Alice escutava atentamente o que o reitor da universidade estava dizendo. Não que ela se importasse muito, nunca foi de sua vontade cursar direito, tão pouco ficar limitada a uma pilha de contratos, ou em um tribunal de justiça tentando defender um criminoso. Em outros casos poderia ser que ela estivesse ali, para defender uma pequena causa de processo relacionado a um aluguel não pago por seis meses.
Não. sempre desejou fazer coisas a mais. ficar presa em um escritório cuidado de problemas dos outros, não era o que ela desejava. Mas seus pais, dois grandes e renomados advogados da cidade Y, desejavam que ela traçasse os mesmos passos que eles, ambos criminalistas, já se enfrentaram diversas vezes no tribunal, Alice até suspeitava que isso foi o que provavelmente levou o casamento deles ao fim, não só isso, uma das séries de fatores serviu de influência para o divórcio
As pessoas eram assim. Não!
O reitor a minha frente era um exemplo. Apenas ele e aqueles a quem ele passou por cima, poderiam dizer o que foi passado, ninguém é cem por cento bom ou cem por cento mal. Acredito que há uma média, a pessoa pode ser oitenta por cento boa, mas vinte por cento má, ou sessenta e sete por cento má e trinta e três por cento boa. Como aqueles que são bons apenas com os animais.
Quando a palestra de boas-vindas e instrutora termina, todos saem do auditório. Alice sacou seu celular de sua bolsa e o ligou, a tela antes escura, brilhou com a logo e o modelo do aparelho brilhando. Antes de entrar foi orientado que todos desligassem os celulares para que não lhe fossem causar distrações, ela o fez, mas não esperava que teriam mais de dez ligações perdidas de seus pais e cerca de quarenta e três mensagens não lidas, de cada um. Ela já desconfiava do que poderia se tratar, eles nunca se resolviam, mesmo após o divórcio estavam sempre brigando.
Ela resolveu que não lhes daria atenção agora. Já se sentia cansada e esgotada apenas de imaginar a situação desgastante que ocorreria após ligar ou responder uma mensagem, de um dos dois. Mas parecia que eles possuíam um rastreador nela, pois antes que pudesse se esquivar, outra mensagem apareceu.
Mãe: Já saiu?
Mãe: O seu pai está…
Por ler a mensagem pela barra de notificações não conseguiu ler o restante, ela apenas suspirou e arrastou para o lado, descartando-as. Em contrapartida, ela abriu o aplicativo de livros, ao qual continha sua história favorita nos últimos tempos “A rosa-branca”. Ela se encontrava havida para ler aquela história. Estava na metade e rezava para que as duas mulheres parassem de brigar, e que o Grande e majestoso duque saísse do livro para comê-la. Mas era apenas um sonho, o Duque era maravilhoso, ele sim deveria ser o personagem principal, não o príncipe herdeiro que era uma pessoa que se existisse, ela teria batido duas vezes em sua cara.
Ela estava em uma parte quente no livro, onde o protagonista masculino havia sido envenenado com algum tipo de afrodisíaco pela vilã. Ela iria meter-se em seu quarto para que ele fosse forçado a casar-se com ela, mas ele a expulsou, como estava planejado que Lili os encontrasse, esqueceram de avisá-la.
Alice ficou com vergonha de que alguém a visse lendo tal coisa, que abaixou mais a cabeça, e apressou-se para atravessar a rua.
Seu celular começou a vibrar constantemente, e os pop UP da mensagem apareceram no topo da tela, seus pais, novamente. Ela suspirou, mas não esperava que um carro ultrapassasse o sinal vermelho e batesse nela, ela sentiu extrema dor, seu corpo foi lançado alguns metros a frente, seu celular caiu a sua frente. Nas notificações, o nome “mãe” brilhava intensamente. Uma lágrima escorreu por seu rosto pálido e caiu no asfalto frio. Ela deseja ter sido uma boa filha, uma melhor, se ela tivesse outra chance. Teria feito aquilo que desejava, talvez este tivesse sido seu maior arrependimento, não poder ser quem realmente era, mas ainda assim, dar orgulho aos seus pais.
***
A primeira coisa que sentiu ao recobrar sua consciência, foi uma extrema dor, como se todos seus ossos estivessem se partido e reposto, a dor do crescimento da adolescência, mas, mil vezes pior.
O corpo da jovem já se mexeu, o que assustou e surpreendeu a jovem mulher que estava se ocupando da limpeza. Mas foi apenas quando a jovem na cama resmungou e levou a mão vagamente a testa que ela teve uma verdadeira reação.
— SENHORITA!
Ela correu até a jovem dama e a inspecionou, a mesma apertou os olhos, parecia não ter forças para abri-los.
— Á-água. — ela disse fracamente.
A criada apressou-se em ajudá-la a beber o líquido, que pareceu revitalizar a jovem.
— Aguarde um momento, irei chamar o médico.
Após dizer isso, saiu correndo do quarto.
Deitada na cama, Alice não entendia o que estava acontecendo, sua cabeça doía e suas memórias estavam confusas e embaralhadas.
Ao tentar abrir seus olhos novamente, sua visão embaçada lhe causava mais dor, mas aos poucos foi se acostumando.
"Jovem Senhorita." Ela se lembrava de a enfermeira ter se referido a ela assim, que hospital era aquele que seus pais a haviam internado? Era algum lugar de medicina tradicional e conservadora?
Quando as coisas começaram a se tornar mais nítidas ao seu redor, notou que a cama onde se encontrava deitada estava coberta por um dossel rosa límpido, que se encontrava atado as pilastras da cama, mas não era apenas isso, conforme seu corpo ia se adaptando ao seu despertar ela pode olhar ao redor e notou que tudo era estranho, como se estivesse em um quarto vintage em cores rosa, dourado e branco, como um quarto de princesa.
Com um pouco de esforço ela se sentou na cama. Simultaneamente, pode ouvir passos corridos se aproximarem, quando a porta se abriu ela não pode deixar de fazer uma careta, um casal estava parado ali vestindo roupas de época em estilo ocidental, coisa de século dezenove.
Eles aproximaram-se dela com cautela, mas ela ergueu uma mão, eles param, pois podia ver certa cisma e medo em seus olhos e rosto.
— Onde... onde estou e quem são vocês? Por que estão se vestindo assim? Por acaso é algum evento temático? Eu...
Antes que pudesse continuar, sua cabeça doeu, o que a fez se encolher.
A mulher, que estava petrificada com o que ela havia dito, correu até a mesma e a abraçou
— Calma, meu amor, mamãe está aqui, tenha calma
Ela disse ao abraçá-la e deslizar sua mão pela cabeça da jovem, de alguma forma aquilo havia funcionando, a dor havia passado. O abraço da mulher era tão acolhedor que Alice não desejava sair dele.
— Tudo vai ficar bem, o médico está chegando.
Disse e olhou o homem que ainda estava em pé, ambos continham um olhar preocupado.
— Angelina, tudo vai ficar bem, respire minha filha. — o homem disse, sentou-se perto das duas e pôs sua mão em cima do joelho coberto da jovem. — Você é uma Bryston, vamos cuidar de você.
Quando ele disse tais palavras, Alice não pode deixar de rir, ele não poderia estar mais errado. Ela não é Angelina Bryston, este era o nome de uma personagem do livro que Alice estava lendo. Uma personagem que morreu e teve um péssimo final, ela era Alice Maltevanrra, não Angelina Bryston.
As lembranças de seu sonho antes de acordar, vieram a sua mente. Seu sangue gelou.
"Eu não queria isso, sabia? Por algum motivo, nós duas morremos de formas tão semelhantes... Eu não posso mais voltar, mas você pode, cuide deles para mim Alice e tenha uma boa vida, prometo que farei o melhor que poder para ajudá-la, de onde estiver."
Essa fala ecoava em sua mente...
Neste momento o médico apareceu e a examinou.
A jovem continuou petrificada no mesmo lugar, sem acreditar. Ela havia morrido, uma morte trágica. Mas Angelina, a personagem cujo ela havia transmigado, havia lhe dado uma chance de viver, uma vida nova, viver seus sonhos e desejos.
Quando o médico terminou, todos saíram do quarto. Ella permaneceu em silêncio, deitada, olhando para a janela. O médico da família havia diagnosticado uma perda de memória temporária devido a queda da árvore. Todos teriam que ter paciência até que ela se recuperasse, as memórias voltariam com o tempo. Eles achavam isso, ela era a única que sabia a verdade...
Ela se levantou da cama e a passos lentos se encaminhou até o espelho mais próximo, receosa, pois não sabia como Angelina era, nunca se havia descrito sua aparência, ela era apenas uma extra, que tinha um papel definido. E se fosse feia? E se os olhos fossem muito separados? ou o nariz muito grande e se o rosto dela fosse deformado?
Ela levou a mão ao rosto e não sentiu nada, nenhuma deformidade. Até que chegou ao espelho e pode respirar com calma. Ela era bonita, uma beleza simples e pura. Seu rosto estava um pouco pálido, mas por ter ficado muito tempo enferma, mas em plena saúde deve ser uma beleza de cabelos castanhos consulados, rosto pequeno e redondo, olhos grandes, nariz arrebitado e lábios carnudos. Ela tinha uma testa lisa, era uma beleza normal e pura, nada do que imaginava sobre como seria era real.A porta do quarto se abriu abruptamente fazendo Alice… não, Angelina pular em um susto. Ao se virar viu um jovem alto e forte, ele era bonito, tinhas as mesmas feições que ela, mas as dele era máscula e angulosa. Porém os olhos… mesmo ao longe ela podia ver. Eles queimavam como algo que ela não poderia descrever, mas continha também, preocupação e alívio.— Angel! — disse de maneira forte e foi até ela, passando um braço sobre suas pernas e a erguendo. — O médico disse que seu corpo precisa se recuperar,
“Não, não não” — ela repetia para si mesma em desespero.Ela não queria morrer, mas parecia que a morte não desejava deixá-la em paz.— Devolva tudo, irei falar com papai.Dito isso ela correu apressadamente como se sua vida dependesse disso e dependia.— Angel, moças nobres não correm! — brincou e ambos os irmãos riram.Angelina, ergueu uma das mãos e mostrou o dedo do meio para ambos sem olhar para trás, o que os calou.— Ela anda muito ousada. — disse Luke.— Ela é a Angel, não sou eu que vou julgá-la. — respondeu o irmão.— Nem eu.Com isso colocaram as mãos no bolso e se encaminharam para o jardim da frente, onde os criados do príncipe esperavam para entregar os presentes à jovem dama.Enquanto isso, Angelina foi até o escritório de seu pai e entrou sem bater.Duque Bryston ao ver a face branca e desesperada de sua filha, levantou-se e foi até a mesma para ampará-la.— Meu amor, você se sente bem? Dói em algum lugar?— Papai! — Ela disse tentando recuperar o fôlego. — Preciso que
Na calada da noite, após toda a mansão Bryston ir dormir, um vulto passou pelos jardins, indo em direção a um muro com videiras, mas não era um muro qualquer, em uma parte, havia uma pedra que escondia um buraco, ele não era muito grande, mas era do tamanho perfeito para uma jovem, com cerca de 1,65 de altura e esquia passar. Angelina, teve um pouco de dificuldade de remover a pedra de seu local, mas assim que foi possível a mesma se ajoelhou no chão e engatinhou pela passagem, ao chegar fora, pôs-se de pé e limpou suas roupas, ajeitou a alça da bolsa que estava em sua transversal e se preparou para sair, ela mal tinha dado alguns passos quando foi puxada por trás. — Onde pensa que vai? — questionou Asher. Pega em flagrante, ela não esperava ter sido detectada tão facilmente.— Como? — ela perguntou após um suspiro. Ele riu. — Você passou a tarde toda estranha, rondou os jardins enquanto se vigiava, andou fazendo perguntas estranhas aos criados e vi sua dama carregar para o seu q
Ao contrário do que muitos pensam, no seu caso, a morte não veio acompanhada da paz eterna. Acredita-se que o que aconteceu com ela foi nada mais do que um engano. Ela não deveria usar aquelas roupas pesadas, não queria ficar apertada em um espartilho, era doloroso, e os sapatos quase arrancaram seu pé fora.Em contra do que possa parecer, ela sente falta de sua antiga vida, até mesmo de seus pais, embora tenham se visto pouco e tenha ouvido eles brigarem muito. No entanto, para questões de sobrevivência, ela teria que se adaptar. Não era fácil deixar o passado para trás, e isso repercutiu em como ela andava e se portava, o que causou muita estranheza a todos ao seu redor.Não obstante, em algum momento, durante esses poucos dias em que ela se encontrava naquele corpo e naquele mundo, ela sentiu que de alguma forma, Angelina e ela se tornaram uma. O que restou da alma de Angelina foi unificado a ela e a aquele corpo. Ela pôde conhecê-la, obter suas lembranças e, assim, compreender a e
Era lindo, e Angelina ficava sempre apaixonada por cada coisa, vestido ou pessoa que via. Mas logo sua atenção foi tomada quando risadas altas e esganiçadas invadiram o ambiente calmo e acolhedor do comércio. Garotas acabavam de entrar, não mantinham, respeito por quem ali já estavam. Uma delas, ao ver Angelina, correu até ela e a abraçou.— Liny, que bom te ver, por que não avisou que estaria aqui, poderia ter se juntado a nós!Angelina olhou a jovem dos pés à cabeça e não pôde deixar de franzir o cenho ela era estranha.Ela era bonita mas não usava nada que a favorecesse, muita maquiagem, um penteado espalhafatoso alto e cheio de cachos e um vestido que fazia seus seios quase saltarem para fora.Em busca de ajuda, Angelina olhou para sua dama que sussurrou o nome da jovem: ”Sophia Showard”.Tornou a olhar a jovem à sua frente e riu de forma nasal irônica.— Senhorita Showard, não há reconheci, está… diferente…— Gostou? Esta é a nova moda que estou lançando, torna a beleza das mulhe
Eles estavam se encarando.Ela não entendia, como ele poderia ser tão lindo e tão sério ao mesmo tempo.— Acredito que temos assuntos a tratar, acho que você não deseja discutir isso em um beco. Venha comigo. — ele estendeu a mão para ela.— Estou com minha criada, preciso que…— Eu digo a ela. — Kelliny se pronunciou — Se o Grã-duque veio até você para conversar, não acho que você deva desviar do proposto.— Não posso deixá-la sozinha, você me disse que sua criada a espera perto da floricultura.— Não é muito longe, consigo ir sozinha, ninguém vai apontar o dedo para mim e dizer nada, sou Kelliny Francis Kulrich, a filha de um duque, quem ousaria me difamar? — um leve sorriso de canto de lábios surgiu na dama.Angelina sabia que a nova amiga, era realmente uma pessoa que reles mortais não ousariam difamar, mas ela era uma mulher, em qualquer sociedade e época, sempre foi perigoso, não que exista algo como sexo frágil, mas existem pessoas ruins no mundo, que olham o gênero antes de at
— Lorde Graham, acredito que tenha sido surpreendido por minha carta.— Bem, imagine como eu me senti ao ver que uma jovem de vinte e poucos estava me pondo contra a parede quando uma resposta e que não se tratava de um compromisso. — ele se encontrou no sofá, cruzou os braços a olhou — Imagine minha surpresa quando essa mesma jovem ao fim de sua carta me disse que seríamos atacados, não só me deu o local como estava certa. — ele semicerrou os olhos.Ela engoliu em seco.— Veja... eu... bem…— Você não é uma traidora, isso tenho certeza, também sei que não comprou informações ou algo do tipo do outro lado, você é calada, reclusa, comparece a pouco eventos sociais e estuda muito para ser adequada para o cargo de princesa he
Uma ideia lhe veio a mente, e de todas as formas o não ela já tinha, e ele já teria uma justificativa na ponta da maldita língua.— Então case comigo!— Você está noiva.— Isso não nos impediria, pelo contrário ajudaria a romper o noivado.Eles ficaram em silêncio. Não ousando dizer uma palavra se quer, com medo de que o que quer que fosse dito, os levassem para um caminho sem volta. Pela primeira vez desde que esse assunto começou o Calix não tinha uma resposta, ele não sabia o que dizer.— Você não sabe o que está dizendo. — ele disse por fim.— Pelos céus! — ela exclamou e se levantou revoltada — você está sendo misógino!