Irina Petrova
Acordei abruptamente com ruídos inexplicáveis que ecoavam pelo quarto. Meu primeiro instinto foi tentar me levantar, mas meu corpo gelou de espanto ao deparar com a silhueta de alguém presente na escuridão. A vontade de gritar surgiu instintivamente, mas antes que pudesse emitir qualquer som, uma mão ágil e familiar cobriu minha boca com rapidez surpreendente, sufocando qualquer grito em potencial.
Em meio à penumbra, meu coração batia descompassado enquanto meu olhar encontrava o rosto do intruso. Era meu pai. A confusão se misturou ao alívio momentâneo ao identificar sua figura, mas sua expressão tensa me deixou perplexa. Ele se aproximou do meu rosto, um dedo pressionando de forma delicada contra seus próprios lábios em um gesto silencioso, implorando por meu silêncio.
A fraca luz da lua que escapava pelas frestas das cortinas permitiu-me vislumbrar seu semblante, marcado pela tensão e preocupação. Questões inundaram minha mente, e a sensação de que algo sério estava acontecendo tomou conta de mim. O que levou meu pai a entrar furtivamente no meu quarto àquela hora da noite? Por que ele parecia tão apreensivo?
No silêncio opressivo que se instalou, senti meu coração martelar, e um turbilhão de emoções me envolveu. Ele sussurrou em meu ouvido.
Meu pai me puxou pelo braço com firmeza, o semblante tenso, e sussurrou com urgência: “Pegue seu irmão e vá para trás do espelho. Aqui não é seguro.” Senti minha mente dar voltas em confusão enquanto ele me fazia levantar.
Olhei para ele com olhos arregalados, notando a pistola em sua mão e uma submetralhadora pendurada em seu peito, balançando suavemente sobre seu abdômen. O que estava acontecendo? Onde estava minha mãe? Essas perguntas dançaram em minha mente como sombras incertas, mas não ousei expressá-las em voz alta.
Com um gesto decidido da mão, ele me indicou que eu deveria ir, enquanto ele próprio se abaixou e foi até as janelas do meu quarto, olhando furtivamente para fora. Meu coração martelava no peito, e a preocupação com minha mãe crescia a cada segundo que passava.
Minha boca se abriu para fazer aquela pergunta desesperada sobre a minha mãe, lembrando-me de que ela havia saído para um jantar com amigas e ainda não tinha retornado. O medo se agarrava a mim enquanto eu lutava para entender o que estava acontecendo e por que meu pai estava armado e agindo de forma tão misteriosa. Mas, naquele momento, ele me deu um olhar sério que me fez engolir minhas palavras e tomar uma decisão rápida. Era hora de proteger meu irmão e encontrar respostas por trás do misterioso espelho.
Meu pai saiu à frente, sua pistola apontada em todas as direções. Seus passos eram calculados, não produziam sequer o mais leve som. Enquanto isso, eu caminhava de maneira desajeitada, fazendo todos os barulhos possíveis. Seus olhos repreensivos me alertaram a ser mais silenciosa, e eu tentei dar o meu melhor. Cada passo, cada respiração, eu estava determinada a ser mais furtiva.
Ao entrarmos no quarto do meu irmão, meu pai permaneceu na porta, seus olhos vasculhando o ambiente. Acordei Calebe, ele me olhou confuso enquanto esfregava os olhos, agarrando seu ursinho de pelúcia com força. “Vamos, Calebe, precisamos ir agora”, sussurrei, puxando-o para meus braços. Ele tinha apenas cinco anos, e seu rosto sonolento estava repleto de confusão.
Meu pai me puxou pelo braço, indicando que eu deveria me apressar. Ele nos levou até a escada, onde havia um enorme espelho de corpo inteiro. Com um movimento coordenado e surpreendente, ele abriu o espelho. Meus olhos se arregalaram de surpresa, pois eu não sabia da existência desse lugar secreto. Meu pai nos empurrou para dentro e sussurrou mais uma vez: “Não saia daqui até ter certeza de que é seguro. Não tenho tempo para explicar agora, mas é você quem deve cuidar do seu irmão. Se, quando ver que é seguro sair, nem eu, nem sua mãe estivermos aqui, ligue para este número e diga que o falcão foi abatido!” Ele me olhou com firmeza, mesmo com minha confusão evidente, balancei a cabeça concordando.
“Somente aqueles em quem confio podem abrir este espelho”, ele disse antes de fechá-lo. Mesmo assim, eu conseguia vê-lo claramente através do vidro, e seu olhar sério permanecia gravado em minha mente. Era um momento de incerteza, mas eu estava determinada a proteger meu irmão e seguir as instruções de meu pai, seja lá o que aquilo significasse.
Meu pai se posicionou no topo da escada, enquanto eu acomodava Calebe no canto do compartimento. Ele estava sonolento e se aninhou para dormir. Eu me sentei em frente ao vidro, observando meu pai com olhos cheios de perguntas. Eu precisava descobrir o que estava acontecendo, entender por que meu pai nos havia escondido ali.
De repente, ouvi um estrondo e vi meu pai recuar, desaparecendo de minha visão. Logo abaixo, no pé da escada, surgiram cinco homens estranhos. Um deles segurava minha mãe pelo sobretudo, e meu coração gelou ao vê-la. Seu rosto estava abatido, a maquiagem borrada, e sua boca sangrava. Soltei um grito abafado de choque e horror, levando minhas mãos à boca.
Os homens pareciam gritar algo, e então um deles desferiu um tapa violento no rosto da minha mãe, fazendo-a cair no chão. Suas mãos estavam amarradas atrás das costas, e eu podia sentir a impotência se espalhando em meu peito. Olhei freneticamente para o vidro, tentando encontrar meu pai. Por que ele não estava defendendo minha mãe? Quem eram esses homens? Perguntas angustiantes rodopiavam em minha mente enquanto eu lutava para entender o que estava acontecendo.
Pensei em sair dali e correr até minha mãe, mas então olhei para Calebe. Ele estava sonolento e assustado, e eu sabia que precisava protegê-lo. Respirei fundo e me forcei a continuar observando a cena grotesca que se desenrolava lá embaixo. Minhas mãos estavam espalmadas contra o vidro, e meu olhar permanecia fixo naquela visão de horror que se desdobrava diante de mim.
Um dos homens gritava, olhando freneticamente para os cantos, como se estivesse chamando alguém. A arma estava apontada para a cabeça da minha mãe, que estava de joelhos no chão. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu me sentia impotente, incapaz de fazer qualquer coisa para ajudá-la. Minha mente estava uma bagunça de medo e confusão, e eu só queria entender o que estava acontecendo e como poderia proteger minha família.
Os outros homens subiram as escadas e saíram do meu campo de visão. O som dos estampidos ecoou pelos meus ouvidos, e meu coração disparou. Prendi o ar por alguns minutos, temendo o pior. Será que encontraram meu pai? Será que o mataram? Minhas mãos estavam úmidas de suor, e os minutos pareciam se arrastar agonizantemente.
Foi então que vi meu pai sendo trazido por dois dos homens. Eles o colocaram de pé no topo da escada, segurando cada um de seus braços. Um silêncio tenso pairava no ar, e eu mal conseguia respirar. Então, o som de um único tiro rasgou o ar, e vi as pernas do meu pai vacilarem. Os dois homens riram cruelmente enquanto arrastavam meu pai escada abaixo.Irina PetrovaMas o pior ainda estava por vir. Quando meu olhar se voltou para minha mãe caída no chão, uma poça de sangue se formava ao redor de sua cabeça. Seus olhos estavam abertos, fixos no vazio. Senti meu mundo desmoronar naquele momento, uma dor lancinante se espalhando por todo o meu ser. A sensação de impotência era avassaladora, e lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto enquanto eu testemunhava a tragédia diante dos meus olhos.Os homens não pararam por aí. Foram horas de crueldade insana. Vi meu pai ser brutalmente mutilado, seu corpo sofrendo horrores que eu nunca poderia imaginar. Até mesmo seus olhos sangravam, mas eu não conseguia fechar os meus. Segurei Calebe firmemente em meus braços, fazendo com que ele não visse aquelas cenas horrendas. Protegê-lo era minha prioridade naquele momento.Por fim, os três homens desferiram uma chuva de balas no meu pai. Eu não entendia por que eles eram tão cruéis. As últimas palavras dele para mim ecoavam em minha mente, recordaçõe
Maxim Volkov A moldura do espelho se abriu, revelando o olhar de uma jovem que parecia uma estátua, tremendo incontrolavelmente de medo. Seus olhos encontraram os meus, e o desespero era palpável. Ela parecia um animal assustado, e por um momento, quase sorri com a situação, mas não havia tempo para isso. Meu amigo Viktor estava morto, e agora seus filhos eram minha responsabilidade.Estendi minha mão para a garota com urgência. “Vamos logo, a polícia está a caminho. Você não quer ficar aqui.”Ela se encolheu ainda mais no canto do pequeno cômodo, e ouvi um grunhido vindo de trás dela. Ela olhou assustada, suas mãos pareciam querer proteger algo atrás de si. Eu podia sentir minha paciência se esgotando rapidamente. Não podíamos permanecer naquele lugar por muito mais tempo. O som de tiros ao longe fez meus homens olharem preocupados para mim.“Peguem a garota e o menino e tragam-nos para o carro. Protejam-nos a todo custo.” As palavras saíram de minha boca com firmeza, cientes de que
Maxim Volkov O pânico se espalhou rapidamente pelo interior do jatinho particular. Meus homens, normalmente confiantes e treinados, após saberem o que estava acontecendo, ficaram visivelmente perturbados. Eu, Irina e Calebe havíamos sido atirados no meio dessa situação de emergência sem aviso prévio, e a tensão no ar era quase palpável.Meu coração batia descompassado enquanto eu lutava para manter o controle da situação. Minha mente estava em modo de sobrevivência, mas a responsabilidade de proteger Irina e Calebe pesava sobre mim como um fardo implacável.Eu, que normalmente era frio e calculista, estava visivelmente abalado. Minha expressão austera e controlada cedeu lugar a um olhar de preocupação e determinação. Eu sabia que estava em uma situação difícil e que precisava tomar medidas rápidas e decisivas.O copiloto estava tentando manter a calma enquanto reportava a situação, mas havia um tremor evidente em sua voz. “Maxim, o motor direito está pegando fogo, e o tanque de comb
Maxim Volkov O sol, implacável em sua ascensão, queimava nossa pele já castigada pela água salgada. Os primeiros raios trouxeram consigo um calor sufocante que contrastava com a situação precária em que nos encontrávamos. O oceano ainda nos balançava de um lado para o outro, como se quisesse nos lembrar de nossa vulnerabilidade.Irina e Calebe finalmente cederam ao cansaço e dormiram exaustos. Seus cabelos loiros ainda estavam úmidos, e eu sabia que a exposição ao sol poderia ser prejudicial. As ondas continuavam a nos arrastar, e eu lutava para manter a calma.O telefone por satélite permanecia inerte em minhas mãos. O aparelho havia sido danificado pela água salgada, e a incerteza sobre sua funcionalidade me corroía. Eu precisava entrar em contato com alguém, pedir ajuda, mas o silêncio do dispositivo era ensurdecedor.Foi então que Irina acordou e a visão de Calebe a fez entrar em desespero. Seu irmãozinho estava com febre, com a boca rachada e os olhos fechados. Vi o pânico tomar
Maxim Volkov Enquanto o uísque descia pela minha garganta, a sensação de amargura da bebida parecia ecoar com a complexidade dos meus pensamentos. Aquela noite se assemelhava a uma batalha invisível contra um inimigo oculto, e eu podia sentir o peso dessa luta em cada fibra do meu ser.Recostei-me na cadeira do meu escritório, deixando a bebida percorrer meu corpo cansado. Viktor, meu leal Conselheiro, sempre fora um mestre da discrição. Seu papel consistia em ser uma sombra silenciosa, conhecedora de cada segredo que permeava nossa organização. Ele tinha acesso a informações desde os detalhes triviais até os mais sombrios segredos. No entanto, agora, uma inquietação pairava em minha mente: teria ele revelado algo crucial antes de sua morte?A ideia era quase inaceitável. Viktor compreendia a gravidade de nossa situação, especialmente sabendo que a vida de seus próprios filhos estava agora nas minhas mãos. A traição, nesse contexto, parecia um ato impensável, mesmo à beira da morte.
Irina Petrova. Abro os olhos e sinto meu estômago retorcer de dor. Sento-me abruptamente, tentando entender o meu entorno. Olho ao redor, observando as paredes e os móveis que compõem o ambiente. Este definitivamente não é o meu quarto. Um arrepio percorre minha espinha enquanto tento descobrir como acabei aqui. Será que tudo o que vivi foi apenas um terrível pesadelo? Passo a língua pelos lábios ressecados, sentindo a aspereza da pele. Olho para o meu corpo e percebo que estou vestindo uma fina camisola. Minha mente começa a rodar, tentando se lembrar de como cheguei a este lugar. A última coisa que recordo é estar no mar, lutando contra as ondas. Meu coração acelera à medida que a falta de ar se instala. Preciso encontrar Calebe. Ele é tudo o que me resta agora, a única conexão com a realidade que conheço. Com determinação, levanto-me rapidamente, ignorando a dor e o desconforto. Não importa onde estou; minha prioridade é encontrar Calebe, pois ele é a âncora que me mantém ligada
Maxim Volkov Paro no corredor, sentindo meu sangue ferver de frustração. Aquela jovem parece determinada a me tirar do sério, e agora estou preso nesta situação constrangedora. Como posso descer e encontrar Patrik com essa evidente provocação sob minhas calças? O volume é inegável, e a dificuldade de escondê-lo me deixa ainda mais inquieto.Respiro profundamente, tentando acalmar o desejo que insiste em me instigar. Ajusto meus cabelos, certificando-me de que estejam perfeitamente alinhados, enquanto pondero os problemas que estou enfrentando neste momento.Olho para minha calça, e parece que meu próprio corpo está conspirando contra mim. Meu membro se recusa a obedecer, tornando a situação ainda mais desafiadora.Tensiono meus pulsos, sentindo a urgência de resolver essa situação. Dou meia volta e retorno ao meu quarto, determinada a encontrar uma solução para esse dilema. Acredito que um banho frio seja a única maneira de aplacar o calor que me consome.Após quase 30 minutos sob a
Irina Petrova Já estou enlouquecendo presa neste quarto, depois de mais uma bandeja de comida, a empregada sai. Eu não quero comer nada até saber como está meu irmãozinho. Determinada, vou até a porta e, ao girar a maçaneta, percebo que ela está inexplicavelmente aberta. Meu coração acelera, e um sentimento de esperança me impulsiona. Corro pelo longo corredor e tento abrir cada porta que se apresenta. Algumas estão firmemente fechadas, enquanto outras se abrem, revelando apenas o vazio do que parece ser um labirinto sem fim. Finalmente, meu corpo desaba contra uma das paredes, e minhas lágrimas caem em um lamento de frustração e desespero. Depois de um tempo, decido que não posso mais esperar. Preciso encontrar aquele homem que parece estar no comando. Ele vai ter que me mostrar onde está meu irmão. Procuro por ele, mas não o vejo em lugar algum. Pode ser que ele esteja escondido, mas não vou desistir. Determinada, decido esperá-lo. Há algo de sinistro nessa mansão, e estou dispost