantou e respondeu raivoso:

- Você teria se não fosse quem é.

Lucas fingiu ficar ressentido.

- Eu pensei que a polícia de Nova York era séria. Eu só queria ir pra cadeia.

- Então por que fugiu?

Os dois homens olharam para Sara que tinha feito a pergunta e ela mesma respondeu.

- Para fugir do flagrante.

Lucas sorriu para ela.

- Sim. Meu irmão me mandou de volta pra saber se nós temos com o que nos preocupar. Pelo visto, não.

Sara cruzou os braços e disse com frieza:

- A Família Potter é um câncer que destrói tudo por onde passa.

Lucas inclinou a cabeça para o lado e observou a garota negra, baixa, um pouco acima do peso e com um olhar cheio de ódio. De repente, uma ideia cruzou a sua mente na velocidade de um tiro de fuzil. Ela não era fácil. Então, seria incrível. E de brinde, já odiava Ares.

Ele deu um sorriso enigmático. Irritada, Sara voltou para a cozinha. Ao abaixar para pegar a panela que tinha caído, viu a arma de Lucas e o celular dele vibrando. Provavelmente, tinha caído do bolso da calça quando ele caiu.

Na tela estava o nome Chefe.

A garota pensou em deixar tocar ou levar para Lucas atender, mas ela teve uma ideia ousada por todo aquele dia de merda.

- Vocês vão queimar no inferno!

Ares franziu a testa e exigiu saber com sua voz rouca e cavernosa.

- Quem é você?!

- O arrombado do seu irmão atirou no meu pai! Ele podia ter me deixado órfã! E agora ele vai se safar adivinha por quê? Porque você é o dono da porra toda!

Ares afastou o iPhone da orelha para não ficar surdo com os gritos estridentes. Em seguida, colocou novamente o aparelho na orelha que estava quente.

Ele perguntou secamente:

- Por que você está com o celular do Lucas?

Sara viu o pai entrando na cozinha e disse antes que ele tomasse o telefone dela:

- Ele colocou as mãos imundas em mim, mas meu pai atirou nele!

Exasperado, Gabriel olhou para o iPhone jogado no chão.

- Você sabe que essa merda tem chip de rastreamento, né?

Sara arregalou os olhos negros.

Dominic viu Ares voar para a porta de saída e correu junto com os seguranças. Ele quase gritou ao perguntar:

- Lucas está bem?!

- É o que nós vamos descobrir.

Ares praguejou a viagem inteira até Nova York. Quem era aquela cadela para gritar com ele?

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