A personalidade de Emília era diferente de tudo com o que Kaiser estava acostumado. Uma mulher humana não lhe devia respeito e nem submissão, diferente das lobas que o cercavam. Nenhuma loba podia rejeitá-lo, se ele escolhesse uma para ser a sua companheira, ela não poderia dizer que não, bem diferente do que acontecia com Emília.
Os constantes encontros com Kaiser já estavam deixando Emília irritada, ela sabia que não eram coincidências e sempre o ignorava em suas investidas. Kaiser gostava daquela jogo, de precisar cercar sua presa até que ela ficasse cansada e finalmente ele pudesse atacar. Emília não se deixava intimidar por sua presença e poder, também não se deslumbrava com seus status e força, mas Kaiser sentia que sua aparência física a atraia. Sempre que percebia uma brecha, Kaiser se aproximava sorrateiro, pegando Emília com sua guarda baixa e tirando delas as reações mais diversas. Quando Kaiser chegava muito perto, Emília conseguia sentir seu cheiro tão natural e limpo, como o de grama recém-cortada.
Em uma tarde, quando Kaiser estava apenas passando em direção ao seu escritório, se deparou com Emília. Ela olhava pela janela de forma sonhadora, pensando como e onde sua mãe e suas amigas estavam, se estavam se saindo bem e se algum dia elas se encontrariam novamente. Emília respirou profundamente e percebeu o característico cheiro de Kaiser, que se aproximava lentamente dela, observando com cuidado a reação de seu corpo diante de sua presença.
― Parece que você está com bastante tempo livre. ― Kaiser disse se inclinando e cobrindo Emília, que apenas lhe deu as costas e continuou a varrer o longo corredor.
― Estou mesmo, mas não para você. ― Emília deu um paço, se afastando, mas Kaiser segurou sua mão a detendo.
O toque suave da grande e quente mão de Kaiser surpreendeu Emília. Kaiser se inclinou um pouco mais e beijou os dedos de Emília, que tremeu com o contato dos macios lábios de Kaiser contra a sua pele.
― É mesmo uma pena, eu adoraria ter a sua ajuda em um assunto. ― Kaiser passou a língua nos dedos de Emília, que puxou a mão sentindo seu rosto esquentando. Kaiser sorriu ao ver que obteve a reação que desejava de Emília, cujo coração batia de forma frenética em seu peito.
― Não faço ideia de como eu poderia ser de alguma ajuda em qualquer coisa. ― Emília disse voltando a ficar de costas para Kaiser, tentando esconder seu nervosismo, mas era inútil. Kaiser conseguia sentir as leves mudanças no cheiro de Emília, seu nervosismo e excitação dominavam o olfato de Kaiser, que passou a língua por seus longos caninos.
― Venha comigo. ― Kaiser disse passando por Emília e seguindo na direção de seu escritório, porém ela não o seguiu como esperado. Emília permaneceu no mesmo lugar, irritada com a falta de educação vinda de Kaiser. Em sua mente, mesmo que ela fosse sua prisioneira, ele não tinha nenhum direito de mandar nela. Kaiser se virou e olhou irritado para Emília, que se manteve imóvel. ― Eu mandei vir comigo.
― Mandou, mas quem foi que te disse que eu quero ir com você? ― Kaiser ficou chocado com a respostada de Emília, que precisou respirar fundo algumas vezes para não rir da estranha expressão no rosto de Kaiser.
Kaiser se aproximou com passos largos, prendendo Emília contra a parede. Emília se sentia minúscula perto daquela criatura tão poderosa, mas jamais permitiria que ele a intimidasse.
― Acho que você ainda não entendeu a sua situação, humana. ― Emília respirou fundo e olhou diretamente para Kaiser, que já estava se contendo para não tomá-la naquele corredor.
― Eu sei exatamente a situação em que estou, por isso mesmo que eu não me importo. ― Emília não sentia medo, também não tinha nenhum tipo de arrependimento ou esperança. Kaiser nunca havia conhecido alguém como Emília antes.
Kaiser colocou sua grande mão ao redor do pescoço de Emília, mas ela não disse ou fez nada, apenas olhou dentro dos misteriosos olhos negros. ― Eu poderia quebrar seus ossos frágeis com um movimento simples dos meus dedos.
― E daí? Eu não tenho um lugar para voltar e nem uma família para me receber. ― Mais uma vez Emília surpreendia Kaiser com suas palavras e sua inteligência. Ver uma mulher tão pequena e frágil possuindo tamanha coragem, comparável aos lobos que o serviam, mexia com a curiosidade do Rei Alpha.
Com um movimento rápido, Kaiser enlaçou as pernas de Emília e a jogou sobre seu ombro, a surpreendendo. Os utensílios que estavam nas mãos da jovem caíram e ela soltou um gritinho de surpresa, fazendo o grande e sério Lobisomem rir e lhe dar um tapa na bunda.
― O que pensa que está fazendo?! ― Emília gritou, mas Kaiser apenas a ignorou e continuou seu caminho para o escritório. ― Me coloca no chão agora! Está me ouvindo?! ― Emília batia com os punhos fechados contra as costas de Kaiser que ria ao sentir as leves batidas contra seus fortes músculos.
Kaiser deu um forte tapa na bunda de Emília, a fazendo gritar de surpresa mais uma vez. ― Apenas fique calada, está chamando muita atenção. ― Emília mordeu o lábio, contendo outra reclamação, o Rei Alpha sorriu e eles caminharam em silêncio.
Dentro do escritório, Kaiser colocou Emília sentada na cadeira e ficou de pé diante dela. Sua estrutura pequena a fazia parecer ainda mais frágil, porém o rei Alpha sabia que aquela humana era diferente de todas as outras. Emília não se deixaria abalar por ameaças ou intimidações, nem mesmo daquela criatura bela e assustadora diante de seus olhos.
O silêncio se prolongou, Emília já estava se sentindo desconfortável sob o olhar afiado de Kaiser. Com seus olhos negros, o poderoso Lycan percorreu o corpo de Emília, sem compreender a atração avassaladora que crescia em seu íntimo. A jovem, que nunca havia tido uma experiência que fosse além de beijos e carícias, se via sendo dominada por desejos primais por aquele lobisomem. Emília de movia na cadeira, tentando conter as estranhas reações que seu corpo estava tendo sob a presença de Kaiser, que percebeu de imediato as respostas da pequena humana a ele.
― Você será transferida. ― disse Kaiser com uma voz sem nenhuma emoção, deixando Emília confusa e apavorada. Um sorriso satisfeito se formou nos lábios de Kaiser, que irritou Emília. Ela se levantou e Kaiser chegou a pensar que ela tentaria agredi-lo mais uma vez.
― Você está de sacanagem com a minha cara? Eu não vou sair daqui. ― determinada, Emília cruzou seus braços, destacando mais seus fartos seios e chamando a atenção de Kaiser.
― Sim, você vai. Será levada ainda hoje para a minha casa. Minha nova casa. ― Kaiser disse pegando um pedaço de papel sobre sua mesa e entregando para Emília, ele agradou com paciência que ela o lesse. A raiva cresceu dentro de Emília ao passar seus olhos pelas poucas linhas.
― Uma empregada particular? Por que não chama do que realmente é? Eu serei a sua puta particular. ― amassando o papel, Emília o jogou contra o rosto de Kaiser, que não pareceu se abalar, mas que, na verdade, estava cada vez contendo mais seus desejos selvagens por aquela humana estranha.
― Você realmente não faz ideia da honra que está recebendo. ― Kaiser segurou o pescoço de Emília por trás, a fazendo girar e parar com o rosto a centímetro do dele. Os olhos deles estavam conectados, os batimentos de Emília estava frenético, seu rosto corado e sua respiração rápida apenas era mais combustível para as fantasias que Kaiser criava em sua mente. ― Assim que sair dessa sala, será levada para a minha casa e vai me esperar chegar, como uma boa prisioneira.
Com um estalar de dedos, dois lobos entraram na sala. ― Podem levá-la e certifiquem-se de que ela não tenha nenhuma chance para fuga. ― Emília riu e empurrou o peito de Kaiser, se afastando do belo lobisomem.
― Já disse, não tenho uma casa para voltar e nem família. Para onde caralhos eu iria? ― a personalidade de Emília se mostrava cada vez mais, como se estar perto de Kaiser liberasse tudo de mais intenso e ruim que vivia dentro dela, o qual tentou esconder por muitos anos.
Ao deixar a sala, Emília foi levada por um carro até o centro da cidade, no caminho ela percebeu que grande parte da cidade já havia sido reconstruída e muitas pessoas caminhavam pelas ruas. Com um olhar mais minucioso e alerta, notou que não eram pessoas, mas todos eram lobisomens. Ela já sabia quais eram as principais características para diferenciá-los dos humanos, mas todo aquele conhecimento de nada valia estando cativa do Rei Alpha. Aquela era a vontade de Kaiser e ninguém iria contra os desejos do Rei Alpha.
No caminho para a casa de Kaiser, Emília pode ver os efeitos daquela terrível guerra, e nada era como havia imaginado. Por passar tanto tempo trancada na mansão, sem acesso a qualquer aparelho eletrônico, ninguém tinha acesso à informação. Emília olhou admirada como as ruas estavam limpas, prédios sendo reconstruídos com uma velocidade inimaginável para os humanos. Todos trabalhavam de forma igual, homens e mulheres, para reconstruir tudo. Ao contrário do que Emília havia imaginado, Kaiser não se estabeleceu em uma mansão luxuosa ou em um prédio de alto luxo. A enorme fazenda, com todos os tipos de animais, se estendia por um vasto campo. Depois de mais alguns minutos, o carro parou diante de uma mansão rústica. Emília saiu do carro e olhou ao redor, as grandes árvores que ladeavam a fazenda a faziam sentir observada e oprimida, pois ela havia lido nos romances que os lobisomens viviam nessas florestas.Ao entrar na casa, Emília suspirou ao ver o caos e a bagunça. Roupas estavam espa
A proximidade de Kaiser fez Emília sentir calafrios por todo seu corpo, arrepiando seus pelos enquanto o Alpha e devorava com seus olhos. Kaiser ansiava em tomar a mulher humana, reivindicar cada centímetro de sua pele, mas sabia que não era daquela forma que funcionava para as mulheres humanas. Ele havia presenciado situações desagradáveis envolvendo lobisomens e humanas, por isso não desejava que fosse daquela forma com Emília. Eles permaneceram em silêncio por mais alguns momentos, então Kaiser decidiu se afastar um pouco, dar espaço para que sua presa se sentisse confortável perto dele, o que funcionou. Emília respirou profundamente, relaxando seus ombros tensos enquanto admirava a maneira que Kaiser se movia, predatório, sem nunca lhe dar as costas.A curiosidade havia tomado o lugar da raiva e da frustração dentro de Emília. A jovem desejava saber mais sobre aquela criatura que lhe causava medo e, ao mesmo tempo, acendia sentimentos diferentes dentro dela. Emília se pegou compar
13 anos depoisUm lobo jovem corria pela floresta, suas patas batiam com força contra a terra molhada. Os gritos de seus perseguidores ecoando através das árvores. Os jovens humanos criaram um sistema eficiente que os permitia saltar pelas árvores e compensar a agilidade superior dos lobisomens, mas um deles se destacava. O mais jovem do grupo humano, pequeno e magro, cobria sua cabeça e rostos do vento cortante que soprava naquele inverno. “Ele vai escapar!” gritou um dos humanos quando o pequeno lobo saltou de uma grande pedra, atravessando um rio e aterrizando do outro lado. “Merda!” ele disse quando todo o grupo se reuniu e viu o lobisomem se afastando.“Melhor deixarmos esse para lá.” Ramon, um dos mais velhos do grupo, disse desanimado. “Tenho certeza de que vamos encontrar outros vagando pela floresta.”“Aquele maldito nos viu perto do acampamento, não podemos deixar que ele vá contar aos outros da sua espécie.” Marion, o filho de um dos líderes do grupo, se adiantou e olhou a
O ar daquela manhã estava estranho, Emília sentiu que havia algo de errado quando não conseguiu ouvir as típicas brigas dos jovens. Sua filha Ava era aquela quem mais se destacava, com uma personalidade forte e sempre com uma resposta precisa para aqueles que a desafiavam. A jovem era vista por todos como um espírito livre, selvagem e indomável. Não ouvir nada era um claro sinal de alerta para Emília.Ao caminhar pelo acampamento, Emília notou que outros jovens também não estavam presentes. Ela caminhou cada vez mais rápido, o desespero começando a crescer dentro de seu peito. Outros membros do acampamento se juntaram a busca pelo grupo, mas não encontraram nenhum rastro. Um dos homens encontrou indícios de que as crianças haviam saído dos limites impostos. Os humanos conseguiram criar um sistema de segurança, que escondia seu cheiro dos lobisomens. De tempos em tempos, grupos de lobisomens rondavam as florestas em busca de humanos fugitivos. O acampamento em que Emília havia se refu
Após ser separa dos outros jovens, Ava foi levada até um quarto separado. Ela olhou ao redor, pensando em uma forma de escapar e voltar para o acampamento. Ava ainda não sabia que sua mãe já estava a caminho para resgatá-la. A jovem notou que aquele cômodo era muito confortável para uma prisioneira, mas não reclamou. Ao confirmar que não teria como escapar, a menos que alguém abrisse a porta, ela decidiu relaxar por alguns minutos.Ao lado, em seu escritório, Kaiser monitorava todos os movimentos daquela jovem que tanto o lembrava de Emília. Seu beta estava inquieto e confuso com a decisão do alpha de manter aquela jovem por perto. Todos os lobos haviam notado que Ava não era uma humana comum, seu cheiro era estranho e, ao mesmo tempo, familiar.― Meu Alpha, ― Ryker chamou a atenção de Kaiser, que não ficou nada feliz, pois já sabia qual era o assunto que o beta desejava abordar. ― Existe alguma razão para manter essa filhote humana? Todos notaram que ela tem algo estranho.― Isso é a
O pânico começou a tornar conta de Ava, que se debatia em desespero. Ela sentia que, se Kaiser se enfurecesse um pouco mais, sua vida acabaria rapidamente. Alguém fraca como ela jamais teria chance de escapar do Rei Alfa, o que não parecia nada divertido para Kaiser, que voltou a soltar a jovem no chão. ― Minha paciência já acabou. ― Kaiser ergueu sua mão, mostrando suas garras para a menina que tremia. ― Você cheira como aquela humana, me diga o motivo. Agora.― Meu alpha, ― uma loba surgiu na porta. Ao ver a cena diante dela, se arrependeu de imediato. Com as pernas trêmulas, ela tentou escapar, mas o alpha a capturou, segurando seu pescoço por trás e a girando.― Espero que você tenha uma excelente razão para aparecer na minha frente dessa forma. ― Kaiser largou a loba no chão, que se ajoelhou diante dele com o rosto no chão. Uma simples loba ômega jamais deveria se quer aparecer diante do poderoso alfa, mas lhe foi ordenado que informasse a Kaiser sobre os humanos recém-chegado
Vou ficar em silêncio Todos ficaram tensos, imóveis em seus lugares. Tanto os lobos quanto os humanos sabiam que jamais se deveria desobedecer ao rei alpha, pois as consequências seriam terríveis. Com tudo, Emília não parecia se importar tanto com aquilo, ela apenas desejava sair daquela situação e buscar por sua filha. As demais mulheres tremiam, acreditando que seriam punidas por algum trabalho executado de forma errada. ― Meu alpha,― Ryker se aproximou de Kaiser, que examinava de longe as costas das mulheres assustadas. ― O que faremos com relação a… ― O rei Alpha ergueu sua mão, calando Ryker. Falamos disse depois, apenas inicie as buscas assim que as coordenadas chegarem. ― o alpha ordenou, então se aproximou das humanas. Todas tremiam e mantinham suas cabeças baixas, desejando não chamar a atenção do lobisomem poderoso diante delas. Apenas uma parecia não se impressionar e nem se afetar com a presença de Kaiser. Sua postura relaxada e tranquila, sua cabeça coberta por um len
O silêncio se estendeu no pequeno quarto. Ava não compreendia toda aquela tensão entre Kaise e sua mãe. Ela os observava, enquanto eles competiam se encarando. Emília entendeu o que Kaiser realmente estava perguntando e ela jamais lhe diria a verdade. Foi uma gestação difícil e solitária. Sozinha, dependendo de pessoas que nunca tinha visto em sua vida, em um lugar isolado e esquecido, tão diferente do conforto que viveu nos seus então dezenove anos.Em uma noite escura, uma nevasca caia há dias, isolando a todos. Naquela noite, enquanto Ava chegava ao mundo, uma avalanche caiu próxima ao acampamento. A jovem cansada e desorientada viu aquele fenômeno natural incontrolável semelhante aos nove meses que tinha vivido, e nomeou a pequena criança com o nome de Ava. Uma força da natureza, um milagre nascido entre espécies.Sentindo seu coração apertado, Emília deu um passo adiante, desafiando abertamente o rei alpha. Kaiser apenas sorriu, esperando o que pudesse vir de pior daquela pequen