Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido.
Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas. De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim. Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha respondesse àquele contato, ansiando por mais. — Ayla. Ele sussurrou, sua voz era um misto de sedução e poder. — Você não precisa lutar contra isso. Me deixe possuí-la. Eu tentei responder, mas as palavras não saíam. Minha mente estava enevoada, perdida na sensação do toque dele. Suas mãos começaram a explorar meu corpo, descendo pelo meu pescoço até os ombros, os dedos roçando minha pele com uma delicadeza que parecia quase impossível. Uma corrente elétrica passou por mim, e eu arqueei o corpo involuntariamente, me entregando àquela sensação. Azrael se inclinou, seus lábios roçando meu ouvido, enquanto ele sussurrava promessas que me deixavam cada vez mais vulnerável. Ele deslizou as mãos pelas minhas costas, me puxando para mais perto, até que nossos corpos estivessem colados. Podia sentir sua respiração quente no meu pescoço, cada toque dele alimentando o desejo que crescia dentro de mim. Sem perceber, meus próprios braços o envolveram, e o calor que irradiava dele me envolveu completamente. Quando suas mãos desceram até minha cintura e ele me puxou contra ele, um gemido suave escapou dos meus lábios. Era um som que eu nunca havia feito antes, um reflexo do prazer que crescia com cada carícia. Então, ele inclinou a cabeça e seus lábios encontraram os meus. O beijo foi lento, profundo, e eu me perdi completamente. Minhas defesas estavam caídas, e tudo o que eu conseguia pensar era no desejo que me consumia. Ele me segurava firme, como se soubesse exatamente o que estava fazendo, conduzindo-me para um abismo do qual eu não queria sair. Quando suas mãos começaram a descer pela minha barriga, um arrepio percorreu meu corpo, e meu coração disparou. Tudo dentro de mim clamava por mais, por entregas que eu nunca pensei que fosse desejar. Era como se estivesse sob um feitiço, e eu não queria que acabasse. Mas, então, algo mudou. O toque dele se tornou mais insistente, e uma parte da minha mente começou a despertar. Aquele desejo, tão intenso e arrebatador, de repente se misturou com um medo profundo. Minha consciência lutava para emergir, para lembrar que isso não era real, que não deveria ser real. Antes que eu pudesse reagir, senti uma sacudida, como se estivesse sendo puxada para fora daquele sonho. Abri os olhos de repente, o corpo ainda quente e trêmulo, a respiração pesada. Estava de volta ao meu quarto, o escuro me envolvendo. Mas, quando olhei ao redor, o pânico tomou conta de mim. Azrael estava ali, em pé ao lado da minha cama, seus olhos brilhando no escuro com uma intensidade sombria. Aquele olhar que eu conhecia tão bem, mas que agora carregava uma promessa perigosa. Ele não parecia surpreso com meu despertar, como se tivesse esperado por isso. — O que você fez? Minha voz saiu num sussurro trêmulo, ainda abalada pelo que havia acabado de experimentar. Azrael deu um passo à frente, sua presença dominando o ambiente. Ele se inclinou, aproximando o rosto do meu, e um sorriso cruel apareceu em seus lábios. — Eu te fiz sonhar, Ayla. Eu te mostrei o que seu corpo realmente deseja, o que sua alma anseia, mesmo que você não admita. Aquelas palavras fizeram meu estômago se revirar. Ele havia me manipulado, usado meus próprios desejos contra mim, invadindo meus sonhos e tirando proveito da minha vulnerabilidade. — Por quê? Perguntei, tentando manter a voz firme, mas sentindo o tremor que ainda tomava conta de mim. Azrael se sentou na beira da cama, seus olhos fixos nos meus. — Porque isso é o que eu faço, Ayla. Eu alimento o desejo, destruo a pureza. E você, tão resistente, precisava de uma lembrança do que está lutando para negar. Esse sonho, essa sensação que ainda percorre seu corpo, é a prova de que você não é tão intocável quanto pensa. Eu queria negar, queria gritar que ele estava errado, mas o calor que ainda ardia dentro de mim era a evidência que me fazia hesitar. Era como se meu corpo tivesse gostado do que havia sentido, mesmo sabendo que aquilo era um pecado contra tudo o que eu acreditava. Ele não desapareceu de imediato como da outra vez. Em vez disso, ele deu um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus, cheios de intenções sombrias. Meu coração começou a bater descontroladamente enquanto ele se aproximava da cama, a presença dele dominando o ambiente com uma intensidade avassaladora. — O que você vai fazer? Perguntei com medo da resposta. — Vou fazer parte do seu sonho se tornar real. — Eu não quero, vá embora por favor. — Ainda não. Antes que eu pudesse reagir, ele estava em cima de mim, seu corpo pressionando o meu contra o colchão, enquanto suas asas se abriam. A sensação de sua proximidade era sufocante e ao mesmo tempo inebriante. Eu deveria ter lutado, mas meu corpo estava paralisado, preso entre o medo e algo muito mais perigoso: O desejo que ele despertava em mim.Ele baixou a cabeça, o rosto perto do meu, seus olhos brilhando com um calor inexplicável. Seus dedos começaram a deslizar suavemente sobre meu pescoço, descendo pelo meu colo até chegarem aos meus seios. Quando ele os tocou, senti um arrepio intenso percorrer meu corpo, como se sua pele estivesse carregada de eletricidade. Era um toque delicado e ao mesmo tempo possessivo, que fazia minha pele queimar e minha respiração acelerar.— Você sente isso, Ayla?Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de promessas perigosas. — Sente como seu corpo responde ao meu? É isso que você deseja, mesmo que tente negar.Eu queria gritar, afastá-lo, mas as palavras se prendiam na minha garganta. Meu corpo parecia estar fora do meu controle, reagindo ao toque dele de maneiras que eu não conseguia evitar. Fechei os olhos, tentando bloquear as sensações, mas era impossível. Cada movimento dos dedos dele sobre minha pele fazia com que eu perdesse um pouco mais do controle.— Pare... Consegui murmurar, mas
Na manhã seguinte, acordei com a mente pesada, o corpo ainda cansado da luta interna da noite anterior. Eu me arrastei para fora da cama, tentando ignorar as lembranças dos sonhos perturbadores e do toque de Azrael, mas era impossível afastá-los completamente. Enquanto me preparava para o dia, um sentimento de inquietação persistia, como se algo sombrio estivesse à espreita.Minha mãe estava na cozinha quando desci para tomar café, e me lançou um sorriso caloroso assim que me viu. — Bom dia, Ayla.— Bom dia mãe.Respondi após beijá-la no rosto.— Sua cara não está boa, não dormiu bem?— Na verdade não.— Então acho que você vai se sentir melhor agora. Recebemos uma visita especial hoje.Ela disse, com uma ponta de entusiasmo na voz. Antes que eu pudesse perguntar quem era, ouvi passos firmes na entrada da casa. Ao me virar, vi Daniel, um dos pretendentes mais respeitáveis e conhecidos da nossa família. Ele era um jovem bonito, com cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes,
Assim que entramos pela porta, minha mãe nos recebeu com um sorriso, mas a expressão dela logo mudou ao perceber que havíamos voltado mais cedo do que o esperado.— Já estão de volta? Ela perguntou, surpresa, os olhos passando de Daniel para mim com uma leve curiosidade. — O passeio foi tão rápido assim?Meu pai também apareceu na sala, e havia uma leve preocupação em seu olhar.— Aconteceu alguma coisa, Daniel? Ele questionou, claramente querendo entender por que o passeio terminou tão abruptamente.Daniel, sempre educado e cortês, apressou-se em responder, tentando dissipar qualquer preocupação.— Não, senhor, senhora. Ayla mencionou que estava um pouco cansada, então achei melhor voltarmos mais cedo. Ele sorriu para mim, tentando me tranquilizar. — Foi um passeio muito agradável, mas acho que o calor do dia acabou nos deixando um pouco exaustos.Meus pais trocaram um olhar, ainda um pouco desconfiados, mas não pressionaram mais. — Entendo. Meu pai disse, finalmente assentind
A presença de Azrael era como uma sombra que pairava sobre mim, e a sensação de que ele podia aparecer a qualquer momento me deixava inquieta.Mas, enquanto eu estava ali, sozinha com meus pensamentos, uma coisa ficou clara: Eu não podia continuar assim, à mercê dos caprichos de um anjo obsessor. Não podia permitir que ele continuasse a me controlar, a me aterrorizar. Eu precisava reagir, descobrir mais sobre ele e, de alguma forma, encontrar uma maneira de impedi-lo.No dia seguinte, após uma noite de sono conturbada, decidi que precisava visitar minha avó novamente. Ela sempre foi uma mulher sábia, conhecedora das antigas tradições e lendas que cercavam nossa família. Se alguém pudesse me ajudar a entender o que estava acontecendo, seria ela.A caminhada até a casa da minha avó foi rápida, mas cada passo parecia ser guiado por uma determinação nova, como se o próprio ato de me mover em direção a ela já fosse um desafio contra Azrael. Ao chegar, ela me recebeu com um sorriso acol
Entrei no banheiro, ainda tremendo, com o coração disparado e a mente confusa. Precisava de um momento para mim, para tentar processar tudo o que havia acontecido. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, fechando os olhos na tentativa de afastar o medo que Azrael havia deixado em mim. Cada gota que caía parecia levar embora um pouco da tensão, mas a sombra dele ainda pairava sobre mim, impossível de ignorar.Fiquei ali por um tempo que não consegui medir, deixando o calor da água acalmar meu corpo enquanto minha mente tentava encontrar alguma paz. Quando finalmente desliguei o chuveiro, me enrolei em uma toalha e respirei fundo, tentando reunir coragem para voltar ao quarto.Mas, ao abrir a porta do banheiro, meu coração quase parou.Azrael estava ali, parado no meio do quarto, seus olhos escuros fixos em mim. O susto me fez recuar, e meu corpo inteiro ficou tenso. Abri a boca, tentando dizer algo, qualquer coisa, mas a voz não saía como eu queria.— Por
Naquela noite, depois de tudo que havia acontecido, eu não conseguia mais ficar sozinha com meus pensamentos. Azrael estava em toda parte, em cada sombra, em cada suspiro do vento. Eu precisava falar com alguém, precisava que meus pais soubessem, porque eu não tinha mais forças para enfrentar isso sozinha. Meu coração batia rápido enquanto descia as escadas, cada passo pesado, como se uma mão invisível estivesse tentando me impedir.Quando cheguei à sala, meus pais estavam sentados no sofá, conversando em voz baixa. Ao me verem, seus rostos se encheram de preocupação imediata. Minha mãe se levantou primeiro, com seu olhar cheio de apreensão.— Ayla, querida, o que aconteceu? Você parece tão... assustada.Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas. Como explicar algo tão irreal, tão aterrorizante?— Eu... preciso falar com vocês. Algo muito estranho está acontecendo comigo. Algo que... me deixa com medo.Meu pai, que até então estava em silêncio, se inclinou para frente
Mesmo diante de um beco que parecia sem saída, eu precisava saber o que havia acontecido com Eliza, no fundo eu queria que o preço que ela havia pago, pudesse ser pago por mim também, mas quanto mais eu sabia da história, mais aterrorizada eu ficava.Respirei fundo e, com a voz trêmula, perguntei:— E o que aconteceu com Eliza depois que ela quebrou a tradição? O que realmente aconteceu com ela?Meus pais trocaram um olhar pesado, como se carregassem um segredo há muito tempo guardado. Meu pai foi o primeiro a responder, sua voz carregada de gravidade e tristeza.— Ayla, quebrar a tradição em nossa família não é algo simples. A virgindade é sagrada para nós, e a tradição é o pilar que nos mantém unidos. Eliza e seus pais fizeram a escolha de quebrar essa tradição para escapar do anjo que a assombrava, mas essa escolha teve um preço terrível.Minha mãe, com os olhos cheios de lágrimas, completou:— Quando uma jovem da nossa família quebra essa tradição, ela não pode mais fazer parte da
Depois da conversa tensa com meus pais, voltei para o meu quarto sentindo uma frustração enorme, uma mistura de desespero e impotência que parecia corroer meu peito. Como eu poderia viver sabendo que qualquer decisão que eu tomasse poderia trazer dor, seja para mim, para minha família, ou para as gerações futuras? As palavras dos meus pais ecoavam na minha mente, mas não conseguiam acalmar o tumulto de emoções que eu sentia.Eu me deitei na cama, mas o sono parecia uma promessa distante. A minha mente rodava, tentando encontrar uma saída, uma solução para o dilema que eu enfrentava. Mas por mais que eu tentasse, só encontrava mais dúvidas, mais medo. As horas se arrastaram, e só depois de muito tempo, quando a exaustão finalmente tomou conta, eu consegui adormecer.No entanto, o descanso que eu esperava foi rapidamente interrompido. O sonho começou com a mesma sensação opressora de todas as outras vezes, e eu soube imediatamente que ele estava lá. Azrael. O anjo que tinha transforma