Capítulo 8

Dominic tinha um olhar vazio e distante em pé no salão de festas, olhando para o que tinha sobrado do bolo de casamento de cinco andares de Lucas. Passava das três horas da manhã, e ele apenas ficou lá sozinho, e perdido em pensamentos.

Ele teve tantas oportunidades, e deixou todas elas passarem. Desde que foi dado para Dante Potter para saldar uma dívida de drogas do seu pai, Dominic soube que teria um futuro melhor se tornando uma peça fundamental dentro da organização criminosa.

Treinado até a exaustão física e mental, ele conseguiu o tão cobiçado cargo de Chefe de segurança de Ares. Dinheiro e bens materiais não eram mais problemas para um garoto negro de origem pobre, nascido e criado no Bronx, e com várias passagens pela cadeia por assalto a mão armada.

Na Família Potter, Dominic teve a sua chance de ter coisas que a pobreza e a falta de oportunidade nunca lhe dariam, como casas e carros de luxo que ele podia usufruir nas férias uma vez por ano.

Por isso, ele manteve seus sentimentos por Lucas à margem do seu papel de segurança brutamontes de Ares. Amor não era a palavra exata para descrever o que ele sentia por aquele desgraçado lindo e gostoso de olhos azuis. Era uma obsessão doentia, uma necessidade inexplicável de fazê-lo chorar no seu pau.

E ainda assim, Dominic jogou no lixo todas as chances que teve de realizar o seu sonho mais louco e insano. Participar da sessão de tortura física e psicológica contra Lucas, foi apenas um lembrete claro que ele deveria ficar longe. Ele deveria ficar no lugar que lhe cabia.

Lucas estava casado e odiava ele. Em um ataque de fúria, Dominic pegou a arma, colocou o silenciador e descarregou o pente no resto do bolo de casamento. O símbolo da sua miséria.

- Essa munição vai sair do seu bolso.

O Chefe de segurança guardou a arma na cintura, e fez posição de sentido. Com insônia após Sara simplesmente o ignorar e cair em um sono profundo, apenas de cueca boxer preta, Ares parou na frente de Dominic. Os refletores da piscina iluminavam o salão amplo e ele encarou o segurança.

- A sua saúde física e mental é uma das minhas prioridades, Dom. Eu devo chamar o Doutor Evans?

Dominic manteve o contato visual. Sua voz saiu surpreendentemente firme.

- Não. Eu estou bem.

Ares assentiu lentamente e colocou as mãos nos ombros largos do seu segurança. Ele disse com um sorriso de encorajamento:

- Os dias que te quebram, são os dias que te constroem. Ok?

- Ok. Eu estou bem.

- Você não está, mas vai ficar. Eu tenho uma nova função para você.

Dominic sentiu as mãos que pesaram sobre os seus ombros.

- Uma nova função?

- O mais alto cargo depois do Don.

Um arrepio gelado subiu pela espinha do segurança ao ver o brilho selvagem nos olhos do chefe.

- O Conselheiro?

Ares baixou os braços, retirou um papelote do cós da cueca, abriu, colocou o dedo indicador na ponta da língua, molhou com saliva, colocou dentro do papelote, e em seguida, passou na gengiva. Enquanto usava a língua para espalhar a cocaína, ele disse desprovido de qualquer tipo de emoção:

- Eu poderia ter casado o Lucas com uma mulher, mas isso seria um tiro no escuro. E quando as pessoas olham para mim, a primeira coisa que elas vêem é você como meu segurança e braço direito, não o meu irmão. Lucas tem uma longa jornada pela frente até ser nomeado Subchefe, e a família precisa de um representante para mediar as situações de risco, reuniões importantes e me representar nas reuniões com políticos, empresários e com o poder judiciário.

Dominic estava em estado de choque.

Ares deu um sorriso tranquilo de quem sabia que estava prestes a dar uma tacada de mestre.

- Eu não te dei o Lucas porque eu tenho algo muito melhor. Eu não ia falar agora, mas depois de você assassinar a Anna e o bolo de casamento, eu estou avisando que você será nomeado Conselheiro em uma festa memorável e inesquecível.

Dominic caiu de joelhos e se curvou.

- Com todo o respeito, Chefe, mas eu não mereço tamanha honra.

Ares observou o corte de cabelo militar de Dominic e disse zombeteiro:

- Eu só vou oficializar o que você já é, meu braço direito. Treine o Leviathan para assumir o seu lugar e agora vai dormir um pouco.

O futuro Conselheiro viu o seu Don se afastar e curvou o tórax para frente para recuperar o fôlego perdido. Ser oficialmente o porta-voz de Ares Potter era um patamar inalcançável. Ele tinha conseguido por mérito ou apenas para continuar morto emocionalmente? Dominic apostou na segunda opção.

Sara abriu os olhos e ficou imóvel por um longo tempo. Presa entre a cama e o corpo de Ares, ela não teve reação ao sentir o seu cabelo castanho escuro fazendo cócegas no seu rosto. Ele dormia em cima dela e estava quente igual uma fornalha.

O fino lençol branco e a sua camisola preta de seda, não eram suficientes para conter as chamas que emanavam do corpo dele. O sol entrava no quarto e a garota fechou os olhos para tentar conter a onda avassaladora de calor que a tomou por inteiro.

E o perfume amadeirado? Ele tinha cheiro daquelas lojas de perfumes caros que ela nunca teve. Mesmo dormindo, a ereção dele estava ali entre as suas coxas. Sara puxou o ar pela boca.

- Ares, saí de cima de mim. Você é muito pesado.

Ele acordou lentamente como se voltasse de um coma profundo, e ergueu a cabeça com cara de sono. Sara procurou desesperadamente sentir o mau hálito dele, e não conseguiu. Um cheiro suave de hortelã entrou pelas suas narinas. Ares deu um sorriso preguiçoso e levou as mãos no seu rosto, a fazendo prender a respiração sofrida.

- Eu não vou machucar você.

Sara engoliu em seco e murmurou:

- Eu acho que senti você me tocando.

Ela engasgou com a respiração ao sentir a mão enorme que foi parar atrás da sua nuca entre o travesseiro. A voz dele saiu firme e severa.

- Eu não estou te machucando, mas poderia se eu quisesse.

Aquilo era óbvio. Sara moveu os quadris largos e aquilo foi um erro. Ela ganhou um olhar intenso e seu corpo pequeno quase sumiu na cama com o peso que Ares impôs sobre ela.

- Sai de cima de mim!

Ele rosnou ao apertar a sua garganta com força, mas sem machuca-la.

- Você é muito pequena para mim. Isso me deixa um pouco frustrado. Parece que você não é capaz de aguentar as minhas estocadas. Não é melhor descobrirmos isso logo de uma vez?

Sara fechou os olhos por um segundo. A mão dele desceu para o vale entre os seus seios, deslizou para baixo puxando o lençol, e foi parar em cima da sua calcinha. As coxas musculosas prendiam suas pernas na cama de casal king size.

- Está de absorvente.

- Eu não sou uma mentirosa, seu cretino!

- Você já se tocou? Já ficou molhadinha?

As perguntas foram acompanhadas de um olhar gentil que mais lembrava preocupação do que zombaria. Atordoada com aquelas ondas de calor inebriantes e inexplicáveis, Sara apenas assentiu e ganhou um sorriso compreensível sem julgamentos.

- Boa garota. Eu vou te tocar agora.

- Não!

O grito morreu na garganta quando Sara sentiu a mão poderosa de Ares dentro da sua calcinha entre a sua boceta e o absorvente, que não deveria estar muito sujo. Afinal, era o quinto e último dia da sua menstruação. Aflita, ela levou as mãos nos ombros nus dele e sussurrou:

- Por favor, não faça isso.

- Se eu não fizer isso, se eu não sentir o seu calor, eu vou ficar insuportável. Você quer ser tocada por um bandido, não quer?

Pronta para protestar veementemente, Sara arfou ao sentir o seu clitóris ser massageado. Em seguida, Ares levou o dedo indicador até a sua entrada para espalhar a sua lubrificação. Sara assentiu fechando os olhos.

Um único movimento, e ela sentiu a sua camisola ser rasgada ao meio, assim como a calcinha de renda preta. Sem aviso prévio, Ares substituiu a mão pela boca. Sara reprimiu um grito. Era errado, mas por nada no mundo, ela queria que aquilo parasse.

Entretanto, se algum dia alguém dissesse que ela deixaria um macho fazer o que quisesse com o seu corpo contra a sua vontade, ela teria rido pra valer.

E ela esboçou um sorriso ao usar as coxas para apertar o rosto de Ares até ele soltar um gemido de dor. Satisfeita, Sara arrastou o corpo para cima, se enrolou no lençol e saiu da cama.

- Obrigada pela experiência, mas eu já gozei só com você rasgando a minha camisola. Fazer o quê? Eu sou emocionada. Da próxima vez, não vá com tanta sede ao pote. Isso estraga a diversão.

A porta do banheiro bateu com força.

Furioso e com a cabeça dolorida, Ares mordeu o lençol e gritou até sentir o gosto metálico de sangue na boca. Se não fodesse aquela desgraçada, ele estaria muito perto de ter um surto. Aquilo o preocupou. Nada e nem ninguém, poderia exercer poder sobre o Rei da Máfia.

Um homem que dominava vários idiomas, conhecia todas as armas, e a arte da guerra, ser dominado por um projeto de gente, era inadmissível. Decidido, Ares levantou da cama e bateu na porta do banheiro.

- Abre essa porta! Me deixa entrar! - Ele forçou a maçaneta. - Me deixa entrar!

O som ambiente começou a tocar no último volume. Sara sorriu satisfeita embaixo da ducha de água fria. Se ela tinha algo valioso, era ela quem estava no controle daquela porra, não aquele babaca arrogante, prepotente e lindo. Terrivelmente lindo, gostoso e cheiroso.

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