HarveyJamais imaginei que algo assim pudesse acontecer em toda a minha vida. Eu sempre fui calculista, nunca me considerei impossível. Pensava muito antes de fazer qualquer coisa. Mas, todas as vezes que estava com Samanta, era como se eu me transformasse em outra pessoa. Uma versão de mim que queria correr riscos, fazer aquilo que o meu eu habitual jamais teria coragem. O outro eu, o mais racional, colocaria obstáculos entre nós, impediria que algo assim acontecesse. Se dependesse dele, eu já teria me afastado dela há muito tempo. Porque com Samanta, vinham também inseguranças, medos. Existiam verdades que ainda não foram ditas, e eu sabia que essas verdades poderiam se tornar mais barreiras entre nós.E se o pouco tempo que passamos juntos foi suficiente para que eu a conhecesse, também sei que Samanta não deixaria de encarar esses obstáculos. Ela os colocaria entre nós, como deveria ser, talvez para se proteger. Mas quando os meus lábios tocaram os dela, foi como se o mundo ao nos
SamantaA noite estava perfeita. Sentados lado a lado no sofá macio que parecia engolir nossos corpos, eu e Harvey dividíamos uma garrafa de vinho tinto. A área externa daquela imensa mansão era envolvente, com seu estilo rústico que combinava com a sofisticação da vida que ele levava. À nossa frente, uma fogueira crepitava no centro de uma estrutura de concreto adornada com detalhes em madeira escura, o calor suave e o estalar das chamas ecoando no silêncio da noite.Eu o observava, perdida em meus pensamentos, enquanto ele falava sobre sua infância, suas histórias misturadas com as memórias que me atormentavam. Não conseguia desviar os olhos de seu rosto. Cada linha, cada expressão parecia me puxar para mais perto. O jeito como a luz da fogueira dançava sobre ele, revelando um homem forte, mas vulnerável de uma maneira que me atraía profundamente.A lua cheia brilhava no céu estrelado, mas eu nem ao menos a notava. Naquele momento, não importava a paisagem ao redor. Tudo o que eu co
SamantaO que estou fazendo?Abri os olhos, já a um bom tempo, mas permaneci na cama, com milhares de questionamentos em minha cabeça. Minha vida parecia louca demais para mim, como se não pudesse ser real tudo aquilo.Como passamos de simples amigos, para pessoas apaixonadas, que deseja esquecer de tudo e ficar um do lado do outro, mesmo com tantas coisas no meio.Eu não deveria cometer o erro de me envolver assim, com um cara que, claramente, é um perigo para o meu coração e emocional.Com tantas mulheres lindas, ao redor dele, Harvey me escolheu?Bem, eu ainda não acreditava no que aconteceu. Nem sabia o que seria desse dia. contudo, minha curiosidade para saber mais sobre ele, só se tornou ainda mais uma necessidade. Me aprofundar nesse homem seria um grande risco, e eu desejava saber onde estava pisando.Até então, tudo o que sei dele é que: é um mistério, tem muito dinheiro, mesmo que isso não seja a parte mais importante, é curioso, pois, apesar do meu ótimo salario na TEC Corp
POVSamanta, ao se levantar da cama, sentia o peso da incerteza ainda pairando sobre sua mente. Embora a felicidade fosse real, cada passo que dava para mais perto da sala de refeições era também carregado de receio. Ela se sentia dividida, como se caminhasse na corda bamba entre a segurança e o abismo. O chão de madeira sob seus pés era suave, mas a cada estalar discreto, o som ecoava dentro de sua cabeça, como se alertasse que ela estava cada vez mais imersa nesse novo mundo ao lado de Harvey. A decisão de se entregar a ele, de não se afastar, era ainda frágil, e ela sabia que o risco de se machucar permanecia.Ao descer as escadas, seu coração acelerava levemente, como se pressentisse a presença de Harvey antes mesmo de vê-lo. A memória do sorriso dele, das palavras suaves que ele dizia com tanta facilidade, fazia com que ela se esquecesse dos medos, ainda que momentaneamente. Ela se forçava a respirar fundo, tentando acalmar a ansiedade que parecia se esconder atrás da felicidade.
SamantaAquele pedido não sai da minha cabeça. Eu repetia aquela frase com o tom da voz dele, milhares e milhares de vezes, desde o momento em que ele disse. E eu aceitei. Aceitei com tanta felicidade que mal podia contê-la dentro de mim. Mas me segurei. Odiava ser aquela pessoa que sempre demonstrava o que estava sentindo, como um livro aberto. Normalmente, conseguia me controlar. A não ser, claro, em um dia muito ruim, quando minha autoestima despencava e eu relembrava todas as merdas que já me aconteceram.Mas desde o momento em que pisei aqui, mesmo com altos e baixos, o "alto" predominava. E isso, eu nunca tinha sentido em toda a minha vida. Uma felicidade tão imensa que parecia que, pela primeira vez, eu estava sendo escolhida. Alguém me queria como sua namorada, para compartilhar sentimentos que eu jamais havia experimentado. Bem, eu amava minha melhor amiga. Ela era como um irmão para mim. Mas não era a mesma coisa. Eu amava Harvey. E, por mais que essa palavra me aterrorizass
Eu estou sempre boicotando a mim mesma, e isso é cansativo. Mesmo prometendo milhares de vezes, quando me via na prática, tudo o que eu tinha jurado para mim mesma, tudo o que repeti incontáveis vezes em minha mente, simplesmente desaparecia. A insegurança tomava conta, como um velho reflexo. Eu não queria ser assim. Eu sei que fui moldada para ser, reprimida, maltratada, me escondendo atrás de uma máscara de proteção que me mantinha inteira, mas... já chega. Ainda parece surreal me apaixonar por um homem que eu mal conheço, alguém envolto em mistérios sobre quem realmente é. E quando finalmente descobri, percebi que ele vinha de uma realidade completamente diferente da minha. Dizer isso em voz alta ou pensar nisso me faz parecer louca, talvez até ingênua. Mas o fato é que eu queria ser parte desse mundo, queria ficar perto dele, mesmo com tudo gritando que eu deveria fugir. E então eu penso: já chega desse drama. Já chega dessa insegurança. Não importa o que venha à mente, eu não vo
SamantaPosso ter cometido o pior erro da minha vida, mas eu não sentia isso neste momento. A segurança que me atingiu, a força e o desejo, eu nunca tinha sentido antes. E não foi porque eu e Harvey demos um grande passo na nossa relação. Não, foi porque, depois disso, algo mais forte despertou dentro de mim, como uma âncora que me segurava firme, me impedindo de afundar nas águas turbulentas da minha própria insegurança. Eu não sei explicar, é confuso ainda. Parecia mentira, mesmo sendo verdade. Um sonho, mesmo estando tão profundamente enraizada na realidade.Se dependesse de mim, passaríamos o resto das nossas vidas ali, isolados, juntos, felizes, como se o mundo fosse perfeito. Mas eu sabia que isso não seria possível. Nossas vidas, afinal, estavam longe de serem perfeitas. A realidade nos chamava de volta, nos forçando a deixar para trás aquele fim de semana que mais parecia uma utopia. Harvey tinha responsabilidades, uma posição importante. E eu... Eu tinha a minha empresa, o pr
Harvey Acredite, eu queria ter dito. Queria ter dito muito antes, mas o medo de estragar aquele fim de semana perfeito me impediu. Tudo estava tão certo com Samanta, e por mim, eu passaria uma eternidade naquele lugar, longe de tudo, só nós dois. Acho que ela sentia o mesmo. Mas, assim que a estrada para Nova York surgiu à nossa frente, fui lembrado da verdade que ainda não tinha revelado. Algo que, para mim, não parecia tão relevante, mas que para ela, poderia mudar tudo.Eu nem percebi o quanto estava nervoso, até que ficou óbvio, transparecendo em cada gesto. Não queria deixá-la preocupada, mas sabia que a reação dela não seria boa. Eu queria mostrar a Samanta que não importava de onde eu vinha, quem eram meus pais, ou o peso do meu sobrenome. Nada disso devia interferir no que estávamos construindo. Mas eu sabia, lá no fundo, que para alguém como ela, insegura e já lidando com dúvidas sobre nossa relação tão recente, isso poderia ser mais uma desculpa para se afastar. E