ANJO OBSESSOR
ANJO OBSESSOR
Por: Sol Rodrigues
CAPÍTULO 1

AYLA

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Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família.

Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo.

As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la.

Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar.

Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho.

Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família.

Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender.

Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra.

Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das paredes, como se o próprio ar estivesse pesado, eu me deitei tentando ignorar a sensação, mas ela só piorou.

Quando finalmente abri os olhos, vi algo que congelou o meu sangue, havia um homem parado aos pés da minha cama.

Ele era incrivelmente belo, quase sobrenatural, com olhos que pareciam atravessar a minha alma, suas asas se estendiam atrás dele, criando uma sombra assustadora.

Tentei falar, mas a voz quase não saía...

— Quem é você?

Ele me encarou com um sorriso frio nos lábios que arrepiou todo o meu corpo, quando finalmente respondeu...

— Eu sou Azrael, um anjo obsessor.

— E o que você quer?

— A minha missão é destruir a pureza de jovens como você.

Aquelas palavras me golpearam de uma forma inexplicável, eu sempre soube que a pureza era algo a ser protegido, mas nunca pensei que poderia existir algo ou alguém dedicado a destruí-la.

Eu queria correr, gritar, fazer qualquer coisa pra afastá-lo, mas eu estava paralisada pelo medo.

Ele se aproximou ainda mais, suas asas se movendo lentamente, quase como se estivesse respirando, e então ele falou novamente, e sua voz parecia se enroscar na minha mente, causando em mim, dúvidas.

— Sua virgindade é o que te mantém segura, mas eu estou aqui pra destruir isso, irei alimentar o desejo que você tenta reprimir, eu estarei com você em cada pensamento, em cada sonho, tocarei no seu corpo, e não importa o quanto tente resistir, eu irei conseguir completar a minha missão.

— Como assim tocar em mim? Falei quase como um sussurro.

— Do mesmo jeito que você está pensando agora.

Eu sabia que precisava ser forte, que tinha que resistir, mas as palavras dele estavam conseguindo me abalar.

Eu nunca havia me preparado pra algo assim, e a minha família nunca mencionou uma ameaça como essa.

— Você não vai conseguir.

Falei sem saber se eu estava totalmente certa disso.

Ele sorriu como se já soubesse a verdade, subiu na cama na tentativa de tocar em mim, e eu me encolhi, enquanto me sentia devorada pelo o olhar dele...

— Cuidado ao dormir Ayla, você pode gemer muito alto enquanto sonha.

Então ele desapareceu como fumaça, sumiu diante dos meus olhos, deixando pra trás a sombra do medo e da incerteza.

O meu coração estava batendo de forma tão descompassada, que eu demorei longos minutos até sentir as batidas normalizarem.

Eu deitei na cama, e fiquei olhando ao redor, atrás de vestígios dele, como se ele fosse aparecer novamente a qualquer momento, mas depois de um longo tempo, finalmente consegui dormir.

Os dias que se seguiram àquela noite foram uma tortura silenciosa. Tentei continuar com minha rotina, fingindo normalidade, mas a sombra de Azrael nunca me deixou. Durante o dia, eu o sentia me observando, mesmo quando estava rodeada por outras pessoas.

Minha família não notou nada de errado. Meus pais, orgulhosos de suas tradições, falavam constantemente sobre os planos para meu futuro, sobre o casamento que seria arranjado quando eu completasse 21 anos.

Eu não tinha coragem de contar a eles o que estava acontecendo, sobre o perigo que me rondava. Eles jamais acreditariam em algo tão sobrenatural. E, mesmo que acreditassem, o que poderiam fazer? Azrael não era um inimigo comum, ele era algo que estava além de qualquer compreensão humana.

A única pessoa com quem eu me sentia segura era minha avó. Ela sempre foi mais sensível às coisas que os outros ignoravam, mais conectada com as tradições espirituais da nossa família. Certa tarde, tomei coragem e fui visitá-la. O caminho até a casa dela, um pouco afastada da cidade, me deu tempo para pensar em como abordar o assunto.

Quando cheguei, minha avó me recebeu com seu sorriso caloroso. Ela era uma mulher forte, de cabelos grisalhos e olhos que pareciam sempre saber mais do que diziam. Sentamos juntas na varanda, e eu fiquei em silêncio por um tempo, tentando encontrar as palavras, mas ela me conhecia muito bem pra saber que algo estava errado.

— Ayla, você parece preocupada.

Ela disse, como se pudesse ler meus pensamentos.

Eu respirei fundo e comecei a contar.

Falei sobre a noite em que Azrael apareceu, sobre as palavras dele, sobre o medo que não me deixava desde então.

Minha avó me ouviu com atenção, sem me interromper, seus olhos ficaram cada vez mais sérios à medida que eu falava.

Quando terminei, ela ficou em silêncio por um momento, olhando para o horizonte. Finalmente, ela falou, sua voz baixa e ponderada.

— Ayla, nossa família sempre esteve ligada a forças que muitos não compreendem. Nossas tradições não são apenas costumes, são proteções. Mas o que você está enfrentando... é algo que não deveríamos subestimar.

Senti um frio na espinha ao ouvir aquelas palavras. Eu esperava que ela tivesse uma solução fácil, algo que pudesse me proteger de Azrael. Mas a seriedade em seus olhos me fez perceber que isso não seria simples.

— Existe alguma forma de afastá-lo? Perguntei, com a voz trêmula.

Ela balançou a cabeça lentamente.

— Não é tão simples. Azrael é um obsessor poderoso, e ele encontrou uma brecha em sua vida, algo que o atraiu até você. Precisamos descobrir o que é, Ayla, para que possamos fechar essa brecha.

Aquilo me surpreendeu, pois no fundo eu sabia que existia em mim um desejo crescente de finalmente ser tocada por um homem, mas eu jamais admitiria aquilo em voz alta.

— O que poderia ter atraído Azrael?

Minha vó perguntou preocupada.

— Não sei o que pode ter sido.

Menti.

Minha avó segurou minha mão, seus olhos cheios de compaixão.

— Vamos descobrir juntas, Ayla. Não vou deixar que ele tire de você o que é mais precioso. Mas preciso que você seja forte. Essa será uma batalha difícil, e você precisará de toda a sua coragem.

Suas palavras me deram um pouco de esperança. Eu não estava sozinha nessa luta. Mas o medo ainda estava lá, uma constante lembrança de que Azrael estava à espreita, esperando o momento certo para atacar novamente, e a minha vulnerabilidade era sentida por ele.

Naquela noite, voltei para casa me sentindo um pouco mais preparada, mas ainda insegura. A escuridão parecia mais densa quando entrei no meu quarto, e, por um momento, hesitei em apagar as luzes. Quando finalmente apaguei, me deitei na cama, o coração batendo forte.

Tentei afastar os pensamentos sobre Azrael, focando nas palavras da minha avó.

Mas, mesmo assim, eu sabia que ele estava lá, em algum lugar nas sombras, esperando.

E a pergunta que martelava em minha mente era: Quanto tempo eu conseguiria resistir antes que ele conseguisse me seduzir?

Embora eu tivesse meus desejos escondidos, eu jamais poderia quebrar as tradições da minha família, muito menos com um Anjo obsessor.

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