– Ela costuma sair sempre e demorar? – Mais uma olhada no relógio, enquanto observo a nossa filha em sua refeição matinal, a mulher que passa um tipo de vassoura de pena nos móveis da sala de estar, se vira a me olhar de lá, apenas nega. – Não, principalmente sem Soso. – Desvio os olhos de Silvia para Sophie a comer a sua panqueca calada, como a mãe, entendo que não fale muito, culpa minha que não fico tanto em casa. – Porque não me diz, onde você vai com a mamãe? A garota sentada em sua cadeira alimentação erguer os olhos para mim, com certa suspeita. – Mercado, parquinho. – Fala diretamente, o primeiro até faz sentido, o segundo nem tanto já que quem brinca no parquinho está bem aqui. Penso enquanto ouço seus murmurios baixos enquanto busca lembrar, vão a tanto lugar assim? – Com certeza ela está na... – Ambas falam ao mesmo tempo, Sophie parando ao notar que Silvia fala o mesmo, enquanto se olha, mas a criança nega. – Ela não iria de carro na tia Carol. Sorrio inquieto, em que
Caroline mal disse, já me dando as costas, não medi passos ou palavras ao lhe segui pelo mesmo caminho, a minha cabeça nunca passaria o pior, e mesmo que fosse uma ideia absurda imaginar que Ária possa ter feito a loucura de ir até Paraíso sozinha, não havia o que pensar, é insano demais. — Eu vou com você! Digo vendo Caroline aproximando-se do seu veículo em prantos, e ela se nega. — Já disse, fica com a Sophie, caralho, será que você não entende? — Berra em lágrimas, ela poderia chorar rios e lagrimas, mas eu não, mesmo com a cabeça a explodir, lhe vendo abrindo a porta do carro assumindo o volante, sem condições alguma de dirigir. Esse era o menor dos problemas, quando no mesmo momento, adentro o carro, sentando a seu lado. — Não sei o que se passa na cabeça de Ária, mas desta vez quem vai lidar com isso sou eu. — Digo baixo, ignorando a mulher que malmente ligar o veículo enquanto as lágrimas caem. — E vai fazer o que, Rodrigo? Já pensou que o maior risco dela ir até lá, se ch
Após agredir Martinez em minha casa, não havia alívio, ainda mais pela manhã ao ser notificado que não poderia me demitir da MVP ASSOCIAÇÕES, a não ser com o pagamento de uma multa por abandonar os projetos, olhando os zeros seguidos pelos três, que estava a frente, sorri fraco, a assinatura de Fernando Antares, me mostrando o quão tão obvio tudo estava aos meus olhos. Eu não sabia quem ou como a pessoa conseguiu chegar até Ária, fazê-la sair de casa naquela noite ou madrugada, ninguém viu, ninguém soube, estando diante aos meus olhos a grande coincidência, o dia que eles chegaram a MVP, tornando-se sócio, e na mesma noite Ária desaparece?Havia muito o que fazer na MVP, e isso não poderia ficar para depois, os Antares estão com ela, a minha cabeça gira em saltos, em golpes que não conseguir lidar, mas o que mudaria? Sequer fui ao quarto, a barba por fazer, pegando a blusa largada no sofá, já não mais importando o suor, o odor exalando. A carteira com as poucas cédulas, eu moveria a
Após horas de viagem, desço em frente a mansão que pensei nunca mais voltar, dois seguranças no portão, me mostra que nada mudou, não sinto saudade, não sinto esperança, apenas vazio, com Fernando eu esperava, ansiava pela a sua volta, mas com o homem que mora neste lugar é diferente. — Senhor o que deseja? — Sou barrado no portão, antes de tentar falar ou anunciar o que desejo, um dos homem ruivos, alto, forte que serve a esta família me detér. — Falar com Diego Parlato. Anuncio, os olhos direcionados para a casa enorme branca, amarela que tomam o meu campo de visão. — Marcou hora? Tem alguém a sua...— Senhor Rodrigo? — Umas das antigas funcionárias surge sorrindo, gritando em pura euforia ao me ver, Reminia, o seu nome, se me lembro bem, mas não sorrio ou respondo. — O que houve com o senhor? — A mesma passa pelo portão, com as mãos estendidas vem a acariciar o meu rosto. — Sofri um acidente, o seu patrão está? — Sinto ambas as mãos de encontro a pele do meu rosto. — Nossa como o
Dois anos se passaram, dois longos e frios anos, muita aconteceu em dois anos, mas nenhum acontecimento me fez realmente sorri, após aquela manhã tudo foi ficando cinzento, ah se eu soubesse! Se eu soubesse, não! A principal lição da vida a dois, a três, eu não aprendi, daria tudo para voltar a aquela noite sentado naquela sala, a espera daquela reunião idiota, em que Martinez adentrou a sala dizendo que a empresa estava aumentando, oh não, eu teria me levantado da cadeira todas as vezes que o meu horário de ir para casa chegasse. Passaria em diferentes pontos todos os dias, compraria flores, chocolates, presentes simples ou caros, a chamaria para sair, viajáriamos ao exterior, a interiores como ela sempre gostou de fazer. Mas isso nunca acontecerá, em dois anos eu nunca a encontrei, nenhum vestígio de Ária ficou para mim, e muito menos soube o que aconteceu.Com a morte do meu avô, herdei todos os seus bens, assumindo tudo, era o jeito mais fácil de ter dinheiro, poder em minhas mã
É mais um dia comum, acordo olhando em volta por todos os cantos do quarto em tons branco e rosa, a minha cabeça dói, ergo a mão tentando amenizar o desconforto que sinto acima da testa, fecho os olhos enquanto me levanto da cama, e mais uma vez tento recordar-me do dia anterior. A sensação vazia mais uma vez me vem por dentro, por mais que eu tente dizer como me sinto, ninguém entende, levanto e caminho devagar em direção ao banheiro, até que ouço o vibrar do celular sobre a minha cômoda branca, o que faz pega-lo vendo o nome Lucas na tela. — Droga! — Reclamo ao lembrar que eu esqueci completamente. — Alô! — Atendo a chamada, sabendo que ele ficará chateado, porque eu esqueci. — Oi amor, está pronta? — A sua voz grossa vem do outro lado, me fazendo ri. — Cadê o meu bom dia? — Digo com a voz mais fofa possível, enquanto percorro os olhos pelo quarto. — Bom dia meu bebê, como você está? Dormiu bem? Está pronta amor? Coloco o celular no viva-voz, enquanto corro pra me vestir. — Quase
Desde que acordei sozinha naquele quarto cinza, olhando para a paredes, senti-me perdida e desorientada, não demorou para uma enfermeira adentar o quarto, portando em suas mãos uma bandeja com itens que logo se tornaram familiares, um medidor de febre, o outro de pressão. Seus olhos e passos ao me ver, deixaram-me ainda mais perdida, simplesmente ao retornar corredor da porta em que havia acabado de entrar. O médico que chegou com pressa, trouxe uma pequena laterna em direção aos meus olhos, não compreendia nada do que falavam, o que eles diziam, enquanto médicos e enfermeiros somava-se a minha volta. Mas as falas que surgiram alguns instantes depois, eu compreendi. — Cadê? Cadê? Eu quero vê-la. — A voz de uma mulher tornou-se maior em meio a multidão de jalecos brancos, que afastando os presentes chegou até mim. Uma mulher mediana, trajando uma roupa preta, cabelo curto escuro, os olhos inchados, as lágrimas rolavam em seu rosto. — Minha filha, finalmente você acordou!Não sabia qu
Completamente nostalgico, perplexo diante de tudo que Erick expôs em duas horas de conversa no seu escritório, me colocando no dúbio percurso, de não conhecer a mulher em que tive uma filha e vivi por dois anos, suspeitando que tudo fosse uma farsa criada, e do outro lado, sentindo muito por ela, eu teria feito o mesmo, ignorado a existência da minha mãe e de toda sujeira que a envolve. — Então? — Ainda me sentindo confuso e estagnado no seu sofá, ele me pergunta como se fosse algo fácil e simples de compreender, habilitado a construir e planejar prédios complicados, díficieis de executar, me sentir um mero asno diante de toda a façanha, como Gilda pode se safar tão bem durante todos estes anos? Engoli com rancor todo amargor alocado em minha boca, sequer uma dose de uísque seria capaz de amenizar. — E você acha que essa mulher é a Ária? — Aponto para a fotografia sobre a mesa, sem responder a sua pergunta, o que eu poderia dizer após todo desfecho narrado entre mentiras e traições?