Ele estava conseguindo. Pouco a pouco, aquele homem conseguia me fazer esquecer de tudo. De tudo que aconteceu e do que ele fez. Só restava aquele amor que crescia em meu peito, ofuscando qualquer ideia ou pensamento negativo. Eu não queria ser assim, não queria perdoá-lo tão fácil, mas devo confessar que cada coisinha que ele apronta quebra mais um tijolinho do meu muro.Harvey voltou a ser o dono dos meus pensamentos. Em cada segundo, em momentos em que eu não estava olhando para aquela tela de computador. Eu amava meu trabalho, mas o outro homem que eu amava também trabalhava ali. Um unia o outro, me fazendo sentir completa naquele espaço que eu achava que era só meu.Nos intervalos, eu pegava o celular e lia a mensagem dele, sorrindo sem perceber. Mordia os lábios, meu corpo voltava àquela cama onde estivemos. Eu odiava aquele idiota, odiava amar aquele homem que era meu chefe. Tinha que repetir isso na minha cabeça: ele é meu chefe, ele é meu chefe, mas não fazia diferença. Eu ai
Não era do meu feitio sair para baladas, festas ou qualquer lugar onde multidões se aglomeravam em torno de bebida e outros excessos. No entanto, naquela noite, achei que seria uma boa ideia. Precisava de uma distração, algo que me tirasse de casa e me fizesse pensar em qualquer coisa que não fosse o turbilhão de emoções que me envolvia. Por mais que eu não quisesse admitir, já havia perdoado aquele idiota, e não tinha como voltar atrás. O que eu precisava agora era de um momento de leveza, de uma pausa nos meus pensamentos. Talvez dois copos de alguma bebida alcoólica pudessem me ajudar a relaxar.Eu não costumava sair com a Hope para esses lugares. Ela era o meu oposto quando se tratava de diversão. Enquanto eu preferia ficar em casa, assistindo Ong Dormecido e me perdendo entre linhas de código no computador, ela amava festas, beijos descompromissados e noites regadas a álcool e diversão até o amanhecer. Mas ali estava eu, vestida para uma boate lotada, com o som ensurdecedor e luz
Minha cabeça estava doendo. Uma preguiça enorme me consumia. A cama em que eu estava deitada era tão macia e confortável que eu preferi ficar ali por um bom tempo, com os olhos fechados. Eu sabia que, assim que os abrisse, a luz incomodaria meus olhos e causaria mais desconforto. Então, me esparramei, tentando aproveitar o momento. Só ali comecei a perceber que algo estava diferente. O colchão macio e a coberta quentinha não se comparavam ao que eu conhecia. Eu sabia bem onde dormia, e aquilo definitivamente não era o meu quarto.Foi então que uma lembrança surgiu, como um lampejo. Eu tinha saído com minha melhor amiga para uma balada questionável. Só me lembrava dessa parte... e do medo. Sentei-me na cama num impulso, olhando ao redor. Observei a cama em que estava sozinha, os objetos próximos, o teto, as cortinas que escondiam a janela que, por pequenos flashes de luz, estava sendo iluminada. Nada ali era meu. O quarto, os móveis, absolutamente nada. Um frio subiu pela minha espinha
Tenho que confessar que estou completamente feliz e descontrada, apesar do meu corpo ter trabalhado nos últimos segundos antes, deitado naquela cama macia depois de um mês incrível e magnífico sexo com meu namorado.Sei que ainda há muitas questões que estou ignorando agora. E continuarei ignorando até o momento em que eu achar necessário. Já basta todo o tempo que passei longe dele, de tudo que vivi e sofri. Não vou gastar meus dias emburrada por causa de uma coisa que, no final das contas, já deveria ter sido superada. Ele estava se dedicando, e me prometeu que jamais mentiria para mim de novo. Ou esconderia detalhes importantes. Havia uma insegurança, devo confessar. Afinal, você não simplesmente esquece de um detalhe ou algo que te magoou no outro. Porém, naquela casa e naquela cama, eu esqueci. Eu estava vivendo feliz até então.Ouvi o barulho suave dele se levantando, vestindo suas roupas. E eu fiz o mesmo, mas fui direto ao banheiro. Dormir com ele ainda era algo novo para mim,
Harvey acordou cedo, decidido a fazer daquele dia algo memorável. Ele e Samanta tinham passado por uma breve separação, e agora, mais do que nunca, precisavam de um momento apenas para eles, longe das pressões do mundo. A promessa de que nada mais interferiria no que sentiam um pelo outro parecia estar presente em cada gesto. Enquanto eles tomavam café na cozinha espaçosa e sofisticada da cobertura de Harvey, Samanta olhava em volta, tentando processar tudo aquilo. Nunca havia estado em um lugar tão cheio de detalhes, onde cada objeto parecia valer mais do que qualquer coisa que ela pudesse sonhar em ter.A diferença social entre eles era óbvia. Samanta sentia como se estivesse pisando em um mundo ao qual não pertencia, e sabia que, do lado de fora, muitos olhariam para ela com desconfiança, acusando-a de se aproveitar de Harvey. Mas o que eles não sabiam — o que ela mesma havia descoberto há pouco tempo — era que não tinha a menor ideia de quem Harvey realmente era quando se apaixono
SamantaDepois desse dia muito especial que estive com Harvey o tempo todo, me sinto renovada e não posso mensurar a minha felicidade. Jamais tive isso na vida e um sentimento de proteção acabou me tomando.Não quero que acabe, e mesmo com a decepção, consegui perdoa-lo, pois não vejo longe dele, nem consigo imaginar ele com outra pessoa.Acabei descobrindo que sou bem ciumenta. Isso vinha muito da minha insegurança, já que estou acostumada a nunca ter nada e as pessoas serem bem mais interessante que eu, em minha visão. Entretanto, Harvey me provava o contrário. Como alguém como ele pode me querer, tendo tantas outras, do seu nível, ao seu lado, esperando um sinal para se jogar em seus pés?Bem, só o amor justificava tal coisa. E mesmo que haja outra explicação, como: você é tão interessante quanto – Demoraria muito para eu acreditar.- Você sabe que para eu sair, você tem que destravar a porta, não sabe? – Olhei-o sorrindo, olhando para a rua, porém, quando me pronunciei, ele me olho
Minha melhor amiga ainda estava muito chateada comigo, e com razão. Eu não me lembrava de muita coisa, então ela deveria ter me dado um crédito extra, mas... Isso não acontecia com a Hope. Ela era intensa, e muitas vezes autoritária. E não ter dito onde estava no dia anterior, achando que a minha vida não existisse fora daquela casa enorme de Harvey, foi um erro. Pelo menos eu deveria ter ligado, mesmo acreditando que ela tinha me abandonado naquele lugar. Aquela foi uma experiência que eu jamais vou repetir. Mas não era isso que me incomodava de verdade. O que realmente me incomodava era a distância que agora existia entre nós.Quando ela acordou, não falou nenhuma palavra. Eu sabia que desculpas não iam adiantar. Apenas atitude. Então, eu fiz o café e dei um bom dia. Como esperado, ela não respondeu, mas eu sei que me escutou. Tomei meu café, lembrando
Eu dei a ela o tempo que desejava. Mesmo que o meu coração estivesse transbordando de alegria e eu quisesse gritar para os ventos que agora tinha uma namorada, e que ela era a pessoa mais incrível do mundo, eu respeitei seu pedido. Eu queria chegar à empresa e simplesmente pegar sua mão, andar lado a lado, sem me importar com os olhares. Exibir o nosso relacionamento era algo que nunca fiz antes. Porque nunca senti isso: um amor verdadeiro que me deixava completamente em êxtase. Samanta me amava da mesma forma que eu a amo, e isso era único.Já tinha saído com outras mulheres antes, até namorei uma por um tempo, mas Samanta... ela era diferente. Tinha uma energia que nenhuma outra tinha. O jeito como sorria, contava piadas, suas ironias. Estava do meu lado, mesmo quando eu errava. E ela me perdoou. Esse foi o melhor presente que já recebi. Eu não conseguia mais imaginar a minha vida sem essa mu