Entrei no banheiro, ainda tremendo, com o coração disparado e a mente confusa. Precisava de um momento para mim, para tentar processar tudo o que havia acontecido. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, fechando os olhos na tentativa de afastar o medo que Azrael havia deixado em mim. Cada gota que caía parecia levar embora um pouco da tensão, mas a sombra dele ainda pairava sobre mim, impossível de ignorar.Fiquei ali por um tempo que não consegui medir, deixando o calor da água acalmar meu corpo enquanto minha mente tentava encontrar alguma paz. Quando finalmente desliguei o chuveiro, me enrolei em uma toalha e respirei fundo, tentando reunir coragem para voltar ao quarto.Mas, ao abrir a porta do banheiro, meu coração quase parou.Azrael estava ali, parado no meio do quarto, seus olhos escuros fixos em mim. O susto me fez recuar, e meu corpo inteiro ficou tenso. Abri a boca, tentando dizer algo, qualquer coisa, mas a voz não saía como eu queria.— Por
Naquela noite, depois de tudo que havia acontecido, eu não conseguia mais ficar sozinha com meus pensamentos. Azrael estava em toda parte, em cada sombra, em cada suspiro do vento. Eu precisava falar com alguém, precisava que meus pais soubessem, porque eu não tinha mais forças para enfrentar isso sozinha. Meu coração batia rápido enquanto descia as escadas, cada passo pesado, como se uma mão invisível estivesse tentando me impedir.Quando cheguei à sala, meus pais estavam sentados no sofá, conversando em voz baixa. Ao me verem, seus rostos se encheram de preocupação imediata. Minha mãe se levantou primeiro, com seu olhar cheio de apreensão.— Ayla, querida, o que aconteceu? Você parece tão... assustada.Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas. Como explicar algo tão irreal, tão aterrorizante?— Eu... preciso falar com vocês. Algo muito estranho está acontecendo comigo. Algo que... me deixa com medo.Meu pai, que até então estava em silêncio, se inclinou para frente
Mesmo diante de um beco que parecia sem saída, eu precisava saber o que havia acontecido com Eliza, no fundo eu queria que o preço que ela havia pago, pudesse ser pago por mim também, mas quanto mais eu sabia da história, mais aterrorizada eu ficava.Respirei fundo e, com a voz trêmula, perguntei:— E o que aconteceu com Eliza depois que ela quebrou a tradição? O que realmente aconteceu com ela?Meus pais trocaram um olhar pesado, como se carregassem um segredo há muito tempo guardado. Meu pai foi o primeiro a responder, sua voz carregada de gravidade e tristeza.— Ayla, quebrar a tradição em nossa família não é algo simples. A virgindade é sagrada para nós, e a tradição é o pilar que nos mantém unidos. Eliza e seus pais fizeram a escolha de quebrar essa tradição para escapar do anjo que a assombrava, mas essa escolha teve um preço terrível.Minha mãe, com os olhos cheios de lágrimas, completou:— Quando uma jovem da nossa família quebra essa tradição, ela não pode mais fazer parte da
Depois da conversa tensa com meus pais, voltei para o meu quarto sentindo uma frustração enorme, uma mistura de desespero e impotência que parecia corroer meu peito. Como eu poderia viver sabendo que qualquer decisão que eu tomasse poderia trazer dor, seja para mim, para minha família, ou para as gerações futuras? As palavras dos meus pais ecoavam na minha mente, mas não conseguiam acalmar o tumulto de emoções que eu sentia.Eu me deitei na cama, mas o sono parecia uma promessa distante. A minha mente rodava, tentando encontrar uma saída, uma solução para o dilema que eu enfrentava. Mas por mais que eu tentasse, só encontrava mais dúvidas, mais medo. As horas se arrastaram, e só depois de muito tempo, quando a exaustão finalmente tomou conta, eu consegui adormecer.No entanto, o descanso que eu esperava foi rapidamente interrompido. O sonho começou com a mesma sensação opressora de todas as outras vezes, e eu soube imediatamente que ele estava lá. Azrael. O anjo que tinha transforma
AZRAEL ..Eu sou Azrael, descendente de uma linhagem antiga de anjos obsessores. Desde tempos memoriais, nós somos designados para uma única missão: Encontrar e corromper a pureza mais intocada, desafiando a luz e dobrando a vontade das almas puras à nossa escuridão. Não somos como os outros anjos caídos, que se contentam em espalhar caos indiscriminadamente. Nossa tarefa é mais refinada, mais específica. Somos caçadores, especializados em encontrar as vítimas mais raras e preciosas: Aquelas que nunca foram tocadas, que nunca cederam aos desejos carnais, que se mantêm puras em corpo e espírito.Eu fui forjado para essa missão. Minha essência foi moldada pelo desejo de subverter o que é considerado sagrado, de manchar o que é considerado intocável. Ao longo dos séculos, já quebrei muitas dessas almas. Com cada vitória, o meu poder e a minha fúria cresciam. Mas, como qualquer caçador experiente, sempre busquei uma presa que oferecesse um verdadeiro desafio, uma alma cuja pureza fos
Cada tentativa de Ayla de me afastar só fazia crescer uma fúria que eu não sabia ser capaz de sentir. Ela acreditava que poderia me repelir com suas rezas e com a fé ingênua de que sua pureza a protegeria. Mas a verdade era que cada vez que ela resistia, ela me atraía ainda mais. A força que ela mostrava, mesmo diante de um ser como eu, me instigava de uma maneira que nenhuma outra humana jamais conseguiu. Eu deveria ter destruído sua vontade no primeiro encontro, ter deixado claro que sua resistência era inútil. Mas, em vez disso, eu hesitava. E essa hesitação, que eu não conseguia explicar, só aumentava a raiva que eu sentia por ela e por mim mesmo.Quando Daniel, o pretendente imbecil, tentou beijá-la, o desejo de acabar com sua vida foi quase insuportável. Eu o odiei naquele momento mais do que qualquer outra criatura. A visão de seus lábios se aproximando de Ayla, da minha Ayla, fez meu sangue ferver com uma intensidade que eu não esperava. Minha vontade era de esmagá-lo, d
AYLA..Eu acordei com um plano novo na cabeça, mas dessa vez, eu sabia que precisaria ser paciente. Se eu quisesse me livrar de Azrael, não poderia ser impulsiva; teria que jogar com inteligência, e o Daniel seria a chave, mas ele não poderia saber o verdadeiro motivo por trás do meu interesse crescente. Tinha que ser um jogo de sedução gradual, sem pressa, o deixando cada vez mais envolvido comigo.Depois do café da manhã, pedi permissão aos meus pais para sair com Daniel. Eles não hesitaram em permitir, confiando nele como sempre, meu pai disse que mandaria um recado pra que ele viesse até a nossa casa.Quando Daniel chegou, eu dei um sorriso caloroso, mais confiante do que o habitual. — Vamos caminhar um pouco?Sugeri, tentando manter a voz casual.Enquanto caminhávamos, mantive a conversa leve, rindo das coisas que ele dizia e deixando que nosso contato físico se tornasse mais frequente, um toque no braço aqui, uma mão no ombro ali. Estávamos nos afastando das áreas mais movim
No dia seguinte, eu ja estava com outros pensamentos na mente, era como se eles se renovassem a cada amanhecer.Eu precisava voltar a falar com minha avó. Estava claro que ela sabia muito mais sobre anjos obsessores do que havia me contado na nossa última conversa. Algo me dizia que ela estava escondendo informações que poderiam ser cruciais para entender o que estava acontecendo comigo e, mais importante, como eu poderia lidar com Azrael.Assim que saí de casa, sentindo a brisa matinal acariciar meu rosto, tentei manter o foco no meu objetivo. Mas não demorou muito para que a presença de Azrael se fizesse sentir. Era como se o ar ao meu redor ficasse mais pesado, opressor, e eu sabia que ele estava próximo, mesmo sem vê-lo, eu já reconhecia aquela sensação, se tornou normal pra mim.De repente, sua voz invadiu minha mente, cortante e ameaçadora...— Volte agora, Ayla. Pare de buscar formas de me confrontar. Você não tem ideia do que está prestes a desencadear. Se continuar nesse cam