V- Ária Duarte

Foram mais que dois anos a espera de uma oportunidade para entrar na Parlato, após procurar um jeito para me aproximar da doutora Gilda, o único meio fora por a Parlato Construções, após a entrevista, passou-se uma semana, nada para mim estava indo bem, eu precisava de uma resposta, o mais rápido possível, até mesmo ao fritar um ovo e me distrair imaginando como seria estar a sua frente, olhar em seus olhos, ouvir a sua voz, será que sou parecida com ela? 

No que seremos parecidas? Ansiosa para este acontecimento, sai de casa de madrugada, indo direto para o haras, retirei a minha mochila do banco passageiro, caminhei até o vestiário, bem que a intenção de vir hoje não fora treinar, queria mesmo desabafar, me desangustiar se for possível, troquei as minhas vestes rapidamente, calcei as minhas botas, e em seguida caminhei para os estábulos, andei pelo corredor escuro. 

Abri a porteira, os meus olhos já tinha a visão cega, sorri ao olhar para o cavalo negro de pé, como sempre aconteceu. Mas a minha visão fora deturpada pelo encontro com a égua marrom, mesmo que uma manga larga, não me agrada, não é o meu amigo Sião, respirei fundo e pesado sem gostar desta égua que mesmo sem ter culpa de estar aqui, estar no lugar do meu amigo. 

Neguei chateada e muito nervosa pelo encontro, fechando a porteira, dei as costas a andar, nada e nem ninguém me fará trocar o meu amigo como um objeto, segui para o carro preto chateada, sentei no banco do motorista procurando o aparelho celular que deixei largado em qualquer lugar, até encontrá-lo no porta-luvas.

Ao encontrar o contato de Yan, liguei para ele, ainda era madrugada, poucos mais que quatro horas da madrugada, prevendo que a este horário ele estaria se preparando para mais um dia, acompanhei as chamadas atenta. — Amor? Ária aconteceu...

— Onde está o Sião? — Mal o deixei perguntar, ele havia mexido no que não deveria, e apenas escutar um ah do outro lado, já me irritava ainda mais. — Amor, você sabe aquele cavalo está velho...

— Você sabe que o Sião não é apenas um cavalo para mim, Yan, o que custa respeitar a minha decisão, já perguntei uma vez, preciso perguntar novamente? — Fui direta ao assunto, ele parece não entender que para mim o cavalo que ganhei aos meus quinze anos é muito importante, não apenas como companheiro de competições. — Calma Ária, posso explicar, amor ele já está velho, mais de dez anos, não está...

— Não estou perguntando o que acha? Yan, estou perguntando onde está o meu cavalo? Quando eu achar que é hora dele ser substituído, não...

— Ok, ok, já entendi, bem a Carol falou, droga! — Ouço as suas reclamações do outro lado. — Irei colocá-lo de volta, pode ser? — Sorrio fraco, apesar de não ter gostado da sua saída. — Quando? — Pergunto mantendo o tom de seriedade, até escutar a sua resposta seguida de um leve respiro de quem se deu por vencido. — Está no haras? 

— Hum rum.— Respondo, vendo os funcionários chegando no lugar, acendendo as luzes, abrindo algumas porteiras. — Ok, pode me esperar, precisamos conversar, Ária, soube que trancou dois componentes na faculdade? O que houve? — Rolo os olhos ao ouvir, como se ele já não soubesse. 

— Já falamos sobre isto, Yan, e agora que...— Mas ele mal me deixa falar. — Esta bem, estou indo para onde você está, conversaremos pessoalmente, pode ser? — Não nego, em algum momento esta conversa iria acontecer, o espero, avalio a égua que ele me presenteou, não posso negar que é uma boa competidora, mas tenho parceiro. 

O dia clareia, me junto aos funcionários para a primeira refeição do dia., estávamos rindo e conversando quando Irene, me apontou o homem alto, de farda, forte conversando com um soldado a uma certa distância no canto, olho para Yan de pé, as mãos a cima da cintura conversando com quem está mais uma vez a resolver problema, as garotas passam cochichando entre si sem disfarçar olhando para o alto homem de farda, não posso negar que ele é bonito, forte, o perfil que qualquer mulher sonharia.

Mas a aliança em seu dedo, não apenas diz, como mostra que este fardado já tem dona, o observo a distância e como todo homem sério, ele nem mesmo olhar, seus cabelos pretos meio que encaracolados curtos, formando poucas ondas, a blusa preta um pouco justa e folgada, nem para menos ou mais, a calça cinza-escuro as pernas grossas destacassem, como os músculos dos braços, conversando até a virar e me olhar, sorrio fraco, vendo-o abrir um sorriso branco, largo. 

Umedecer os lábios disfarçadamente, a me percorrer com um olhar sorrateiro, agilmente num bater de leve no ombro do soldado com a sua mão grande que se encerra o assunto, despedindo-se em seguida. Caminho em sua direção, vendo-o fazer o mesmo. — Bom dia querida!— Me cumprimenta em curtos passos a se aproximar. 

— Bom dia, Yan, onde está o Sião! — Mal aproximando-se, tendo a sua mão na minha cintura, sinto os seus lábios em minha testa, num selinho carinhoso contra a minha pele. — Já está a caminho, liguei para que o tragam de volta, Ária você sabe que a sua teimosia está deixando a nossa equipe...

Olha em meus olhos ao dizer, enquanto afirmo, isso não posso negar. — Sim, eu sei, Yan, acho que a Melinda já pode competir da próxima vez, se o Sião não esta apto a entrar na arena, eu também não estou. — Mas ele negar consecutivamente sem parar. — Nem pensar, você é a mais treinada que temos aqui, a Melinda é o quê? Uma garota de somente dezessete anos, ela não tem capacidade de carregar a alfa nas costas desta maneira. 

Inspiro fundo e nego. — Lembre-se que eu represento esta equipe desde os meus quinzes anos, além disto, não só a Melinda, temos outros que podem fazer isto. — Caminhamos em direção à mesa enquanto conversamos, era bom enquanto estávamos a falar sobre a possibilidade de me tirarem a frente da equipe. — Posso saber porque trancou dois componentes já penúltimo semestre no curso? Sabe que foi a exigência do seu pai para que nós casássemos, Ária, que você conclua a faculdade, por que isso agora?

Olho para a maneira que ele segura as minhas mãos unindo as suas, enquanto me observa. — Não vai atrapalhar os meus estudos, só quero descansar um pouco, Yan. — O homem, sentando a meu lado, ergue a mão tocando o meu queixo, me olhando seriamente. — Ária, eu melhor que ninguém sei que você ama estudar, por acaso está querendo adiar o nosso casamento? 

Deslizo a língua sobre o meu lábio superior lhe olhando, para ser sincera também, ainda não me sinto pronta para me tornar a mulher de alguém, mas sei que o Yan era o genro perfeito para o meu pai, e, além disso, nenhum outro homem cuidaria de mim como ele, mentira sempre tiveram pernas curtas e isso não funciona comigo, sendo que uma hora ele descobriram de qualquer maneira. — Me candidatei ao estágio... — Pela maneira que a sua respiração se intensifica, já sei que ele sabe e isso não é segredo.

— Porra, eu sabia, você não vai fazer esta loucura, não é? — O olho ainda a me encarar, afirmo lhe olhando, sem dúvida do quero. — Vou, eu preciso... — Antes que termine de falar, o soco firme na mesa me faz parar, fazendo alguns olharem para nós. — … fazer isto! — concluo com a minha decisão. 

— PORRA Ária! Chega, é absurdo você ficar indo atrás desta mulher, o que pretende fazer? — Engulo em seco ao lhe ouvir. — Se você parar de gritar e me ouvir, seria ótimo, Yan, o que custa? — O confronto vendo-o com a respiração alterada, a sua pele vermelha pelo pescoço, as suas narinas largas. — Escutar o quê? Que você quer o quê? Quebrar a cara? Se magoar? — Yan levanta chateado e agora com o tom de voz alto não fala, grita. 

— Que você quer adiar o nosso casamento devido a uma birra do passado? — Pergunta indo de um lado a outro, inquieto, sem me olhar. — Não vai adiar, Yan, é algo importante para mim, custa entender? — Seus olhos param em mim, as pupilas negras vacilam a me olhar, mal espero quando as suas mãos se unem em minha cabeça, cada palma enorme segurando um lado do meu rosto, olhando em meus olhos tão perto. — Você não precisa disto, Ária olha para você, não vai para aquele lugar meu amor, já imaginou o que você pode encontrar lá? Sei lá? 

Tentando tirar as suas mãos sem sucesso nego, ele não entende quão importante isso é para mim. — Chega, acabou você não vai mais procurar nada sobre esta mulher, a partir de hoje...

— Eu já me candidatei a vaga, Yan, fui a entrevista a uma semana, e... — Seus olhos saltam de uma maneira assustadora a me olhar. — O quê? Como pôde fazer isso sem me dizer? Ária, eu sou seu futuro marido, serei o pai dos seus filhos como teve a coragem de esconder isso de mim? — Gira nos calcanhares, me dando as costas em seguida. 

Enquanto tento entender o que isso tem a ver com o futuro, espera eu nem quero ser mãe. — Ela te viu? — Pensando sobre o assunto, ele vira e me pergunta, enquanto nego com a cabeça. 

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