“Amar é cuidar do outro sem anular a si mesmo.” (Augusto Cury)
**********♡********** Laura Fui buscar a Flora na casa da dona Dissaura, e como era de se esperar, ela estava dormindo. A trouxe nos braços, e assim que cheguei em casa, a coloquei na cama, depois voltei pra sala, onde estava meu pai deitado no chão com duas garrafas de bebida ao lado. O acordei e o ajudei a sentar no sofá, em seguida lhe entreguei a quentinha para que comesse, mas ele estava tão bêbado que mal conseguia levantar a colher. Então dei a comida pra ele e logo depois ele adormeceu novamente no sofá. Peguei uma coberta em meu quarto, tirei seus sapatos, suas meias e o cobri. Fiquei o observando por algum tempo, e algumas lágrimas rolam de meus olhos ao relembrar de como tudo era diferente quando a mamãe estava conosco. Apesar das dificuldades éramos uma família unida e feliz, e agora tudo o que vejo é tristeza, dor e meu pai se autodestruindo pouco a pouco. Será que nunca mais voltaremos a ser felizes? Me aproximo dele, dou um beijo em sua testa e vou para o meu quarto. Já no meu quarto fecho a porta e começo a tirar a minha roupa. Recolho tudo e sigo até o banheiro para tomar um banho. Agora de banho tomado vou até o armário pegar uma camisola para vestir, mas bastou eu aproximar a mão do meu rosto, para sentir o cheiro do Álvaro que parecia ter grudado em minha mão. Como uma menina boba fiquei cheirando e lembrando do momento em que ele a beijou. Aquele olhar ficou na minha mente. Por um instante eu até gostei do que as meninas fizeram, assim pude conhecê-lo. Ele foi muito gentil comigo, outro em seu lugar teria chamado a polícia para me deter, ou no mínimo teria me dado uma pilha de louça suja para lavar. Mas ele não, foi amável e até se preocupou comigo. Álvaro foi um anjo que Deus colocou em minha vida, e espero que em algum dia eu possa agradece-lo por tudo o que fez por mim nessa noite. Será que era obra do destino e o nosso encontro já estava predestinado? Fico pensativa, mas logo fui dormir, afinal quem se interessaria por mim? Pobre, desajeitada e com um pai alcoólatra. São problemas demais para uma única pessoa, e homem nenhum iria querer carregar esse fardo nas costas. A melhor coisa que eu devo fazer é dormir, enfrentar a minha realidade e parar de sonhar com o príncipe encantado, afinal de contas, eles não existem. [...] No dia seguinte preparei a Flora para ir pra escola, meu pai já tinha saído antes do galo cantar, como sempre. A deixei ela na escola, e em seguida fui pra minha, estou cursando o último ano do ensino médio e se Deus permitir em breve estarei cursando uma faculdade de psicologia. Chegando lá tenho o desprazer de ver as três donzelas sonsas vindo em minha direção. — Laura, me desculpa por ontem. — falava Mônica com uma cara de pau enorme Não dei atenção à elas e continuei indo pra classe, mas as infelizes não satisfeitas com o que fizeram, insistiram vindo em minha direção. — Laura, você tem que nos escutar, você é nossa amiga. — falou Bia e na hora paro, de frente à ela cruzo os braços e a encaro com raiva — Ah, então eu tenho que escutar vocês, né? Agora sou sua amiga, mas ontem na hora de me abandonar sentada naquele restaurante passando vergonha, vocês não pensaram nisso. Me humilharam sem pensar duas vezes. — falei com tom um pouco alto devido a raiva que sentia — Aí Laura, amiga, sei o quanto erramos com você, mas olha, foi caso de urgência. O meu pai me ligou dizendo que minha mãe estava passando mal e eu nem lembrei de você, eu juro. — Disse Mônica com seu deboche de sempre — Ah, conta outra vai! Vocês tentaram me fazer de idiota, mas isso nunca mais vai acontecer, porque de 'amigas' como vocês eu quero distância. A Mônica olhou pra mim com cara de choro, mas isso pouco me importava, pois tudo o que eu menos precisava era de falsas ao meu redor. — Aí amiga, você não se põe no meu lugar? Imagina se fosse sua mãe. Você não ficaria sem ação numa situação dessas? — Disse ela — Não toque no nome da minha mãe nunca mais. Ouviu, cretina? — falo espera apontando o dedo no rosto dela, que começa a chorar feito uma bezerra desmamada. Ela que se dane. Me fez de palhaça, e se não fosse pelo Álvaro, sabe lá Deus o que teria acontecido comigo. Dou passos para me afastar delas, mas Mônica segura meu braço e diz: — Me perdoe, Laura! Nós erramos, mas isso nunca mais vai acontecer. Eu juro! — Mônica dizia com a voz embargada e segurando meu braço com uma mão, enquanto a outra estava virada para trás. Reviro os olhos, penso, repenso e vendo que ela estava realmente querendo chorando, eu acabei acreditando nas suas palavras, devo ser uma tonta mesmo por ainda dá oportunidade para essas cobras. — Tá bom... Dessa vez vou perdoa-la. Então elas pularam me abraçando. — Aí amiga, você sabe que jamais eu iria fazer algo assim de propósito com você, jamais. — Disse Mônica e eu finjo que acredito Em seguida ela nota um carro chegando no estacionamento da escola e volta a ser a mesma de sempre. — Aí meu Deus! O que é aquilo? — Nossa, que carrão hein! Quem será? — Disse a Beth Em seguida, o Wallace, nosso colega de classe chegou, vindo em nossa direção. — Wallace, quem é esse nesse carro? —Perguntou Bia — Ah, deve ser o cara novato! Chegou agora na cidade. — Respondeu Wallace — Aí meninas, rápido, olhem os meus cabelos e vejam se estão bem. A minha maquiagem está certinha? — Disse a Mônica eufórica — Claro amiga, você sempre arrasa. — Respondeu as duas torres gêmeas — Toma Laura, leva nossas bolsas, que nós vamos ali receber esse Deus grego. — Falou ela jogando a bolsa nos meus braços e eu propositalmente as deixo cai no chão, e ainda piso em cima. E como se fossem celebridades saíram em direção ao carro. O rapaz nem tinha descido ainda, mas elas eram sempre assim com os garotos novatos, principalmente se fossem bonitos e com dinheiro. Eu como não gosto de me envolver nisso, fui pra classe, pisando mais uma vez nas bolsas e deixando aquelas imbecis para trás. ▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎“O amor não se vê com os olhos, mas com o coração.” (William Shakespeare)**********♡**********LauraFiquei na minha carteira lendo um livro, logo depois o sino tocou pros alunos entrarem, e logo escultei a voz da Mônica mostrando a escola pro garoto. — Aqui é a biblioteca e ali a sala de jogos... — ouvia ela falando de longe nos corredoresReviro os olhos e continuo a minha leitura.A professora de matemática entrou na classe e o sino tocou novamente. Em seguida a Mônica entrou, depois veio a Bianca e a Beth. Logo depois, apareceu na porta o Álvaro, o rapaz que eu tinha acabado de conhecer na noite passada. Fiquei em choque, tentei esconder o rosto com o livro, mas ele já tinha me visto e já estava com aquele sorriso maravilhoso no rosto.— Pessoal, esse é o Álvaro Meirelles. Seu novo colega de classe. Vamos dá as boas vindas à ele? — a professora falaEm seguida todos disseram: "Bem vindo, Álvaro" e ele foi lá pro fundo onde tinham as carteiras vagas. Eu não olhei pra trás, mas no
"Amar não é apenas olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.” (Antoine de Saint-Exupéry) ***********♡*********** Laura Depois do lanche, o Álvaro foi nos deixar em casa, eu ia no banco de trás com a Flora que não parava de fazer perguntas o tempo todo, e não sei de onde ele tirava tanta paciência. Álvaro não parava de me encarar pelo espelho e isso me deixava sem jeito. Até que a Flora, esperta demais, resolveu fazer mais uma pergunta: — Álvaro você 'tá' namorando com a Laurinha? Nesse momento não soube onde enfiar minha cabeça, fiquei morta de vergonha. O Álvaro, por sua vez, começou a sorri sem parar, até que respondeu: — Não Florinha, sua irmã não me quer. — Falou ele, em seguida me olhou novamente pelo espelho retrovisor Eu fiquei calada e desviei o olhar. Ao chegar em casa ouvi barulhos vindo do interior do imóvel, era o meu pai completamente bêbado quebrando as poucas coisas que tínhamos. Nesse momento fiquei sem ação, ele sempre bebia, mas nunca foi agressiv
"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela." (Paulo Coelho) *************** Depois que o Álvaro foi embora, cuidei da casa, fiz comida, lavei a roupa, ainda ajudei a Flora nas tarefas da escola, e assim o resto do dia passou voando, e sem demora a noite chegou. Já passavam das dez horas da noite quando sentei ao lado de Flora contando-lhe uma história para que ela dormisse, mas com tudo o que aconteceu, dificilmente ela dormiria rapidamente e sua atenção estava em qualquer lugar desse universo, menos dentro daquele quarto. — Flora... — a chamo, mas ela não olha para mim, e sequer me dava atenção — Flora... Amor... — tento mais uma vez, mas nada dela me olhar, e continuava brincando com suas mãos. Eu me sentia muitas vezes perdida e sem saber como agir quando ela se isolava dessa maneira, nossa mãe sempre sabia o que fazer e como contornar uma situação difícil, se ela estivesse aqui nada disso estaria acontecendo. Unindo minhas mãos, olho para sua foto que estava n
"Amar alguém é aceitá-lo com todas as suas imperfeições e ainda assim vê-lo como perfeito." **************** Decido deixar a razão de lado e dou ouvidos ao que o meu coração dizia. Com o livro nas mãos, sem demora abro a porta da sala, e vou até o carro saber o que estava acontecendo. — Álvaro? O que está fazendo aqui? — pergunto próximo a porta do carona e olhando para os lados — Estava passando e vi a luz acesa, fiquei preocupado, achei que vocês estavam com algum problema. — ele dizia amável e com o olhar fixo no meu — Não aconteceu nada de errado. A Flora ficou um pouco agitada por tudo o que houve e demorou a dormir. E eu perdi o sono e então decidi ler um pouco, isso me acalma. — falo e ele sorri fraco demonstrando está aliviado — Ah, sim! Que bom, então. Ele ficou no carro me olhando sem saber o que dizer, e eu falo algo que só depois percebo que foi um erro. — Eu vou entrar, está frio aqui. Vem, entra um pouco. — o convido, ele sem perda de tempo saiu do carro
"A vida é uma balança entre aceitar o que não podemos mudar e ter coragem para mudar o que podemos." *************♡************* Manhã do dia seguinte... Eu já estava sem sono, e depois que o Álvaro foi embora sem olhar para trás, tudo piorou. Até cheguei a deitar na minha cama, mas rolava de um lado para o outro, e nada de conseguir dormir. Então, ao ver que já estava amanhecendo, decido tomar um bom banho e me arrumar para enfrentar mais um dia de aula naquele colégio, que a cada momento tem se tornado um martírio para mim. Tudo ali já era extremamente difícil de digerir, mas confesso que desde a chegada do Álvaro e o fato dele estudar na mesma turma que eu, aumentou e muito a minha vontade de desaparecer daquele lugar. Mas não poderia fazer isso, primeiro porque fiz uma promessa a minha mãe de que concluiria meus estudos, e segundo pelo fato de eu já ter aberto mão de muitas coisas para o bem estar de outras pessoas, e já estava mais do que na hora de pensar um pouco em mim e
"Somente quando encontramos o amor é que descobrimos o que nos faltava na vida." (John Ruskin) *********♡********* Os dias passaram e tudo continuou na mesma. Álvaro cada vez mais distante, e eu mais triste. Eu sentia muito a falta dele, mas não conseguia me aproximar, eu tinha medo da sua reação, e por isso preferi deixar as coisas como estavam. Álvaro era um homem rico, e ter uma garota como eu ao seu lado só o faria sentir uma coisa, vergonha. Então, era melhor ele continuar se aproximando da Mônica, ela nasceu em berço de ouro, tem muita instrução, é viajada, fala vários idiomas e com certeza seria digna de se tornar uma Meirelles. Com esse pensamento seguia para o último dia de aula, enfim era sexta-feira, para muitas garotas isso significava sair, curtir e aproveitar a vida. Mas, para mim, significava dois dias longe desse maldito lugar e principalmente dessas pessoas prepotentes. Já na escola, cabisbaixa atravesso o portão, e ao erguer o olhar, vejo de relance o carro do
"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar." (Leonardo da Vinci) ************❤️************* O resto do dia passou vagarosamente, e como sempre, tentei a todo custo pôr a Flora pra dormir, mas ela não conseguia parar de brincar com os balões que havia recebido do Álvaro, resumindo, ela só dormiu quando não aguentou mais e ainda por cima agarrada aos balões. Eu, além de não conseguir parar de pensar no Álvaro, ainda tive uma preocupação extra. Meu pai ainda não tinha chegado. Eu já estava ficando preocupada, porque já passavam das onze horas da noite, e ele nunca demorou assim. Em meio ao desespero fico pensando em um modo de encontrá-lo, foi então que eu lembrei do cartão que o Álvaro havia me dado. Com ele em uma das mãos, fico parada observando o número do telefone, por um momento penso em não ligar, afinal, ele estava sem falar comigo há uma semana. Mas eu estava tão preocupada que não suportei e resolvi ao menos tentar... Liguei uma vez, chamou, chamou e
"Cada momento ao seu lado é um presente."********************Quando os seus lábios encontraram os meus, eu sabia que poderia viver até os cem anos e visitar todos os países do mundo, mas nada iria se comparar a àquele momento que eu beijei pela primeira vez um homem... E o principal, era o homem dos meus sonhos. Ali, com seus lábios nos meus, eu soube que meu amor por ele duraria para sempre, e que eu seria capaz de enfrentar fronteiras para viver esse sentimento. Ali, em seus braços eu não conseguia pensar em nada, só existia o Álvaro, eu e nosso primeiro beijo. Segundos depois, e creio que não foram poucos, fui afastando meus lábios e ele fez o mesmo. Soltei-o lentamente e me virei para frente, sem olhar pro lado. Eu estava nervosa demais com a situação, e nem ao menos consegui pensar em nada para aproveitar um pouco mais daquele momento em seus braços. Minha vontade era gritar e chorar ao mesmo tempo, tamanha era a felicidade que eu sentia. A chuva ficava cada vez mais forte ac