“O amor não se vê com os olhos, mas com o coração.” (William Shakespeare)
♡ Laura Estou sentada na minha carteira, lendo um livro, quando o sino toca para os alunos entrarem. Logo ouço a voz da Mônica apresentando a escola para um garoto. — Aqui é a biblioteca e ali a sala de jogos… — ouço-a falando de longe pelos corredores. Reviro os olhos e continuo minha leitura. A professora de Matemática entra na classe, e o sino toca novamente. Em seguida, Mônica entra, depois Bianca e Beth. Logo depois, Álvaro aparece na porta — o rapaz que conheci na noite passada. Meu corpo trava. Tento esconder o rosto com o livro, mas ele já me viu e está com aquele sorriso maravilhoso no rosto. — Pessoal, este é Álvaro Meirelles, seu novo colega de classe. Vamos dar as boas-vindas a ele? — anuncia a professora. Todos respondem em coro: — Bem-vindo, Álvaro! Ele segue para o fundo da sala, onde há carteiras vagas. Não olho para trás, mas percebo que Mônica sai da carteira dela e se senta ao lado dele. "Oferecida. É uma descarada mesmo." — penso, possessa de raiva. — Hoje, preciso que vocês formem duplas para uma tarefa que será feita em casa. — informa a professora. Na mesma hora, todos se organizam, e, claro, Mônica se apressa para ficar ao lado de Álvaro. O sino toca para o intervalo. Todos saem, mas, como sempre, fico na sala lendo meu livro. Vejo Mônica segurar a mão dele puxando-o para fora. Antes de sair, porém, Álvaro olha para trás, percebendo que não me move. Cinco minutos depois, estou concentrada na leitura quando uma mão abaixa meu livro. Ergo os olhos. É ele, parado bem na minha frente. Meu corpo estremece. — Então, a senhorita estuda aqui e nem me disse nada? — comenta ele, me encarando. — Você já estava bem acompanhado. Não quis me intrometer. — digo, sem graça. — Aquela garota já me mostrou tudo. Mas e aí, aceita lanchar comigo, senhorita? — ele pergunta, sorrindo. — Não, eu gosto de ficar aqui lendo no intervalo. Nem trago lanche. — respondo. — Ah, para com isso. Vem, estou te convidando. Você vai recusar? — ele insiste. — É sério, talvez a Mônica esteja interessada. — digo, sarcástica. O sino toca, encerrando o intervalo. — É… Parece que vou ficar sem lanchar mesmo. — ele diz, se levantando e indo para a carteira. Pouco depois, Mônica entra na sala, como sempre, eufórica. — Álvaroooo! Você sumiu! Procurei você para lanchar e não te achei. — Resolvi voltar antes de acabar o intervalo. — ele responde, me lançando um olhar, mas finjo não perceber. A professora ainda não entrou, e Mônica continua puxando conversa: — Então, Álvaro, nunca te vi por aqui. É novo na cidade? — Engraçado… Eu te vi ontem à noite no restaurante. — ele responde, irônico. — No restaurante? Mas como não te vi? — Bom, talvez porque ontem eu estivesse de garçom. O rosto de Mônica empalidece. Ela gagueja: — Garçom?... Ah… talvez tenha sido por isso. Olha, Álvaro, preciso sentar ali com as meninas agora. Depois a gente conversa, tá? — Sem problema. — ele responde, sorrindo. Ela se afasta, emburrada, e as meninas caem na risada. No final da aula, todos saem da classe. Tento sair o mais rápido possível, pois sei que ele virá atrás de mim, mas não consigo escapar. Sinto sua mão no meu ombro e paro. — Laura, aceita tomar um lanche comigo? — ele pergunta. — Ah, Álvaro! Seria uma honra, mas preciso buscar minha irmã na escola agora. — Sem problema, eu vou com você. Pegamos ela juntos e depois vamos comer. O que acha? — ele insiste, abrindo aquele sorriso lindo que faz tudo ao meu redor parar. — Tá bom. Já que você está insistindo… Vamos lá. — cedo, sem conseguir resistir ao brilho dos seus olhos cintilantes. Entramos no carro. As meninas ainda estão na sala e nem percebem quando saio com ele. Na escola da Flora, Álvaro fica esperando no carro enquanto vou buscá-la. Assim que me vê, minha irmã corre até a janela e se apresenta: — Oi! Meu nome é Flora, eu tenho seis anos, sabia?! Fico surpresa. Flora geralmente evita contato com pessoas novas, mas com Álvaro parece ser diferente. — Oi, Flora! Você é linda! Meu nome é Álvaro. Vamos passear? Ele mal sabe que, quando Flora gosta de alguém, não desgruda nunca mais. — Oba, vamos passear! — ela grita, pulando de alegria. — Vem, Flora, entra. — digo, abrindo a porta para ela. Enquanto Álvaro dirige, ele conversa com Flora, o que me encanta. Poucas pessoas realmente ouvem crianças especiais e demonstram interesse no que elas dizem. — Então, Flora, o que você gosta de fazer? — ele pergunta. — Eu gosto de brincar na pracinha, de encher balões, de pintar, de música, de dançar… — Ela vai falar o dia todo. Ela gosta de tudo. — digo, rindo. Álvaro sorri e, algum tempo depois, chegamos ao mesmo restaurante da noite passada. — Achei que era só um lanche. — comento. — E será. — ele responde. — Tem batata frita? — Flora pergunta. — Flora! Não seja mal-educada. Só vamos lanchar. — a repreendo. — Mas eu queria batata frita… — ela murmura, cabisbaixa. — Pode deixar, princesa. Vamos pedir uma porção enorme! O que acha? — Álvaro incentiva. — Eba! — Flora comemora, pulando na cadeira. Entramos no restaurante. Sento-me com Flora enquanto Álvaro vai até o balcão. Logo depois, ele volta e se senta conosco. — Flora, as batatas já estão fritando. E você, senhorita, o que vai querer? — ele me encara. — Um sanduíche com suco de laranja, por favor. — Um sanduíche com suco de laranja, por favor! — ele grita para os funcionários. Pouco depois, um garçom traz nossos pedidos. — Aqui está, chefe. — o garçom diz, entregando a ele. — Chefe? Achei que você fosse garçom… — digo, surpresa. — Ontem eu era. No dia da inauguração, o restaurante lotou, então tive que ajudar. Mas, na verdade, sou o dono deste e de toda a rede que era do meu pai. Temos restaurantes em quase todos os estados do Brasil. Fico em choque. Ele é muito rico. Mas, mais do que isso, fico intrigada. Se tem tantas possibilidades, o que está fazendo naquela escola? Álvaro esconde alguma coisa. E, pelo visto, não é o anjo que imaginei. Desvio o olhar para a entrada do restaurante, tentando evitar contato visual, mas é impossível. Seu sorriso, sua gentileza, seu olhar… Tudo nele me encanta. Droga! Isso não deveria estar acontecendo. Não posso me apaixonar. Mas, ao que tudo indica, já estou. Desde o primeiro instante em que nossos olhares se cruzaram. E agora? Como fugir desse sentimento?"Amar não é apenas olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.” (Antoine de Saint-Exupéry) ♡ Laura Depois do lanche, Álvaro nos deixa em casa. Estou no banco de trás com a Flora, que não para de fazer perguntas o tempo todo, e não sei de onde ele tira tanta paciência. Álvaro me encara pelo espelho, e isso me deixa sem jeito. Até que a Flora, esperta demais, resolve fazer mais uma pergunta: — Álvaro, você 'tá' namorando com a Laurinha? Nesse momento, não sei onde enfiar a cara e fico morta de vergonha. Álvaro, por sua vez, sorri sem parar e então responde: — Não, Florinha, sua irmã não me quer — diz ele e, em seguida, me olha novamente pelo espelho retrovisor. Fico calada e desvio o olhar. Ao chegarmos em casa, ouvimos barulhos vindos do interior do imóvel. É o meu pai, completamente bêbado, quebrando as poucas coisas que temos. Fico sem ação. Ele sempre bebe, mas nunca foi agressivo em casa. Saio do carro e corro para abrir a porta. Álvaro sai também e entra junto
"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela." (Paulo Coelho) ♡ Depois que Álvaro vai embora, cuido da casa, faço comida, lavo a roupa, ajudo Flora nas tarefas da escola, e assim o resto do dia passa voando. Sem demora, a noite chega. Já passam das dez horas quando me sento ao lado de Flora, contando-lhe uma história para que ela durma. Mas, com tudo o que aconteceu, dificilmente ela dormirá rapidamente. Sua atenção está em qualquer lugar desse universo, menos dentro daquele quarto. — Flora... — chamo-a, mas ela não olha para mim, sequer me dá atenção. — Flora... Amor... — tento mais uma vez, mas nada dela me olhar. Continua brincando com as mãos. Muitas vezes me sinto perdida, sem saber como agir quando ela se isola dessa maneira. Nossa mãe sempre soube o que fazer e como contornar uma situação difícil. Se ela estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo. Uno as mãos e olho para sua foto no porta-retratos sobre o móvel à minha frente. Sinto um aperto no peito e um
"Amar alguém é aceitá-lo com todas as suas imperfeições, e ainda assim, vê-lo como perfeito." (Autor Desconhecido) ♡ Laura Decido deixar a razão de lado e dou ouvidos ao que meu coração diz. Com o livro nas mãos, sem demora, abro a porta da sala e vou até o carro para saber o que está acontecendo. — Álvaro? O que está fazendo aqui? — pergunto, parada ao lado da porta do carona, olhando ao redor. — Estava passando e vi a luz acesa. Fiquei preocupado, achei que vocês estivessem com algum problema — diz ele, amável, com o olhar fixo em mim. — Não aconteceu nada de errado. A Flora ficou um pouco agitada com tudo o que houve e demorou a dormir. Eu perdi o sono e decidi ler um pouco, isso me acalma — explico, e ele sorri fraco, demonstrando alívio. — Ah, sim! Que bom, então. Ele permanece no carro, me olhando como se não soubesse o que dizer, e eu acabo falando algo que, só depois, percebo ser um erro. — Eu vou entrar, está frio aqui. Vem, entra um pouco — convido. Sem perda de temp
"A vida é uma balança entre aceitar o que não podemos mudar e ter coragem para mudar o que podemos." (Autor Desconhecido) ♡ Laura Manhã do dia seguinte Já estou sem sono, e depois que Álvaro vai embora sem olhar para trás, tudo piora. Até deito na minha cama, mas rolo de um lado para o outro e nada de conseguir dormir. Então, ao ver que já está amanhecendo, decido tomar um bom banho e me arrumar para enfrentar mais um dia de aula naquele colégio, que a cada dia se torna um martírio para mim. Tudo ali já é extremamente difícil de digerir, mas confesso que, desde a chegada de Álvaro e o fato de ele estudar na mesma turma que eu, minha vontade de desaparecer daquele lugar só aumenta. Mas não posso fazer isso. Primeiro, porque prometi à minha mãe que concluiria meus estudos. Segundo, porque já abri mão de muitas coisas pelo bem-estar de outras pessoas, e está mais do que na hora de pensar um pouco em mim e no meu futuro. A única certeza que tenho é que, se quero conquistar algo nesta v
"Somente quando encontramos o amor é que descobrimos o que nos faltava na vida." (John Ruskin) ♡ Laura Os dias passam, e tudo continua na mesma. Álvaro está cada vez mais distante, e eu, mais triste. Sinto muito a falta dele, mas não consigo me aproximar. Tenho medo da sua reação, e por isso prefiro deixar as coisas como estão. Álvaro é um homem rico, e ter uma garota como eu ao seu lado só o faria sentir uma coisa: vergonha. Então, é melhor que ele continue se aproximando da Mônica. Ela nasceu em berço de ouro, tem muita instrução, é viajada, fala vários idiomas e, com certeza, é digna de se tornar uma Meirelles. Com esse pensamento, sigo para o último dia de aula. Enfim, é sexta-feira. Para muitas garotas, isso significa sair, curtir e aproveitar a vida. Mas, para mim, significa dois dias longe daquele maldito lugar e, principalmente, daquelas pessoas prepotentes. Já na escola, cabisbaixa, atravesso o portão e, ao erguer o olhar, vejo de relance o carro do Álvaro estacionado. Su
"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar." (Leonardo da Vinci) ♡ Laura O resto do dia passa vagarosamente e, como sempre, tento a todo custo pôr Flora para dormir, mas ela não para de brincar com os balões que recebeu de Álvaro. Resumindo: só adormece quando não aguenta mais, e ainda por cima agarrada aos balões. Eu, além de não conseguir parar de pensar em Álvaro, tenho uma preocupação extra. Meu pai ainda não chegou. Já passa das onze da noite, e ele nunca demora assim. Em meio ao desespero, penso em um jeito de encontrá-lo. Então, lembro do cartão que Álvaro me deu. Com ele em uma das mãos, fico parada observando o número do telefone. Por um momento, penso em não ligar. Afinal, ele está sem falar comigo há uma semana. Mas a preocupação me domina, e resolvo ao menos tentar. Ligo uma vez. Chama, chama, e ninguém atende. Então, não ligo mais. Ele deve estar ocupado, e é óbvio que não perderia tempo com os problemas de uma garota bobalhona como eu. Com es
"Cada momento ao seu lado é um presente." (Autor Desconhecido) ♡ Laura Quando seus lábios encontram os meus, eu sei que poderia viver até os cem anos e visitar todos os países do mundo, mas nada se compara àquele momento em que beijo pela primeira vez um homem… E o principal: o homem dos meus sonhos. Ali, com seus lábios nos meus, percebo que meu amor por ele vai durar para sempre, e que sou capaz de enfrentar qualquer barreira para viver esse sentimento. Em seus braços, não consigo pensar em nada, só existem Álvaro, eu e nosso primeiro beijo. Segundos depois—e creio que não são poucos—afasto meus lábios devagar, e ele faz o mesmo. Solto-o lentamente e me viro para frente, sem olhar para o lado. Estou nervosa demais com a situação e sequer consigo pensar em algo para aproveitar um pouco mais aquele momento em seus braços. Minha vontade é gritar e chorar ao mesmo tempo, tamanha é a felicidade que sinto. A chuva fica cada vez mais forte, acompanhada de relâmpagos e trovões. O bar
"Amar você é a melhor parte da minha vida." (Autor Desconhecido) ♡ Laura Álvaro usa apenas uma calça jeans, e seus pés estão descalços. Como uma esfinge, permaneço olhando para aquela perfeição em forma de homem, mas saio do transe quando ele se aproxima, me beija e, sem perder tempo, ergue meu corpo, entrelaçando minhas pernas em torno de seu quadril. Ele me leva até a cama, possivelmente a de seu quarto. Lentamente, me deita nela e deixa seu corpo cair vagarosamente sobre o meu. Seus beijos aumentam de intensidade, e eu sinto sua ereção roçar em minha intimidade, que já lateja, me oferecendo a sensação mais deliciosa que já experimentei. Sem desviar os olhos dos meus, ele começa a subir meu vestido, deixando minha calcinha exposta. Em seguida, enfia os dedos por baixo do tecido e a puxa. — Você é linda — murmura, com uma voz sexy, carregada de desejo, enquanto beija minha intimidade, já úmida. Ele termina de tirar minha calcinha, abre minhas pernas e começa a me chupar de um