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Capitulo II- Judhie Houston

— Como um mês para desocupar a casa no mínimo? O imóvel está em meu... —  Sinto a mão da minha sogra me tocar numa leve carícia, enquanto aflita me vejo perder o que não lutei para conquistar, mas foi o que me sobrou, arriscar ir a leilão rapidamente. —  Não há uma proposta? Formas de re...

O homem alto, loiro, cabelos lisos lambidos, penteados para trás, me olha negando algumas vezes, desliza a mão pelo crachá. —  Não senhora Houston, já foi enviado a carta de despejo, em breve irá um avaliado...

—  Mas eu não recebi, foi o meu falecido esposo que fez todas essas transações...– Tento explicar em vão, o sarcasmo em seu rosto é nítido, ao ponto que me descontrolo. —  A sua assinatura está no documento senhora… —  Começa a dizer ainda alisando o crachá pendurando a um cordão azul em seu pescoço. – Eu só estou pedindo um tempo para que eu possa renegociar, qual parte você não ouviu?

—  Judhie! —  Sarah tenta me acalmar, enquanto ainda penso que estou calma. —  Eu só preciso de tempo para calcular todos os saldos negativos que necessito, avaliar toda a dívida que ele me deixou, para isso eu preciso de um tempo, tem como vocês me dá um tempo? — Questiono aflita, enquanto o rapaz loiro com sardas no rosto nega constantemente. —  São apenas dias... como é mesmo seu nome?  —  Ao olhar o seu crachá, afirmo. —  ... Ricardo, será apenas alguns dias Ricardo, o valor da dívida é vinte mil euros, você não acha que a minha casa vale somente vinte mil euros? Pensa isto Ricardo?  — Pergunto lhe olhando, a minha casa vale mais que isso, como pode haver tanta injustiça?

Sinto as mãos de  Sarah tentarem me segurar, mas eu só estou lutando pelos meus direitos, custando as pessoas entenderem, acabei de perder meu marido, sou boa no que faço, danço a vinte anos, aliás mais que isso – Judhie, por favor, se acalme.  —  Retiro as suas mãos dos meus braços, negando, debruçando completamente sobre a mesa de atendimento. – Custa me dá um mês, por favor um m...  — Ainda tento negociar. 

  — Senhora terei que chamar a segurança se a mesma continuar a se comporta des…    — Estendo as mãos buscando acalmar a mim mesma, me sento novamente na cadeira.  —  Tudo bem, tudo, olha, estou sentada, vocês irão me dá um mês para que eu possa começar a pagar esta dívida? Senhor entenda aquela casa é tudo que tenho, fora tudo que me restou, os meus pais me deram aquele lugar, ali tem história…

—  Infelizmente não posso fazer mais nada, senhora Houston, entenda que eu com...– Observo os seus olhos azuis, enquanto diz, o que me deixar indignada. —  Não, você não entende, se compreendesse a minha situação, teria me dado um prazo, eu não possuía conhecimento algum sobre esses papéis que vocês enviaram, nem mesmo da situação financeira que estávamos vivendo, meu esposo acabou de falecer senhor Ricardo, me dê apenas um mês, por favor apenas um...   — Solicito voltando a me alterar outra vez, mas é em vão, pedir, suplicar, eles parecer nem mesmo serem de carnes.

– Infelizmente esta já é uma decisão do banco, senhora, segurança... —  Me afasto pegando a minha bolsa, a minha sogra já está de pé, um mês, tenho apenas um mês para continuar na minha casa, o único lugar que tenho após ter me deixado a casa dos meus pais, fora tudo que eles me deram por me recusar a aceitar a proposta deles de casamento. —  Esta tudo…

—  Esta tudo uma Ova! Como poderia esta bem? Em um mês não terei mais a minha casa, como poderia estar bem? —  O segurança se afasta a medida que digo raivosamente, segurando a minha bolsa de crochê branco com flores desenhadas a mãos, os cabelos negros ondulados um pouco cacheados, com franja meio que bagunçados, o vestido branco escorrido de amarra nos seios, as alças estilo ciganinha, toda a situação que Jamie me deixou é complicada.

—  Você não deveria se alterar assim querida, tem a mim, a nós que ainda estamos com você! —  Ouço Sarah dizer, assim que saímos do banco, mas me acalmar, como poderia ficar calma? —  Desculpe por isso Sarah, mas na sua casa mal tem espaço para você, o Fred, e os meus cunhados, como podem me ajudar? —  Sou sincera, a mão toca a minha, e de mãos dadas caminhamos pela calçada, há um mês que não saio de casa, foi exatamente no hoje que ele se foi, vinte e quatro de outubro que ele me deixou aqui sozinha, e justamente um mês depois descubro que atolada em dívidas.

[...] 

—  Senhora Judhie, Senhora Judhie! —  Olho em volta, finalmente olhamos em volta para ver que me chama. —  Judhie o senhor Pedro, o que ele quer com você? — – Sorrio erguendo as sobrancelhas ao homem que me foi gentil no velório do meu companheiro. —  Olá, senhor Gomarie tudo bem? —  Pergunto ainda expondo meio sorriso, todos sabem quanto eu amo o Jamie, talvez para muito seja um disparate um homem de cinquenta de seis anos ter deixado uma viúva de trinta, alguns julgam ser por dinheiro, que uma jovem não tem condições de amar alguém mais velho.

Mas sim, há, os mais velhos são mais experientes, são recíprocos com o amor. —  Gostaria de ter conversado com a senhora a mais tempo, sei que ainda sente a perda do seu amado senhor Houston, lamentável, a sua morte. —  Engulo em seco e afirmo. —  Ainda não me acostumei, e nem mesmo irei me acostumar, o Jamie é um homem…– Paro quando sinto a cotovelada de Sarah em meu braço. – Foi Jud.

Olho-lhe em negação. — – O meu amor, eu amo muito senhor, mas o que gostaria de falar comigo? —  Lhe vejo cumprimentar  Sarah, e ao me olhar, seus olhos vagueiam em meus seios, cubro os disfarçadamente, o que mais há? São os consoladores de viúvas, ainda mais jovens, no meu caso, não preciso de um, no momento eu tenho a raiva para me consolar, a falta, mas esses homens nem mesmo respeitam a memória do morto. —  O senhor Jamie fez um pequeno empréstimo conosco há alguns meses senhora, com a sua morte…

Como se me soasse um aviso, Sarah me olha de canto de olhos, eu a ela. —  Qual o valor da dívida, senhor? —  Indago sentindo que irei me arrepender, no que Jamie gastou tanto dinheiro, vinte mil euros para hipotecar a casa, não temos carros, não fizemos viagens luxuosas, e nem mesmo roupas caras, no que o meu marido gastou tanto todo esse tempo? —  Sessenta euros, Judhie, posso chamá-la de Judhie? —  Engulo em seco a negar. —  Não, senhor, apesar da morte repentina do meu esposo, continuarei a ser a sua esposa, senhora Houston, por favor.

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