Prólogo
“O homem que profere a sentença, deve brandir a espada. Se você fosse tirar a vida de um homem, deveria olhar em seus olhos e ouvir suas palavras finais, mas se não suportar fazer isso, talvez o homem não mereça morrer.”
O derramamento de sangue permeia há séculos no território de Wester. Para pôr fim a esse conflito incessante, os líderes das cinco grandes nações decidiram formar uma aliança.
Uma imponente muralha foi erguida, separando os reinos dos que não possuíam clã, conhecidos apenas como bárbaros. Para consolidar essa união, acordou-se uma aliança matrimonial entre os nobres e seus herdeiros, vedando qualquer vínculo entre os sangues puros e os bárbaros que habitavam além das muralhas. Aquele que ousasse se envolver com esses últimos, seria considerado traidor e expulso de seu reino.
Os cinco reinos eram:
Reino do Fogo, sob a liderança de Thorstein Freysson,
Reino do Vento, governado por Vidar Jotunsson,
Reino da Água, liderado por Eldrid Hjalmarsson,
Reino da Terra, sob o comando de Gudrun Vargdottir,
Reino do Relâmpago, liderado por Ulf Thorsen.
Para evitar conflitos, além de governar seu próprio reino, ficou estabelecido que cada rei assumiria como “Guardião dos Reinos” por um período de cinco anos, tendo dos demais, obediência e respeito. Assim, o poder fluiria entre os cinco líderes, assegurando que não houvesse traidores. Os pactos eram selados através dos casamentos entre os herdeiros, perpetuando a aliança.
Bjorn Thorsen, herdeiro do Reino do Relâmpago, estava prometido à herdeira do Reino da Terra, Ingrid Vargdottir. No entanto, ele possuía um espírito aventureiro e ao explorar além das muralhas, encontrou Lagertha, uma selvagem de cabelos vermelhos, por quem se apaixonou perdidamente.
Um amor puro, mas estritamente proibido. Apesar das advertências de seu pai, Bjorn persistiu em seu romance até o dia em que foi traído por quem menos esperava, seu melhor amigo, Grim Thorsteinsson, que sempre nutriu uma inveja silenciosa por ele, também se apaixonou pela selvagem. Contudo o coração da jovem já pertencia ao jovem príncipe herdeiro.
A situação se complicou e os amantes foram perseguidos. Para salvar Lagertha e evitar que o Reino do Relâmpago fosse expulso do grande grupo dos reinos, ambos decidiram pôr fim ao romance. Cada um retornou às suas obrigações, enfrentando o peso da responsabilidade e a dor da separação. O que não sabiam era que Lagertha carregava em seu ventre o fruto de um amor proibido, que viria a desencadear uma tempestade colossal entre os reinos.
Gudrun Vargdottir, governante do Reino da Terra e pai da prometida de Bjorn, estava consumido pela ira e temia o pior. Em segredo, resolveu consultar uma feiticeira centenária conhecida como Gunnhild, que habitava as montanhas além das muralhas e era famosa por seus feitiços malignos.
Logo que chegou, Gudrun descobriu da forma mais dolorosa que a relação entre o jovem príncipe e a selvagem tinha dado frutos, tratava-se de uma revelação que poderia arruinar todos os seus planos. Desesperado, fez um pacto de sangue com a feiticeira, oferecendo sua alma mortal em troca de vingança.
Para que o feitiço fosse concluído, três itens eram necessários: um pedaço de cabelo da mulher de fios ruivos, gotas de sangue do seu inimigo e um pedaço de sua carne, extraído de bom grado. Com esses elementos reunidos, invocou o espírito de Jotun, conhecido como “demônio da morte”.
Em troca de sua alma, Gudrun recebeu um demônio astuto, selvagem e impiedoso, que se alimentava de sangue e passaria a habitar o corpo da selvagem. No momento do parto, esse demônio reivindicaria as almas da mãe e do filho.
Entretanto, além das forças das trevas, havia também as forças de luz.
No reino dos selvagens, uma anciã chamada Siv possuía conexões místicas com os espíritos da natureza. Ela recebeu uma visão aterrorizante sobre o futuro da princesa da tribo selvagem. Ela alertou Lagertha sobre seu trágico destino: para salvar uma vida, uma alma deveria ser entregue ao demônio.
Lagertha teria que escolher entre sua própria vida e a de seu filho. Se o garoto fosse o escolhido, uma antiga profecia se realizaria: Um guerreiro que derrubaria as muralhas e unificaria os reinos.
Em um ato de amor, ela escolheu pela vida de seu filho. Assim, um pacto foi firmado, criando um selo que conteria a fúria da besta. A magia traçou o destino do menino, que ficaria condenado a carregar o peso da solidão e o fardo de um poder imenso dentro de si. Anos se passaram e o menino cresceu sem saber sua verdadeira origem, sendo criado pela anciã Siv para se tornar o guardião da tribo, protegendo e arriscando sua vida pelo seu povo.
Nas terras do Norte, além das muralhas...
— Este ano, o cetro do poder ficará com o Herdeiro do Vento. Ouvi rumores de que seu sobrinho abriu mão do trono, não quer assumir o peso da coroa. Deixará sua prima se casar e ao atingir a maioridade, ela assumirá o trono. O garoto só deseja servir seu rei como general de seu exército.
— Pouco me importa, Erik. O que acontece dentro das muralhas não me diz respeito. Aqueles príncipes bastardos que só sabem dar ordens, mas não conseguem empunhar uma espada, eles que não se atrevam a pisar em minhas terras, pois não terei misericórdia. Mostrarei como um verdadeiro rei deve se comportar.
— Ragnar, por mais que você não queira, sabe o que diz a profecia.
— Ah, Erik, são apenas palavras inventadas por velhos tolos. Coloque uma coisa na sua cabeça: Nós, selvagens, não precisamos dos cinco reinos. É melhor que as coisas permaneçam como estão. Agora, deixe de bobagens e vamos beber, porque amanhã, outro reino se unirá a nós, meu caro amigo.
Ragnar se tornou o protetor dos bárbaros, um guerreiro de habilidade excepcional em combate. Aqueles que o desafiavam eram mortos sem misericórdia. Ele era um mestre na arte de matar, mas, apesar de sua natureza selvagem, não era um líder injusto ou cruel. Somente a anciã e alguns amigos íntimos conheciam a verdadeira origem de seu poder: Uma combinação de força e maldição que o acompanhava em sua jornada.
“Não há justiça no mundo, a menos que a façamos.”Os cinco anos como Guardião dos Reinos chegaram ao fim para Thorstein Freysson - rei do Reino do Fogo - e o cetro do poder, símbolo supremo da autoridade das cinco nações, estava prestes a ser transferido para o rei Vidar, contudo, uma fatalidade ameaçava essa transição.O Reino dos Ventos era próspero, com terras férteis para cultivo, técnicas de irrigação avançadas e um povo repleto de mentes brilhantes. Seu metal precioso era conhecido por forjar as melhores espadas do continente.Vidar era um homem bondoso e respeitado, mas por trás de cada reino existia uma profecia que anunciava poderes ocultos, raramente despertados a cada geração. O Reino do Vento, em particular, era conhecido por seu Altseende, um poder ocular capaz de perceber a energia emanada dos corpos, tornando os oponentes vulneráveis em batalha. No entanto, esse poder permanecia dormente há gerações.Antes da transferência do cetro do Reino do Fogo para o Reino do Vento
Enquanto isso, Astrid estava em seus aposentos com sua amiga e companheira Sigrid. — Sigrid, meu pai morreu e agora o reino está a mercê de ser invadido pelo Gudrun, o rei do Reino da Terra. O pior é sentir que ele tem planos para mim, sei que é aliado ao Reino da Água e o príncipe Einar sempre desejou unir nossos reinos. Uma vez, papai me falou sobre um poder proibido, raro, que surgiria caso nos uníssemos, por isso sempre evitou contato com aquele reino. Ele temia por isso mais do que tudo. — Ele sabia que o príncipe Einar nunca lhe faria feliz. Seu pai sempre quis que se casasse por amor. — Mas agora estou sozinha. — falou Astrid preocupada. — Não, Astrid. Seu primo Leif a protegerá, não permitirá a aproximação daquele crápula. No mesmo momento, Leif entra no quarto. Os olhos azuis encaram a prima com pesar, fazendo Astrid sentir todo corpo estremecer.. — Astrid …. Preciso falar com você. — Estou aqui, Leif. — disse a princesa caminhando até o primo. Leif olhou para Sig
O sol despontava no horizonte quando Rolf chegou ao Reino do Norte. Ele era o representante do Reino do Vento e o filho de Magnus Gormsson. Dotado de uma mente brilhante e portador de poder oculto do restante de seu clã, um segredo guardado a sete chaves, esse permitia-lhe manipular os movimentos de seus oponentes, transformando-os em meros fantoches. Rolf sempre preferiu evitar o campo de batalha, concentrando-se em estratégias e planos, assim, seu poder permanecia oculto.Ao se aproximar da imponente muralha que cercava o castelo, ele notou a rusticidade, mas também a habilidade evidente na construção, uma obra digna de respeito, mesmo sendo feita por selvagens. Muitos dos povos das cinco nações acreditavam que os selvagens viviam em harmonia com a natureza, como animais, mas isso era uma simplificação injusta. Entre eles haviam renegados das cinco nações que trouxeram conhecimentos médicos, táticos e náuticos, aprimorando a cultura do reino. Montado no seu cavalo branco, se aproxi
Ragnar, Erik, Sigurd e Rolf partiram em direção ao Reino da Terra. O Reino do Norte ficou sob os cuidados de Arne, braço direito de Ragnar e seu amigo leal. A viagem seria rápida, destinada apenas a conhecer a princesa.Ragnar vestiu seus trajes típicos de bárbaro: calças de couro robusto, envoltas em peles de animais. Seus cabelos longos estavam trançados, combinando com a barba espessa. O tórax e a parte superior dos braços eram adornados com tatuagens tribais, enquanto fitas de couro seguravam lâminas expostas em seus pulsos e antebraços. As duas espadas que o acompanhavam estavam presas às suas costas. A viagem a cavalo levaria dois dias, mas decidido em não parar para descansar, eles reduziram o tempo pela metade.No Reino da Terra, Astrid já estava preparada para seu futuro marido. Ela usava um vestido perolado, delicado e justo, que acentuava suas curvas e o contorno de seus seios. Seus longos cabelos negros estavam soltos, caindo até a cintura. Apesar de sentir-se vulnerável
No Reino da Terra— Com a morte do rei Vidar e o fato dele não ter escolhido um pretendente para a princesa Astrid, seu primo assumiu o trono temporariamente. Foi isso que aconteceu, Tyr? — perguntou Gudrun, olhando para seu general.— Sim, majestade. Existem rumores que Einar Hjalmarsson, herdeiro do Reino das Águas, tem interesse em se casar com a princesa Astrid.— Se esse casamento acontecer, o cetro passaria para as mãos de Eldrid, seu pai, até que Einar assuma o reino?— Majestade, isso pode ser solicitado por Eldrid, uma vez que envolve a princesa, mas a decisão é do conselho. — confirmou Tyr.— E se a mesma febre que atingiu o rei levar a princesa? — perguntou Gudrun, com um sorriso malicioso surgindo em seus lábios.— Nesse caso, o cetro seria seu como programado, majestade. O senhor assumiria a posição de Guardião dos Reinos. — respondeu Tyr.O rei sorriu amplamente.— Tyr, por favor, chame meu conselheiro, Senhor Verner. Tenho um pequeno serviço para ele.No Reino dos Vent
“Uma rainha que não confia em ninguém é tão tola quanto uma rainha que confia em todo mundo.”Mais tarde, Astrid estava sendo preparada por Sigrid. Após um banho relaxante com pétalas de rosas, se banhava com óleos afrodisíacos, sentindo suas propriedades aquecendo sua pele. Estava nervosa, nunca havia estado sozinha em intimidade com um homem antes. Algo sobre Ragnar a deixava inquieta. O cheiro dele, a intensidade de seus olhos, o calor que emanava de seu corpo a faziam estremecer.Ela sabia que precisava conversar com Sigrid sobre a sua primeira noite, mesmo que a vergonha a fizesse hesitar. Era um assunto que não poderia deixar de lado, pois sua vida estava prestes a mudar de maneira irrevogável. Com um olhar determinado, ela respirou fundo e se preparou para abrir seu coração para a amiga.— Sigrid… a sua primeira vez… foi com alguém que você amava? — a morena encarou os olhos verdes da amiga que parou de pentear os cabelos de Astrid e sorriu para ela respondendo: — Foi com o an
“Nunca se esqueça de quem você é, porque é certo que o resto do mundo nunca se esquecerá. Use isso como uma armadura, assim isso nunca poderá ser usado para feri-lo."Inga saiu dos aposentos da princesa e se dirigiu ao quarto do rei, que estava desfrutando de um banho relaxante. A atmosfera era densa e o vapor envolvia o ambiente, criando uma aura de intimidade. Com uma determinação audaciosa, ela entrou no banheiro e começou a despir-se, deixando suas roupas caírem ao chão. Ragnar a olhou de cima a baixo, sua expressão tornando-se séria enquanto observava a mulher diante de si.— Inga… — ele disse, com a voz carregada de irritação. — Estarei me casando daqui a algumas horas. O que você quer aqui?— Calma, meu senhor. Quero apenas deixá-lo relaxado. — respondeu Inga, aproximando-se dele, deslizando suas mãos pelo corpo musculoso de Ragnar, que já começava a responder ao toque feminino, mas rapidamente segurou seu braço com firmeza, impedindo que ela continuasse, encarou os olhos azuis
“A verdadeira coragem não está em saber quando tirar uma vida e sim em quando poupar uma.”Siv, a anciã que conduzia a cerimônia, ergueu a voz com um tom solene que reverberou pelo grande salão, preenchendo o ambiente com uma aura de reverência. — A partir de hoje, uma aliança eterna está sendo feita entre este homem e esta mulher. Que sejam uma só alma e um só corpo. Que os desejos de ambos sejam os mesmos e que o amor esteja presente todos os dias até que a morte os separe.A cada palavra, a tensão aumentava e os convidados se inclinavam para frente, absorvendo a intensidade e a importância do momento. Siv continuou, com sua voz firme e clara:— Que o homem a respeite, ouça-a e que a mulher seja sua companheira, abençoando-o com herdeiros. Assim como a palavra de um rei jamais voltará atrás, em decorrência e em concordância disto, Ragnar Meishu, primeiro de seu nome, rei do norte, líder dos bárbaros, aceita Astrid Jotunsson, princesa do Reino dos Ventos, como esposa e rainha de su