CAPÍTULO 3

Como pai super protetor, Gabriel agiu rápido. Independente de soltar Lucas e deixar ele ir embora, Ares Potter iria bater na sua porta por causa da língua solta de Sara.

Desde pequena a filha tinha o péssimo hábito de falar mais do que deveria sem medir as consequências. Afrontar um mafioso temido por não aceitar ser desrespeitado, tinha sido um erro terrível.

Lucas sentou na cama ao ter as algemas retiradas. Seu celular e a arma descarregada lhe foram entregues.

Gabriel o pegou pelo braço e o levou até a porta da casa que ficava em Manhattan. Ao abri-la, disse sério:

- Nós estamos quites. Você pode ir e dizer ao seu irmão que tudo foi culpa sua.

O mafioso sorriu torto vestindo a camisa social branca.

- Eu ouvi a sua filha afrontando o meu irmão. Não importa em qual buraco você vai esconder ela. Ares vai acha-la e exigir um pedido de desculpa.

- Vai se foder!

Gabriel bateu a porta com força.

Sara mordeu o lábio inferior, mas em seguida, disse com desdém:

- Deixa ele vir. Eu não tenho medo dele.

Sério, o policial foi até a filha que era o seu bem mais precioso. Ele disse irritado:

- Ares pode te matar só porque não gostou da forma como você falou com ele. Não seja infantil e me obedeça. Faça as malas, você vai pra casa da Anna.

Sara colocou as mãos na cintura e abriu a boca, pronta para protestar. Entretanto, seu pai já tinha ido para o quarto dela e jogou a mala aberta sobre a cama.

- Anda depressa, Sara! Nós estamos falando de Ares Potter, o sanguinário rei da máfia. Se você acha mesmo que ele vai deixar a afronta passar, está redondamente enganada. Ele tem fome e sede de autoridade.

Sara nunca tinha visto o pai tão bravo. O cuidado e a preocupação dele com ela eram sempre dignos de admiração, desde que a mãe dela tinha simplesmente ido embora com outro homem quando ela tinha apenas três anos, e nunca mais deu notícias.

Para Sara, a mãe estava morta e enterrada. Se a pessoa que mais deveria ama-la, não a quis, ela também não ocupava um lugar em seus pensamentos.

A garota de 18 anos respirou fundo, e se aproximou do pai que jogava suas roupas dentro da mala. Ela o segurou pelo braço e disse resignada:

- Não force o ombro. Deixa que eu faço isso.

Gabriel se afastou carrancudo.

- Depressa.

Sara também não se deu ao trabalho de colocar as roupas com cuidado dentro da mala, jogou uns itens de higiene pessoal e fechou o zíper.

- Quanto tempo eu vou ficar com a Anna?

Gabriel checou pela janela se a SUV branca de Lucas já tinha ido embora.

- Até eu me desculpar com o Ares.

Sara ficou cética.

- Agora você que está sendo infantil, pai. Eu mesma posso fazer isso. Se bem que eu não gostaria de me rebaixar para ele. Mas, eu posso perfeitamente me livrar dele com um pedido de desculpa da boca pra fora. Eu fui impulsiva.

Lentamente, Gabriel fechou a cortina. Lucas ainda estava lá. Ele olhou para a filha. A sua preocupação não era a merda do pedido de desculpa. Era Ares não colocar os olhos diabólicos em Sara.

Ela não era o tipo do mafioso/empresário que estava sempre com uma loira a tiracolo nas festas, mas ainda assim, Gabriel temia pelo pior. A beleza de Sara o fazia perder noites de sono. Por isso, ele a mantinha em um esquema rigoroso de casa para a escola, e mal via a hora dela terminar o último ano do ensino médio para manda-la para a faculdade Salem College só para meninas.

- Vamos sair pelos fundos.

Sara teve que correr para acompanhar o pai que andava a passos largos e com a mala de couro preto na mão esquerda. Ele abriu a porta dos fundos.

Pai e filha ficaram em choque.

Com um sorriso tranquilo, Luther deu um passo à frente. A noite tinha caído, e o homem negro, acompanhado de dois homens brancos, altos e fortes, disse com pesar:

- Nós somos os olhos e os ouvidos de Ares aqui em Nova York. A ordem é muito simples. Ninguém vai a lugar nenhum.

- Eu sou um policial! Saíam da minha frente!

O mafioso deu de ombros.

- Ares Potter é a lei.

Gabriel pensou em sacar a arma. Ele chegou a levar a mão direita no cabo da Glock, mas Luther negou com a cabeça.

- Chega de tiros por hoje. - O mafioso acendeu um cigarro. - Vamos entrar e esperar o homem. Eu aceito uma cerveja.

Os homens riram enquanto Gabriel e Sara eram conduzidos até o sofá da sala espaçosa. Pai e filha trocaram olhares e começaram a ter real entendimento do poder do Rei da Máfia.

Ares saiu da SUV preta e Lucas foi ao encontro do irmão. Ele já tinha um discurso de reparação na ponta da língua. Entretanto, ele achou melhor se esconder atrás de Dominic e apenas disse:

- Foi só um tiro de raspão.

Com o Chefe de segurança entre eles, Ares disse secamente:

- Quando chegarmos em casa, nós vamos ter uma longa conversa, Lucas. E quando eu digo longa, eu quero dizer com alguns objetos pontiagudos e perfurantes.

Assustado com o olhar feroz do irmão mais velho, Lucas engoliu em seco e aproveitou para colocar a mão na cintura de Dominic que o afastou com um gesto firme.

Sara permaneceu sentada. Ele teve que abaixar a cabeça para passar pelo hall de entrada. De todos os homens presentes, incluindo o seu pai, ele era o mais alto.

Seus olhares se encontraram.

De pé, Gabriel começou a falar:

- Eu peço desculpas por...

O policial se calou quando Ares apenas ergueu a mão direita sem desviar o olhar da garota negra de camiseta branca, calça jeans claro e tênis preto.

O cabelo castanho escuro estava preso em um coque frouxo, deixando algumas mechas cacheadas adornar seu rosto oval e delicado.

Mesmo ela estando sentada, era possível ver que não tinha mais do que 1.60m de altura. A camiseta revelava seios grandes e firmes. Os quadris eram largos e as coxas eram grossas. Uma inspeção minuciosa, e Ares concluiu que Sara Larsson era baixa, gordinha e linda demais para o seu próprio bem.

Lentamente ele abriu o paletó preto, e sentou na mesinha de centro de frente para ela. Seus joelhos se tocaram. Incapaz de desviar o olhar, Sara teve pressa para balbuciar:

- Desculpa.

Ares demorou o olhar nos lábios carnudos da garota que era um misto de medo, raiva e curiosidade.

Sério, ele curvou os lábios para baixo antes de dizer com descaso:

- Você não parece tão corajosa agora, Sara.

Sim, ele já sabia o nome dela.

Certamente, já sabia tudo sobre a sua vida e a do seu pai que estava em pé ao seu lado, mas prendendo a respiração. Não era hora de falar sem pensar. Por isso, Sara escolheu as palavras com cuidado.

- Eu estava um pouco nervosa. Mas já passou.

Ares se inclinou com um sorriso tranquilo.

- Talvez porque agora, frente a frente, você saiba quem é o seu pai.

Sara arfou em busca de ar diante do par de olhos esverdeados. Ou seriam azulados? Seu olhar foi parar no pescoço de Ares, onde o primeiro botão da camisa social branca estava aberto. Ela viu uma enorme rosa tatuada com contornos precisos no seu pescoço másculo.

- O quê?

Só o pânico da garota já tinha feito valer aquela viagem imprevista. Da raiva inicial ao desejo de se divertir, Ares ergueu a mão direita e girou o indicador no ar. A sua ordem foi prontamente obedecida.

Sara viu o pai ser arrastado pelo corredor com a boca tampada para sufocar os seus gritos de desespero. Ela fez menção de levantar, mas Ares foi mais rápido e sentou ao lado dela, a segurando com firmeza pelo pulso.

Seriedade estampou o seu rosto perfeito delineado pela barba escura.

- Me solta!

- Você sabe que eu posso matar tudo que você mais ama, não é? Quem é o seu pai agora?

A pergunta feita em um tom melancólico, fez Sara se deixar ser segura pelo pulso mesmo o toque firme a queimando de dor.

- Eu já disse que estava nervosa. Que tipo de mafioso é você que se sente ofendido por causa de um chilique de uma garota estúpida?

Ares ergueu a sobrancelha e sorriu torto.

- Chilique de garotas estúpidas eu nunca tinha sofrido. Geralmente, as garotas abrem as pernas para mim.

Foi inevitável. Sara sorriu de volta. Ela desdenhou puxando o braço, mas não conseguiu se soltar das garras de Ares.

- Nós não vamos chegar tão longe. Aceite as minhas sinceras desculpas e siga em frente.

Ares sentiu o perfume adocicado. Álcool e droga faziam efeito. Ele se aproximou até quase seus lábios encostarem na orelha de Sara, e sussurrou com a voz rouca:

- Eu gostaria de ver a sua cara quando eu enfiasse o meu pau na sua bocetinha virgem.

Sara soltou um grito histérico. Ares olhou para ela com um olhar perverso e soltou o seu pulso lentamente.

- Eu não aceito desculpas esfarrapadas, e agora você está em débito rotativo comigo. E você tem a minha palavra de que eu vou voltar para cobrar cada centavo.

Um assobio e os homens se reuniram na sala.

Ares foi até Gabriel e disse secamente:

- Eu ouvi falar sobre uma apreensão de meia tonelada de cocaína no porto de Nova Jersey. Eu vou aceitar a sua ajuda para esse carregamento ir para um dos meus depósitos em troca das ofensas da sua filha.

O policial teve a leve impressão de que toda a sua vida estava prestes a desmoronar. Ares se inclinou para ele e perguntou de forma perigosamente fria:

- Eu ouvi um "Sim, senhor"?

Gabriel engoliu a raiva.

- Sim, senhor.

Ares sorriu satisfeito olhando para Sara. Debochado, ele piscou antes de sair da casa levando a sua horda de homens armados e treinados.

- Mal posso esperar para ver o que mais essa boquinha linda é capaz de fazer.

Meia hora depois, Gabriel dirigia em alta velocidade para os arredores de Nova York. Afundada no banco do carona, Sara fechou os olhos.

- Você sabe que estamos sendo seguidos, né?

Gabriel olhou pelo retrovisor. Ele viu a BMW Dark Shadow. De todas as coisas que ele tinha planejado para Sara, viver um Dark Romance com um psicopata, não era uma opção.

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