AMOR SEM FRONTEIRAS — DESTINOS CRUZADOS — Série Amores Vol.2
AMOR SEM FRONTEIRAS — DESTINOS CRUZADOS — Série Amores Vol.2
Por: Sandra Lima Autora
1. Maldade

“O amor não se vê com os olhos, mas com o coração.” (William Shakespeare)

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Laura Andrade

— Obrigada, dona Dissaura! Prometo não demorar. — falo para a senhora que cuidava da minha irmã sempre que eu precisava sai

— Imagina, menina Laura. Demore o tempo que quiser, a Flora nunca me atrapalha, pelo contrário, com ela aqui fico mais feliz. — a senhorinha de cabelos grisalhos dizia sorrindo debruçada em seu muro branco feito com tábuas de madeira

Sorrio agradecida, agachada diante da Flora, segurando seus ombros e olhando em seus olhos que brilham como estrelas, eu falo:

— Comporte-se meu amor. Prometo que não vou demorar. — ela ouve atentamente cada uma de minhas palavras, abre aquele sorriso maravilhoso que fazia o meu mundo parar e tornava tudo mais bonito, sem nada dizer me abraça apertado.

Minutos depois sigo para o meu compromisso, mas algo dentro de mim dizia que eu teria grandes surpresas, só não sabia afirmar se eram boas ou ruins.

Me chamo Laura Andrade, sou estudante, tenho dezoito anos e uma vida nada fácil, contudo não reclamo, apenas agradeço por ainda está respirando e com saúde para ajudar aqueles que tanto amo. Moro com meu pai Bartolomeu, que é alcoólatra, e minha irmã Flora que tem seis anos e foi diagnosticada com autismo. Minha mãe morreu fazem dois anos em um latrocínio, e desde então, eu assumi as tarefas da casa. Para fugir da realidade, o meu pai começou a beber depois da morte dela, e agora, para nossa tristeza, já está dependente do álcool. A Flora sofreu muito no começo com a morte da mamãe, ela é especial e era muito apegada à ela, mas faço de tudo para vê a minha pequena estrela feliz, e até então tenho conseguido fazê-la esquecer o que aconteceu e dá alegria que tanto precisa para se desenvolver.

Nesse momento estou num restaurante novo que está sendo inaugurado. Fui convidada pela Mônica, que também chamou a Bia e a Beth. Estava usando um vestido simples floral com uma sandália baixa, meus cabelos estão presos apenas no meio com uma linda presilha de rosas que ganhei de minha mãe, nos lábios um batom claro e usava um pouquinho do perfume cítrico que foi de minha mãe, e que de tanto economizar ainda tinha no frasco dentro do meu armário. As meninas, como sempre, o oposto de mim, e estão muito bem arrumadas ostentando até não poder mais. Eu não sou vaidosa como elas, e mesmo que fosse, jamais teria condições de usar roupas caras como elas usam, mas como eu disse antes, não reclamo de nada e apenas agradeço por tudo o que Deus me oferece.

— Então Laura, está gostando da comida? — Pergunta Mônica com um olhar diferente, como se estivesse me examinando

— Sim, está tudo uma delícia. Obrigada por me convidar. — agradeço colocando a mão na frente da boca, pois eu estava mastigando um peixe grelhado delicioso, eu não sabia o nome, mas era maravilhoso, e nunca havia experimentado nada tão bom nessa vida.

Elas se olham e começam a sorri juntas, não entendi muito bem o motivo, talvez tenha sido a forma que eu falei. Sei lá!

"Essas garotas estão estranhas." — penso, mas não falo

O restaurante estava lotado, até fila de espera tinha, o dono deve está muito feliz com todo esse sucesso, pois quase não cabia mais gente. O restaurante era famoso em vários estados, e a comida de fato, estava incrível.

— Ei Laura, será que você se importa se a gente for ao banheiro retocar a maquiagem? — Pergunta Bia

— Claro que não! Vão lá. — Elas levantaram sorrindo uma para outra. Puxei a Mônica no braço e continuei. — Amiga, posso pedir duas quentinhas, uma para o papai e outra para a Flora? É que não fiz janta. — falo baixo para que ninguém ouvisse

— Claro que pode. Fique à vontade, querida.

Então elas saíram ainda sorrindo, e eu chamei o garçom e fiz o pedido.

Se passaram dez minutos e nada das meninas voltarem... Vinte minutos e nada... Trinta minutos e nada. E aos poucos minha ficha foi caindo, mas feito uma boba, continuei na esperança delas voltarem.

"Elas não seriam capazes de fazer algo assim comigo. Todas sabiam muito bem as minhas condições financeiras, e que eu sequer poderia arcar com um copo de suco nesse restaurante tão requintado, imagine bancar um jantar inteiro regado ao que tem de melhor por aqui. Não, elas não fariam isso comigo. Ainda mais comigo." — penso e meus olhos marejam ao lembrar da possibilidade delas terem feito algo tão ruim assim, com a única intenção de me ridicularizar diante de todas essas pessoas.

Por que fariam isso comigo?

Sem ter uma resposta, continuo tentando me convencer, de que não havia caído numa armação feita por aquelas que se diziam minhas amigas. Por que elas fariam uma maldade dessas? Não há justificativa.

Passaram-se três horas e nada das meninas chegarem, os garçons passavam pela mesa e me olhavam desconfiados, pois o movimento já estava diminuindo e tinham poucas pessoas no restaurante. Eu não tinha celular pra ligar pra elas, e se eu levantasse para ir ao banheiro com toda certeza seria seguida pelos seguranças, por pensarem que eu fugiria sem pagar a conta.

Algum tempo depois já não tinha mais ninguém no restaurante. Eu fiquei sem chão, não tinha dinheiro suficiente pra pagar a conta, era um restaurante de luxo e eu fiquei sem saber o que fazer. Então vi um garçom muito jovem, aparentemente dois ou três anos mais velho do que eu, vindo em minha direção, e o mesmo senta na cadeira a minha frente, quando ele se sentou eu comecei a chorar. Estava morta de vergonha, as quentinhas estavam em cima da mesa, e eu não tinha dinheiro pra pagar aquilo tudo. Eu estava perdida! O medo tomou conta de mim.

O que faço agora?

Preciso encontrar uma maneira de sai dessa confusão que me colocaram. Mas como vou fazer isso sem pagar a conta?

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