“O amor não é algo que você encontra. O amor é algo que encontra você.” (Loretta Young)
*****************♡***************** Laura "Meu Deus, me ajuda! Eu preciso voltar para casa, a Flora precisa de mim." — suplico pensando na Flora, e relembrando de tudo o que já passamos, eu chorava ainda mais. — Moça? Está tudo bem com você? — ele perguntou colocando sua mão em cima da minha que estava sob a mesa. Continuei chorando baixinho sem nada dizer. — Moça? — Ele me chama novamente Levantei a cabeça, olhei em seus olhos claros, e falei: — Eu não sei o que fazer. — baixei a cabeça e continuei chorando. — Como assim? O que aconteceu? — ele questiona confuso — Eu estava com minhas amigas aqui e elas saíram, e agora não sei onde elas foram. E acho que elas não vão voltar. Esqueceram de mim. — Falava com pausas causadas pelos soluços — Olha... — Imediatamente o interrompi antes que ele terminasse de falar — Os pratos! Eu posso lavar os pratos, o restaurante estava lotado deve ter um milhão de pratos sujos, eu posso lavar, e se for pouco, passo uma semana lavando pratos. E eu sou boa com limpeza... Experimente na área. — falo secando as lágrimas Ele ficou me olhando, me encarou com aqueles olhos castanhos claros, e deu um leve sorriso no canto da boca que parecia iluminar tudo a nossa volta. — Do que você está rindo? Estou falando sério, olha, eu não tenho dinheiro... — começei a tirar as coisas da minha bolsa pra que ele visse que eu só tinha uma moeda de um real nela — Olha, pega essas quentinhas pra não causar mais prejuízo, e vamos lá pra dentro pra eu lavar os pratos. — empurro a sacola que continha as quentinhas em sua direção, mas ele não esboça nenhuma reação para pega-las. Ele continua com o sorriso no canto da boca e então termina de falar: — Olha moça, eu estava lá fora quando suas amigas foram embora em um carro e gargalhando muito. Baixei a cabeça e juntei as coisas da minha bolsa com cara de decepção por ter sido tão ingênua e acreditado que elas eram minhas amigas. — Me desculpe! Eu não sei nem o que falar. Você vai chamar a polícia, né? — Perguntei enquanto ele ficava ali sorrindo — Relaxa! Você não tem culpa. Pode ir pra casa, está tudo bem. — sinto um peso saindo das minhas costas com suas palavras. — Sério? Mas e o seu patrão, não vai te da carão por isso, a conta é alta. — falo ainda sem acreditar no milagre que estava acontecendo Ele olha pra mim pensativo e depois fala: — Ah claro! Meu patrão... Hum... Eu me resolvo com ele. Fica em paz, tá bom? Tenha uma boa noite, senhorita. Ele levanta da mesa e eu também, e saio pra porta quando ouço ele me chamar: — Senhorita? Olho pra trás achando que ele tinha desistido do bom ato dele e me colocaria na cozinha para lavar os pratos sujos. Então ele continua me surpreendendo ao dizer: — As quentinhas... Pode levar! — ele segurava a sacola em minha direção — Está falando sério? — falo boquiaberta — Claro! Se você não as levar, serão descartadas. — ele diz inclinando a cabeça e sorrindo em minha direção — Obrigada! Muito obrigada! Você é um anjo. — agradecida pego a sacola, dou um beijo em sua bochecha e saio. Só do lado de fora fui perceber que eu teria que ir a pé pra casa, porque eu vim com o pai da Mônica de carro e o restaurante era longe, mas como não podia perder tempo ali parada, então segui andando. Já era tarde e não tinha ninguém nas ruas, meu pavor aumentava, já havia tido vários casos de latrocínio nessa área, mas depois eu relaxei, pois quem iria querer roubar uma pobretona feito eu. Só um louco. Depois de uns trinta minutos andando, notei um carro logo atrás de mim, não olhei, pois estava com medo, já que ele reduziu a velocidade quando se aproximou de mim. Aperto o passo e suplico a Deus que enviasse seus anjos para me proteger. Então de repente ouço a voz de um rapaz: — Senhorita? Tive a impressão de que eu conhecia aquela voz, então olhei pra vê quem era. Sorrio ao constatar que se tratava do rapaz do restaurante. Mas o que ele tava fazendo ali? — Oi! Alguma coisa errada? — Perguntei meio nervosa — Sim... — Respondeu ele com semblante neutro — O que houve? O seu patrão não perdoou a dívida e você veio me buscar pra lavar os pratos? — falo sem pensar Ele começou a sorri. — Não, é que terminei meu expediente e estava indo pra casa, e notei você aqui na estrada e resolvi parar. É perigoso, sabia? — Ah... Eu sei, olha eu nem ia sair de casa, porque eu cuido da minha irmã e acabei deixando ela com a vizinha porque a Mônica me convidou pra esse jantar, mas se eu soubesse o que ia acontecer, já estaria dormindo. — termino de falar e vejo a porta do carona sendo aberta, meu coração dispara e eu fico sem saber o que fazer. — Vem entra, eu te deixo em casa. — ele diz com aquele olhar brilhante de minutos atrás — Ah não! Imagina. Eu não quero te incomodar outra vez. Você já fez até demais por mim. Estou mais do que agradecida. — tento fugir, mas ele era insistente — Anda, não vou deixar você aqui nessa estrada sozinha, é perigoso. Se algo te acontecer, vou me sentir culpado. — ele diz descendo do carro e caminhando em minha direção Por saber que era muito perigoso caminhar sozinha por essas ruas, acabei entrando no carro e aceitando sua ajuda. Ensinei todo o caminho até em casa, pois ele parecia não conhecer muito bem a região. Quinze minutos depois nós chegamos. — Está entregue, senhorita. — ele dizia olhando pra mim Ele era jovem parecia ter minha idade mais ou menos. Era alto, moreno, corpo sarado, olhos castanhos claros e tinha um sinalzinho preto perto da boca que o deixava ainda mais charmoso. Resumindo, ele era muito bonito. — Nossa.... Eu não tenho nem palavras pra te agradecer. Foi uma noite e tanto pra mim. — falo tímida — Não tem o que agradecer. Foi um prazer te ajudar. — ele diz com os olhos fixos nos meus, sinto algo estranho acontecendo dentro de mim, mas não era ruim, e sim uma sensação diferente que eu nunca havia sentido antes. Era como se ao lado desse rapaz eu estivesse protegida e sendo cuidada como nunca antes havia acontecido. — Muito obrigada. Você foi um anjo e salvou a minha noite. — falo e dou outro beijo no rosto dele, depois vou abrindo a porta e saindo do carro Fechei a porta e caminho uns três passos em direção ao portão de casa quando ele fala: — Senhorita? Viro a cabeça e olho pra ele. — Sim. — Não vai nem me dizer seu nome? — Ah... — Risos — Nossa! Que mal educada que eu sou. Caminhei até o carro novamente e estendi a mão pela janela do mesmo. Muito prazer, meu nome é Laura Andrade. Ele segura em minha mão e pude sentir o toque dos seus lábios macios a beijando. — Muito prazer Laura Andrade. Eu me chamo Álvaro Meirelles. Nossos olhares mais uma vez se cruzam. Fico envergonhada e puxo a minha mão pra fora, enquanto ele me olhava com seus olhos lindos. — Boa noite, Álvaro. Mais uma vez, eu agradeço por toda sua ajuda e gentileza. — Boa noite, Laura. Até breve. — sua voz suave e o modo como ele sorria com o olhar me deixa encabulada Instantes depois, Álvaro seguiu o seu caminho, e eu entrei em casa para enfrentar a minha realidade, só que dessa vez com um toque muito diferente e especial. "É Laura, você estava certa quando sentiu que algo diferente aconteceria nessa noite, e pelo visto aconteceu." Sorrindo feito uma boba, deixo a sacola em cima da mesa da cozinha e saio de casa para buscar a razão do meu viver, a minha doce Flora, mas suspirando, por ainda senti os lábios suaves do Álvaro em minha mão. Será que irei reve-lo algum dia? ▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎“Amar é cuidar do outro sem anular a si mesmo.” (Augusto Cury)**********♡**********LauraFui buscar a Flora na casa da dona Dissaura, e como era de se esperar, ela estava dormindo. A trouxe nos braços, e assim que cheguei em casa, a coloquei na cama, depois voltei pra sala, onde estava meu pai deitado no chão com duas garrafas de bebida ao lado. O acordei e o ajudei a sentar no sofá, em seguida lhe entreguei a quentinha para que comesse, mas ele estava tão bêbado que mal conseguia levantar a colher. Então dei a comida pra ele e logo depois ele adormeceu novamente no sofá. Peguei uma coberta em meu quarto, tirei seus sapatos, suas meias e o cobri. Fiquei o observando por algum tempo, e algumas lágrimas rolam de meus olhos ao relembrar de como tudo era diferente quando a mamãe estava conosco. Apesar das dificuldades éramos uma família unida e feliz, e agora tudo o que vejo é tristeza, dor e meu pai se autodestruindo pouco a pouco. Será que nunca mais voltaremos a ser felizes? Me aprox
“O amor não se vê com os olhos, mas com o coração.” (William Shakespeare)**********♡**********LauraFiquei na minha carteira lendo um livro, logo depois o sino tocou pros alunos entrarem, e logo escultei a voz da Mônica mostrando a escola pro garoto. — Aqui é a biblioteca e ali a sala de jogos... — ouvia ela falando de longe nos corredoresReviro os olhos e continuo a minha leitura.A professora de matemática entrou na classe e o sino tocou novamente. Em seguida a Mônica entrou, depois veio a Bianca e a Beth. Logo depois, apareceu na porta o Álvaro, o rapaz que eu tinha acabado de conhecer na noite passada. Fiquei em choque, tentei esconder o rosto com o livro, mas ele já tinha me visto e já estava com aquele sorriso maravilhoso no rosto.— Pessoal, esse é o Álvaro Meirelles. Seu novo colega de classe. Vamos dá as boas vindas à ele? — a professora falaEm seguida todos disseram: "Bem vindo, Álvaro" e ele foi lá pro fundo onde tinham as carteiras vagas. Eu não olhei pra trás, mas no
"Amar não é apenas olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.” (Antoine de Saint-Exupéry) ***********♡*********** Laura Depois do lanche, o Álvaro foi nos deixar em casa, eu ia no banco de trás com a Flora que não parava de fazer perguntas o tempo todo, e não sei de onde ele tirava tanta paciência. Álvaro não parava de me encarar pelo espelho e isso me deixava sem jeito. Até que a Flora, esperta demais, resolveu fazer mais uma pergunta: — Álvaro você 'tá' namorando com a Laurinha? Nesse momento não soube onde enfiar minha cabeça, fiquei morta de vergonha. O Álvaro, por sua vez, começou a sorri sem parar, até que respondeu: — Não Florinha, sua irmã não me quer. — Falou ele, em seguida me olhou novamente pelo espelho retrovisor Eu fiquei calada e desviei o olhar. Ao chegar em casa ouvi barulhos vindo do interior do imóvel, era o meu pai completamente bêbado quebrando as poucas coisas que tínhamos. Nesse momento fiquei sem ação, ele sempre bebia, mas nunca foi agressiv
"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela." (Paulo Coelho) *************** Depois que o Álvaro foi embora, cuidei da casa, fiz comida, lavei a roupa, ainda ajudei a Flora nas tarefas da escola, e assim o resto do dia passou voando, e sem demora a noite chegou. Já passavam das dez horas da noite quando sentei ao lado de Flora contando-lhe uma história para que ela dormisse, mas com tudo o que aconteceu, dificilmente ela dormiria rapidamente e sua atenção estava em qualquer lugar desse universo, menos dentro daquele quarto. — Flora... — a chamo, mas ela não olha para mim, e sequer me dava atenção — Flora... Amor... — tento mais uma vez, mas nada dela me olhar, e continuava brincando com suas mãos. Eu me sentia muitas vezes perdida e sem saber como agir quando ela se isolava dessa maneira, nossa mãe sempre sabia o que fazer e como contornar uma situação difícil, se ela estivesse aqui nada disso estaria acontecendo. Unindo minhas mãos, olho para sua foto que estava n
"Amar alguém é aceitá-lo com todas as suas imperfeições e ainda assim vê-lo como perfeito." **************** Decido deixar a razão de lado e dou ouvidos ao que o meu coração dizia. Com o livro nas mãos, sem demora abro a porta da sala, e vou até o carro saber o que estava acontecendo. — Álvaro? O que está fazendo aqui? — pergunto próximo a porta do carona e olhando para os lados — Estava passando e vi a luz acesa, fiquei preocupado, achei que vocês estavam com algum problema. — ele dizia amável e com o olhar fixo no meu — Não aconteceu nada de errado. A Flora ficou um pouco agitada por tudo o que houve e demorou a dormir. E eu perdi o sono e então decidi ler um pouco, isso me acalma. — falo e ele sorri fraco demonstrando está aliviado — Ah, sim! Que bom, então. Ele ficou no carro me olhando sem saber o que dizer, e eu falo algo que só depois percebo que foi um erro. — Eu vou entrar, está frio aqui. Vem, entra um pouco. — o convido, ele sem perda de tempo saiu do carro
"A vida é uma balança entre aceitar o que não podemos mudar e ter coragem para mudar o que podemos." *************♡************* Manhã do dia seguinte... Eu já estava sem sono, e depois que o Álvaro foi embora sem olhar para trás, tudo piorou. Até cheguei a deitar na minha cama, mas rolava de um lado para o outro, e nada de conseguir dormir. Então, ao ver que já estava amanhecendo, decido tomar um bom banho e me arrumar para enfrentar mais um dia de aula naquele colégio, que a cada momento tem se tornado um martírio para mim. Tudo ali já era extremamente difícil de digerir, mas confesso que desde a chegada do Álvaro e o fato dele estudar na mesma turma que eu, aumentou e muito a minha vontade de desaparecer daquele lugar. Mas não poderia fazer isso, primeiro porque fiz uma promessa a minha mãe de que concluiria meus estudos, e segundo pelo fato de eu já ter aberto mão de muitas coisas para o bem estar de outras pessoas, e já estava mais do que na hora de pensar um pouco em mim e
"Somente quando encontramos o amor é que descobrimos o que nos faltava na vida." (John Ruskin) *********♡********* Os dias passaram e tudo continuou na mesma. Álvaro cada vez mais distante, e eu mais triste. Eu sentia muito a falta dele, mas não conseguia me aproximar, eu tinha medo da sua reação, e por isso preferi deixar as coisas como estavam. Álvaro era um homem rico, e ter uma garota como eu ao seu lado só o faria sentir uma coisa, vergonha. Então, era melhor ele continuar se aproximando da Mônica, ela nasceu em berço de ouro, tem muita instrução, é viajada, fala vários idiomas e com certeza seria digna de se tornar uma Meirelles. Com esse pensamento seguia para o último dia de aula, enfim era sexta-feira, para muitas garotas isso significava sair, curtir e aproveitar a vida. Mas, para mim, significava dois dias longe desse maldito lugar e principalmente dessas pessoas prepotentes. Já na escola, cabisbaixa atravesso o portão, e ao erguer o olhar, vejo de relance o carro do
"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar." (Leonardo da Vinci) ************❤️************* O resto do dia passou vagarosamente, e como sempre, tentei a todo custo pôr a Flora pra dormir, mas ela não conseguia parar de brincar com os balões que havia recebido do Álvaro, resumindo, ela só dormiu quando não aguentou mais e ainda por cima agarrada aos balões. Eu, além de não conseguir parar de pensar no Álvaro, ainda tive uma preocupação extra. Meu pai ainda não tinha chegado. Eu já estava ficando preocupada, porque já passavam das onze horas da noite, e ele nunca demorou assim. Em meio ao desespero fico pensando em um modo de encontrá-lo, foi então que eu lembrei do cartão que o Álvaro havia me dado. Com ele em uma das mãos, fico parada observando o número do telefone, por um momento penso em não ligar, afinal, ele estava sem falar comigo há uma semana. Mas eu estava tão preocupada que não suportei e resolvi ao menos tentar... Liguei uma vez, chamou, chamou e