AYLA ..O sol estava alto quando me despedi de Eliza, deixando para trás não apenas sua casa, mas também tudo o que conhecia. A mochila pesada nas costas, cheia de dinheiro que minha mãe me deu, parecia carregar não só meu sustento, mas também o peso das decisões que precisavam ser tomadas. Meu destino era incerto, mas a certeza de que precisava partir me movia.Minha casa ficava em um vilarejo escondido no interior de Belize, cercado por plantações de milho, feijão e mandioca. A vida ali era regida pelo ritmo da terra e das estações. Meus pais, agricultores dedicados, acreditavam que o trabalho duro e a tradição nos protegiam das influências externas. Mas, para mim, aquele paraíso verdejante era também uma prisão. A floresta que nos rodeava parecia um muro intransponível, uma barreira que mantinha o mundo distante.Minha jornada começou com passos hesitantes pela trilha que cortava a floresta densa. O cheiro de terra molhada e a sombra das árvores altas me acompanhavam, mas també
Meus pés pareciam presos ao chão. A lógica gritava para que eu me escondesse, para fingir que nunca vi nada e proteger a mim mesma. Mas, enquanto o som de suas súplicas ficava mais alto, algo dentro de mim explodiu.— Ei! Solte-a agora! Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas o tremor em minhas mãos denunciava meu medo.O homem parou, virando lentamente o rosto para mim. Ele era enorme, com uma barba espessa e olhos escuros que brilhavam de malícia. A mulher aproveitou a distração e, como um relâmpago, se desvencilhou dele, correndo em disparada pelo corredor até desaparecer da minha vista.Agora, era só eu e ele.— Ora, ora... que cena heroica. Ele deu um passo em minha direção, rindo com desprezo.— E o que você vai fazer agora, princesinha? Agora eu fiquei sem minha comida. Será você a me satisfazer?Minha garganta estava seca, e minhas pernas ameaçavam ceder, nem mesmo Azrael, no início de suas aparições, me causou tanto medo.— Não vou deixar você fazer isso com ningu
AZRAEL ..O cheiro quente de óleo e especiarias enchia o ar, tornando o pequeno espaço da banca de lanches mais abafado do que deveria ser. Ethan estava ao meu lado, movendo-se com a familiaridade de quem sabia exatamente onde cada ferramenta e ingrediente estavam. Eu, por outro lado, ainda me adaptava ao ritmo frenético.— Passa o pão, Gabriel! Ethan gritou acima do som da chapa chiando.Eu obedeci, entregando o pão que ele precisava para o próximo lanche. Ele trabalhava rápido, mãos hábeis transformando ingredientes simples em algo que fazia as pessoas voltarem todas as manhãs. Eu observava os rostos que vinham até a banca. Risos, conversas casuais, algumas histórias trocadas em voz alta enquanto aguardavam seus pedidos.Parte de mim se perguntava o que eu estava fazendo ali, entre pessoas tão comuns e tão complicados ao mesmo tempo. No entanto, outra parte, mais silenciosa, sentia-se estranhamente... satisfeita.Enquanto cortava os ingredientes, lembrei-me da promessa de Laila.
O peso de Laila em cima de mim, seus dedos na minha pele, era uma provocação que eu sentia em cada fibra do meu corpo. Suas mãos puxavam meus cabelos com uma intensidade que deveria ser desconfortável, mas, ao contrário, parecia uma âncora me prendendo ao momento. Sua língua dançava com a minha, exigente, exploradora, enquanto seu corpo movia-se lentamente sobre o meu, despertando uma necessidade primal, quase impossível de resistir.Ela era fogo, um fogo que queimava e consumia, e por um instante, eu quase quis me entregar. Quase.Minhas mãos começaram a explorar suas curvas, deslizando por sua cintura até suas coxas, onde o tecido fino do vestido tornava a pele dela um convite irresistível. Mas, no instante em que meus dedos tocaram sua pele nua, algo aconteceu.Um flash.Uma imagem tão nítida quanto um soco."Uma garota", mas não era Laila.Seus olhos castanhos e profundos encarando-me, a expressão dela serena, quase inocente. O mundo ao nosso redor desbotado, mas sua boca desenha
AYLA..Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família.Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo.As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la.Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar.Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho.Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família.Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender.Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra.Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das pare
Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido. Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas.De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim.Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha responde
Ele baixou a cabeça, o rosto perto do meu, seus olhos brilhando com um calor inexplicável. Seus dedos começaram a deslizar suavemente sobre meu pescoço, descendo pelo meu colo até chegarem aos meus seios. Quando ele os tocou, senti um arrepio intenso percorrer meu corpo, como se sua pele estivesse carregada de eletricidade. Era um toque delicado e ao mesmo tempo possessivo, que fazia minha pele queimar e minha respiração acelerar.— Você sente isso, Ayla?Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de promessas perigosas. — Sente como seu corpo responde ao meu? É isso que você deseja, mesmo que tente negar.Eu queria gritar, afastá-lo, mas as palavras se prendiam na minha garganta. Meu corpo parecia estar fora do meu controle, reagindo ao toque dele de maneiras que eu não conseguia evitar. Fechei os olhos, tentando bloquear as sensações, mas era impossível. Cada movimento dos dedos dele sobre minha pele fazia com que eu perdesse um pouco mais do controle.— Pare... Consegui murmurar, mas
Na manhã seguinte, acordei com a mente pesada, o corpo ainda cansado da luta interna da noite anterior. Eu me arrastei para fora da cama, tentando ignorar as lembranças dos sonhos perturbadores e do toque de Azrael, mas era impossível afastá-los completamente. Enquanto me preparava para o dia, um sentimento de inquietação persistia, como se algo sombrio estivesse à espreita.Minha mãe estava na cozinha quando desci para tomar café, e me lançou um sorriso caloroso assim que me viu. — Bom dia, Ayla.— Bom dia mãe.Respondi após beijá-la no rosto.— Sua cara não está boa, não dormiu bem?— Na verdade não.— Então acho que você vai se sentir melhor agora. Recebemos uma visita especial hoje.Ela disse, com uma ponta de entusiasmo na voz. Antes que eu pudesse perguntar quem era, ouvi passos firmes na entrada da casa. Ao me virar, vi Daniel, um dos pretendentes mais respeitáveis e conhecidos da nossa família. Ele era um jovem bonito, com cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes,