AYLA
. . Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família. Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo. As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la. Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar. Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho. Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família. Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender. Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra. Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das paredes, como se o próprio ar estivesse pesado, eu me deitei tentando ignorar a sensação, mas ela só piorou. Quando finalmente abri os olhos, vi algo que congelou o meu sangue, havia um homem parado aos pés da minha cama. Ele era incrivelmente belo, quase sobrenatural, com olhos que pareciam atravessar a minha alma, suas asas se estendiam atrás dele, criando uma sombra assustadora. Tentei falar, mas a voz quase não saía... — Quem é você? Ele me encarou com um sorriso frio nos lábios que arrepiou todo o meu corpo, quando finalmente respondeu... — Eu sou Azrael, um anjo obsessor. — E o que você quer? — A minha missão é destruir a pureza de jovens como você. Aquelas palavras me golpearam de uma forma inexplicável, eu sempre soube que a pureza era algo a ser protegido, mas nunca pensei que poderia existir algo ou alguém dedicado a destruí-la. Eu queria correr, gritar, fazer qualquer coisa pra afastá-lo, mas eu estava paralisada pelo medo. Ele se aproximou ainda mais, suas asas se movendo lentamente, quase como se estivesse respirando, e então ele falou novamente, e sua voz parecia se enroscar na minha mente, causando em mim, dúvidas. — Sua virgindade é o que te mantém segura, mas eu estou aqui pra destruir isso, irei alimentar o desejo que você tenta reprimir, eu estarei com você em cada pensamento, em cada sonho, tocarei no seu corpo, e não importa o quanto tente resistir, eu irei conseguir completar a minha missão. — Como assim tocar em mim? Falei quase como um sussurro. — Do mesmo jeito que você está pensando agora. Eu sabia que precisava ser forte, que tinha que resistir, mas as palavras dele estavam conseguindo me abalar. Eu nunca havia me preparado pra algo assim, e a minha família nunca mencionou uma ameaça como essa. — Você não vai conseguir. Falei sem saber se eu estava totalmente certa disso. Ele sorriu como se já soubesse a verdade, subiu na cama na tentativa de tocar em mim, e eu me encolhi, enquanto me sentia devorada pelo o olhar dele... — Cuidado ao dormir Ayla, você pode gemer muito alto enquanto sonha. Então ele desapareceu como fumaça, sumiu diante dos meus olhos, deixando pra trás a sombra do medo e da incerteza. O meu coração estava batendo de forma tão descompassada, que eu demorei longos minutos até sentir as batidas normalizarem. Eu deitei na cama, e fiquei olhando ao redor, atrás de vestígios dele, como se ele fosse aparecer novamente a qualquer momento, mas depois de um longo tempo, finalmente consegui dormir. Os dias que se seguiram àquela noite foram uma tortura silenciosa. Tentei continuar com minha rotina, fingindo normalidade, mas a sombra de Azrael nunca me deixou. Durante o dia, eu o sentia me observando, mesmo quando estava rodeada por outras pessoas. Minha família não notou nada de errado. Meus pais, orgulhosos de suas tradições, falavam constantemente sobre os planos para meu futuro, sobre o casamento que seria arranjado quando eu completasse 21 anos. Eu não tinha coragem de contar a eles o que estava acontecendo, sobre o perigo que me rondava. Eles jamais acreditariam em algo tão sobrenatural. E, mesmo que acreditassem, o que poderiam fazer? Azrael não era um inimigo comum, ele era algo que estava além de qualquer compreensão humana. A única pessoa com quem eu me sentia segura era minha avó. Ela sempre foi mais sensível às coisas que os outros ignoravam, mais conectada com as tradições espirituais da nossa família. Certa tarde, tomei coragem e fui visitá-la. O caminho até a casa dela, um pouco afastada da cidade, me deu tempo para pensar em como abordar o assunto. Quando cheguei, minha avó me recebeu com seu sorriso caloroso. Ela era uma mulher forte, de cabelos grisalhos e olhos que pareciam sempre saber mais do que diziam. Sentamos juntas na varanda, e eu fiquei em silêncio por um tempo, tentando encontrar as palavras, mas ela me conhecia muito bem pra saber que algo estava errado. — Ayla, você parece preocupada. Ela disse, como se pudesse ler meus pensamentos. Eu respirei fundo e comecei a contar. Falei sobre a noite em que Azrael apareceu, sobre as palavras dele, sobre o medo que não me deixava desde então. Minha avó me ouviu com atenção, sem me interromper, seus olhos ficaram cada vez mais sérios à medida que eu falava. Quando terminei, ela ficou em silêncio por um momento, olhando para o horizonte. Finalmente, ela falou, sua voz baixa e ponderada. — Ayla, nossa família sempre esteve ligada a forças que muitos não compreendem. Nossas tradições não são apenas costumes, são proteções. Mas o que você está enfrentando... é algo que não deveríamos subestimar. Senti um frio na espinha ao ouvir aquelas palavras. Eu esperava que ela tivesse uma solução fácil, algo que pudesse me proteger de Azrael. Mas a seriedade em seus olhos me fez perceber que isso não seria simples. — Existe alguma forma de afastá-lo? Perguntei, com a voz trêmula. Ela balançou a cabeça lentamente. — Não é tão simples. Azrael é um obsessor poderoso, e ele encontrou uma brecha em sua vida, algo que o atraiu até você. Precisamos descobrir o que é, Ayla, para que possamos fechar essa brecha. Aquilo me surpreendeu, pois no fundo eu sabia que existia em mim um desejo crescente de finalmente ser tocada por um homem, mas eu jamais admitiria aquilo em voz alta. — O que poderia ter atraído Azrael? Minha vó perguntou preocupada. — Não sei o que pode ter sido. Menti. Minha avó segurou minha mão, seus olhos cheios de compaixão. — Vamos descobrir juntas, Ayla. Não vou deixar que ele tire de você o que é mais precioso. Mas preciso que você seja forte. Essa será uma batalha difícil, e você precisará de toda a sua coragem. Suas palavras me deram um pouco de esperança. Eu não estava sozinha nessa luta. Mas o medo ainda estava lá, uma constante lembrança de que Azrael estava à espreita, esperando o momento certo para atacar novamente, e a minha vulnerabilidade era sentida por ele. Naquela noite, voltei para casa me sentindo um pouco mais preparada, mas ainda insegura. A escuridão parecia mais densa quando entrei no meu quarto, e, por um momento, hesitei em apagar as luzes. Quando finalmente apaguei, me deitei na cama, o coração batendo forte. Tentei afastar os pensamentos sobre Azrael, focando nas palavras da minha avó. Mas, mesmo assim, eu sabia que ele estava lá, em algum lugar nas sombras, esperando. E a pergunta que martelava em minha mente era: Quanto tempo eu conseguiria resistir antes que ele conseguisse me seduzir? Embora eu tivesse meus desejos escondidos, eu jamais poderia quebrar as tradições da minha família, muito menos com um Anjo obsessor.Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido. Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas.De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim.Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha responde
Ele baixou a cabeça, o rosto perto do meu, seus olhos brilhando com um calor inexplicável. Seus dedos começaram a deslizar suavemente sobre meu pescoço, descendo pelo meu colo até chegarem aos meus seios. Quando ele os tocou, senti um arrepio intenso percorrer meu corpo, como se sua pele estivesse carregada de eletricidade. Era um toque delicado e ao mesmo tempo possessivo, que fazia minha pele queimar e minha respiração acelerar.— Você sente isso, Ayla?Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de promessas perigosas. — Sente como seu corpo responde ao meu? É isso que você deseja, mesmo que tente negar.Eu queria gritar, afastá-lo, mas as palavras se prendiam na minha garganta. Meu corpo parecia estar fora do meu controle, reagindo ao toque dele de maneiras que eu não conseguia evitar. Fechei os olhos, tentando bloquear as sensações, mas era impossível. Cada movimento dos dedos dele sobre minha pele fazia com que eu perdesse um pouco mais do controle.— Pare... Consegui murmurar, mas
Na manhã seguinte, acordei com a mente pesada, o corpo ainda cansado da luta interna da noite anterior. Eu me arrastei para fora da cama, tentando ignorar as lembranças dos sonhos perturbadores e do toque de Azrael, mas era impossível afastá-los completamente. Enquanto me preparava para o dia, um sentimento de inquietação persistia, como se algo sombrio estivesse à espreita.Minha mãe estava na cozinha quando desci para tomar café, e me lançou um sorriso caloroso assim que me viu. — Bom dia, Ayla.— Bom dia mãe.Respondi após beijá-la no rosto.— Sua cara não está boa, não dormiu bem?— Na verdade não.— Então acho que você vai se sentir melhor agora. Recebemos uma visita especial hoje.Ela disse, com uma ponta de entusiasmo na voz. Antes que eu pudesse perguntar quem era, ouvi passos firmes na entrada da casa. Ao me virar, vi Daniel, um dos pretendentes mais respeitáveis e conhecidos da nossa família. Ele era um jovem bonito, com cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes,
Assim que entramos pela porta, minha mãe nos recebeu com um sorriso, mas a expressão dela logo mudou ao perceber que havíamos voltado mais cedo do que o esperado.— Já estão de volta? Ela perguntou, surpresa, os olhos passando de Daniel para mim com uma leve curiosidade. — O passeio foi tão rápido assim?Meu pai também apareceu na sala, e havia uma leve preocupação em seu olhar.— Aconteceu alguma coisa, Daniel? Ele questionou, claramente querendo entender por que o passeio terminou tão abruptamente.Daniel, sempre educado e cortês, apressou-se em responder, tentando dissipar qualquer preocupação.— Não, senhor, senhora. Ayla mencionou que estava um pouco cansada, então achei melhor voltarmos mais cedo. Ele sorriu para mim, tentando me tranquilizar. — Foi um passeio muito agradável, mas acho que o calor do dia acabou nos deixando um pouco exaustos.Meus pais trocaram um olhar, ainda um pouco desconfiados, mas não pressionaram mais. — Entendo. Meu pai disse, finalmente assentind
A presença de Azrael era como uma sombra que pairava sobre mim, e a sensação de que ele podia aparecer a qualquer momento me deixava inquieta.Mas, enquanto eu estava ali, sozinha com meus pensamentos, uma coisa ficou clara: Eu não podia continuar assim, à mercê dos caprichos de um anjo obsessor. Não podia permitir que ele continuasse a me controlar, a me aterrorizar. Eu precisava reagir, descobrir mais sobre ele e, de alguma forma, encontrar uma maneira de impedi-lo.No dia seguinte, após uma noite de sono conturbada, decidi que precisava visitar minha avó novamente. Ela sempre foi uma mulher sábia, conhecedora das antigas tradições e lendas que cercavam nossa família. Se alguém pudesse me ajudar a entender o que estava acontecendo, seria ela.A caminhada até a casa da minha avó foi rápida, mas cada passo parecia ser guiado por uma determinação nova, como se o próprio ato de me mover em direção a ela já fosse um desafio contra Azrael. Ao chegar, ela me recebeu com um sorriso acol
Entrei no banheiro, ainda tremendo, com o coração disparado e a mente confusa. Precisava de um momento para mim, para tentar processar tudo o que havia acontecido. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, fechando os olhos na tentativa de afastar o medo que Azrael havia deixado em mim. Cada gota que caía parecia levar embora um pouco da tensão, mas a sombra dele ainda pairava sobre mim, impossível de ignorar.Fiquei ali por um tempo que não consegui medir, deixando o calor da água acalmar meu corpo enquanto minha mente tentava encontrar alguma paz. Quando finalmente desliguei o chuveiro, me enrolei em uma toalha e respirei fundo, tentando reunir coragem para voltar ao quarto.Mas, ao abrir a porta do banheiro, meu coração quase parou.Azrael estava ali, parado no meio do quarto, seus olhos escuros fixos em mim. O susto me fez recuar, e meu corpo inteiro ficou tenso. Abri a boca, tentando dizer algo, qualquer coisa, mas a voz não saía como eu queria.— Por
Naquela noite, depois de tudo que havia acontecido, eu não conseguia mais ficar sozinha com meus pensamentos. Azrael estava em toda parte, em cada sombra, em cada suspiro do vento. Eu precisava falar com alguém, precisava que meus pais soubessem, porque eu não tinha mais forças para enfrentar isso sozinha. Meu coração batia rápido enquanto descia as escadas, cada passo pesado, como se uma mão invisível estivesse tentando me impedir.Quando cheguei à sala, meus pais estavam sentados no sofá, conversando em voz baixa. Ao me verem, seus rostos se encheram de preocupação imediata. Minha mãe se levantou primeiro, com seu olhar cheio de apreensão.— Ayla, querida, o que aconteceu? Você parece tão... assustada.Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas. Como explicar algo tão irreal, tão aterrorizante?— Eu... preciso falar com vocês. Algo muito estranho está acontecendo comigo. Algo que... me deixa com medo.Meu pai, que até então estava em silêncio, se inclinou para frente
Mesmo diante de um beco que parecia sem saída, eu precisava saber o que havia acontecido com Eliza, no fundo eu queria que o preço que ela havia pago, pudesse ser pago por mim também, mas quanto mais eu sabia da história, mais aterrorizada eu ficava.Respirei fundo e, com a voz trêmula, perguntei:— E o que aconteceu com Eliza depois que ela quebrou a tradição? O que realmente aconteceu com ela?Meus pais trocaram um olhar pesado, como se carregassem um segredo há muito tempo guardado. Meu pai foi o primeiro a responder, sua voz carregada de gravidade e tristeza.— Ayla, quebrar a tradição em nossa família não é algo simples. A virgindade é sagrada para nós, e a tradição é o pilar que nos mantém unidos. Eliza e seus pais fizeram a escolha de quebrar essa tradição para escapar do anjo que a assombrava, mas essa escolha teve um preço terrível.Minha mãe, com os olhos cheios de lágrimas, completou:— Quando uma jovem da nossa família quebra essa tradição, ela não pode mais fazer parte da