A sala do grande salão estava iluminada com tochas que lançavam sombras dançantes pelas paredes. O cheiro de carne assada, pão fresco e especiarias preenchia o ar, enquanto todos riam e conversavam animadamente, ao redor da longa mesa de madeira.
Ragnar estava sentado à cabeceira, com Astrid à sua direita e Bjorn à esquerda. Erik e Sigrid, Sigurd e Ylva, Fredo, Rolf e Thyra, todos estavam presentes. Thor e Bodilla riam juntos e até os mais jovens se divertiam. No entanto, uma ausência importante não passou despercebida pelo Meishu.
Ragnar olhou ao redor, seu olhar perscrutando cada canto da sala. Ele franziu o cenho e bateu a mão na mesa, fazendo todos se calarem. A risada de Erik foi interrompida no meio.
— Onde está Hella?
O sol da tarde banhava os corredores do castelo com um brilho dourado e acolhedor. Hella estava sentada em um banco de madeira, perto dos jardins internos, enquanto penteava seus longos cabelos escuros. Ao seu lado, Kiara, irmã de Ragnar, falava com empolgação, os olhos azuis brilhando de alegria.— Você não vai acreditar, Hella! Ele é diferente de todos os outros… — Kiara sorria largo, mexendo nos próprios cabelos com nervosismo. — Ur é forte, destemido… mas ao mesmo tempo, tão gentil comigo. Ele me trata como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.Hella riu, encantada com o entusiasmo da tia.— Você está completamente ap
O sol nascia lentamente sobre os vales verdejantes da Terra Média, pintando o céu com tons dourados e rosados. A paz conquistada com tanto sacrifício, pairava como uma canção suave nos corações de todos.O mundo havia mudado.Não existiam mais muros separando as nações. Não havia mais reis e povos vivendo sob a sombra da guerra e do medo.O sonho de Ragnar se tornou realidade.No alto do castelo, Ragnar Thorsen estava em pé, contemplando a vastidão de seu reino. Ao seu lado, Astrid, sua eterna rainha, segurava sua mão. O vento suave acariciava seus cabelos e os envolvia em um abraço invisível, como se os deuses estivessem ali, testemunhando aquele momento de serenidade.—
Por séculos, o território de Wester foi marcado por sangue e destruição. Na tentativa de pôr fim ao ciclo interminável de guerras, os líderes das cinco grandes nações decidiram formar uma aliança histórica. Uma muralha colossal foi erguida, isolando os reinos dos bárbaros que habitavam além das fronteiras. Para consolidar essa união, decretou-se que os nobres selariam casamentos estratégicos entre seus herdeiros, mantendo seus sangues puros e proibindo qualquer vínculo com os bárbaros. A desobediência significaria traição e exílio.Os reinos de Wester eram: Reino do Fogo, liderado por Thorstein Freysson; Reino do Vento, governado por Vidar Jotunsson; Reino da Água, sob o comando de Eldrid Hjalmarsson; Reino da Terra, liderado por Gudrun Vargdottir; Reino do Relâmpago, governado por Ulf Thorsen.A paz foi garantida com o revezamento do poder entre os cinco reis, cada um governando como “Guardião dos Reinos” por cinco anos. As alianças matrimoniais eram o pilar dessa estab
Os cinco anos de Thorstein Freysson como Guardião dos Reinos haviam chegado ao fim. O cetro do poder, símbolo da unidade das cinco grandes nações, estava prestes a ser entregue a Vidar Jotunsson, o respeitado e benevolente rei do Reino do Vento. No entanto, uma tragédia inesperada mudou o curso da história: Vidar foi acometido por uma febre misteriosa e faleceu, mergulhando Wester em um estado de incerteza e temor.Conhecido por sua prosperidade, o Reino do Vento era um dos pilares das cinco nações. Suas terras férteis e avançadas técnicas de irrigação garantiam abundância, enquanto o raro metal de suas minas forjava as espadas mais cobiçadas do continente. Mas o que realmente diferenciava o Reino do Vento era o Altseende, um poder ocular lendário que, embora dormente por gerações, era capaz de revelar a energia vital dos oponentes e garantir vitórias avassaladoras em combate.Vidar, apesar de sua bondade e sabedoria, não era herdeiro desse dom, e muitos temiam que o poder pudesse desp
Enquanto isso, no Reino dos Ventos…Astrid estava em seus aposentos, a mente atormentada pelas lembranças e pressões recentes. Sigrid, sua fiel amiga e confidente, tentava consolá-la.— Sigrid, meu pai morreu, e agora estamos vulneráveis. Gudrun, o rei do Reino da Terra, já deve estar tramando algo. Ele é aliado de Einar, do Reino da Água, e todos sabem que Einar sempre quis unir nossos reinos… Não por amor, mas pelo poder. Meu pai sempre me alertou sobre isso. Ele temia mais do que qualquer coisa a profecia que desperta poderes proibidos quando nossos sangues se unem.— Seu pai sabia que Einar jamais a faria feliz, Astrid. Ele sempre quis que você se casasse por amor, nunca por política.— Amor? Sigrid, não posso mais sonhar com isso. Estou sozinha agora… — respondeu Astrid, com tristeza.Sigrid segurou sua mão.— Você não está sozinha. Leif nunca permitirá que algo aconteça a você.Nesse momento, Leif entrou no quarto. Seus olhos azuis estavam pesados, revelando o peso das decisões q
O sol começava a pintar o céu com tons alaranjados quando Rolf cruzou os portões do Reino do Norte. Filho de Magnus Gormsson e representante do Reino do Vento, ele trazia consigo não apenas uma missão diplomática, mas também o peso de um segredo poderoso: a habilidade oculta de controlar os movimentos de seus oponentes, transformando-os em meros fantoches em suas mãos. Apesar de habilidoso no campo de batalha, Rolf preferia a estratégia à violência, mantendo seu dom nas sombras, onde ninguém poderia prever sua força.À medida que se aproximava das muralhas imponentes do castelo, uma mistura de rusticidade e engenhosidade chamou sua atenção. Eram selvagens, sim, mas não meros bárbaros. Havia sabedoria em suas construções, um eco dos renegados das cinco nações que haviam se juntado a eles ao longo dos anos, trazendo conhecimentos que moldaram a cultura do Norte.Montado em seu cavalo branco, Rolf avistou a guardiã da entrada: uma mulher impressionante, de beleza feroz e presença magnétic
O sol já estava alto quando Ragnar, Erik, Sigurd e Rolf deixaram os portões do Reino do Norte para trás, cavalgando em direção ao Reino da Terra. Sob a liderança de Ragnar, os bárbaros tinham pressa: a jornada, que deveria durar dois dias, seria encurtada pela determinação do rei em não parar para descansar.O Reino do Norte ficava agora sob os cuidados de Arne, braço direito de Ragnar e um homem de confiança. Enquanto isso, o grupo seguia em frente, sua presença carregada de uma força que parecia abalar o próprio ar ao redor. Ragnar, montado em seu cavalo negro, era a própria personificação do poder bruto. Vestia calças de couro espessas e peles que simbolizavam sua natureza indomável. Seu peito tatuado com símbolos tribais permanecia à mostra, e suas longas tranças, junto com a barba imponente, conferiam-lhe um ar de realeza selvagem. Presas às costas, suas duas espadas eram um lembrete silencioso de que ele nunca se afastava do campo de batalha.No Reino da Terra, a princesa Astrid
No Reino da Terra— Com a morte do rei Vidar e o fato dele não ter escolhido um pretendente para a princesa Astrid, seu primo assumiu o trono temporariamente. Foi isso que aconteceu, Tyr? — perguntou Gudrun, olhando para seu general.— Sim, majestade. Existem rumores que Einar Hjalmarsson, herdeiro do Reino das Águas, tem interesse em se casar com a princesa Astrid.— Se esse casamento acontecer, o cetro passaria para as mãos de Eldrid, seu pai, até que Einar assuma o reino?— Majestade, isso pode ser solicitado por Eldrid, uma vez que envolve a princesa, mas a decisão é do conselho. — confirmou Tyr.— E se a mesma febre que atingiu o rei levar a princesa? — perguntou Gudrun, com um sorriso malicioso surgindo em seus lábios.— Nesse caso, o cetro seria seu como programado, majestade. O senhor assumiria a posição de Guardião dos Reinos. — respondeu Tyr.O rei sorriu amplamente.— Tyr, por favor, chame meu conselheiro, Senhor Verner. Tenho um pequeno serviço para ele.No Reino dos Vent