O som rígido e persistente do despertador adentra em meus ouvidos e, faz com que eu me desperte de imediato.
Adoraria passar o dia na cama me espreguiçando, mas isso não é possível.
Retiro o lençol sobre o meu corpo, me colocando de pé e cautelosamente caminho em direção ao banheiro. Ainda me encontro desnorteada como quem não está satisfeita com o dia. Não sei o que é ter uma boa noite de sono desde os meus catorze anos, bem, dizem que só valorizamos as coisas quando já não as temos.
A água fria percorre pela minha pele, arrepiando o meu pelo, e neste instante um grito escapa da minha boca me afastando de imediato do chuveiro.
Agora me encontro totalmente acordada, a água fria tratou disso, e isto acontece todas as manhãs.
Suspiro fustrada e sem opções volto a me colocar por debaixo do chuveiro. Em murmúrios termino o banho e rapidamente me enrolo na toalha. Penteio os meus cabelos enquanto me encarro na frente do espelho, e logo em seguida caminho em direção ao guarda roupas para pegar o meu vestido ombro a ombro estampado por girassóis.
Apreensiva me visto e assim que término me retiro do quarto.
"Miguelito, Pedrito, está na hora de se levantarem, não quero que se atrasem ao colégio outra vez." grito enquanto passo pelo corredor do quarto de ambos." Vou preparar o café, lhes do apenas cinco minutos." adiciono caminhando em direção a cozinha.
Preparo sanduíche como o de costume. Isto é tudo que podemos comer até que eu trabalhe o resto da noite, só assim podemos comer alguma comida diferente. As coisas eram mais fáceis quando os meus pais estavam por perto.
Uso o liquidificador e preparo um suco verde e rapidamente não tardo a ver os meus dois irmão prontos.
"Odeio o café da manhã." pedro resmunga e se senta.
"Eu prometo que amanhã irei preparar uma coisa diferente." digo para anima-lo.
"Bom dia Dayane." miguel me cumprimenta e me agacho para que os seus lábios alcancem a minha bochecha. Ele é o mais calmo, ao contrário do Pedro.
"Fizeram os deveres de casa?." questiono e bebo um gole do suco.
"Sim." ambos respondem em uníssono.
"Não se esqueceram de nada?." tento me certificar.
"Eu não." disse o miguel.
"Eu também não." disse o pedro em seguida.
"Por favor Pedro não arrume encrenca hoje, e Miguel, fique de olho no seu irmão." digo.
"O que pretende?, Fazer com que a escola inteira se ria de mim? Não vou deixar que um nérde se aproxime de mim." pedro diz em negação.
"Não fale assim do seu irmão." é tudo que digo.
"Está tudo bem Dayane." miguel diz e me mostra o seu sorriso doce.
"Acho melhor se apressarem não quero que percam o ônibus." arrumo a minha bolsa.
Aguardo ambos que não tardam a tomar o café e assim que terminam tranco a porta do prédio, e caminhamos em direção a rua de ponto. Aguardo os meus irmãos entrarem no ônibus escolar e assim que me certifico, chamo por um táxi.
Estou meia hora atrasada sem dúvidas que a Úrsula irá berrar.
Quando chego ao clube pago o taxista e me retiro do carro. Caminho com cautela em direção a porta de entrada enquanto fecho a minha bolsa, e neste instante ouço gritos.
"Por favor alguém me ajude, este homem acaba de me roubar, não o deixem escapar!." a pobre idosa grita euforica e vejo um homem correndo desesperado na minha direção. Olho para o homem que aparenta ter uns vinte e cinco anos, com uma bolsa em seu ombro e um canivete na mão. Seus cabelos são longos, olho para o seu rosto e mal posso acreditar que ele seja capaz disto. Nota-se que o homem está nervoso, mais ele aparenta ser um profissional.
Na tentativa de para-lò, tento lhe tirar a bolsa em um movimento falho, pós no mesmo instante o homem cai sobre mim e sinto o peso do seu corpo em cima do meu.
"Não devias se meter aonde não deves princesa!." o homem diz num tom tranquilo, e sorri torto. Seu olhar me imobiliza, e as palavras não saíem da minha boca, observo o seu rosto e, os meus olhos paralisam nos seus lábios, e nos seus traços surreais, naquele mesmo instante meus olhos encontram os seus braços fortes, suas mãos grandes e os seus dedos longos.
Balanço a minha cabeça na tentativa de espantar os meus pensamentos, quando por deslize a minha mente é tomada por pensamentos inapropriados, e o calor entre as minhas pernas se torna intenso.
O homem se levanta apreensivo e desata a correr.
"Está tudo bem senhorita?." a idosa que gritava há alguns segundos atrás questiona preocupada.
"Sim, eu..eu estou bem." digo e a mesma me ajuda a se levantar.
"Eu lamento senhorita! Por minha culpa o homem acaba de roubar a sua bolsa." a idosa diz cabisbaixa, com a cabeça erguida, e só neste instante me apercebo que estou sem a minha bolsa.
Desgraçado.
"Não se preocupe senhora, está tudo bem, lhe asseguro que iremos recuperar as nossas bolsas, basta prestar queixa." digo e seguro nas suas mãos.
A multidão fica imensa, e acho engraçado por ninguém ter nos ajudado quando realmente precisávamos.
"Dayane?." meu nome é citado por uma voz feminina, e os meus olhos a encontram de imediato." Por quê está neste estado?, além de chegar atrasada está suja." Úrsula questiona num tom de repugnância.
"Houve um assalto agora pouco." me justifico.
"Tentou bancar de heroína?."
"Estava apenas tentando ajudar a está pobre idosa." acrescento.
"Por acaso está idosa irá da-la um novo emprego quando perder este?." ela diz e me deixa sem palavras.
"Me desculpe senhorita eu..."
"Fique tranquila senhora." tento tranquiliza-lá.
Pobre idosa.
"Entre agora mesmo e se troque, trate de ficar impecável." Úrsula adiciona antes de dar as costas para a multidão e se retirar.
"A senhora tem algum dinheiro para o ônibus?." pergunto para idosa.
"Não minha querida eu.."
"Por favor, alguém poderia dar algum dinheiro para o táxi a senhora?." pergunto para a multidão e recebo o silêncio.
"Eu posso ajudar." um homem se oferece e surge entre a multidão.
"Obrigada senhor." digo com gratidão.
Aguardo a pobre idosa entrar no táxi e de seguida entro no clube. O local está calmo pós não há nenhum cliente, e o volume da música está baixo.
"Como sempre se acha a rainha deste lugar." natasha diz assim que me vê.
"E ela não é?." samantha diz e para ao meu lado com as mãos sobre os meus ombros." O que foi natasha? Quando irá aceitar que todos prefiram a ela?."
"Cale a boca vagabunda!" natasha rosna entre os dentes, totalmente alterada.
"Não sou a única vadia aqui, ou já se esqueceu?." samantha diz num tom de deboche.
"É uma incompétente, como sempre precisa que a defendam, não serve para nada Dayane."
"É uma pena que pense desta forma, e para apenas recordá-la, nada do que diz, é o mesmo que os clientes dizem." digo antes de da-la as costas e me retirar a passos largos.
Natasha nunca gostou de mim, ela vem carregando este ódio desde que comecei a trabalhar no clube.Quando a Úrsula assassinou os meus pais, jurei trabalhar para ela até que ela não precisasse mais dos meus serviços, em troca disto a mesma não tocaria em meus irmãos. Não tenho o direito de renunciar o contrato mesmo que eu queira, e as meninas que trabalham aqui há mais tempo dizem que assinamos o contrato com o diabo.Embora as mesmas digam que sou a favorita da Ursula e que a minha beleza encanta os homens, porque sou há mais jovem que atrai os melhores clientes, não me acho a melhor, olho para as mulheres com quem trabalho e as acho mais belas do que eu."O clube está começando a ficar cheio." samatha diz quando surge entre a porta do camarim. É aonde todas as garotas se arrumam."Eu percebi pelo volume da música." digo passando o pó compacto branco pelo meu rosto."Não fique triste pelo o que
Afogo o meu rosto na água fria e gelada da banheira e permaneço neste transe até o momento que perco o controle da minha respiração. Quando não consigo tomar o ar dos meus pulmões sinto a paz interior.Durante o tempo que permaneço sem respirar. Uma voz baixa chama pelo meu nome me fazendo se retirar as pressas. Só neste instante o ar sai dos meus pulmões e a minha respiração soa ofegante e mais rápida que o normal."Dayane?." miguel me chama assustado."Está tudo bem." digo ofegante e só neste instante vejo as lágrimas transbordarem em seus olhos.O que eu menos queria era deixá-lo assustado."Estava tentando se matar? Você vai nos deixar assim como a mamãe e o papai?." entre soluços com a voz falha meu pequeno irmão questiona.Estou ciente de que a história que inventei sobre a morte dos meus pais não é correta. Mas não podia simplesmente contar a eles sobre o que presenciei n
O silêncio paira, indicando que o ponto de metro está vazio, não me surpreendo pós já é muito tarde para se estar na rua. Tudo que posso ouvir é a minha ofegancia e o som da respiração do homem a minha trás."Tem algo que me pertence, e eu exijo que me devolva." digo num tom firme, e tento de todos os modos não demonstrar o medo que se apodera do meu corpo."E por isto está me seguindo? Por causa de uma bolsa que se quer contia uma boa quantia?." ele diz e se ri."Pode até não ter valido muito para o senhor, mas para mim valia." digo e desfiro um chute no meio das suas pernas.Imobilizado o homem solta o canivete e leva a atenção a ele."Desgraçada." rosna."Quem está no comando agora?." digo vitoriosa com o canivete apontado em seu rosto."Eu joguei a bolsa fora." disse gemendo de dor."Devolva o meu dinheiro." digo entre os dentes e perfuro levemente a sua pele facial."Está tudo bem, não me machuque." pede." Pegue no meu bolso
Por volta das seis da manhã o meu turno da noite havia terminado. Passei a noite dançando e divertindo os homens, ao contrário dos outros dias que passo noites os satisfazendo.Naquele horário algumas lojas estavam abertas na cidade e como teria o dia livre decido fazer as compras. Não havia cumprido com o que prometi para os meus irmãos, eu disse a eles que chegaria mais cedo, mas não cumpri, e penso que talvez algum brinquedo os faça me perdoar.Empurro a porta a minha frente e o sino denúncia a minha entrada. Meus olhos encontram a mulher por detrás do balcão e alguns clientes dentro da loja."Deseja alguma coisa senhorita?." a mulher por detrás do balcão caminha até mim com um sorriso entre os lábios."Sim, gostaria de escolher alguns brinquedos." digo e sorrio."Quantos anos tem a sua filha?." ela questiona com simpatia."Na verdade são para os meu irmãos, eles têem apenas nove anos, e são gêmeos." digo."Bem, talvez lhes agrade uma bol
Esfrego instantemente a esponja na pele de ambos enquanto uma série de pensamentos sobre a conversa que tive com o inspetor invadem a minha mente.Não paro de pensar na sua proposta. As coisas não são tão fáceis quanto parecem, como irei arranjar um novo emprego?. E como irei convencer a Úrsula?. Tudo isto não depende de mim desde que concordei com a Úrsula ela decide o que faço ou deixo de fazer."Eles irão nos levar para o orfanato?." pedro questiona e rapidamente saio dos meus pensamentos."Não, isto não irá acontecer." digo e sorrio para ambos."Como convenceu o inspetor?." miguel questiona com curiosidade."Não pensem muito nisso." me levanto da borda, caminho em direção ao guarda roupas e pego nas toalhas."Dayane?." miguel me chama."Hum?." respondo e neste instante encontro as toalhas."Como era a nossa mãe?."Ainda de costas para ambos sinto um aperto no peito quando o Pedro me faz está questão. Tinha apenas quinze
Encaro instantemente a estátua de Cristo e da virgem maria. Neste instante me encontro de joelhos no altar e os sinto dormentes devido o tempo que estive aqui.Frequento a igreja todas as manhãs de domingo. A missa foi encerrada agora pouco e aproveito o momento que a igreja está vazia para rezar pelos meus pecados.Talvez eu me confesse para o padre como o de costume, mais do que adianta fazê-lo se sempre irei voltar a pecar?.Envolvo o lenço sobre os meus cabelos no estilo camponesa e cautelosamente me levanto.Penso que hoje não será necessário me confessar para o padre. Ele me dirá o mesmo de sempre. Para que eu reze dez ave Maria e dez pai nosso.Enquanto caminho para fora da igreja ouço instantemente o barulho dos meus saltos batendo contra o piso de madeira, até o momento que o vento toca na minha pele facial, o mesmo que indica que estou do lado de fora da igreja.Meus o
Aguardo com aflição a sua pronúncia mais tudo que recebo é o seu silêncio. Úrsula simplesmente se levanta e caminha até a adega, a vejo despejar o líquido alcoólico em um copo e de seguida a mesma toma um gole rápido."E o que está pensando em fazer?." ela questiona de costas para mim."Bem, eu...""Tem um contrato comigo, é a minha melhor prostituta, me diga você se daria a liberdade para alguém que coloca o dinheiro na sua mesa?." ela se vira novamente ficando de frente para mim com um sorriso cínico entre os lábios."Mas os meus irmãos eles...""Não se esqueça de que eu poderia mata-lòs se quisesse. E enquanto eu a quiser no clube irá permanecer aqui, até que eu não precise mais dos seus serviços. Agora se não se importa tenho muito que fazer." disse caminhando até sua mesa."Senhora eu..""Não me diz respeito o que acontece na sua vida particular.""Úrsula eu preciso fazer isso, são os meus irmãos que estão em jogo eu não..."
"Lamento senhorita, mas não estamos precisando de novos empregados." o homem elegante a minha frente diz com indiferença."Obrigada senhor, e me desculpe por roubar o seu tempo." me desculpo.Já era a décima loja naquela tarde que já estava chegando ao fim. Algumas lojas me rejeitavam pelo meu trabalho de prostituta, alguns diziam que não podiam me contratar por que o meu antigo trabalho como prostitua incomodaria aos clientes. Digo a eles que larguei o antigo trabalho embora não o tenha feito e mesmo assim isto os desagrada.Após várias tentativas que foram falhas resolvo caminhar pelas ruas de Colômbia, já havia escurecido e não sabia mais o que fazer.Está sendo difícil arranjar um emprego terei que pedir ao inspetor para que me de um pouco mais de tempo, mas acredito que ele não me dará.Vejo no relógio sobre o meu pulso que já está ficando tarde, deixar os meus irmãos sozinhos agora só irá piorar a minha situação.Assim que me dirijo ao meu a