É mais um dia comum, acordo olhando em volta por todos os cantos do quarto em tons branco e rosa, a minha cabeça dói, ergo a mão tentando amenizar o desconforto que sinto acima da testa, fecho os olhos enquanto me levanto da cama, e mais uma vez tento recordar-me do dia anterior. A sensação vazia mais uma vez me vem por dentro, por mais que eu tente dizer como me sinto, ninguém entende, levanto e caminho devagar em direção ao banheiro, até que ouço o vibrar do celular sobre a minha cômoda branca, o que faz pega-lo vendo o nome Lucas na tela. — Droga! — Reclamo ao lembrar que eu esqueci completamente. — Alô! — Atendo a chamada, sabendo que ele ficará chateado, porque eu esqueci. — Oi amor, está pronta? — A sua voz grossa vem do outro lado, me fazendo ri. — Cadê o meu bom dia? — Digo com a voz mais fofa possível, enquanto percorro os olhos pelo quarto. — Bom dia meu bebê, como você está? Dormiu bem? Está pronta amor? Coloco o celular no viva-voz, enquanto corro pra me vestir. — Quase
Desde que acordei sozinha naquele quarto cinza, olhando para a paredes, senti-me perdida e desorientada, não demorou para uma enfermeira adentar o quarto, portando em suas mãos uma bandeja com itens que logo se tornaram familiares, um medidor de febre, o outro de pressão. Seus olhos e passos ao me ver, deixaram-me ainda mais perdida, simplesmente ao retornar corredor da porta em que havia acabado de entrar. O médico que chegou com pressa, trouxe uma pequena laterna em direção aos meus olhos, não compreendia nada do que falavam, o que eles diziam, enquanto médicos e enfermeiros somava-se a minha volta. Mas as falas que surgiram alguns instantes depois, eu compreendi. — Cadê? Cadê? Eu quero vê-la. — A voz de uma mulher tornou-se maior em meio a multidão de jalecos brancos, que afastando os presentes chegou até mim. Uma mulher mediana, trajando uma roupa preta, cabelo curto escuro, os olhos inchados, as lágrimas rolavam em seu rosto. — Minha filha, finalmente você acordou!Não sabia qu
Completamente nostalgico, perplexo diante de tudo que Erick expôs em duas horas de conversa no seu escritório, me colocando no dúbio percurso, de não conhecer a mulher em que tive uma filha e vivi por dois anos, suspeitando que tudo fosse uma farsa criada, e do outro lado, sentindo muito por ela, eu teria feito o mesmo, ignorado a existência da minha mãe e de toda sujeira que a envolve. — Então? — Ainda me sentindo confuso e estagnado no seu sofá, ele me pergunta como se fosse algo fácil e simples de compreender, habilitado a construir e planejar prédios complicados, díficieis de executar, me sentir um mero asno diante de toda a façanha, como Gilda pode se safar tão bem durante todos estes anos? Engoli com rancor todo amargor alocado em minha boca, sequer uma dose de uísque seria capaz de amenizar. — E você acha que essa mulher é a Ária? — Aponto para a fotografia sobre a mesa, sem responder a sua pergunta, o que eu poderia dizer após todo desfecho narrado entre mentiras e traições?
Não havia passagem de tempo mais lenta e sórdida para mim, quando Lucas viaja a trabalho, ser empresário não é algo fácil, olhando para o relogio pela milésima vez, reclamo chateada com o tempo por não passar, respiro fundo olhando em volta enquanto aguarda ser chamada para a minha consulta com a psicologa. — Olá tudo bem? — Mais uma vez olhando para a porta de branca, sorrio fraco, tentando mantér a calma. — Sim. — O homem de calça jeans, suéter cinza e azul sorri de pé, agora também olhando para a porta, o avalio ainda sentada somente para ocupar o tempo. — Também está esperando? Pergunto, ao lhe ver apreensivo a porta, e como quem havia esquecido da minha presença, me olha diretamente e assenti. — Sim, marcamos para agora. — Ele diz me fazendo franzi o cenho. — Impossível, ela é minha psicologa, e o próximo horário é o meu. — Não se preocupe, deve ter sido um mal entendido... — A porta é aberta por Helena que ainda a se despedi do paciente, nos olha. — Até a proxima. — Ela diz, o
Eu não deveria me esforçar para lembrar, a minha cabeça parece entrar em confronto comigo mesma todas as vezes que tento, mas somente numa semana quatro encontros ou mais com aquele estranho me deixaram sem saída. — Mãe, antes do acidente eu conhecia algum homem alto, loiro cabelos meio grisalhos, chamado...— Minha mãe a frente do computador, levanta-se abruptamente da cadeira. — O que ele disse? Onde você o viu? Lembrou dele? — A sua reação inesperada quase em cima de mim, deixa-me ainda mais surpresa, seus olhos negros tão escuro sobre mim como quem queria arrancar a informação de repente, me faz ri. — Mãe! Calma, é só uma pergunta, eu conheço algum senhor Rodrigo? Ele é um homem de cabelos meio grisalhos...— Onde você o viu? — A sua voz ressoou mais grave, me fazendo engoli parte do que teria dizer em seco. — Me fale, Patrícia, onde o viu? — Segurando os meus braços, já não parecia ser algo a rir, seus olhos me denunciaram preocupação. — Mãe para, você está me machucando. Tento
— Como assim você não conseguiu? — Grito com o diretor do hospital ao saber que ele não conseguiu tirar informações de Gilda, mas o infeliz sentado a sua cadeira, insatisfeito com o seu trabalho apenas negou. — Ela é muito esperta, é uma mulher inteligente, ela sequer despediu-se, talvez tenha insistido demais no assunto, aconselho que você a mantenha sob controle neste momento ela pode estar fugindo com a sua mulher.Eu não havia falhado nisto, a partir do momento que decidir ficar já não havia motivos para falhas. — Não se preocupe com isto, deveria ter se preocupado com o seu trabalho. — Digo ao diretor que demonstra frustação. — Não vou ser denunciado, vou? Sorrio amargamente, ele não me ajudou em nada, mas ajudou os meus inimigos a tirar a minha esposa e mãe de minha filha de nós por tanto tempo, como acha que poderá nos compensar? — Você acha que não? O que espera doutor? Acredita mesmo que eu irei ignorar o seu feito? Ocultação, falsificação de documentos, cumplice da Gilda, o
Acordo em uma sala fria, cheia de aparelho a apitar sobre a minha cabeça, olho em volta sentindo forte dor de cabeça, um peso enorme, até que na minha busca em volta de onde estou, sabendo que estou no hospital, vejo um homem de pé, seus cabelos loiros e meio grisalhos, me fazem lembrar. — O que estou fazendo aqui? — Pergunto para ele. As lembranças são dele discutindo com a minha mãe, e em seguida a policia chegando tentando me tirar dela. — Você passou mal. — Me diz a uma certa distância, seus olhos azuis bem frios em mim.— Onde está a minha mãe. — No mesmo lugar para meu alívio se mantém. — Presa, você está aqui a dois dias, e nesse momento eu não sei se falo tudo para você ou espero mais alguns dias. Ergo os dedos a minha frente, incrédula. — Dois...dias? — Aquele individuo tão sério apenas afirma. — O que você disse lá no aeroporto não pode ser verdade. — Digo, lhe vendo de longe virar-se e me dá as costas, é certo que não poderia ser verdade. — Mande soltar a minha mãe, você
A mulher em meus braços possuia outro cheiro, outro peso, outra cor, o formato dos seus lábios se perderam, havendo uma cicatriz entre eles, cicatrizes foram o que mais tinha por algumas partes do corpo por onde vi enquanto os medicos lhe cuidaram. Mas isso não era tudo, o que mais mexeu comigo foram as palavras do seu ex, em minha mente o tempo inteiro, relatando como lhe dera prazer, como a usou de várias formas, em alguns dias acompanhando Ária no hospital, num misto de raiva e desprazer, algumas visitas a ele, acompanhando o caso de Gilda, que ganhou fama por todos os lugares. A minha vida tornou-se resoluta, afinal o louco mostrava ter razão, ela não estava morta, apenas desmemoriada, Ária havia sofrido um tipo de amense, um apagamento da memória porém não sabendo se foi provocado ou natural, se fosse caso do último, era muito azar do destino algo do tipo acontecer, nesse meio período pude agilizar algumas reuniões. Com a repercurssão da mídia, Caroline e Sophie vieram, as açõ