Irina Petrova
Mas o pior ainda estava por vir. Quando meu olhar se voltou para minha mãe caída no chão, uma poça de sangue se formava ao redor de sua cabeça. Seus olhos estavam abertos, fixos no vazio. Senti meu mundo desmoronar naquele momento, uma dor lancinante se espalhando por todo o meu ser. A sensação de impotência era avassaladora, e lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto enquanto eu testemunhava a tragédia diante dos meus olhos.
Os homens não pararam por aí. Foram horas de crueldade insana. Vi meu pai ser brutalmente mutilado, seu corpo sofrendo horrores que eu nunca poderia imaginar. Até mesmo seus olhos sangravam, mas eu não conseguia fechar os meus. Segurei Calebe firmemente em meus braços, fazendo com que ele não visse aquelas cenas horrendas. Protegê-lo era minha prioridade naquele momento.
Por fim, os três homens desferiram uma chuva de balas no meu pai. Eu não entendia por que eles eram tão cruéis. As últimas palavras dele para mim ecoavam em minha mente, recordações de um pai que, apesar de ocupado, sempre encontrava tempo para a família. Eu não sabia exatamente no que ele trabalhava, mas tinha consciência de sua ocupação extenuante.
Fiquei ali, paralisada, enquanto os três homens subiram as escadas e encararam o espelho. Prendi minha respiração, sentindo um frio percorrer minha espinha. Será que eu e Calebe seríamos os próximos? O homem ajustou seus cabelos com as mãos e saiu, lançando um sorriso medonho para o próprio reflexo. Alguns minutos depois, eles retornaram, carregando os corpos de seus companheiros. Vasculharam a casa por horas a fio, deixando um rastro de destruição, mas finalmente partiram. Eu não ousei sair do meu esconderijo, com medo de que eles ainda estivessem à espreita.
Não consegui adormecer. Os raios do sol penetraram pelas janelas, iluminando a cena dos meus pais caídos no chão, mortos de forma brutal. Calebe começou a ficar agitado, chamando por nossa mãe. Por mais que eu pedisse para ele se acalmar, sabia que seria difícil. O trauma daquela noite nos assombraria para sempre, e a incerteza do que o futuro nos reservava pairava sobre nós como uma sombra.
Lembrei do papel com o número de alguém, então o peguei e procurei o aparelho de celular. Assim que o encontrei, liguei o telefone e disquei o número anotado. O toque de chamada parecia uma tortura cruel, mas finalmente uma voz rouca e fria atendeu do outro lado. Não consegui falar de imediato, mas com um esforço tremendo, as palavras que agora faziam sentido saíram de meus lábios trêmulos.
“O falcão foi abatido!” Lágrimas rolaram pelo meu rosto, e minha voz mal conseguia transmitir a gravidade da situação.
Um silêncio angustiante se instalou do outro lado da linha, e então a voz que me fez tremer ao ouvi-la soou. “Não saia de onde está, é muito perigoso. Me espere.” E desligou, deixando-me com um nó na garganta e a incerteza pairando sobre o que aconteceria a seguir.
Calebe chorava com fome, e o dia já avançava para o meio-dia. Eu não sabia o que fazer, nossa empregada não havia chegado, talvez ela já soubesse o que havia acontecido, mas eu não intendia por que a polícia ainda não estava aqui. Foi então que percebi minha própria negligência. Eu deveria ter ligado para a polícia. Como fui tão tola? Talvez meus pais ainda estivessem aqui. Por que liguei para aquele número em vez da polícia? Massageei as têmporas e decidi sair do esconderijo. Precisava pegar algo para Calebe comer.
Ao sair do esconderijo, um peso de angústia me apertava o peito, e as lágrimas continuavam a escorrer. Fui até a sala e parei diante dos corpos de meus pais. A visão era insuportável, seus olhares vazios pareciam acusar meu atraso em pedir ajuda. O medo ainda fazia meu corpo tremer, mas eu sabia que precisava ser forte. Corri para a cozinha e enchi uma sacola com algumas coisas da geladeira antes de subir novamente para o esconderijo. As horas arrastaram-se, e a noite chegou como um véu sombrio sobre minha existência. Meu corpo estava rígido, com a cabeça recostada na parede, e meu olhar fixo no espelho que refletia a cena macabra lá embaixo.
Os ruídos da noite ecoavam no meu esconderijo, enquanto eu agarrava Calebe com firmeza. Seu choro silencioso era um eco de nossa impotência. Não ousei respirar audivelmente, aterrorizada com a possibilidade de que aqueles homens ainda estivessem nas proximidades. Foi então que escutei passos, múltiplos passos, e meu coração acelerou ainda mais. Um grupo de homens adentrou a sala, todos altamente armados, e a escuridão os envolvia como sombras sinistras. Um deles se aproximou dos corpos de meus pais, seu olhar frio percorrendo cada detalhe macabro. O medo me paralisou enquanto eu observava, impotente, aquele pesadelo continuar a se desenrolar.
Após alguns minutos que pareceram eternos, outro homem entrou na sala. Sua presença era avassaladora. Com quase dois metros de altura, ele era uma muralha sombria vestida com um sobretudo negro. Seu cabelo curto e bem cuidado e seu rosto impassível aumentavam a aura de mistério que o envolvia. O ar parecia rarefeito na presença daquele gigante imperturbável. Ele se aproximou dos corpos de meus pais, com as mãos nos bolsos, e soltou um suspiro pesado. Então, ergueu a cabeça e fixou seus olhos no topo da escada. Meus músculos se enrijeceram ainda mais na tensão palpável que se instalou naquele momento.
Enquanto os homens lá embaixo se posicionavam estrategicamente, com suas armas prontas para qualquer eventualidade, a muralha de homem continuou sua lenta ascensão pelos degraus da escada. Meu corpo tremia incontrolavelmente, pois seus olhos estavam fixos no espelho no topo da escada. Parecia que seu olhar penetrava o espelho e alcançava diretamente o meu. Uma sensação de queimação percorreu minha pele, e eu me encolhi o máximo que pude, protegendo Calebe.
Ele finalmente parou em frente ao espelho, como uma estátua perfeita e imponente. Seus olhos azuis, profundos como o oceano, permaneceram fixos no espelho, enquanto suas mãos alcançaram a moldura. Um clique ecoou, e o espelho foi destravado. Meu coração parou, e parei de respirar. Eles me encontraram, pensei. Eu havia falhado.
Com um único movimento, a porta do espelho se abriu, e eu me vi encarando a própria morte de frente.
Maxim Volkov A moldura do espelho se abriu, revelando o olhar de uma jovem que parecia uma estátua, tremendo incontrolavelmente de medo. Seus olhos encontraram os meus, e o desespero era palpável. Ela parecia um animal assustado, e por um momento, quase sorri com a situação, mas não havia tempo para isso. Meu amigo Viktor estava morto, e agora seus filhos eram minha responsabilidade.Estendi minha mão para a garota com urgência. “Vamos logo, a polícia está a caminho. Você não quer ficar aqui.”Ela se encolheu ainda mais no canto do pequeno cômodo, e ouvi um grunhido vindo de trás dela. Ela olhou assustada, suas mãos pareciam querer proteger algo atrás de si. Eu podia sentir minha paciência se esgotando rapidamente. Não podíamos permanecer naquele lugar por muito mais tempo. O som de tiros ao longe fez meus homens olharem preocupados para mim.“Peguem a garota e o menino e tragam-nos para o carro. Protejam-nos a todo custo.” As palavras saíram de minha boca com firmeza, cientes de que
Maxim Volkov O pânico se espalhou rapidamente pelo interior do jatinho particular. Meus homens, normalmente confiantes e treinados, após saberem o que estava acontecendo, ficaram visivelmente perturbados. Eu, Irina e Calebe havíamos sido atirados no meio dessa situação de emergência sem aviso prévio, e a tensão no ar era quase palpável.Meu coração batia descompassado enquanto eu lutava para manter o controle da situação. Minha mente estava em modo de sobrevivência, mas a responsabilidade de proteger Irina e Calebe pesava sobre mim como um fardo implacável.Eu, que normalmente era frio e calculista, estava visivelmente abalado. Minha expressão austera e controlada cedeu lugar a um olhar de preocupação e determinação. Eu sabia que estava em uma situação difícil e que precisava tomar medidas rápidas e decisivas.O copiloto estava tentando manter a calma enquanto reportava a situação, mas havia um tremor evidente em sua voz. “Maxim, o motor direito está pegando fogo, e o tanque de comb
Maxim Volkov O sol, implacável em sua ascensão, queimava nossa pele já castigada pela água salgada. Os primeiros raios trouxeram consigo um calor sufocante que contrastava com a situação precária em que nos encontrávamos. O oceano ainda nos balançava de um lado para o outro, como se quisesse nos lembrar de nossa vulnerabilidade.Irina e Calebe finalmente cederam ao cansaço e dormiram exaustos. Seus cabelos loiros ainda estavam úmidos, e eu sabia que a exposição ao sol poderia ser prejudicial. As ondas continuavam a nos arrastar, e eu lutava para manter a calma.O telefone por satélite permanecia inerte em minhas mãos. O aparelho havia sido danificado pela água salgada, e a incerteza sobre sua funcionalidade me corroía. Eu precisava entrar em contato com alguém, pedir ajuda, mas o silêncio do dispositivo era ensurdecedor.Foi então que Irina acordou e a visão de Calebe a fez entrar em desespero. Seu irmãozinho estava com febre, com a boca rachada e os olhos fechados. Vi o pânico tomar
Maxim Volkov Enquanto o uísque descia pela minha garganta, a sensação de amargura da bebida parecia ecoar com a complexidade dos meus pensamentos. Aquela noite se assemelhava a uma batalha invisível contra um inimigo oculto, e eu podia sentir o peso dessa luta em cada fibra do meu ser.Recostei-me na cadeira do meu escritório, deixando a bebida percorrer meu corpo cansado. Viktor, meu leal Conselheiro, sempre fora um mestre da discrição. Seu papel consistia em ser uma sombra silenciosa, conhecedora de cada segredo que permeava nossa organização. Ele tinha acesso a informações desde os detalhes triviais até os mais sombrios segredos. No entanto, agora, uma inquietação pairava em minha mente: teria ele revelado algo crucial antes de sua morte?A ideia era quase inaceitável. Viktor compreendia a gravidade de nossa situação, especialmente sabendo que a vida de seus próprios filhos estava agora nas minhas mãos. A traição, nesse contexto, parecia um ato impensável, mesmo à beira da morte.
Irina Petrova. Abro os olhos e sinto meu estômago retorcer de dor. Sento-me abruptamente, tentando entender o meu entorno. Olho ao redor, observando as paredes e os móveis que compõem o ambiente. Este definitivamente não é o meu quarto. Um arrepio percorre minha espinha enquanto tento descobrir como acabei aqui. Será que tudo o que vivi foi apenas um terrível pesadelo? Passo a língua pelos lábios ressecados, sentindo a aspereza da pele. Olho para o meu corpo e percebo que estou vestindo uma fina camisola. Minha mente começa a rodar, tentando se lembrar de como cheguei a este lugar. A última coisa que recordo é estar no mar, lutando contra as ondas. Meu coração acelera à medida que a falta de ar se instala. Preciso encontrar Calebe. Ele é tudo o que me resta agora, a única conexão com a realidade que conheço. Com determinação, levanto-me rapidamente, ignorando a dor e o desconforto. Não importa onde estou; minha prioridade é encontrar Calebe, pois ele é a âncora que me mantém ligada
Maxim Volkov Paro no corredor, sentindo meu sangue ferver de frustração. Aquela jovem parece determinada a me tirar do sério, e agora estou preso nesta situação constrangedora. Como posso descer e encontrar Patrik com essa evidente provocação sob minhas calças? O volume é inegável, e a dificuldade de escondê-lo me deixa ainda mais inquieto.Respiro profundamente, tentando acalmar o desejo que insiste em me instigar. Ajusto meus cabelos, certificando-me de que estejam perfeitamente alinhados, enquanto pondero os problemas que estou enfrentando neste momento.Olho para minha calça, e parece que meu próprio corpo está conspirando contra mim. Meu membro se recusa a obedecer, tornando a situação ainda mais desafiadora.Tensiono meus pulsos, sentindo a urgência de resolver essa situação. Dou meia volta e retorno ao meu quarto, determinada a encontrar uma solução para esse dilema. Acredito que um banho frio seja a única maneira de aplacar o calor que me consome.Após quase 30 minutos sob a
Irina Petrova Já estou enlouquecendo presa neste quarto, depois de mais uma bandeja de comida, a empregada sai. Eu não quero comer nada até saber como está meu irmãozinho. Determinada, vou até a porta e, ao girar a maçaneta, percebo que ela está inexplicavelmente aberta. Meu coração acelera, e um sentimento de esperança me impulsiona. Corro pelo longo corredor e tento abrir cada porta que se apresenta. Algumas estão firmemente fechadas, enquanto outras se abrem, revelando apenas o vazio do que parece ser um labirinto sem fim. Finalmente, meu corpo desaba contra uma das paredes, e minhas lágrimas caem em um lamento de frustração e desespero. Depois de um tempo, decido que não posso mais esperar. Preciso encontrar aquele homem que parece estar no comando. Ele vai ter que me mostrar onde está meu irmão. Procuro por ele, mas não o vejo em lugar algum. Pode ser que ele esteja escondido, mas não vou desistir. Determinada, decido esperá-lo. Há algo de sinistro nessa mansão, e estou dispost
Maxim VolkovEnquanto estou sentado nas sombras onde sempre me sinto bem, tentando desesperadamente colocar meus pensamentos em ordem, escuto o barulho da maçaneta da porta. Uma silhueta se apresenta na entrada, e meu corpo reage instantaneamente. Instintivamente, levanto-me, meu coração martelando no peito, e minha mão voa até o pescoço, onde penso em matar quem seja que foi capaz de entrar no meu quarto sem avisar.A sombra na porta permanece indefinida, mas o temor que ela possa ser o responsável pelo ataque anterior me deixa tenso e alerta. A escuridão e o silêncio ao nosso redor parecem intensificar a gravidade da situação, e minha respiração fica mais rápida enquanto tento discernir qualquer pista sobre a identidade da pessoa à minha frente.A tensão toma conta do meu corpo quando meus olhos se fixam na silhueta a minha frente. Ao observar com mais atenção, percebo que é Irina, quase sem ar, diante de mim. Meu corpo reage instintivamente, e minha mão se move em direção ao seu pe