Me sinto completamente ferrada. Minha cabeça simplesmente não para de funcionar, justamente quando mais preciso de paz. Desde o momento em que encontrei Harvey naquela sala e descobri que ele era meu chefe, tudo virou de cabeça para baixo. Coisas e mais coisas aconteceram sucessivamente, e o peso mental só cresceu. Eu sei que esse detalhe era o mais importante para mim, porque, mesmo que ele não tenha mentido sobre tudo na sua vida, ainda assim, agora parece que eu não o conheço mais. E ele, com aquela calma, dizendo que eu o conhecia mais do que qualquer outra pessoa. Minha cabeça dói, meu coração também. Os dois em guerra enquanto minha mente tenta expulsar o idiota que conseguiu o impensável: me fazer sentir algo que eu jamais imaginei.Meu coração, por outro lado, só consegue se agarrar aos momentos que passamos juntos. Sempre me afastei das pessoas para me proteger, mas nada me protegeu de Harvey, desde o momento em que entramos naquele elevador. Eu falhei comigo mesma. Ignorei o
Foi difícil dormir depois daquela mensagem. Fiquei repetindo em minha cabeça, várias e várias vezes, tentando compreender aonde tudo isso daria, o que eu realmente faria com... essa situação. Não quero ser a boba que perdoou tão fácil. Não quero ser a pessoa que esqueceu... das mentiras, do fingimento, só porque está apaixonada por alguém. Mas, eu me sentia assim. Me sentia vulnerável e eu precisava dele. Só um pouquinho. Só para sentir que estou viva novamente. É interessante como esse homem passou a ser alguém tão importante em minha vida. O suficiente para... me fazer sentir essa necessidade.Acordo, vou ao banheiro, limpo o rosto, escovo os dentes e olho para o espelho. Fico me encarando fixamente por alguns segundos. Era hora de ir ao trabalho e eu ainda não sabia como isso aconteceria. Tive a coragem de passar pela porta e continuar o meu trabalho, sabendo que ali estava uma chefe que me pediu em namoro, no qual eu me intriguei por completo e descobri que ele escondia coisas mui
Eu tentei me afastar. Tentei manter a minha palavra de que daria espaço para ela pensar, mas isso foi impossível. Toda vez que eu fechava os olhos, uma enxurrada de pensamentos invadia minha mente, pintando cenários em que eu a perdia de vista. Conhecendo Samanta como conheço, sei que ela vai erguer aqueles muros que construiu em volta de si e se afastar de mim, como fez tantas vezes antes. Então, decidi que não posso permitir que isso aconteça.E como vou fazer isso? Vou lembrá-la do nosso amor. Vou dizer a ela exatamente o que sinto, o que ela significa para mim e o quanto a amo. Sei que nunca fui totalmente honesto, nunca falei muito sobre quem eu realmente sou. Harvey, o filho da mulher que ela tanto admira, o novo chefe da empresa. Omiti coisas, criei desculpas, justificativas que na minha cabeça pareciam razoáveis. Achei que estava controlando tudo, até perceber que estava preso em um labirinto de mentiras do qual não sabia como sair.Eu não calculei que me apaixonaria por Saman
Ele estava conseguindo. Pouco a pouco, aquele homem conseguia me fazer esquecer de tudo. De tudo que aconteceu e do que ele fez. Só restava aquele amor que crescia em meu peito, ofuscando qualquer ideia ou pensamento negativo. Eu não queria ser assim, não queria perdoá-lo tão fácil, mas devo confessar que cada coisinha que ele apronta quebra mais um tijolinho do meu muro.Harvey voltou a ser o dono dos meus pensamentos. Em cada segundo, em momentos em que eu não estava olhando para aquela tela de computador. Eu amava meu trabalho, mas o outro homem que eu amava também trabalhava ali. Um unia o outro, me fazendo sentir completa naquele espaço que eu achava que era só meu.Nos intervalos, eu pegava o celular e lia a mensagem dele, sorrindo sem perceber. Mordia os lábios, meu corpo voltava àquela cama onde estivemos. Eu odiava aquele idiota, odiava amar aquele homem que era meu chefe. Tinha que repetir isso na minha cabeça: ele é meu chefe, ele é meu chefe, mas não fazia diferença. Eu ai
Não era do meu feitio sair para baladas, festas ou qualquer lugar onde multidões se aglomeravam em torno de bebida e outros excessos. No entanto, naquela noite, achei que seria uma boa ideia. Precisava de uma distração, algo que me tirasse de casa e me fizesse pensar em qualquer coisa que não fosse o turbilhão de emoções que me envolvia. Por mais que eu não quisesse admitir, já havia perdoado aquele idiota, e não tinha como voltar atrás. O que eu precisava agora era de um momento de leveza, de uma pausa nos meus pensamentos. Talvez dois copos de alguma bebida alcoólica pudessem me ajudar a relaxar.Eu não costumava sair com a Hope para esses lugares. Ela era o meu oposto quando se tratava de diversão. Enquanto eu preferia ficar em casa, assistindo Ong Dormecido e me perdendo entre linhas de código no computador, ela amava festas, beijos descompromissados e noites regadas a álcool e diversão até o amanhecer. Mas ali estava eu, vestida para uma boate lotada, com o som ensurdecedor e luz
Minha cabeça estava doendo. Uma preguiça enorme me consumia. A cama em que eu estava deitada era tão macia e confortável que eu preferi ficar ali por um bom tempo, com os olhos fechados. Eu sabia que, assim que os abrisse, a luz incomodaria meus olhos e causaria mais desconforto. Então, me esparramei, tentando aproveitar o momento. Só ali comecei a perceber que algo estava diferente. O colchão macio e a coberta quentinha não se comparavam ao que eu conhecia. Eu sabia bem onde dormia, e aquilo definitivamente não era o meu quarto.Foi então que uma lembrança surgiu, como um lampejo. Eu tinha saído com minha melhor amiga para uma balada questionável. Só me lembrava dessa parte... e do medo. Sentei-me na cama num impulso, olhando ao redor. Observei a cama em que estava sozinha, os objetos próximos, o teto, as cortinas que escondiam a janela que, por pequenos flashes de luz, estava sendo iluminada. Nada ali era meu. O quarto, os móveis, absolutamente nada. Um frio subiu pela minha espinha
Tenho que confessar que estou completamente feliz e descontrada, apesar do meu corpo ter trabalhado nos últimos segundos antes, deitado naquela cama macia depois de um mês incrível e magnífico sexo com meu namorado.Sei que ainda há muitas questões que estou ignorando agora. E continuarei ignorando até o momento em que eu achar necessário. Já basta todo o tempo que passei longe dele, de tudo que vivi e sofri. Não vou gastar meus dias emburrada por causa de uma coisa que, no final das contas, já deveria ter sido superada. Ele estava se dedicando, e me prometeu que jamais mentiria para mim de novo. Ou esconderia detalhes importantes. Havia uma insegurança, devo confessar. Afinal, você não simplesmente esquece de um detalhe ou algo que te magoou no outro. Porém, naquela casa e naquela cama, eu esqueci. Eu estava vivendo feliz até então.Ouvi o barulho suave dele se levantando, vestindo suas roupas. E eu fiz o mesmo, mas fui direto ao banheiro. Dormir com ele ainda era algo novo para mim,
Harvey acordou cedo, decidido a fazer daquele dia algo memorável. Ele e Samanta tinham passado por uma breve separação, e agora, mais do que nunca, precisavam de um momento apenas para eles, longe das pressões do mundo. A promessa de que nada mais interferiria no que sentiam um pelo outro parecia estar presente em cada gesto. Enquanto eles tomavam café na cozinha espaçosa e sofisticada da cobertura de Harvey, Samanta olhava em volta, tentando processar tudo aquilo. Nunca havia estado em um lugar tão cheio de detalhes, onde cada objeto parecia valer mais do que qualquer coisa que ela pudesse sonhar em ter.A diferença social entre eles era óbvia. Samanta sentia como se estivesse pisando em um mundo ao qual não pertencia, e sabia que, do lado de fora, muitos olhariam para ela com desconfiança, acusando-a de se aproveitar de Harvey. Mas o que eles não sabiam — o que ela mesma havia descoberto há pouco tempo — era que não tinha a menor ideia de quem Harvey realmente era quando se apaixono