Capítulo 7

No fim da tarde, ao pôr do sol exuberante, Sara viu a quantidade de carros de luxo que começaram a chegar na mansão com homens de terno, gravata e óculos escuros. Todos exalando riqueza, poder e influência.

Perdida em um mundo novo e desconhecido que ela não entendia, exceto por Ares ser a autoridade suprema, e suas ordens por mais nojentas que fossem, não serem questionadas, Sara ficou no canto, observando a movimentação.

Um buffet extravagante foi servido após a cerimônia de casamento civil e religiosa. Garçons uniformizados de preto e branco andavam pelo salão de festas que ficava no terraço com vista para o mar.

Os convidados pareciam muito felizes com a união de Lucas e um ex-policial veterano, condecorado por atos heróicos durante os anos em que trabalhou nas ruas de Nova York. Para Ares foi uma espécie de troféu casar o irmão com um policial.

O pedido de demissão do seu pai já tinha sido enviado para o Departamento de Polícia, e foi prontamente atendido por ter sido um pedido irrecusável. Ares tinha a polícia no bolso em troca de informações e um suborno generoso.

Sara reconheceu alguns políticos, entre eles, o Assessor-Chefe do Governador com a sua bela esposa, Chase Ballard que era deputado e filho do prefeito de Miami, e o CEO da MadaCorp, um dos executivos mais influentes e respeitados da atualidade, dono de empresas no ramo hospitalar.

Incrédula diante de tanto luxo e ostentação, Sara pegou uma taça de champanhe. Ela bebeu de uma vez, ignorando o olhar de advertência do pai que estava preso entre Ares e Lucas, conversando com alguns homens entusiasmados.

- As sacolas de compras estão no quarto, senhorita Larsson. Tem algo mais que eu possa fazer pela senhorita?

Dominic ganhou um olhar cortante que foi capaz de fazer ele desviar o olhar para o pôr do sol, e dizer com a voz levemente embargada:

- A Doutora Galtier cometeu um erro.

- Você não precisava ter matado ela.

- Acredite em mim, ela está bem melhor agora. Só pela tentativa de assassinato, Ares iria fazê-la apodrecer na cadeia.

Sara inspirou profundamente. Com o espírito livre, Anna jamais iria aceitar se submeter a toda aquela podridão. Sem opções, ela iria sucumbir diante de tantas atrocidades.

- Por que casar o Lucas com o meu pai?

- Para ter controle sobre os dois. Lucas com um parceiro fixo, e seu pai com o sobrenome Potter, entra oficialmente para a Máfia.

Sara viu um garçom se aproximar e levou a mão para pegar outra taça de champanhe. No entanto, ela ganhou um prato de bolo, doces e salgados. Dominic disse sério:

- Ares mandou. Apenas coma.

A garota encontrou o par de olhos da cor de esmeraldas. Ele esperou ela começar a comer para voltar a falar com Lucas. Seu pai se aproximou e Dominic fez uma reverência antes de se afastar.

Gabriel respirou fundo.

- Eu falhei com você e falhei com a Anna. Desculpa.

Sara olhou em volta.

- Nós não temos como sair disso?

Temporariamente abatido, Gabriel virou a taça de champanhe na boca e disse com um suspiro profundo:

- Ele disse que não vai te desrespeitar.

Sara pensou em perguntar se aquilo iria incluir não enfiar a língua na garganta dela, mas seu pai já estava quebrado. Os dois sabiam que tinham que proteger um ao outro, e isso incluía guardar segredos.

Ela tinha começado aquela merda toda, e deveria ser mais cuidadosa com as palavras. Observar mais e falar menos.

Entretanto, deu um sorriso debochado.

- Pelo menos, você será o ativo.

Gabriel grunhiu de nojo.

- Isso não tem graça nenhuma. Eu não vou consumar o casamento nem na mira de um fuzil.

Provando um salgado, Sara deu de ombros.

- Eu prefiro você fodendo o Lucas do que morto. Não faça nada estúpido e nem tente bancar o herói. Com o casamento, Lucas será moldado para assumir a posição de Subchefe. Ares acredita que você pode ter um papel fundamental nesse processo.

Mortificado, o ex-policial ergueu a cabeça e alisou o smoking que deveria ter custado no mínimo um ano do seu salário. Existiam cláusulas absurdas no contrato de casamento, e uma delas, era consumar o ato naquela noite.

Gabriel sentiu o peso da aliança de ouro na mão esquerda, e o peso do sobrenome que ele iria carregar até encontrar uma saída. A morte de Anna não ficaria sem punição, e Sara não seria um brinquedo para Ares.

Sara foi conduzida para a pista de dança ao som de Phil Collins, You'll Be In My Heart.

Ares passou o braço direito em volta da cintura dela, e entrelaçou seus dedos com a mão esquerda onde ele usava o anel com o brasão da família.

- Você está adorável de Gucci. Não vai me agradecer pelas compras?

De encontro ao corpo escultural, por baixo de um smoking sob medida, Sara deixou ele a guiar por entre os outros casais. Ela vestia um vestido branco, salto alto da mesma cor, maquiagem leve e estava com o cabelo solto.

- Não. Eu vou agradecer por você ter deixado o meu pai vivo.

Ares sorriu satisfeito.

- E em uma posição privilegiada. Eu fico feliz que você entenda o quão generoso eu posso ser. Isso é meio caminho andado para você abrir as pernas para mim.

Sara desdenhou com ironia.

- Você está tentando me intimidar?

Ares contemplou o rosto negro e sedoso que ele acariciou após soltar a mão delicada de Sara. Incapaz de se controlar, ele se inclinou até seus lábios se tocarem. A ameaça saiu em baixo e bom tom.

- O seu pai ainda é descartável. Ainda mais agora que ele não é mais um policial, e sim, meu funcionário.

Sara foi beijada com urgência.

Gabriel fez menção de interromper o beijo.

Porém, Lucas passou os braços em volta do seu pescoço enquanto eles dançavam e disse secamente:

- Não seja bobo.

Gabriel encarou o marido empurrado goela abaixo. Ele tinha feito uma maquiagem para esconder os hematomas, e usado colírio para clarear os olhos azuis. Com diferença de 12 anos de idade, os dois tinham a mesma altura, exatos 1.85m, de forma que se olhavam olho no olho.

- Eu espero que você tenha algum plano para destituir o seu irmão e acabar com essa tirania.

Lucas deu de ombros e curvou os lábios carnudos para baixo.

- Eu não tenho culhões para governar a Máfia igual ao Ares. Olha ao seu redor. Ele é adorado. Para matar homens como ele, é preciso matar o seu nome primeiro. Eu ainda não estou pronto.

Gabriel fez uma careta com as mãos na cintura de Lucas. Aquele teatro era agonizante.

- Você parece confortável com tudo isso.

- Ares exigiu que eu seja responsável e mais maduro. Eu tentei ir contra ele e agora eu estou quase cego e casado com um homem que eu não amo. Pensando friamente, ele poderia ter feito pior. A minha melhor opção agora é caminhar para a posição de Subchefe, e sutilmente, mergulhar de cabeça nesse mundinho da máfia.

Gabriel estava inconformado, cheio de uma raiva mal reprimida.

- Ele tem que ter uma fraqueza.

Lucas sorriu torto.

- Está nos braços dele.

Encontrando o olhar frio e vazio de Dominic, o caçula Potter escondeu o rosto na curva do pescoço do marido, e ficou satisfeito por ver o segurança do irmão cerrar os punhos de ciúmes.

- Você vai me comer?

Gabriel desdenhou.

- Eu sei que você gostaria muito disso, mas eu não vejo como alguém troca uma boceta cheirosa e molhada, por um buraco feito para sair excremento.

Lucas não se ofendeu. Com os braços em volta do pescoço de Gabriel, ele deslizou os lábios até a orelha do marido.

- Eu sou limpinho e cheiroso. E se você não cumprir a sua parte no acordo que é me deixar saciado ao ponto de eu não precisar procurar outros homens, Ares vai ficar muito chateado.

Gabriel virou o rosto e estreitou os olhos negros. Ele ganhou um sorriso infantil e um olhar triste. Na sequência, ele foi puxado pela nuca e beijado com firmeza sem a opção de repelir Lucas na frente da platéia.

Ares trancou a porta do quarto com um sorriso perverso, que permaneceu em seu rosto enquanto ele tirava a arma da cintura, e a colocava embaixo do travesseiro.

- O seu pai disse que você vai começar o último ano do ensino médio.

- Sim. - Sara concordou tirando o salto alto que ela não tinha o hábito de usar. - Depois, eu pretendo cursar Medicina. Meu pai guardou dinheiro para isso.

- Você não tem mais que se preocupar com dinheiro. Quanto a escola, você vai concluir o último ano em casa com professores particulares.

Sara cruzou os braços, e desdenhou com um sorriso tranquilo.

- Eu vou para a escola. Nada substitui as aulas presenciais e eu tenho as minhas amigas.

Ares a pegou pela cintura e a puxou para ele. Ao falar, ele não sorria mais.

- Na teoria e na prática, a máfia tem regras rígidas. Uma delas é que o Don deve proteger a família acima de tudo. Assim que eu te beijei na frente de todo mundo, você se tornou minha e um alvo para os meus inimigos.

Apesar do abraço caloroso e firme, e do olhar penetrante, Sara não se intimidou.

- Você não é intocável?

Ares negou com a cabeça.

- Não. Eu mato um leão por dia. Não foi muito inteligente da minha parte deixar claro que eu estou com você, mas a partir de agora, você faz parte do meu mundo. E meu mundo, minhas regras.

Sara tentou em vão se soltar e ganhou um aperto firme na bunda. Ares respirou fundo, fazendo um esforço quase doloroso para se controlar diante da vontade de j**a-la na cama e fode-la.

- Eu poderia, mas eu não vou estuprar você.

- Obrigada. Eu me sinto bem melhor agora.

- Mas você vai deixar eu te chupar.

Sara abriu os lábios, sem saber o que dizer ou se deveria gritar por socorro. Diante da figura assustadora que era Ares com os olhos vermelhos, narinas dilatadas e respiração pesada, ela disse hesitante:

- Eu estou menstruada.

Ares riu divertido.

- Eu tenho cara de quem liga pra isso?

Sara sorriu de volta e enlaçou o Don pelo pescoço.

- Eu acho que não. Mas como você está atraído pela minha pureza, vai conseguir esperar o meu ciclo terminar daqui uma semana, para eu estar limpa e cheirosa como você merece, Chefe.

Ao ganhar um beijo suave nos lábios e um carinho na nuca, Ares fechou os olhos para aprofundar o beijo. Ele chegou a ficar zonzo à medida que o pau crescia e doía. Com uma pirralha ardilosa, ele deveria ter orado por paciência ao invés de proteção.

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