Capítulo 3

“Não, não não” — ela repetia para si mesma em desespero.

Ela não queria morrer, mas parecia que a morte não desejava deixá-la em paz.

— Devolva tudo, irei falar com papai.

Dito isso ela correu apressadamente como se sua vida dependesse disso e dependia.

— Angel, moças nobres não correm! — brincou e ambos os irmãos riram.

Angelina, ergueu uma das mãos e mostrou o dedo do meio para ambos sem olhar para trás, o que os calou.

— Ela anda muito ousada. — disse Luke.

— Ela é a Angel, não sou eu que vou julgá-la. — respondeu o irmão.

— Nem eu.

Com isso colocaram as mãos no bolso e se encaminharam para o jardim da frente, onde os criados do príncipe esperavam para entregar os presentes à jovem dama.

Enquanto isso, Angelina foi até o escritório de seu pai e entrou sem bater.

Duque Bryston ao ver a face branca e desesperada de sua filha, levantou-se e foi até a mesma para ampará-la.

— Meu amor, você se sente bem? Dói em algum lugar?

— Papai! — Ela disse tentando recuperar o fôlego. — Preciso que cancele o noivado com o príncipe.

Surpreso, ele teve que pensar por um momento.

— Angelina Bryston, esse noivado foi um pedido seu. Desde seus cincos anos, você sempre foi apaixonada por ele! Agora deseja cancelar o noivado?

— Sim!

— Tudo bem. — o duque se encaminhou até sua mesa e sentou-se. — Sente-se e me explique o por que de não querer mais estar com o príncipe.

“Eu vou morrer se ficar com ele!”  — ela desejou gritar, mas sabia que não era possível, ele não entenderia e não lhe daria o crédito. 

Ela caminhou até a mesa de seu pai e suspirou ao se sentar.

— Eu não o amo. Eu cresci, sei o que isso custará a nossa família, farei o possível para reparar qualquer erro que surja. Mas não posso pai, não quero entrar em um casamento, onde meu marido amará outra. Eu mereço um coração por inteiro e não os restos de alguém. — ela respirou fundo — Ele nem ao menos se dignou a vir aqui me ver enquanto estiver acamada. Presentes não vão preencher o espaço vazio em meu coração.

O duque não pode deixar de limpar a garganta. Ele se sentia orgulhoso de sua filha. Desde jovem ela nutria sentimentos pelo príncipe. Ele sempre teve receio quanto ao envolvimento de sua filha com sua alteza, poderia ser pelo fato de ele ser o pai da jovem, mas ele sentia que ela não seria feliz naquele relacionamento. Ele tentou protegê-la dos males do palácio real, mas não esperava uma intimação do príncipe herdeiro para noivar com Angelina

Não obstante, agora que sua filha desejava terminar o noivado, ele o faria. Não importa o que tiver que ser feito. Sua majestade lhe devia alguns favores, claro que ele pretendia usá-los em algum outro momento, mas sua filha valia mais do que qualquer outra coisa, sua felicidade era seu maior tesouro.

— Tudo bem, falarei com sua majestade, creio que ele entendera nossos anseios. — seu pai lhe sorriu docemente — Mas, o que pretende fazer após o término, espero que não esteja pensando em namo…

— Pretendo ir ao norte, papai. — seu pai se calou estupefato — Sei que está tendo uma guerra, mas não podemos deixar, há muitos cidadãos e cavaleiros de nosso reino feridos. Não posso deixar que isso fique assim. Como parte desta sociedade, desejo ajudar quem for preciso.

— Não! — ele disse ríspido — Não deixarei que um filho meu vá aonde está acontecendo uma guerra.

— Então diga para Asher voltar, pois é para lá que ele retornará hoje!

— Seu irmão é um cavaleiro é o dever dele.

— E quanto a mim, pai? Não achei um propósito, não quero ser uma simples nobre que vai a festas e frequenta a alta sociedade regularmente. Quero ser alguém que ajuda os outros e não apenas com dinheiro, mas gestos e razões.

Ela estava exasperada, precisava ir embora da capital, sabia que o príncipe iria atrás dela, afinal o que ele precisava era o apoio do duque.

O mesmo olhava para sua filha e não podia dizer o que se passava em seus olhos, uma mistura de emoções, ele entendia sua filha, mas não desejava tê-la longe, ele precisava dela por perto.

— Angelina eu…

— Pai, por favor. Nunca fui uma filha exigente, jamais causei qualquer problema, juro que irei me proteger e ficarei longe da zona de guerra. 

O silêncio reinou no ambiente do escritório, ambos se encaravam, ela em busca de uma resposta e ele em busca de uma razão.

No fim ela venceu.

— Me dê um tempo, irei encaminhar uma carta para o Grã-duque através de seu irmão, acredito que em meio mês teremos uma resposta, você só irá caso ele aceite-a como hóspede em seu castelo.

Bem, era uma meia vitória, mas ainda sim, algo para se agarrar.

— Peço que o término do noivado seja dado início após a minha partida, e se sua alteza procurar por mim, diga que estou muito enferma e que não poderei recebê lo. — pediu ao pai, ela deu a volta na mesa e o abraçou. — Obrigada pai, juro que não irá se arrepender.

Com isso ela saiu eufórica da sala, enquanto saia o mordomo entrou apressadamente e ao subir as escadas ela ouviu a gargalhada de seu pai.

— Essa é a minha garota. — ele disse bem alto.

Apressadamente ela foi até seu quarto, trancou a porta e pegou papel e a caneta tinteiro, ela precisava escrever para o Grã-duque.

Sua Excelência,

Sei que pode lhe parecer repentino escrever a ti uma carta, logo quando recebe uma também de meu pai, já lhe adianto que ambas são pelo mesmo motivo, desejo ir ao norte e ajudar o povo, porém, creio que já que pisarei em suas terras nada mais do que ser justa e contar-lhe a verdade.

Em Breve meu noivado com sua alteza será cancelado, preciso de sua ajuda, sabemos que o que ele mais preza é o poder e que na verdade ele não passa de uma marionete de seus pais e eles desejam se e ter todo o poder, como se uma coroa em suas cabeças não fosse o suficiente…

Rogo, em boa fé para que me aceite por livre e espontânea vontade em suas terras, prometo me manter longe da zona de guerra e não causar quaisqueres danos ou prejuízo, Ajudarei no povoado os feridos e famintos, as crianças que precisaram de aconchego, segurança conforto.

Este é um pedido amigável.

Atenciosamente,

Angelina Marian Bryston.

P.S: A tropa inimiga pretende atacar pelo centro-oeste, entre as colinas escarlate.

Se deseja saber como sei, terá que me levar até você”

Após escrever a carta ela a colocou em um envelope e pediria encarecidamente que seu irmão entregasse ao duque.

Claro, ela sabia como e onde as tropas inimigas atacaram. Ela havia lido isso no livro, pois foi onde o Grã-duque se machucou e ficou gravemente ferido, pois suas tropas foram atacadas em uma emboscada.

Ela não deixaria que isso acontecesse com ele, não enquanto ela vivesse.

Ela se levantou e foi até a porta e chamou sua criada.

— Precisamos sair. — Sorriu maliciosamente.

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