Capítulo 6

Era lindo, e Angelina ficava sempre apaixonada por cada coisa, vestido ou pessoa que via. Mas logo sua atenção foi tomada quando risadas altas e esganiçadas invadiram o ambiente calmo e acolhedor do comércio. Garotas acabavam de entrar, não mantinham, respeito por quem ali já estavam. Uma delas, ao ver Angelina, correu até ela e a abraçou.

— Liny, que bom te ver, por que não avisou que estaria aqui, poderia ter se juntado a nós!

Angelina olhou a jovem dos pés à cabeça e não pôde deixar de franzir o cenho ela era estranha.

Ela era bonita mas não usava nada que a favorecesse, muita maquiagem, um penteado espalhafatoso alto e cheio de cachos e um vestido que fazia seus seios quase saltarem para fora.

Em busca de ajuda, Angelina olhou para sua dama que sussurrou o nome da jovem: ”Sophia Showard”.

Tornou a olhar a jovem à sua frente e riu de forma nasal irônica.

— Senhorita Showard, não há reconheci, está… diferente…

— Gostou? Esta é a nova moda que estou lançando, torna a beleza das mulheres mais realista.

— Claro amiga, você esta linda. — ela vinha de uma sociedade moderna, não podia julgar, não poderia dizer Sophia Showard nada mais parecia do que uma dançarina de cancan das mais mal pagas. — Mas, acredito que essa maquiagem esteja um pouco exagerada, tente diminuir um pouco no rouge.

Sophia riu alto.

— Liny, querida, quanto mais cor, mais viva. Já que tocamos no assunto, você esta precisando de uma cor, acho que o príncipe não vai querer se parecer tão pálida. — ela tocou a ponta do nariz de Angelina, o que fez a jovem querer morde-la. — veja como lady Kelliny e tão vibrante com aqueles cabelos dela, parece até uma bruxa, como ela encanta os homens, parece mais uma prosti…

Antes que Showard pudesse terminar, água foi derramada sobre sua cabeça deixando-a em um estado catastrófico

Angel segurou o riso, toda a maquiagem estava começando a escorrer por seu rosto.

— Acha mesmo que o príncipe largaria uma jovem dama educada, linda e leal a ele como a princesa Bryston para ficar com alguém como você que neste momento está parecendo uma palhaça? — uma voz calma, mas cheia de poder soou de trás da jovem Showard e então Kelliny se revelou a todos, ela havia escutado tudo desde o princípio.

— Princesa Kelliny. — cumprimentou Angelina com um aceno de cabeça um sorriso.

— Princesa Angelina. — devolveu o cumprimento. — Espero que está melhor, fiquei sabendo de seu acidente, sinto muito.

— Agradeço sua simpatia, estou bem.

Ambas trocavam algumas palavras como se não notassem uma Sophia irada e desastrosa..

— Sua vadia, veja o que fez comigo! — esbravejou.

— Sophia, que linguajar sem puder é este, vindo dos calejões mais horrendos! — Angelina a repreendeu e contia o sorriso. — Lady Kelliny te fez um favor, você não estava muito bem com toda essa… maquiagem… se você limpar um pouco todo este… borrado — apontou para toda a face da jovem. — Você parecerá jovem é bonita.

— Angeline, é para você ficar de meu lado!  E não ao lado dessa… dessa…

— Calma lá Sophia! — Angelina se levantou e fez um sinal para que Noahlin a esperasse do lado de fora. — Por que eu deveria ficar ao seu lado, quando você que se diz tanto minha amiga, se envolve com meu noivo pelas minhas costas? — Cruzou os braços e riu — Mas não fique se achando Sophia, do que adianta você esquentar a cama dele uma ou duas vezes ao mês, dividi-lo com mais três outras mulheres, se no fim quem ele procura sou eu? Sabe, antes de vir aqui, hoje, ele disse que ia até minha residência, mesmo com todos os presentes que ele me dá, mesmo com todas as flores, ele ainda me escreve doces cartas e vai até mim, sem que eu precise levantar sequer um pedaço da barra da minha saia.

Angelina disse cada palavra sem escândalo, sem levantar o tom de sua voz, mas falando em bom tom e claro, para que quem quisesse ouvir não precisasse chegar perto. 

As damas que entraram com Sophia, apenas abaixaram a cabeça e se afastaram da “amiga”.

E como se tudo que estava dizendo não fosse o bastante, Angelina continuou:

— Quer saber mais? Prefiro mil vezes a morte do que casar com ele, prefiro mil vezes lady Kelliny a você, por que mesmo sem ser minha amiga, apenas sendo uma mulher, como eu, ela não tentou seduzir a aquele que diz ser meu noivo, e ele tão pouco a merece, ela é uma mulher incrível, inteligente e capaz de muito mais coisas do que ele.

Com esses últimos dizeres, Angeline saiu da pastelaria. Encontrou-se com sua criada do lado de fora e caminhou pelas ruas, mas o que não esperava era que assim que a mesma saiu, foi seguida por Kelliny que se apressou para acompanhá-la.

— Lady Bryston. — chamou a jovem ruiva.

Angelina parou e se virou. Quando a jovem chegou até elas, tornaram a andar, no início estavam em silêncio até que a jovem ruiva se pronunciou.

— Obrigada. — disse tímida.

— Não precisa agradecer, sei que nunca chegamos a falar uma com a outra e provavelmente não trocamos nada mais que cumprimentos, mas não acho que você seja uma pessoa ruim.

— também não acho que você seja alguém ruim, mas suas amizades… — suspirou.

— Acho que não somos mais amigas. — riram.

— Acho que posso ser sua amiga, claro, prometo não me envolver com seu noivo, esteja você viva ou morta.

— Ele logo não será mais meu noivo… — ela suspirou e se abriu. — Kelliny, já que somos amigas, permita-me dizer. Se você gosta dele, se realmente gostar eu darei meu apoio ao relacionamento de vocês, mas você é uma mulher tão incrível, é mais capaz para assumir o ducado de sua família do que o mongoloide do seu primo, você com certeza será uma revolucionária, se não se deixar cair aos encantos daquele mequetrefe do príncipe. Eu simplesmente não o suporto.

— Pois bem, eu também não gosto dele. — ela bufa — Ele é pomposo demais, se acha demais, brilha demais, parece até um vagalume. — ela sorriu — O que é mongoloide?

Ela não sabia como explicar.

Ela não podia entender, Kelliny, segundo a história contava, era loucamente apaixonada pelo príncipe, tanto que ela flagrou o príncipe com Lilibeth, uma noite antes do acidente que matou Angelina, mas como hoje ela poderia dizer que não gostava dele? 

Então ela viu, algo nos olhos da jovem, puro e verdadeiro, ali ela viu que a mais nova amiga estava sendo verdadeira.

— Eu acredito em você, não sei onde estava com a cabeça quando me deixei enganar por ele.

— Você era jovem. — elas riram novamente. — Então pretende romper o noivado?

— Sim, pretendo ir ao Norte logo, assim que partir meu pai entrará com a petição.

— Você tem sorte, tem pais amorosos, um irmão mais velho muito lindo. — suspirou. 

— Kelliny, o que foi isso, você acabou de suspirar por meu irmão?

— Ahm? O que? Não, não foi isso, meu deus! — ela cobriu o rosto com as mão, mortificada. — Talvez eu goste um pouco dele…

— Talvez? — perguntou a amiga irônica.

— Tudo bem, sou apaixonada por ele desde que tinha seis anos de idade.

— Seria legal ter você como cunhada. — brincou.

— Céus, não brinque com isso, a ruiva se tornou completamente vermelha e envergonhada. — elas riram.

Isso tornou os pensamentos de Angeline mais confusos, se ela gostava de seu irmão, como passou a gostar do príncipe…

Então a ideia surgiu, poderia ter sido o acidente, talvez a morte de Angeline tenha feito com que Kelliny e Asher, nunca tenham tido quaisquer interação amorosa ou social. Kelliny por ser culpada por matá-la e Asher por se ressentir pela morte da irmã. Sim, poderia ser assim.

Enquanto andavam pelas ruas, a jovem ruiva viu algo, ergueu o guarda sol escondendo ambas embaixo do mesmo.

— O que foi? O que voc…

— Shii, é a carruagem do príncipe herdeiro. — Angelina Congelou.

— Será que ele veio atrás de mim?

— Se você fugiu dele, como diz… Ele não deixaria isso de forma tão simples.

Quando a carruagem, estava próxima delas, se ouviu a voz de alguém gritar, movida pelo susto e pela curiosidade, Angelina saiu debaixo da proteção de Kelliny, e viu uma jovem caída em frente onde logos os cavalos desenfreados do príncipe estariam, e ela mal teria tempo para se levantar.

Com isso ela agiu antes de pensar, correu até aos joelhos e se jogou até ela a puxando para longe, mas algo deu errado, seu pé torceu e seus joelhos fraquejaram e ela se viu caindo onde antes estava a jovem e morreria novamente.

Ela apenas fechou os olhos, se fosse para morrer novamente que não doesse, como dá ultima vez.

Mas a dor não veio, o que ela sentiu foi sendo erguida e jogada no ar, antes que pudesse gritar, sua boca foi tampada, ela abriu os olhos e se viu sendo carregada para longe da multidão que se acumulava em torno da jovem que foi salva por ela.

Ela se contorceu, chutou e tentou gritar, mas só parou quando uma voz forte e grossa soou perto de seu ouvido em um tom baixo.

— Se não quer que seu noivo a ache, fique quieta, entendeu?

Um calafrio passou por sua espinha e todo seu corpo se arrepiou ao ouvir aquela voz, seu coração antes desenfreado pelo medo agora tinha um outro motivo para estar disparado.

Ela acenou em concordância com a cabeça e ele a soltou, quando ela se virou para vê-lo, notou que Kelliny estava na mesma situação que ela, ao olhar para a pessoa que segurava sua nova amiga o reconheceu instantaneamente.

— Asher?! Mas o que…? Você não devia estar no Norte?! — disse em um tom ríspido e baixo.

— Eu deveria, mas o que fazer quando o dono do Norte está aqui e ainda por cima atrás da minha irmã? — ele disse olhando para o seu raptor/salvador.

Ela se virou e ele abaixou o capuz, a garganta secou e suas pernas fraquejaram, aqueles olhos azuis como seu a encaravam como se quisesse devorá-la por inteiro.

— Princesa, que bom vê-la, que pena que seja apenas nessas circunstâncias.

— N-Nós só deveríamos nos encontrar à noite.

— Bem, eu poderia ter continuado a segui-la em segredo, mas você tinha que se pôr em perigo e quase perder sua vida! — esse soou tão ríspido quanto ela — Você é suicida por acaso?

“Quase isso.” — ela concordou mentalmente.

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