Capítulo 2

Ela levou a mão ao rosto e não sentiu nada, nenhuma deformidade. Até que chegou ao espelho e pode respirar com calma. Ela era bonita, uma beleza simples e pura. Seu rosto estava um pouco pálido, mas por ter ficado muito tempo enferma, mas em plena saúde deve ser uma beleza de cabelos castanhos consulados, rosto pequeno e redondo, olhos grandes, nariz arrebitado e lábios carnudos. Ela tinha uma testa lisa, era uma beleza normal e pura, nada do que imaginava sobre como seria era real.

A porta do quarto se abriu abruptamente fazendo Alice… não, Angelina pular em um susto. 

Ao se virar viu um jovem alto e forte, ele era bonito, tinhas as mesmas feições que ela, mas as dele era máscula e angulosa. Porém os olhos… mesmo ao longe ela podia ver. Eles queimavam como algo que ela não poderia descrever, mas continha também, preocupação e alívio.

— Angel! — disse de maneira forte e foi até ela, passando um braço sobre suas pernas e a erguendo. — O médico disse que seu corpo precisa se recuperar, você caiu do cavalo, tem sorte de não ter se fraturado! Não devia ter concordado em te ensinar a montar! — ela já não sabia se ele repreendeu a si mesmo ou a ela.

“Asher!” — pensou a jovem enquanto era carregada.

Ele era um dos personagens importantes da história, um cavaleiro templário do norte, que carregava consigo a insígnia do templo. Ele era alguém que, por muitas vezes, salvou a protagonista, mas sempre se culpou pela morte da irmã, pois era ela quem a acompanhava quando tudo acontecia

— Você é tão dramático Asher. — outro jovem apareceu na porta e adentrou o quarto, Luke. Ele aparentava ter seus dezesseis para dezessete anos  — Você não deveria estar defendendo o norte?

— E você não deveria estar na academia, estudando? — Asher disse enquanto colocava a jovem na cama e a cobria.

— Consegui uma licença, minha irmã sofreu um acidente, precisava conferir como ela se encontrava.

— Acredito que papai e mamãe lhe informaram que ela estava bem!

O jovem ergueu as sobrancelhas.

Ambos eram tão parecidos, se não fosse pela altura, Luke era apenas alguns centímetros mais baixo que Asher, e tinha o tom mais mais claro dos olhos. Tendo Asher cabelos e olhos escuros como a noite e Luke olhos num tom cinzento nebuloso, como uma noite de tempestade. Poderia até se dizer que eram irmãos gêmeos, isso a fez rir.

Os dois se viraram para ela e ela deu um sorriso amoroso, se era essa sua nova vida, ela só poderia aceitar.

— Continuem, acho que ainda desejo saber como Asher conseguiu licença do norte para vir aqui?

— Ahm, o duque, assim que soube de seu acidente me deu a licença, não precisei pedir.

Ambos a olhavam com determinada curiosidade, Angelina, mesmo com uma cara dócil e um bom coração, pouco sorria era sempre séria e direta no que fazia jamais mediando meias palavras.

— Você realmente se sente bem? — Luke se aproximou da cama e tocou a testa da jovem.

— Sim, estou. — piscou sem saber o motivo de tal agitação.

— Acho que deveríamos deixá-la descansar. — se pronunciou Asher.

— Sim, concordo.

Ambos se aproximaram da irmã, deixaram um beijo em sua testa e saíram com calma do quarto fechando a porta.

Angelina esperou alguns minutos antes de se levantar da cama e ir até uma escrivaninha que ficava ao lado direto de sua cama.  Pegou na gaveta, papel, frasco com tinta e uma caneta tinteiro. Com um pouco de dificuldade, escreveu alguns rabiscos até conseguir pegar um pouco de prática para escrever algo coerente e traçou a trajetória do livro. Ela sabia os fatos que aconteceriam, mas nada influenciava mais do que a sua morte, seu único propósito era evitá-la. Ela não sabia nem onde ou quando, mas entendia que não poderia deixar a protagonista morrer, isso poderia mudar a história e causar um caos. Uma existência tão pequena quanto a dela só tinha um propósito: salvar Lilibeth. Apenas isso, e após fazer seu papel, nada mais a afetaria.

Poderia ser ganancioso de sua parte, mas ela deseja viver uma vida completa. Namorar, ter amigos, casar, ter filhos… — suspiro — ela não deixaria que sua vida fosse roubada dela novamente.

***

Já havia se passado uma semana, mesmo que sua família dissesse que ela deveria ficar na cama de repouso, ela insistiu em ao menos ficar nos jardins, sol faria bem a sua saúde, e acredite, ela precisava. Estava tão pálida que poderia confundi-la com um fantasma.

Seus irmãos não poderiam ficar muito tempo, por isso, iriam embora naquele dia e ela os esperava para um chá no jardim. Ambos não tardaram muito para chegar, corriam e se empurravam, típico de garotos.

— Meninos, nobres não correm. — ela disse doce e gentilmente.

Os irmãos não puderam deixar de sorrir para ela, sua irmã havia mudado, ela era mais amorosa e aceitava suas demonstrações de carinho. Sorria mais, era mais aberta, eles gostavam desta nova versão dela, não que a anterior não os agradasse, mas não se parecia com a doce Angelina quando pequena.

— Angel! O…

Antes que Luke pudesse falar, foi calado por seu irmão. O mesmo perdeu o equilíbrio e caiu estatelado no chão.

— Sua alteza, o príncipe herdeiro, mandou presentes para você, para sua recuperação

Angelina que havia acabado de beber o chá, não pode deixar de cuspi-lo.

Ela não sabia por que ele havia mandado presentes, no livro não havia qualquer menção deles serem próximos, o rapaz nem sequer havia mencionado a jovem.

— Acredito que há um engano, sua alteza, jamais mandaria algo a para mim, nós nem nos conhecemos.

Ela disse se recuperando e bebendo o chá.

— Como não? Vocês são noivos!

Tudo parou, Angelina acreditou que iria morrer novamente.

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