Capítulo 5

Morto por dentro após a sessão brutal de tortura física e psicológica, Lucas liderou a invasão ao galpão da polícia de Nova Jersey, onde estava apreendida meia tonelada de cocaína pertencente a um traficante rival chamado Snake (Cobra).

Três vigilantes noturnos que não ofereceram resistência a invasão, foram rendidos, algemados, amordaçados e vendados. Mesmo com as câmeras desligadas, a equipe de seis homens incluindo Gabriel, usava preto da cabeça aos pés, capuz e fuzis.

Dois vigilantes que dispararam foram mortos por Lucas com tiros na cabeça. A sua expressão era serena enquanto os homens levavam a droga do galpão para o furgão. Uma fina garoa caía na madrugada, e o mafioso acendeu um cigarro enquanto mantinha os olhos atentos na operação.

Gabriel se aproximou com sangue nos olhos e uma mala de couro preto.

- Ele vai armar para mim, não é?

Impassível, Lucas manteve os olhos azuis na entrada e saída do depósito onde o portão eletrônico estava parcialmente aberto. Ele disse secamente sem nenhum tipo de emoção na voz rouca e firme:

- A sua vida não te pertence mais. Agora você pertence ao Ares.

- Eu não aceito isso! - Gabriel explodiu e jogou a mala no chão. - Eu vou chamar a polícia e mandar vocês para a cadeia!

Lucas suspirou sem perder a frieza que se apoderou dele após a sessão de tortura.

- É difícil prever as intenções do meu irmão, mas eu sugiro que você pegue a porra da mala e execute a ordem. Disso, depende a integridade física da sua filha.

Gabriel ponderou por um instante.

- Se ele a machucar, eu arrasto o mundo inteiro no peito, mas eu o mato com as minhas próprias mãos.

Lucas jogou a bituca de cigarro no chão e apagou com a ponta da sola do sapato preto e caro. Em seguida, a pegou e guardou no bolso da calça jeans preta. Ao terminar, ele encarou Gabriel com um olhar cortante.

- Um dia, em algum lugar, de alguma forma, eu mesmo farei isso. Por agora, não atrase a missão com essa merda de sentimentalismo que só te deixa vulnerável.

Mesmo estando de capuz preto, Gabriel se deu conta que no olho direito de Lucas tinha uma bolsa de sangue na parte inferior, e estava muito vermelho pelos vasos sanguíneos lesionados.

- Você vai perder a visão se não for em um oftalmologista.

O caçula Potter afastou as pernas, colocou as mãos para trás e ergueu a cabeça. A voz de comando saiu cortante igual a uma navalha.

- Continue.

O policial assentiu por fim, tendo pressa para voltar para Anna e Sara, que ele deixou contra a sua vontade.

Imponente com um terno Ermenegildo Zegna cinza chumbo, camisa social branca e um sobretudo preto por cima, Ares saiu do helicóptero preto reluzente com as iniciais douradas AP na cauda.

Ele caminhou pela trilha de terra e entrou na casa de vidro com interior de madeira na cor mogno. Ares olhou para Sara que o fuzilou com os olhos negros. Ela estava adorável com um vestido rosa bebê, longo e solto. A vendo em pé pela primeira vez, o mafioso soube que ela não chegava na altura dos seus ombros. Pequena e fofa. Um prato cheio para um leão faminto.

- Eu sinto um cheiro de maconha no ar, Doutora Galtier.

Anna colocou Sara atrás dela e escolheu as palavras.

- Eu não tenho drogas aqui.

Ares caminhou lentamente até o centro da sala e encarou a médica com seriedade:

- Sai da minha frente. Essa coisinha aí atrás é minha.

- Ela é só uma criança, Don Potter. Ela não é compatível com as suas intenções perigosas.

O mafioso fingiu falsa modéstia com um sorriso casto.

- Eu não vou machuca-la. Deus sabe que eu sou um homem correto. Eu quero apenas ensina-la uma lição necessária. Depois eu a devolvo.

Anna retrucou com uma expressão de puro descaso:

- Eu não creio que você possa ensinar algo de bom para alguém.

Ares suspirou entediado.

- Vamos, Sara. Se você quiser ver o seu pai de novo, venha comigo por livre e espontânea vontade. Não me obrigue a chamar a polícia federal para mostrar a passagem secreta com medicamentos de procedência duvidosa.

Sara sabia que seria levada de qualquer jeito, e não tinha porque colocar Anna em uma posição ainda mais delicada. Ela saiu de trás da médica e encarou Ares com raiva.

- Eu quero ver o meu pai e quero agora.

Ele sorriu torto.

- Ele estará aqui quando você voltar amanhã sã e salva.

Anna tentou novamente se colocar entre Sara e Ares que a afastou com um gesto firme e disse com extrema frieza:

- Se dê por muito satisfeita por eu não ter chegado atirando.

Sara foi pega pela mão esquerda. Assim que ela e Ares se viraram para a porta de saída, um tiro foi disparado. Os dois se viraram para trás. Sara gritou caindo de joelhos com as mãos no peito.

Lentamente, Dominic abaixou a arma.

Anna tinha sacado uma pequena pistola e apontado para a cabeça de Ares. Ela caiu morta com um tiro certeiro no coração.

Dominic encontrou o olhar de Ares.

- Não podia ter atirado para imobilizar?

O Chefe de segurança após participar da sessão de tortura contra Lucas, fez uma reverência exagerada para o seu Don, e disse secamente:

- Ela pensou em matar você e apontou uma arma para você. Motivos mais do que suficientes, para ela nunca mais ver a luz do dia, Chefe.

Ares viu a raiva nos olhos negros e brilhantes de Dominic. Aquilo não tinha sido um erro, tinha sido proposital. Sara chorava de soluçar, ele a pegou no colo, e caminhou lentamente para o helicóptero que levantou voo, e desapareceu na névoa da noite fria e sem estrelas.

Pensativo, o mafioso viu as chamas consumirem a casa da Doutora Galtier em uma explosão de fogo e fumaça. Com Sara em estado de choque, e tremendo em seus braços, ele fez uma ligação.

Lucas atendeu no primeiro toque.

- Sim, Chefe?

Olhando para Dominic sentado na sua frente, Ares respirou fundo.

- Aconteceu um imprevisto. Leve Gabriel para nossa casa.

- Positivo, Chefe. Missão dada é missão cumprida. Estamos deixando o galpão.

- Bom garoto.

Ares encerrou a ligação, deu um último olhar firme para o Chefe de segurança e encostou o queixo na cabeça de Sara que murmurou:

- A Anna... é tudo culpa minha.

A garota ganhou carícias suaves no cabelo castanho escuro e cacheado.

- Está tudo bem. Ela morreu como uma heroína tentando salvar você. No entanto, você não pode mais ser salva.

Sara fechou os olhos de encontro ao peito de Ares. Exausta mentalmente, ela dormiu.

Um dos ocupantes da Dark Shadow foi chamado no jardim da mansão luxuosa na Flórida. O dia amanhecia e Ares ainda não tinha dormido. Ele estava de mau humor.

- Você não revistou a casa da Doutora Galtier, Romeo?

O homem negro engoliu em seco vendo os três rottweilers com a boca aberta e meio metro de língua pra fora. Ares segurava os três pela coleira apenas com a mão direita.

Romeo deu um passo para trás e negou com a cabeça, já premeditando o seu final trágico por um erro inadmissível.

- Não, Chefe. Ela parecia inofensiva.

Ares suspirou com uma expressão de pesar.

- Quando eu digo que erros são inadmissíveis, ninguém me leva a sério. O seu erro foi maior do que o erro da Doutora Galtier. Enfim, os meus filhos estão com fome e você não vai negar comida para eles. Ok?

No auge do desespero, Romeo correu e foi facilmente alcançado, atacado e devorado vivo. Com os seus gritos, Ares acendeu um cigarro de maconha e abriu uma cerveja. Ainda era cedo para ficar com a mente entorpecida, mas ele teria um longo dia de merda.

Lucas, Dominic e Gabriel queriam a sua cabeça. E por último, mas não menos importante, foder Sara iria levar mais tempo depois do assassinato de Anna.

Observando Zeus roendo o osso da perna de Romeo, Ares caminhou até Dominic.

- Pelos seus dez anos de serviços, eu vou deixar essa passar, mas da próxima vez que você me foder, eu vou deixar Zeus, Poseidon e Apolo te fazerem de cadela até o seu cu virar uma boceta. Eu fui claro?

- Como a luz do dia, Chefe.

- Ótimo. Continue reprimindo todos os seus sentimentos pelo meu irmão, e você ficará bem.

Ares entrou na mansão e subiu para o quarto. A luminária que atingiu em cheio a sua cabeça, abriu um corte na sua têmpora esquerda. Ele levou a mão no ferimento, viu o sangue e sorriu.

- Bom dia pra você também, minha nova pessoa favorita.

Sara se ajoelhou na cama de casal e não se deu ao trabalho de se conter. Ela vociferou as palavras:

- Monstro!

- Cuidado. Acordos são feitos na máfia, e eu tenho uma proposta irrecusável para o seu pai. Afinal, você não vai querer que ele também queime sob o meu comando.

Sara caiu sentada e escondeu o rosto entre as mãos trêmulas.

- Eu te odeio.

Ares fez pouco caso.

- Você vai se acostumar comigo. Afinal, eu sou a perfeição. Eu sou lindo, gostoso, cheiroso, bilionário, muito inteligente e tenho um pau grande. Onde mais você encontraria um partido como eu?

Sara viu Ares sentar na cama. Grande e forte, ele a puxou para o colo dele com um único movimento. Enquanto olhava para ela com os olhos vidrados, disse sério:

- Eu sei que você perdeu alguém que era importante, e por isso, eu vou esquecer que nós começamos com o pé esquerdo. Eu vou esquecer até mesmo que você jogou a luminária na minha cabeça.

Sara tentou levantar apenas para ter a bunda pressionada contra a ereção de Ares. Ela prendeu a respiração e ficou imóvel, tendo plena consciência de que estava prestes a ser destruída em todos os sentidos.

Entretanto, Ares prendeu uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, acariciou o seu rosto e perguntou sério:

- Com fome?

- Só de vingança. Cadê o meu pai?

- Ele está chegando para você se sentir segura, amada e valorizada.

Sara engoliu em seco e voltou a pensar em Anna. Ela se culpou e teve outra crise de choro enquanto o Diabo a confortava com beijos no rosto e carícias suaves nas suas costas. Ela tinha que ser cuidadosa para não perder tudo que ainda tinha: Seu pai.

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