Adenium obesum – Rosa do desertoNativo de regiões desérticas e de fácil manejo, o Adenium obesum é um arbusto comumente conhecido como rosa do deserto. Embora suas delicadas flores rosa de cinco pétalas tornem a planta comum para decoração de interiores, as rosas do deserto são altamente venenosas.As tribos africanas a usam há séculos como uma ponta de flecha mortal para fins de caça, e a seiva de Adenium obesum é capaz de matar até animais grandes.E humanos...Antes das grandes guerras e das invenções do mundo moderno, em um lugar no meio do deserto da península arábica, haviam dois reinos em constante disputa. A paz nunca durou muito tempo para nenhuma das famílias que detinham o poder daquelas terras.O mais jovem sultão de sua dinastia, Riad Abdelkarin, estava disposto a mudar o cenário de guerra e fome que se instaurava por ambos os reinos, o curso do principal rio que atendia aos sultanatos e desaguava a quilômetros no mar, havia sido desviado há quase cinquenta anos pelo pai
Ao pé de uma cadeia de colinas avermelhadas de arenito, um casebre de tijolos de terra crua e palha se assemelhava a uma grotesca caverna. Uma solitária tamareira sombreava a entrada da porta de madeira já gasta pelo tempo, pequenas janelas haviam sido esculpidas nas laterais que se projetavam da pedra, cobertas com pele grossas e secas de animais.Ao pé de uma cadeia de colinas avermelhadas de arenito, um casebre de tijolos de terra crua e palha se assemelhava a uma grotesca caverna. Uma solitária tamareira sombreava a entrada da porta de madeira já gasta pelo tempo, pequenas janelas haviam sido esculpidas nas laterais que se projetavam da pedra, cobertas com pele grossas e secas de animais.Amara Al Jabri amarrou as rédeas do cavalo no caule da tamareira com um laço firme, acariciou o pelo do animal com a ponta dos dedos e andou em direção à entrada de seu casebre para trazer água para cansado cavalo que acabara de roubar. Apesar de velho, era um animal bem cuidado e sadio, para a m
Amara sentiu as cordas pinicarem a sua pele, quanto mais tentava se mover, mais o material áspero cravava em sua carne. Furiosa, emitiu um grunhido que nem sequer abalou Riad. Na verdade, Riad optou por ignorá-la por todo o seu caminho, seus grunhidos e suspiros já não lhe afetavam mais desde os cinco primeiros minutos de estrada. Aquela malfeitora perversa se mostrou muito pouco agradável como companhia viajante, apesar de não dizer nem sequer uma palavra, não parou de tentar uma fuga nem por um momento. Se rebatia, andava de má vontade e o atrasava cada vez mais, Riad já começava a sentir a sua paciência se esvair depressa. Não possuía tato para com as mulheres, tampouco paciência, nenhuma mulher antes havia lhe desafiado daquela maneira tão desgostosa. Estava mais que acostumado a viver cercado de mulheres prontas para satisfazer a cada uma de suas vontades, de concubinas, criadas e esposas, o seu círculo privado era feito. Era sempre tratado com respeito e muito decoro, a sua pos
A abertura da caverna era quase imperceptível. Entre as colossais cadeias montanhosas que abrigavam o berço do deserto arenoso, e escondida entre espessas dunas no pé de uma montanha, uma abertura na pedra podia ser vista somente com muita atenção por olhos perspicazes. Era quase impossível ver a fresta na pedra devido à ação do tempo e do vento, que ocasionalmente movia as colinas de areia. Parecia pouco natural, como se houvesse sido escavada pelos homens há centenas de anos. Não era surpresa, haviam pelo menos uma centena de cavernas como aquelas espalhadas por toda parte no deserto até o sul do sultanato de Abal. Além de servir como moradia aos beduínos, também serviam como proteção contra as tempestades de areia e contra o frio temeroso das noites. A noite, as temperaturas despencavam drasticamente. Era necessário se aquecer em algum lugar onde o vento cortante do deserto não acertasse o seu rosto como laminas afiadas. No céu, as nuvens amarelas pinceladas de um laranja intimid
Em seu sono fraco, Amara teve uma noite turbulenta regada de pesadelos. O último sonho deixou-a completamente aflita, a angústia entalada em sua garganta alcançava o seu peito depressa e se espalhava por todo o corpo como um veneno. Em seu sonho, chegou a Dhafik junto à Riad como lhe foi prometido, contudo, algo estava errado. A cidade estava vazia. Amara direcionou o seu olhar assustado na direção de Riad, mas seus olhos muito gentis já não emitiam o mesmo brilho sincero, as órbitas estavam completamente vazias, e o escuro encarou-a como se estivesse na beira de um precipício. Deu um passo para trás muito assustada. Sentiu o coração desesperado bater depressa no peito, tentou dizer algo, mas não havia voz. Emitia apenas um ruído engasgado seco, nem uma palavra sequer pôde ser articulada. Mãos pesadas seguram os seus braços com violência, dois homens sem rosto a agarraram depressa, agradeceram à Riad com um aceno e a arrastaram para longe, seus pés congelados se arrastando contra o
O corpo de Samia repousava sobre um leito de flores, meticulosamente arranjado pelas criadas, cujas mãos habilidosas conferiam um toque de cores vibrantes e detalhes requintados. No entanto, mesmo com o esmero dedicado à preparação, seu rosto pálido e cadavérico não conseguia escapar da inescapável evidência de sua morte. Uma vez mais, uma mulher de Riad sucumbira, deixando-o imerso em um véu de mistério e desconfiança. Cada olhar discrepante e cada palavra que ressoasse de maneira desafinada se tornavam motivos para suspeita, e Riad percebia claramente a trama do assassino, urdida para semear desconfiança em seu reino. Embora não mantivesse uma proximidade íntima com Samia, a perda repetitiva de pessoas próximas estava corroendo Riad. A sensação de perder o controle, de ver as rédeas de seu sultanato e palácio escorregando de suas mãos, crescia incessantemente. O retorno de sua viagem desencadeou uma avalanche de reflexões sobre a desordem que permeava sua vida. A presença de Amara o
Ao longo de sua existência, Amara jamais repousara em uma cama tão luxuosa, adornada com lençóis imaculados. Encontrava-se em um recinto acolhedor situado nos recessos da inexpugnável fortaleza que abrigava o palácio do sultão. Roupas impecáveis foram providenciadas, seu longo cabelo foi habilmente trançado, e um banho quente aguardava por ela. Apesar do conforto ao seu redor, permaneceu serena, imersa em um silêncio permeado pelo temor. A possibilidade de que tudo fosse um ardil pairava em sua mente, talvez conduzindo-a a uma cela terrível onde sua vida seria ceifada por uma lâmina afiada em questão de instantes.As criadas observavam-na com curiosidade, manipulando seus cabelos com firmeza enquanto cochichavam discretamente. A notícia da chegada da mais recente adição ao harém do grande sultão rapidamente se espalhou pelos recantos do palácio, despertando a surpresa e curiosidade de todos. Entretanto, ela havia despertado a fúria da primeira esposa do sultão, prenunciando um destino
As quatro faces do pátio interior guardavam no centro do claustro um pequeno oásis. As colunas de pedra que erguiam as paredes formavam gigantescos arcos, que davam espaço a uma galeria de corredores extensa. Palmeiras e pequenas árvores cercavam um jardim cuidadosamente elaborado, arbustos cresciam pelas vigas se misturando com os desenhos da cerâmica das paredes brancas, pássaros exóticos bebericavam água à beira da fonte central. Ao pisar pela primeira vez naquele recinto, Amara não soube explicar o que sentiu, todas aquelas cores e cheiros como o do almíscar e incenso tomou conta de seus sentidos. Lentamente foi arrastada pela curiosidade até o centro do claustro, assustado os pássaros para longe quase de imediato. Seus olhos não puderam acreditar no que viu em seguida, bem próximo às paredes que davam início aos muros da fortaleza do palácio, crescia livremente em um canteiro uma magnífica flor do deserto. Seu caule grosso e retorcido era tão grande quanto as colunas, as flores r