VI-RODRIGO PARLATO

Uma semana lotada, reuniões, eventos juntamente a inaugarações, todos os setores da Parlato mantiveram-se ocupadas em suas funções, havia uma correria por parte do setor dos advogados, várias vezes pude notar a lufada intensa que foram dadas por Gilda para a sua equipe, e somente na saída da sala de reuniões ao ver todos eles reunidos a escutar a sua lista de reclamações, foi que pude entender as razões do seu estresse. 

Uma mulher que mal fala, sobre qualquer assunto além do trabalho, sempre presa ao trabalho, todos os funcionários estavam atentos a ela, que com os olhos negros atrás dos óculos indo de um a outro funcionário, mal pensou em moderar o tom de voz para falar.

— Vocês sabem que isto está uma porcaria, não sabem? — Nem mesmo precisava retornar a sala para escutar o seu tom, fiquei da porta a observar seriamente, meu avô sempre diz que nos seus tempos as coisas eram melhores, não havia tantas leis para proteger os funcionários, era lutar ou lutar para conseguir um trocado, o que explica lindas obras de artes espalhadas pelo mundo, muitas vidas foram perdidas para o bem fazer. 

No seu caso, não foram perdidas, para tudo há um sacríficio segundo ele, e que hoje ele que não tem paciência para lidar com tanto direito, tantas leis sem pé ou cabeça que defende que está para servir. Foi observando Gilda, atirar uma pilha de contratos e pastas do arquivo sobre a mesa que pude ver como funcionava na época deles. 

Os funcionários a tremer por suas rígidas palavras, até mesmo eu que sou um Parlato, estremeci quando a mesma gritou. — Aqui não é um circo, não ficarei cercado por animais incapazes de enquadrar uma simples notificação em normas, bando de retardados! — Ela nem mesmo piscou ao dar as costas, saindo em seguida, e ao me ver de pé na porta passou por mim, como se eu fosse um deles. 

Vendo meus amigos ali parados, tesgos ainda a empurrar seus aros do óculos para mais perto dos olhos possíveis, tive a certeza de que foi uma ótima ideia escolher a engenharia, mais melhor ainda nascer herdeiro, vendo-os parados olhando os arquivos sobre a enorme mesa de marmoré preta, apenas sai devagar.

Vendo a nossa advogada seguir sem pesar se quer em nada as suas palavras, não nego que uma mulher de pulso firme é muito admirável, mas em algum momento nos renderá uma pilha de processos. A segui vendo entrar no elevador seria, fiz o mesmo por sinal, Elias que não saberia dizer de onde apareceu, ao nos ver juntos no elevador, creio que repensou em seus atos, evitando qualquer tempestade parou a alguns passos. — Gilda! 

Sabia que haviamos acabado de sair da mesma sala, vendo-a deixar de analisar a tela do seu celular, me olhou com olhos firmes, duros, tão escuros quanto carvão mineral, fitou-me seriamente. — Não se preocupe, farei o contrato eu mesma, nao há com o que se preocupar. — Sorri fraco ao lhe ouvir, não era novidade alguma ela falar somente sobre trabalho. 

— Não, não estou preocupado quanto a isso, confio em você!— Afirmo ciente, mas ela já não tem os olhos em mim. — Amanhã será o seu encontro com o Allin, não esqueça de lembra-lo sobre os novos valores, terá que pagar um extra para que a fiscalização não atrapalhe a produção do galpão, isso não pode sair do bolso da empresa. 

Como sempre, apenas trabalho, esta mulher me viu nascer, crescer não acredito que por causa de um acidente não me tornei seu genro, sempre visitando a minha casa, exceto com o meu avô nunca houve uma conversa além do trabalho. Será que todos seguem a vida após a perda de um ente querido, menos ela?

Observando ainda a falar, a sua pele lisa bem cuidada, não muito clara, mas também não morena, os cabelos negros na altura dos ombros, repicado, a mecha grisalha se destaca a frente da divisão lateral, os brinco dourado pequenos nas orelhas, as famosas argolas, junto ao colar prateado no pescoço sem pingente, formando uma corrente média, os ossos do seu colo a revelar, a magreza sonhada por qualquer mulher, mas desde sempre fora assim.

O Conjunto branco com alguns riscos cinza, composto por blazer e saia, além da blusa cinza por dentro, o salto preto, nada foge ao mais social, mais chique, me admiro que não seja mais uma como a minha mãe, afinal dinheiro ela tem bastante, embora não tenha ficado com nada que o seu marido deixou. 

A vejo mudar a sua expressão de imediato, voltando a tela do celular sem dizer uma palavra, o que faria esta mulher nunca ter se casado novamente, afinal quando o tio Adolpho morreu ela estava nova, apenas uma filha, como seria esta garota se estivesse viva? Será que nós casaríamos? Sim, eu não iria lhe amar, os meus olhos sempre estiveram preso a Érica,e mais uma vez vendo a mulher ao celular ergue os olhos, engulo em seco, pelo contato visual. 

— Não deveria confiar, em ninguém... seu avô ainda não o ensinou isto?— Freio os meus pensamentos ao escutar o que diz.  — O que? Não entendi? — Seus movimentos oculares me percorrem, os lábios rosados marcados pelo batom um pouco transparente se unem, e no fim a vejo negar. — Estou pensando em contratar mais pessoas do que o esperado, você aprovaria isto? — Afirmo levando uma das mãos ao bolso. 

— Sim, claro, mas porque disse o que acabou de dizer? — O elevador para, e ela sai, a espera de uma resposta, ameaço a sair também do elevador, quando ela para. — Não disse nada demais, Rodrigo, nada que você não saiba, é um presidente, ou seja uma empresa, me entende? — Segurando o seu olhar aos meus, afirmo com a cabeça, sim, o meu avô já me disse isso, apenas confiar nele, em mais ninguém sobre a empresa. 

A vejo seguir a diante, aperto o botão para prosseguir no elevador, até chegar ao meu andar, me sinto cansando, apesar de ser o meio dia da sexta-feira, mal entro na sala, já vejo Danilo de pé movendo alguns detalhes na maquete, focado nela, nem mesmo me ver. —Não deveria mexer nos projetos alheios sem permissão. 

Me aproximo folgando a gravata, desaboatoando alguns botões na minha camisa, quando ele me olha, sério. — Você só faz isto por diversão? Sabe que aqui ficará melhor estes assentos. — Aproximo-me olhando a mudança feita, o que não me agrada. — Mas não tão perto do banheiro feminino, qualquer vacilo...— Mudando a posição dos assentos novamente.

— Mude a ala neste caso, não terá como ter controle de quem vai sentar aqui, e tampouco de quem irá entrar nos sanitários femininos em qualquer lugar do mundo. — Examino a sua proposta, vendo que ele tem razão no que diz. — É verdade, embora não saiba se irá agradar ao Julio, já que as mulheres ao sair daqui, serão o campo de visão de quem está cá? Qualquer homem poderá ver a sua parceira entrando e saindo do banheiro sem precisar sair do assento. 

Danilo ri fraco, observando. — Vai depender da beleza da parceira, se fosse a minha, eu jamais a deixaria ir neste banheiro. — Nego ao ouvi-lo, até parece que tem alguma parceira fixa para tanto. — Idiota! — Apenas resmungo baixo, indo ao meu assento. — Ah vá, quem sabe eu não comece a namorar de repente.

Sentando-me a poltrona termino por me jgar, gargalho ao ouvir. — Ah conta outra, quem será a vitima desta vez, dia dos namorados é isso? — Mas Danilo senta no sofá sério, calado, o que me preocupa sua falta de resposta. — Alguma virgem pra iludir? — Me olha de soslaio em resposta, até que nega, faminto, estapeio a mesa levantando-me em seguida. — Pedi a tia Gilda... — paro de imediato ao ouvir. — Tia?

Sorri fraco enrolando um pedaço de papel entre os dedos. — É ela tambem achou estranho, mas...— A espera de uma explicação lhe olho diretamente. — Se ela abrir vaga para mais estagiarios, acha que ela vem aqui novamente? Acha que a Gilda me escutaria?

— Depende de quem está falando, a Gilda acabou de avisar que abrirá seleção. Danilo estou com fome, você  já almoçou? — Sigo em direção a saída, lhe vendo fazer o mesmo, tiro a gravata deixando a blusa aberta— A Carol, aquela negra linda que encontramos aqui. 

Saimos da minha sala, não dou importância, as paixões do Danilo duram uma ou duas transas, não tenho cabeça para isto agora. — Hum entendi. — Vamos para o elevador, o chato é saber que esta mulher não passará nem mesmo na entrevista, se for verdadeira em suas informações. 

Após o almoço e mais uma tarde de trabalho, já estava alta noite quando ele apareceu com um sorriso complacente nos lábios, apenas o olhei a bebericar duas dose de uisque, e mais uma vez voltou a examinar meu trabalho, que se eu pudesse não faria outra coisa, ao terminar a reunião com o senhor Fernandes, Danilo serviu-me uma dose de uisque. — Liguei pra ela. 

Falou atirando-se no sofá, pós expediente. — Ela? — O encarei antes de beber do uisque, já era sexta-feira a noite, meu corpo gritava por um banho frio, uma boa noite de sexo e sono para relaxar. — A  Carol.

Apenas bebi o uisque, não seria um problema ssistir mais caça de Danilo, após a diversão seria certo o descarte é assim com todas, e como previsto, acompanha-lo até a boate para começar a sua caçada, mas mal havíamos chegado ele desceu do carro ansioso, aproximou-se do vendedor na portaria, como um homem cafona dos anos oitenta arrancou-me risos, ao escolher o buquê mais cheio de rosas vermelhas. 

—Não, você só pode estar de brncadeira. — Zombei vendo que ele de fato estava a escolher.— O que acha? — Foi a sua resposta a minha zombaria. 

Joelma Dejesus

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