CAPÍTULO 101

O silêncio tomou conta da sala por um instante, como se o mundo inteiro tivesse prendido a respiração. Eu não sabia como reagir. A presença daquela senhora, o olhar cheio de dor e sabedoria, e a lembrança da Ayla... tudo parecia me esmagar por dentro.

— Você sentia que amava ela, não é?

A senhora perguntou com a voz baixa, mas firme.

Assenti, engolindo em seco.

— Sim.

Respondi.

— Mesmo antes de saber quem ela era. Mesmo sem compreender o que estava acontecendo. Eu lutei contra isso… mas era como se minha alma não tivesse escolha.

Ela sorriu, mas era um sorriso triste, como quem conhece as dores do tempo.

— Isso porque você nunca teve escolha, Azrael. E Ayla também não.

Me aproximei devagar, confuso.

— Como assim?

Ela suspirou e se sentou numa cadeira de balanço que rangia levemente com o movimento.

— A história que você conhece, é apenas a ponta do véu. Muito antes de Ayla nascer, antes mesmo de Eliza, Clara, ou qualquer outra das mulheres da nossa linhagem, nós já éramos caçadas.
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