IV- RODRIGO PARLATO

Ser um presidente não é fácil como pensei por toda a minha infancia, vendo o meu avô ser um ótimo equilibrista, lidando com casamento, filhos e a empresa, faltava-me acompanhar o inferno que é a empresa, achava reunião algo interessante, até ser opresidente da Parlato tendo até oito reuniões ao dia, hoje não vejo mais a graça, é apenas dores de cabeça e estresse. 

Em mais um dia a começar, cheguei no horário habitual a empresa deixando o carro estacionado em minha vaga, segui o percurso diário até o elevador. A porta estava a se fechar, quando fora segura rapidamente, apenas ergui a cabeça, sorri ao deparar-me com Danilo dentro do cubiculo de metal.  — Opa, olha quem encontro aqui!  — Um dos melhores engenheiros e meu melhor amigo sorri ao escutar.  — Eu quem o diga, está me seguindo Rodrigo?  — Entro no espaço pequeno, cumprimentando-o com um tapa em seu ombro.

— Como um desocupado? Oh sim! — Danilo gargalha pela ironia dita, observando a porta fechar de imediato a nossa frente. — Está sumido das notícias ultimamente Rodrigo, o que há? Seu pau caiu ou simplesmente esta empresa já começou a te consumir de verdade, garotão prodígio do vovô? - Inspiro fundo, mas não consigo mantér a seriedade. 

— Tenho que ficar com a segunda opção, infelizmente esta empresa me devora diariamente. — Fazemos o percurso para o ultimo andar, observando as pessoas irem e virem enquanto conversam e se instalam em suas areas. Até que a porta se abre, quatro pessoas entram e nós cumprimentam. Continuamos a conversar paralamente, mas não mais sobre mulheres, sim, trabalhos.

Ao chegar no segundo andar, Danilo cala-se no momento em que duas mulheres entram, uma morena alta linda, de olhos redondos bem escuros, cabelos escuros lisos presos num coque alto, dividido de lado, um semblante bastante sério, o que me chama atenção em seu rosto, seu nariz pontudo fino, arrebitado, mas a boca perfeitamente desenhada como se fosse a mão, vermelha talvez como uma maça, tão desejosa. A sua expressão séria, tão respeitável, usando um blazer branco e uma calça de tecido azul, meio folgada em sua mão uma pasta branca, uma bolsa preta.

Prendo-me tanto a ela que mal havia notado a mulher escura a seu lado, cabelos cacheados soltos, fios tom castanhos, alguns meio loiro, num vestido verde turbinado, bolsa marrom assim como o sapato, ambas se olham em meio que confidencialidade, o que há? Quem são? Olho para Danilo em busca de respostas, exceto as demais pessoas no pequeno espaço, nada mais é notavel, mas meu amigo esta cego a olhar para ambas as mulheres. 

O empurro com o braço, sendo retirado do seu mundo, Danilo me olha atordoado, ergo a sobrancelha a lhe olha. — Quem são? — Rapidamente a me olhar, e mais uma vez a voltar a sua visão para a mulher de vestido bem a frente de todos, o galego engole em seco. O empurro novamente em busca de resposta, quando dá de ombros, afirmando que também não sabe. 

Será que contrataram modelos para alguma campanha? Me pergunto, vendo que escolheram o quinto andar. — Advocacia! — Danilo disse entre lábios, como se eu não soubesse que este andar pertence a raça do direito, será que são clientes? O elevador para, fazendo as duas olhar em volta, três funcionários saem, não nego que a negra é linda, com um par de olhos verdes como duas esmeraldas. 

Mas o meu amigo parece nunca ter visto uma mulher na vida. — Olá tudo bem? Eu...eu... eu...— Ele tenta se apresenta, a vejo descer seus olhos nele de cima a baixo, e em seguida olha para a sua amiga. Como um adoscelente descobrindo a puberdade, Danilo gagueja, esticando a mão na direção da mulher mais escura. — Desculpem, hoje é um dia cheio para o meu amigo. 

Tomo a frente, vendo as duas o olharem, a mulher de blazer tão séria, sorri fraco. — Ah tudo bem, é um dia díficil para todos nós, você veio para a entrevista? — Mas infelizmente seus olhos escuros como duas pedras onix, nem me notam, dirigem-se para Danilo a tremer, o sorriso amplo no rosto delicado, talvez inocente, enquanto espera uma resposta. — Entrevista? Que entrevista? 

- Ária por favor, apenas foque nas suas palavras. — A mulher a seu lado diz, séria, fazendo-a a reprimir o riso largo em seus lábios. — Danilo, Danilo Navarro, me chamo Danilo Navarro, sou engenheiro cívil. — Danilo trêmulo estende a mão e se apresenta de imediato, conseguindo o que tanto queria, a mulher de vestido verde, que valoriza seus olhos virar-se para ele de imediato. — Ana Caroline, graduanda em direito.

Ela diz rapidamente estendendo a mão para o homem nervoso, me dando uma vontade de revirar os olhos, interesseira, antes nem se importou com ele. Adoro me divertir com este tipo de mulher, o riso mentiroso nos lábios, vendo como pode se aproveitar disto ao olha-lo. Mas a outra, fechou-se após as suas palavras, seria, a olha para frente permanece silenciosa. — Prazer, esse é meu amigo...— Pigarreio levemente ao lado de Danilo, não quero que ele diga quem sou. Apesar disto me servir sempre como uma calda de pavão, adoro ser apresentado como presidente da Parlato. Troco um olhar rígido com ele. 

— Não se preocupe, eu sei quem é o seu amigo, Rodrigo Parlato, atual presidente da Parlato construções, não se preocupe presidente, ninguém tem interesse em conseguir uma vaga aqui indo para a cama com o senhor. — A mulher de vestido diz séria, num mero olhar para mim, rígido, que audácia! Abro a boca para contestar quando Danilo me esbara ombro a ombro, ela suspira fundo. — Esta é a minha Aria Duarte, Danilo, viemos para uma entrevista para ela. 

Diz por fim, fazendo a tal Ária olha-la, seus olhos intensos, seu rosto inocente, por sorte o elevador para, as vejos prestes a sair. — Espera, e você... — Mas as duas saem, Danilo também sai em seguida, me deixando sozinho no elevador, parece que nunca havia visto uma mulher em sua vida, ou esteve num presídio por anos sem contato com uma. 

Olho a recepção do andar de advocacia, enquanto ele as persegue como um cão, bem... isto é um problema dele, não faço milhões ajudando amigos a lidar com mulheres. Vou para o meu andar, sendo recebido por Elias, que me espera com o tablet na mãos. — Bom dia presidente! — Mal saio do elevador lhe vendo casualmente como todos os dias usando o seu terno formal. 

— Bom dia Elias! — Ele me segue até a minha sala, atualizando-me de toda a minha agenda do dia, sento na minha cadeira, enquanto tento organizar tudo que tenho pendente para o dia, olhando a papelada na minha mesa, inicio assinando papeis, passa-se um bom tempo enquanto lido com a papelada para a construção do shoping. 

— Aí meu amigo! — A entrada não me assusta, como sempre apenas ergo a visão deixando de olhar a folha de assinatura, vendo Danilo entrar sala a dentro acompanhado por Elias atrás dele. Afirmo com a cabeça vendo meu secretário na sua tentativa fracassada de avisar antes da entrada, já devia ter se acostumado com isto, folgando a gravata cinza em seu colarinho de blusa, meu amigo mal entra, j**a-se no sofá.

— Qual o problema da vez? Sem inspiração? — Apoiando seu braço direito sobre o sofá marron de napa, o vejo suspirar. — Não há como faltar inspiração, Rodrigo, você aquela mulher? — Olho para o papel concluindo a terceira assinatura, mudando para a quarta, o olho como um abestalhado me olhando. — Vi e não vi nada demais. 

— O que? Como pôde dizer isto? — Levanta-se vindo a minha mesa. — Só diz isto porque ela falou verdades a seu respeito? — Assino mais uma página, lhe olhando. — Mesmo que sejam verdades, ninguém tem o direito de concluir sobre isto. — Sentando a qualquer maneira na cadeira a minha frente, o ouço gargalhar. 

Lhe olho seriamente, vendo parar de rir, apoiando-se a base da mesa, a me olhar. — Bem que você poderia me ajudar não é? Só a amiga dela que veio para a entrevista, não sei se a Gilda vai aceitar, a garota nem mesmo fala e com aquela cara, um encontro com a Gilda ela sai chorando.

Largo a caneta, apoiando-me no recosto da cadeira acolchoada, observando o homem alto, forte, de olhos verdes, pele amarela, cabelos loiro bem curto a me olhar como quem implora por algo, não vejo como ajuda-lo. — Você sabe que eu não interfiro no trabalho da Gilda, ela é a responsável pelo...

Insatisfeito, o vejo mover a cabeça de um lado a outro. — E lá vem o bla blá blá, é a melhor advogada que vocês tem, amiga do seu avô, sabe o que faz, além disso você a escuta em tudo que ela o aconselha. — Não tiro uma palavra se quer, lhe olhando enquanto fala apenas espero o término da suas alegações. — Se já sabe, não sei porque pediu, já que é a língua afiada que lhe interessa, mas é a muda que veio para a vaga?

Danilo revira os olhos ao me ouvir. — Fale pra a Gilda abrir duas vagas então, sei lá, que contrate as duas, cara, a Carol é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida. 

— E faladeira também, pra quem tem uma amiga que faz direito, deveria saber que...— Quase deitado sobre a minha mesa, afirma me olhando.  —Ela também faz, por favor Rodrigo. — Uno as sombrancelhas ao ver suas mãos unidas, mas ainda assim me recuso a aceitar isto, todos sabem que trabalho e envolvimento não dá certo. 

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