“Não, não não” — ela repetia para si mesma em desespero.
Ela não queria morrer, mas parecia que a morte não desejava deixá-la em paz.
— Devolva tudo, irei falar com papai.
Dito isso ela correu apressadamente como se sua vida dependesse disso e dependia.
— Angel, moças nobres não correm! — brincou e ambos os irmãos riram.
Angelina, ergueu uma das mãos e mostrou o dedo do meio para ambos sem olhar para trás, o que os calou.
— Ela anda muito ousada. — disse Luke.
— Ela é a Angel, não sou eu que vou julgá-la. — respondeu o irmão.
— Nem eu.
Com isso colocaram as mãos no bolso e se encaminharam para o jardim da frente, onde os criados do príncipe esperavam para entregar os presentes à jovem dama.
Enquanto isso, Angelina foi até o escritório de seu pai e entrou sem bater.
Duque Bryston ao ver a face branca e desesperada de sua filha, levantou-se e foi até a mesma para ampará-la.
— Meu amor, você se sente bem? Dói em algum lugar?
— Papai! — Ela disse tentando recuperar o fôlego. — Preciso que cancele o noivado com o príncipe.
Surpreso, ele teve que pensar por um momento.
— Angelina Bryston, esse noivado foi um pedido seu. Desde seus cincos anos, você sempre foi apaixonada por ele! Agora deseja cancelar o noivado?
— Sim!
— Tudo bem. — o duque se encaminhou até sua mesa e sentou-se. — Sente-se e me explique o por que de não querer mais estar com o príncipe.
“Eu vou morrer se ficar com ele!” — ela desejou gritar, mas sabia que não era possível, ele não entenderia e não lhe daria o crédito.
Ela caminhou até a mesa de seu pai e suspirou ao se sentar.
— Eu não o amo. Eu cresci, sei o que isso custará a nossa família, farei o possível para reparar qualquer erro que surja. Mas não posso pai, não quero entrar em um casamento, onde meu marido amará outra. Eu mereço um coração por inteiro e não os restos de alguém. — ela respirou fundo — Ele nem ao menos se dignou a vir aqui me ver enquanto estiver acamada. Presentes não vão preencher o espaço vazio em meu coração.
O duque não pode deixar de limpar a garganta. Ele se sentia orgulhoso de sua filha. Desde jovem ela nutria sentimentos pelo príncipe. Ele sempre teve receio quanto ao envolvimento de sua filha com sua alteza, poderia ser pelo fato de ele ser o pai da jovem, mas ele sentia que ela não seria feliz naquele relacionamento. Ele tentou protegê-la dos males do palácio real, mas não esperava uma intimação do príncipe herdeiro para noivar com Angelina
Não obstante, agora que sua filha desejava terminar o noivado, ele o faria. Não importa o que tiver que ser feito. Sua majestade lhe devia alguns favores, claro que ele pretendia usá-los em algum outro momento, mas sua filha valia mais do que qualquer outra coisa, sua felicidade era seu maior tesouro.
— Tudo bem, falarei com sua majestade, creio que ele entendera nossos anseios. — seu pai lhe sorriu docemente — Mas, o que pretende fazer após o término, espero que não esteja pensando em namo…
— Pretendo ir ao norte, papai. — seu pai se calou estupefato — Sei que está tendo uma guerra, mas não podemos deixar, há muitos cidadãos e cavaleiros de nosso reino feridos. Não posso deixar que isso fique assim. Como parte desta sociedade, desejo ajudar quem for preciso.
— Não! — ele disse ríspido — Não deixarei que um filho meu vá aonde está acontecendo uma guerra.
— Então diga para Asher voltar, pois é para lá que ele retornará hoje!
— Seu irmão é um cavaleiro é o dever dele.
— E quanto a mim, pai? Não achei um propósito, não quero ser uma simples nobre que vai a festas e frequenta a alta sociedade regularmente. Quero ser alguém que ajuda os outros e não apenas com dinheiro, mas gestos e razões.
Ela estava exasperada, precisava ir embora da capital, sabia que o príncipe iria atrás dela, afinal o que ele precisava era o apoio do duque.
O mesmo olhava para sua filha e não podia dizer o que se passava em seus olhos, uma mistura de emoções, ele entendia sua filha, mas não desejava tê-la longe, ele precisava dela por perto.
— Angelina eu…
— Pai, por favor. Nunca fui uma filha exigente, jamais causei qualquer problema, juro que irei me proteger e ficarei longe da zona de guerra.
O silêncio reinou no ambiente do escritório, ambos se encaravam, ela em busca de uma resposta e ele em busca de uma razão.
No fim ela venceu.
— Me dê um tempo, irei encaminhar uma carta para o Grã-duque através de seu irmão, acredito que em meio mês teremos uma resposta, você só irá caso ele aceite-a como hóspede em seu castelo.
Bem, era uma meia vitória, mas ainda sim, algo para se agarrar.
— Peço que o término do noivado seja dado início após a minha partida, e se sua alteza procurar por mim, diga que estou muito enferma e que não poderei recebê lo. — pediu ao pai, ela deu a volta na mesa e o abraçou. — Obrigada pai, juro que não irá se arrepender.
Com isso ela saiu eufórica da sala, enquanto saia o mordomo entrou apressadamente e ao subir as escadas ela ouviu a gargalhada de seu pai.
— Essa é a minha garota. — ele disse bem alto.
Apressadamente ela foi até seu quarto, trancou a porta e pegou papel e a caneta tinteiro, ela precisava escrever para o Grã-duque.
“Sua Excelência,
Sei que pode lhe parecer repentino escrever a ti uma carta, logo quando recebe uma também de meu pai, já lhe adianto que ambas são pelo mesmo motivo, desejo ir ao norte e ajudar o povo, porém, creio que já que pisarei em suas terras nada mais do que ser justa e contar-lhe a verdade.
Em Breve meu noivado com sua alteza será cancelado, preciso de sua ajuda, sabemos que o que ele mais preza é o poder e que na verdade ele não passa de uma marionete de seus pais e eles desejam se e ter todo o poder, como se uma coroa em suas cabeças não fosse o suficiente…Rogo, em boa fé para que me aceite por livre e espontânea vontade em suas terras, prometo me manter longe da zona de guerra e não causar quaisqueres danos ou prejuízo, Ajudarei no povoado os feridos e famintos, as crianças que precisaram de aconchego, segurança conforto.
Este é um pedido amigável.Atenciosamente,Angelina Marian Bryston.P.S: A tropa inimiga pretende atacar pelo centro-oeste, entre as colinas escarlate.
Se deseja saber como sei, terá que me levar até você”
Após escrever a carta ela a colocou em um envelope e pediria encarecidamente que seu irmão entregasse ao duque.
Claro, ela sabia como e onde as tropas inimigas atacaram. Ela havia lido isso no livro, pois foi onde o Grã-duque se machucou e ficou gravemente ferido, pois suas tropas foram atacadas em uma emboscada.
Ela não deixaria que isso acontecesse com ele, não enquanto ela vivesse.
Ela se levantou e foi até a porta e chamou sua criada.
— Precisamos sair. — Sorriu maliciosamente.
Na calada da noite, após toda a mansão Bryston ir dormir, um vulto passou pelos jardins, indo em direção a um muro com videiras, mas não era um muro qualquer, em uma parte, havia uma pedra que escondia um buraco, ele não era muito grande, mas era do tamanho perfeito para uma jovem, com cerca de 1,65 de altura e esquia passar. Angelina, teve um pouco de dificuldade de remover a pedra de seu local, mas assim que foi possível a mesma se ajoelhou no chão e engatinhou pela passagem, ao chegar fora, pôs-se de pé e limpou suas roupas, ajeitou a alça da bolsa que estava em sua transversal e se preparou para sair, ela mal tinha dado alguns passos quando foi puxada por trás. — Onde pensa que vai? — questionou Asher. Pega em flagrante, ela não esperava ter sido detectada tão facilmente.— Como? — ela perguntou após um suspiro. Ele riu. — Você passou a tarde toda estranha, rondou os jardins enquanto se vigiava, andou fazendo perguntas estranhas aos criados e vi sua dama carregar para o seu q
Ao contrário do que muitos pensam, no seu caso, a morte não veio acompanhada da paz eterna. Acredita-se que o que aconteceu com ela foi nada mais do que um engano. Ela não deveria usar aquelas roupas pesadas, não queria ficar apertada em um espartilho, era doloroso, e os sapatos quase arrancaram seu pé fora.Em contra do que possa parecer, ela sente falta de sua antiga vida, até mesmo de seus pais, embora tenham se visto pouco e tenha ouvido eles brigarem muito. No entanto, para questões de sobrevivência, ela teria que se adaptar. Não era fácil deixar o passado para trás, e isso repercutiu em como ela andava e se portava, o que causou muita estranheza a todos ao seu redor.Não obstante, em algum momento, durante esses poucos dias em que ela se encontrava naquele corpo e naquele mundo, ela sentiu que de alguma forma, Angelina e ela se tornaram uma. O que restou da alma de Angelina foi unificado a ela e a aquele corpo. Ela pôde conhecê-la, obter suas lembranças e, assim, compreender a e
Era lindo, e Angelina ficava sempre apaixonada por cada coisa, vestido ou pessoa que via. Mas logo sua atenção foi tomada quando risadas altas e esganiçadas invadiram o ambiente calmo e acolhedor do comércio. Garotas acabavam de entrar, não mantinham, respeito por quem ali já estavam. Uma delas, ao ver Angelina, correu até ela e a abraçou.— Liny, que bom te ver, por que não avisou que estaria aqui, poderia ter se juntado a nós!Angelina olhou a jovem dos pés à cabeça e não pôde deixar de franzir o cenho ela era estranha.Ela era bonita mas não usava nada que a favorecesse, muita maquiagem, um penteado espalhafatoso alto e cheio de cachos e um vestido que fazia seus seios quase saltarem para fora.Em busca de ajuda, Angelina olhou para sua dama que sussurrou o nome da jovem: ”Sophia Showard”.Tornou a olhar a jovem à sua frente e riu de forma nasal irônica.— Senhorita Showard, não há reconheci, está… diferente…— Gostou? Esta é a nova moda que estou lançando, torna a beleza das mulhe
Eles estavam se encarando.Ela não entendia, como ele poderia ser tão lindo e tão sério ao mesmo tempo.— Acredito que temos assuntos a tratar, acho que você não deseja discutir isso em um beco. Venha comigo. — ele estendeu a mão para ela.— Estou com minha criada, preciso que…— Eu digo a ela. — Kelliny se pronunciou — Se o Grã-duque veio até você para conversar, não acho que você deva desviar do proposto.— Não posso deixá-la sozinha, você me disse que sua criada a espera perto da floricultura.— Não é muito longe, consigo ir sozinha, ninguém vai apontar o dedo para mim e dizer nada, sou Kelliny Francis Kulrich, a filha de um duque, quem ousaria me difamar? — um leve sorriso de canto de lábios surgiu na dama.Angelina sabia que a nova amiga, era realmente uma pessoa que reles mortais não ousariam difamar, mas ela era uma mulher, em qualquer sociedade e época, sempre foi perigoso, não que exista algo como sexo frágil, mas existem pessoas ruins no mundo, que olham o gênero antes de at
— Lorde Graham, acredito que tenha sido surpreendido por minha carta.— Bem, imagine como eu me senti ao ver que uma jovem de vinte e poucos estava me pondo contra a parede quando uma resposta e que não se tratava de um compromisso. — ele se encontrou no sofá, cruzou os braços a olhou — Imagine minha surpresa quando essa mesma jovem ao fim de sua carta me disse que seríamos atacados, não só me deu o local como estava certa. — ele semicerrou os olhos.Ela engoliu em seco.— Veja... eu... bem…— Você não é uma traidora, isso tenho certeza, também sei que não comprou informações ou algo do tipo do outro lado, você é calada, reclusa, comparece a pouco eventos sociais e estuda muito para ser adequada para o cargo de princesa he
Uma ideia lhe veio a mente, e de todas as formas o não ela já tinha, e ele já teria uma justificativa na ponta da maldita língua.— Então case comigo!— Você está noiva.— Isso não nos impediria, pelo contrário ajudaria a romper o noivado.Eles ficaram em silêncio. Não ousando dizer uma palavra se quer, com medo de que o que quer que fosse dito, os levassem para um caminho sem volta. Pela primeira vez desde que esse assunto começou o Calix não tinha uma resposta, ele não sabia o que dizer.— Você não sabe o que está dizendo. — ele disse por fim.— Pelos céus! — ela exclamou e se levantou revoltada — você está sendo misógino!
“A vida é feita de escolhas e eu acredito que em algum momento eu devo ter escolhido o que estou passando hoje, pois não era possível que alguém poderia não passar para a paz eterna e ter que aturar uma vida conturbada. Senhor, se em algum momento eu reclamei da minha, me perdoe, mas não foi isso que pedi não.” Angelina pensou com um suspiro.Ela esperou.Após a conversa com o grã-duque, ela realmente esperou, mas ele não veio, ela não o viu ou sentiu sua sombra, e isso tinha dois dias, ela estava ansiosa.Enquanto isso, Asher estava de volta, quando seus pais o questionaram sobre o motivo, ele apenas informou que estava ali a mando do senhor Norte, O salafrário, como sua irmã se referia a ele agora, servia ao templo, mas continuava a obedecer ao duque, o motivo era simples, todos aquele mandados ao Norte, mesmo sob o tí
— Minha noiva eu… — Guarde uma coisa nessa sua cabeça. — ela o olhava com ódio — Não sou e nunca serei sua, Alteza! — Angelina, por favor, não faça isso conosco. — ele se adiantou e a segurou em seus braços a abraçando, ela se contorceu tentando sair — Eu te amo, você sabe disso, melhor que ninguém jamais será capaz de ocupar seu lugar em meu coração. — ela parou e ele viu que ela estava mais alma. “Palavras doces.” — seu pai dissera uma vez. — “Isso será capaz de acalmar até as mais bravas e valentes mulheres.” Ela tentou se afastar um pouco e ele permitiu, mas não permitindo que ela fosse muito longe de seu alcance. Ela ergueu a cabeça e ele pode ver, pela primeira vez que os olhos antes opacos, sem vida e resignados, aqueles olhos que o fizeram implorar ao pai quando pequeno que o noiva-se com a jovem, ardiam, cardiam com intenso fogo, como se