Quando vi Ayla, estendida ali, sem vida, algo dentro de mim se quebrou de forma irreparável. As pessoas ao redor começaram a se afastar, olhando com compaixão, mas não me importava com elas. Só havia eu e o corpo dela. Corri até ela, os braços estendidos, e a puxei para mim, como se fosse a última coisa que eu pudesse fazer por ela.Meu coração parecia estar se despedaçando, a dor era insuportável, como se todo o ar tivesse desaparecido do meu corpo. A pressão no meu peito só aumentava, e eu me vi ali, de joelhos, com os olhos embaçados por lágrimas que nunca imaginei ser capaz de derramar. Eu não sabia mais quem eu era, não sabia mais o que fazer.— Ayla… Sussurrei, mas a palavra mal saiu da minha boca. O som da sua ausência era muito mais forte do que qualquer coisa que eu pudesse dizer.O som de sirenes chegou, e logo a polícia se aproximou. Eles começaram a cercar a área, falando entre si, mas a dor que eu sentia era tão grande que eu não conseguia me mover. Eles estavam fazendo
A dor era tão intensa que mal consegui respirar. Cada passo que eu dava na mata parecia me afundar mais na escuridão, mais distante de qualquer coisa que eu já conhecera. O céu estava pesado, coberto por nuvens tão negras que parecia que o mundo inteiro iria desabar. Eu não me importava com os galhos arranhando minha pele, com a terra úmida e o frio cortante da chuva que caía incessantemente. Eu só precisava de uma coisa: extravasar.Eu não consegui mais segurar. A raiva, a tristeza, o vazio… tudo que estava se acumulando dentro de mim precisava sair. Sem pensar, me joguei de joelhos na terra, sentindo o peso do meu corpo contra o chão, e então, sem controle, gritei.— AYLA!O grito saiu com uma força que eu nunca soubera que tinha. Era como se o próprio ar ao meu redor fosse queimado pelo meu sofrimento. Meu corpo parecia entrar em combustão, as chamas da dor me envolvendo, e a pressão no meu peito me deixando sem fôlego. Eu sentia como se estivesse sendo consumido por algo maior, po
Ao voltar para a casa de Ethan, meu corpo estava pesado, como se eu tivesse carregado o peso do mundo nas costas. Eu queria fugir da dor, mas ela me seguia, me arrastava.Ao chegar, não encontrei Ethan. Só Laila estava lá, me olhando com uma expressão estranha. Por um momento, me perguntei o que havia de errado, mas depois percebi que isso só era mais uma consequência do que acontecera entre nós. Talvez ela estivesse me observando assim por causa disso.Ela não disse uma palavra sobre Ayla. Fiquei esperando que falasse, que pelo menos demonstrasse algum tipo de empatia, mas não. Um silêncio constrangedor se estendeu entre nós. Eu olhei para ela, desconfiado.— Onde está o Ethan? Perguntei, a voz rouca, sem paciência para jogos.Ela parecia hesitar antes de responder, como se o simples fato de me olhar fosse um desafio. Finalmente, ela disse:— Ele teve que ir dar o depoimento dele. Provavelmente, você e eu também teremos que ir, mais tarde. Ela falava com frieza, como se estivesse a
Eu ainda sentia a fúria fervendo dentro de mim quando mesmo diante da presença de Ethan, segurei os punhos de Laila com força, chacoalhando-a como se assim eu pudesse arrancar dela uma explicação que fizesse sentido. Seus olhos estavam arregalados, mas não havia arrependimento ali, apenas medo.— O que está acontecendo aqui?! Ele perguntou, a voz carregada de urgência. — Eu ouvi os gritos da rua!Soltei Laila bruscamente e recuei, tentando conter o ódio que me consumia. Passei as mãos pelos cabelos, tentando organizar meus pensamentos.— A vontade que eu tenho é de matá-la, Ethan.Rosnei, sentindo meu peito subir e descer com a respiração pesada.Ethan olhou para mim e depois para Laila, que tremia.— Laila, me diz o que está acontecendo. O que você fez?Laila soluçou, apertando as próprias mãos, como se quisesse se segurar.— Eu não queria... Eu não queria! Repetia como um mantra. — Mas ele me prometeu... o anjo me prometeu que, se eu fizesse tudo o que ele mandasse, Azrael seria
Passei longas horas no quarto, preso dentro de um silêncio insuportável. Minha mente girava em torno de uma única verdade: Laila foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Ela e aquele maldito anjo, que eu me recusava a chamar de irmão, me tiraram Ayla, arrancaram de mim a única chance de ser feliz. Pensar nela morta era como sentir meu próprio coração se estilhaçar dentro do peito, pedaço por pedaço, até não restar mais nada além de um vazio aterrador.Eu precisava ir embora. Encontrar a avó de Ayla, descobrir se ela realmente havia me enviado um recado através daquela visão sobrenatural. Mas havia um problema: eu não sabia onde ela morava. O fato de não lembrar do meu passado me impedia de saber qualquer coisa concreta sobre onde encontrá-la. Ainda assim, eu não podia ir embora antes do velório de Ayla. Não sabia qual seria o procedimento da polícia em relação ao corpo dela, e, considerando que sua família a havia expulsado de casa, era provável que não se importassem com seu e
AYLA..Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família.Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo.As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la.Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar.Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho.Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família.Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender.Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra.Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das pare
Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido. Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas.De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim.Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha responde
Ele baixou a cabeça, o rosto perto do meu, seus olhos brilhando com um calor inexplicável. Seus dedos começaram a deslizar suavemente sobre meu pescoço, descendo pelo meu colo até chegarem aos meus seios. Quando ele os tocou, senti um arrepio intenso percorrer meu corpo, como se sua pele estivesse carregada de eletricidade. Era um toque delicado e ao mesmo tempo possessivo, que fazia minha pele queimar e minha respiração acelerar.— Você sente isso, Ayla?Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de promessas perigosas. — Sente como seu corpo responde ao meu? É isso que você deseja, mesmo que tente negar.Eu queria gritar, afastá-lo, mas as palavras se prendiam na minha garganta. Meu corpo parecia estar fora do meu controle, reagindo ao toque dele de maneiras que eu não conseguia evitar. Fechei os olhos, tentando bloquear as sensações, mas era impossível. Cada movimento dos dedos dele sobre minha pele fazia com que eu perdesse um pouco mais do controle.— Pare... Consegui murmurar, mas