Ela levou a mão ao rosto e não sentiu nada, nenhuma deformidade. Até que chegou ao espelho e pode respirar com calma. Ela era bonita, uma beleza simples e pura. Seu rosto estava um pouco pálido, mas por ter ficado muito tempo enferma, mas em plena saúde deve ser uma beleza de cabelos castanhos consulados, rosto pequeno e redondo, olhos grandes, nariz arrebitado e lábios carnudos. Ela tinha uma testa lisa, era uma beleza normal e pura, nada do que imaginava sobre como seria era real.
A porta do quarto se abriu abruptamente fazendo Alice… não, Angelina pular em um susto.
Ao se virar viu um jovem alto e forte, ele era bonito, tinhas as mesmas feições que ela, mas as dele era máscula e angulosa. Porém os olhos… mesmo ao longe ela podia ver. Eles queimavam como algo que ela não poderia descrever, mas continha também, preocupação e alívio.
— Angel! — disse de maneira forte e foi até ela, passando um braço sobre suas pernas e a erguendo. — O médico disse que seu corpo precisa se recuperar, você caiu do cavalo, tem sorte de não ter se fraturado! Não devia ter concordado em te ensinar a montar! — ela já não sabia se ele repreendeu a si mesmo ou a ela.
“Asher!” — pensou a jovem enquanto era carregada.
Ele era um dos personagens importantes da história, um cavaleiro templário do norte, que carregava consigo a insígnia do templo. Ele era alguém que, por muitas vezes, salvou a protagonista, mas sempre se culpou pela morte da irmã, pois era ela quem a acompanhava quando tudo acontecia
— Você é tão dramático Asher. — outro jovem apareceu na porta e adentrou o quarto, Luke. Ele aparentava ter seus dezesseis para dezessete anos — Você não deveria estar defendendo o norte?
— E você não deveria estar na academia, estudando? — Asher disse enquanto colocava a jovem na cama e a cobria.
— Consegui uma licença, minha irmã sofreu um acidente, precisava conferir como ela se encontrava.
— Acredito que papai e mamãe lhe informaram que ela estava bem!
O jovem ergueu as sobrancelhas.
Ambos eram tão parecidos, se não fosse pela altura, Luke era apenas alguns centímetros mais baixo que Asher, e tinha o tom mais mais claro dos olhos. Tendo Asher cabelos e olhos escuros como a noite e Luke olhos num tom cinzento nebuloso, como uma noite de tempestade. Poderia até se dizer que eram irmãos gêmeos, isso a fez rir.
Os dois se viraram para ela e ela deu um sorriso amoroso, se era essa sua nova vida, ela só poderia aceitar.
— Continuem, acho que ainda desejo saber como Asher conseguiu licença do norte para vir aqui?
— Ahm, o duque, assim que soube de seu acidente me deu a licença, não precisei pedir.
Ambos a olhavam com determinada curiosidade, Angelina, mesmo com uma cara dócil e um bom coração, pouco sorria era sempre séria e direta no que fazia jamais mediando meias palavras.— Você realmente se sente bem? — Luke se aproximou da cama e tocou a testa da jovem.
— Sim, estou. — piscou sem saber o motivo de tal agitação.
— Acho que deveríamos deixá-la descansar. — se pronunciou Asher.
— Sim, concordo.
Ambos se aproximaram da irmã, deixaram um beijo em sua testa e saíram com calma do quarto fechando a porta.
Angelina esperou alguns minutos antes de se levantar da cama e ir até uma escrivaninha que ficava ao lado direto de sua cama. Pegou na gaveta, papel, frasco com tinta e uma caneta tinteiro. Com um pouco de dificuldade, escreveu alguns rabiscos até conseguir pegar um pouco de prática para escrever algo coerente e traçou a trajetória do livro. Ela sabia os fatos que aconteceriam, mas nada influenciava mais do que a sua morte, seu único propósito era evitá-la. Ela não sabia nem onde ou quando, mas entendia que não poderia deixar a protagonista morrer, isso poderia mudar a história e causar um caos. Uma existência tão pequena quanto a dela só tinha um propósito: salvar Lilibeth. Apenas isso, e após fazer seu papel, nada mais a afetaria.
Poderia ser ganancioso de sua parte, mas ela deseja viver uma vida completa. Namorar, ter amigos, casar, ter filhos… — suspiro — ela não deixaria que sua vida fosse roubada dela novamente.
***
Já havia se passado uma semana, mesmo que sua família dissesse que ela deveria ficar na cama de repouso, ela insistiu em ao menos ficar nos jardins, sol faria bem a sua saúde, e acredite, ela precisava. Estava tão pálida que poderia confundi-la com um fantasma.
Seus irmãos não poderiam ficar muito tempo, por isso, iriam embora naquele dia e ela os esperava para um chá no jardim. Ambos não tardaram muito para chegar, corriam e se empurravam, típico de garotos.
— Meninos, nobres não correm. — ela disse doce e gentilmente.
Os irmãos não puderam deixar de sorrir para ela, sua irmã havia mudado, ela era mais amorosa e aceitava suas demonstrações de carinho. Sorria mais, era mais aberta, eles gostavam desta nova versão dela, não que a anterior não os agradasse, mas não se parecia com a doce Angelina quando pequena.
— Angel! O…
Antes que Luke pudesse falar, foi calado por seu irmão. O mesmo perdeu o equilíbrio e caiu estatelado no chão.
— Sua alteza, o príncipe herdeiro, mandou presentes para você, para sua recuperação
Angelina que havia acabado de beber o chá, não pode deixar de cuspi-lo.
Ela não sabia por que ele havia mandado presentes, no livro não havia qualquer menção deles serem próximos, o rapaz nem sequer havia mencionado a jovem.
— Acredito que há um engano, sua alteza, jamais mandaria algo a para mim, nós nem nos conhecemos.
Ela disse se recuperando e bebendo o chá.
— Como não? Vocês são noivos!
Tudo parou, Angelina acreditou que iria morrer novamente.
“Não, não não” — ela repetia para si mesma em desespero.Ela não queria morrer, mas parecia que a morte não desejava deixá-la em paz.— Devolva tudo, irei falar com papai.Dito isso ela correu apressadamente como se sua vida dependesse disso e dependia.— Angel, moças nobres não correm! — brincou e ambos os irmãos riram.Angelina, ergueu uma das mãos e mostrou o dedo do meio para ambos sem olhar para trás, o que os calou.— Ela anda muito ousada. — disse Luke.— Ela é a Angel, não sou eu que vou julgá-la. — respondeu o irmão.— Nem eu.Com isso colocaram as mãos no bolso e se encaminharam para o jardim da frente, onde os criados do príncipe esperavam para entregar os presentes à jovem dama.Enquanto isso, Angelina foi até o escritório de seu pai e entrou sem bater.Duque Bryston ao ver a face branca e desesperada de sua filha, levantou-se e foi até a mesma para ampará-la.— Meu amor, você se sente bem? Dói em algum lugar?— Papai! — Ela disse tentando recuperar o fôlego. — Preciso que
Na calada da noite, após toda a mansão Bryston ir dormir, um vulto passou pelos jardins, indo em direção a um muro com videiras, mas não era um muro qualquer, em uma parte, havia uma pedra que escondia um buraco, ele não era muito grande, mas era do tamanho perfeito para uma jovem, com cerca de 1,65 de altura e esquia passar. Angelina, teve um pouco de dificuldade de remover a pedra de seu local, mas assim que foi possível a mesma se ajoelhou no chão e engatinhou pela passagem, ao chegar fora, pôs-se de pé e limpou suas roupas, ajeitou a alça da bolsa que estava em sua transversal e se preparou para sair, ela mal tinha dado alguns passos quando foi puxada por trás. — Onde pensa que vai? — questionou Asher. Pega em flagrante, ela não esperava ter sido detectada tão facilmente.— Como? — ela perguntou após um suspiro. Ele riu. — Você passou a tarde toda estranha, rondou os jardins enquanto se vigiava, andou fazendo perguntas estranhas aos criados e vi sua dama carregar para o seu q
Ao contrário do que muitos pensam, no seu caso, a morte não veio acompanhada da paz eterna. Acredita-se que o que aconteceu com ela foi nada mais do que um engano. Ela não deveria usar aquelas roupas pesadas, não queria ficar apertada em um espartilho, era doloroso, e os sapatos quase arrancaram seu pé fora.Em contra do que possa parecer, ela sente falta de sua antiga vida, até mesmo de seus pais, embora tenham se visto pouco e tenha ouvido eles brigarem muito. No entanto, para questões de sobrevivência, ela teria que se adaptar. Não era fácil deixar o passado para trás, e isso repercutiu em como ela andava e se portava, o que causou muita estranheza a todos ao seu redor.Não obstante, em algum momento, durante esses poucos dias em que ela se encontrava naquele corpo e naquele mundo, ela sentiu que de alguma forma, Angelina e ela se tornaram uma. O que restou da alma de Angelina foi unificado a ela e a aquele corpo. Ela pôde conhecê-la, obter suas lembranças e, assim, compreender a e
Era lindo, e Angelina ficava sempre apaixonada por cada coisa, vestido ou pessoa que via. Mas logo sua atenção foi tomada quando risadas altas e esganiçadas invadiram o ambiente calmo e acolhedor do comércio. Garotas acabavam de entrar, não mantinham, respeito por quem ali já estavam. Uma delas, ao ver Angelina, correu até ela e a abraçou.— Liny, que bom te ver, por que não avisou que estaria aqui, poderia ter se juntado a nós!Angelina olhou a jovem dos pés à cabeça e não pôde deixar de franzir o cenho ela era estranha.Ela era bonita mas não usava nada que a favorecesse, muita maquiagem, um penteado espalhafatoso alto e cheio de cachos e um vestido que fazia seus seios quase saltarem para fora.Em busca de ajuda, Angelina olhou para sua dama que sussurrou o nome da jovem: ”Sophia Showard”.Tornou a olhar a jovem à sua frente e riu de forma nasal irônica.— Senhorita Showard, não há reconheci, está… diferente…— Gostou? Esta é a nova moda que estou lançando, torna a beleza das mulhe
Alice escutava atentamente o que o reitor da universidade estava dizendo. Não que ela se importasse muito, nunca foi de sua vontade cursar direito, tão pouco ficar limitada a uma pilha de contratos, ou em um tribunal de justiça tentando defender um criminoso. Em outros casos poderia ser que ela estivesse ali, para defender uma pequena causa de processo relacionado a um aluguel não pago por seis meses. Não. sempre desejou fazer coisas a mais. ficar presa em um escritório cuidado de problemas dos outros, não era o que ela desejava. Mas seus pais, dois grandes e renomados advogados da cidade Y, desejavam que ela traçasse os mesmos passos que eles, ambos criminalistas, já se enfrentaram diversas vezes no tribunal, Alice até suspeitava que isso foi o que provavelmente levou o casamento deles ao fim, não só isso, uma das séries de fatores serviu de influência para o divórcio As pessoas eram assim. Não! O reitor a minha frente era um exemplo. Apenas ele e aqueles a quem ele passou por cim