Cansada, com fome, o corpo dolorido pelo transporte precário fornecido, Emília estava sozinha. Suas amigas haviam sido mandadas para outros lugares, enquanto Emília foi direcionada para uma grande e bela mansão junto a outras jovens com as idades aproximadas das dela. Todas estavam assustadas, ninguém ainda entendia completamente o que estava acontecendo e nem qual seria o futuro a partir daquele momento.
Os dias passaram, Emília já havia se adaptado a rotina daquele estranho lugar. Todos os seus pertences haviam sido levados, inclusive seu celular, a deixando completamente no escuro com relação a notícias. As roupas fornecidas eram simples, camisetas brancas e calças jeans.
As mulheres trabalhavam como empregadas, arrumando a mansão e limpando tudo. Algumas tentaram escapar, tentando usar a noite como cobertor, mas era inútil. Emília aprendeu muito rápido com essas jovens que fugir era se condenar a morte. Tudo o que ela precisava fazer era manter a calma e trabalhar em silêncio. Os lobisomens machos eram extremamente assediadores, soltando piadinhas para todas as mulheres que viam. Aquelas que possuíam um cheiro forte, mostrando que estariam em seus períodos mais férteis, eram as mais assediadas.
Por estar mais relaxada com a sua situação, a personalidade de Emília começou a se mostrar. A falta de paciência com mulheres que passavam grande parte do dia chorando pelos cantos. Quando acontecia dela ficar responsável por alguma área da mansão com uma dessas mulheres, Emília se afastava. Ela preferia ser vista como uma pessoa fria, do que chamar atenção desnecessária sobre si.
Em um desses momentos, quando sua companheira começou a chorar, dois lobisomens se aproximaram delas. A jovem ficou apavorada, pois ela já havia presenciado como os lobisomens tomavam as mulheres. A jovem começou a tremer e se apoiou em Emília para não cair no chão.
― Que gracinhas, tão pequenas. ― um dos lobisomens falou, passando a língua pelos lábios. Ele olhou para Emília de forma lasciva, analisando seu corpo. Emília se enfurece imediatamente.
― Pequeno deve ser seu cérebro, se não percebeu que estamos tentando trabalhar e você sujaram tudo com suas patas nojentas. ― os dois lobisomens olharam para Emília em choque. Nunca tinham tido aquele tipo de resposta vinda de uma mulher humana. O desejo deles cresceu, junto a curiosidade sobre aquela fraca criatura.
Um dos lobos, cego pelo desejo, segurou o braço de Emília com força, a puxando para perto. ― Vamos ver se vai conseguir falar tanta merda quando eu enfiar o meu…
― O que está havendo? ― a voz de trovão de Kaiser dominou aquele estreito corredor.
Kaiser olhou todos naquele lugar, os lobisomens baixaram suas cabeças em respeito, mas por dentro eles estavam em pânico, pois haviam tocado na propriedade do Rei Alpha. Emília se manteve de pé enquanto a jovem apavorada se jogou no chão, desejando em seu íntimo sair com vida daquele encontro. Ao erguer seus olhos, Emília ficou admirada ao ver a beleza de Kaiser pela primeira vez. Kaiser percebeu o olhar de Emília e voltou sua atenção para ela, que desviou o olhar envergonhada por ser pega o analisando. Kaiser observou a postura de Emília, sua estrutura e então sentiu o cheiro que emanava dela.
― Saiam. ― Kaiser ordenou. Imediatamente os lobos deram a volta e partiram sem dizer nada, apenas gratos por escaparem daquela situação.
A jovem se levantou e Emília estava pronta para partir com ela, mas Kaiser segurou seu braço a impedindo de escapar. ― Você vem comigo.
Enquanto Emília era levada por Kaiser até o seu escritório, a jovem fugia correndo de volta para a cozinha, contando para todas que estavam presentes que Emília havia sido levada pelo Rei Alpha.
O escritório de Kaiser havia sido modificado para ser mais confortável para ele, que tinha uma estrutura física grande, com um corpo musculoso e estatura acima da média, mesmo entre os lobisomens. Kaiser estava no auge de seu poder, aos trinta anos já havia conquistado várias alcateias. Ao conquistar a vitória para seu povo, foi escolhido dentre todos os alphas como o único rei, após vencê-los em batalha e mostrar sua superioridade.
Ao se sentar na cadeira, Kaiser apontou para a cadeira diante da mesa, mas Emília se manteve de pé diante dele. Emília não queria ser tratada como inferior, ela poderia ter se acostumado, mas não aceitava completamente sua situação. Após ter sido tratada de forma tão truculenta pelos lobisomens no corredor, Emília decidiu que não aceitaria mais aquilo. Ela não tinha nada a perder e Kaiser podia ver a decisão que Emília havia tomado dentro de seus olhos.
― Você entende a sua situação, humana? ― Kaiser perguntou enquanto se reclinava em sua cadeira.
― Eu seria uma idiota se não entendesse. ― Emília disse e Kaiser riu. Uma risada que deveria lhe causar medo, mas as vibrações que cresciam dentro de Emília eram completamente diferentes.
Enquanto caminhava pelo escritório, observando com atenção a detalhes, como pinturas e objetos decorativos, ela notou em um canto, uma vitrola e uma caixa com vários discos. Kaiser observava Emília com cautela, sem jamais baixar a sua guarda diante de um humano. A forma que Emília se movia o hipnotizava, seu jeito se caminhar e como ela estendia seus dedos para tocar as superfícies que mais chamavam a atenção dela.
― Você gosta disso? ― Kaiser perguntou enquanto se levantava e ia até onde Emília estava. Emília ficou surpresa com a aproximação de Kaiser, mas tentou se manter impassível perante sua presença.
― E quem não gosta de música? ― Emília perguntou se virando e tomando uma certa distância de Kaiser.
― Eu não gosto. ― Kaiser disse pegando um dos discos e o girando em suas mãos. ― É um barulho desnecessário, que apenas nos faz perder o foco e confunde a percepção ao nosso redor. ― Emília o olhou confusa. Kaiser sabia que uma humana jamais entenderia como o barulho das músicas que eles produziam feriam a audição de um lobisomem.
― Bem, eu adoro. Uma pena que não é permitido que escutemos dentro da mansão. ― Emília se vira e então Kaiser está sobre ela, as mãos apoiadas na parede, a prendendo. Emília se sente intimidada por Kaiser, que sorri ao ver aquela pequena humana impressionada com sua presença de Alpha. ― Eu não tenho medo de você. ― Emília tentava manter sua voz sem emoções, mas seu corpo tremia e Kaiser notou isso.
Kaiser se aproximou, tocando seus lábios na orelha de Emília, a fazendo sentir os pelos de seu corpo se arrepiando. ― Mas eu não quero que você tenha medo de mim.
A personalidade de Emília era diferente de tudo com o que Kaiser estava acostumado. Uma mulher humana não lhe devia respeito e nem submissão, diferente das lobas que o cercavam. Nenhuma loba podia rejeitá-lo, se ele escolhesse uma para ser a sua companheira, ela não poderia dizer que não, bem diferente do que acontecia com Emília.Os constantes encontros com Kaiser já estavam deixando Emília irritada, ela sabia que não eram coincidências e sempre o ignorava em suas investidas. Kaiser gostava daquela jogo, de precisar cercar sua presa até que ela ficasse cansada e finalmente ele pudesse atacar. Emília não se deixava intimidar por sua presença e poder, também não se deslumbrava com seus status e força, mas Kaiser sentia que sua aparência física a atraia. Sempre que percebia uma brecha, Kaiser se aproximava sorrateiro, pegando Emília com sua guarda baixa e tirando delas as reações mais diversas. Quando Kaiser chegava muito perto, Emília conseguia sentir seu cheiro tão natural e limpo, co
No caminho para a casa de Kaiser, Emília pode ver os efeitos daquela terrível guerra, e nada era como havia imaginado. Por passar tanto tempo trancada na mansão, sem acesso a qualquer aparelho eletrônico, ninguém tinha acesso à informação. Emília olhou admirada como as ruas estavam limpas, prédios sendo reconstruídos com uma velocidade inimaginável para os humanos. Todos trabalhavam de forma igual, homens e mulheres, para reconstruir tudo. Ao contrário do que Emília havia imaginado, Kaiser não se estabeleceu em uma mansão luxuosa ou em um prédio de alto luxo. A enorme fazenda, com todos os tipos de animais, se estendia por um vasto campo. Depois de mais alguns minutos, o carro parou diante de uma mansão rústica. Emília saiu do carro e olhou ao redor, as grandes árvores que ladeavam a fazenda a faziam sentir observada e oprimida, pois ela havia lido nos romances que os lobisomens viviam nessas florestas.Ao entrar na casa, Emília suspirou ao ver o caos e a bagunça. Roupas estavam espa
A proximidade de Kaiser fez Emília sentir calafrios por todo seu corpo, arrepiando seus pelos enquanto o Alpha e devorava com seus olhos. Kaiser ansiava em tomar a mulher humana, reivindicar cada centímetro de sua pele, mas sabia que não era daquela forma que funcionava para as mulheres humanas. Ele havia presenciado situações desagradáveis envolvendo lobisomens e humanas, por isso não desejava que fosse daquela forma com Emília. Eles permaneceram em silêncio por mais alguns momentos, então Kaiser decidiu se afastar um pouco, dar espaço para que sua presa se sentisse confortável perto dele, o que funcionou. Emília respirou profundamente, relaxando seus ombros tensos enquanto admirava a maneira que Kaiser se movia, predatório, sem nunca lhe dar as costas.A curiosidade havia tomado o lugar da raiva e da frustração dentro de Emília. A jovem desejava saber mais sobre aquela criatura que lhe causava medo e, ao mesmo tempo, acendia sentimentos diferentes dentro dela. Emília se pegou compar
13 anos depoisUm lobo jovem corria pela floresta, suas patas batiam com força contra a terra molhada. Os gritos de seus perseguidores ecoando através das árvores. Os jovens humanos criaram um sistema eficiente que os permitia saltar pelas árvores e compensar a agilidade superior dos lobisomens, mas um deles se destacava. O mais jovem do grupo humano, pequeno e magro, cobria sua cabeça e rostos do vento cortante que soprava naquele inverno. “Ele vai escapar!” gritou um dos humanos quando o pequeno lobo saltou de uma grande pedra, atravessando um rio e aterrizando do outro lado. “Merda!” ele disse quando todo o grupo se reuniu e viu o lobisomem se afastando.“Melhor deixarmos esse para lá.” Ramon, um dos mais velhos do grupo, disse desanimado. “Tenho certeza de que vamos encontrar outros vagando pela floresta.”“Aquele maldito nos viu perto do acampamento, não podemos deixar que ele vá contar aos outros da sua espécie.” Marion, o filho de um dos líderes do grupo, se adiantou e olhou a
O ar daquela manhã estava estranho, Emília sentiu que havia algo de errado quando não conseguiu ouvir as típicas brigas dos jovens. Sua filha Ava era aquela quem mais se destacava, com uma personalidade forte e sempre com uma resposta precisa para aqueles que a desafiavam. A jovem era vista por todos como um espírito livre, selvagem e indomável. Não ouvir nada era um claro sinal de alerta para Emília.Ao caminhar pelo acampamento, Emília notou que outros jovens também não estavam presentes. Ela caminhou cada vez mais rápido, o desespero começando a crescer dentro de seu peito. Outros membros do acampamento se juntaram a busca pelo grupo, mas não encontraram nenhum rastro. Um dos homens encontrou indícios de que as crianças haviam saído dos limites impostos. Os humanos conseguiram criar um sistema de segurança, que escondia seu cheiro dos lobisomens. De tempos em tempos, grupos de lobisomens rondavam as florestas em busca de humanos fugitivos. O acampamento em que Emília havia se refu
Após ser separa dos outros jovens, Ava foi levada até um quarto separado. Ela olhou ao redor, pensando em uma forma de escapar e voltar para o acampamento. Ava ainda não sabia que sua mãe já estava a caminho para resgatá-la. A jovem notou que aquele cômodo era muito confortável para uma prisioneira, mas não reclamou. Ao confirmar que não teria como escapar, a menos que alguém abrisse a porta, ela decidiu relaxar por alguns minutos.Ao lado, em seu escritório, Kaiser monitorava todos os movimentos daquela jovem que tanto o lembrava de Emília. Seu beta estava inquieto e confuso com a decisão do alpha de manter aquela jovem por perto. Todos os lobos haviam notado que Ava não era uma humana comum, seu cheiro era estranho e, ao mesmo tempo, familiar.― Meu Alpha, ― Ryker chamou a atenção de Kaiser, que não ficou nada feliz, pois já sabia qual era o assunto que o beta desejava abordar. ― Existe alguma razão para manter essa filhote humana? Todos notaram que ela tem algo estranho.― Isso é a
O pânico começou a tornar conta de Ava, que se debatia em desespero. Ela sentia que, se Kaiser se enfurecesse um pouco mais, sua vida acabaria rapidamente. Alguém fraca como ela jamais teria chance de escapar do Rei Alfa, o que não parecia nada divertido para Kaiser, que voltou a soltar a jovem no chão. ― Minha paciência já acabou. ― Kaiser ergueu sua mão, mostrando suas garras para a menina que tremia. ― Você cheira como aquela humana, me diga o motivo. Agora.― Meu alpha, ― uma loba surgiu na porta. Ao ver a cena diante dela, se arrependeu de imediato. Com as pernas trêmulas, ela tentou escapar, mas o alpha a capturou, segurando seu pescoço por trás e a girando.― Espero que você tenha uma excelente razão para aparecer na minha frente dessa forma. ― Kaiser largou a loba no chão, que se ajoelhou diante dele com o rosto no chão. Uma simples loba ômega jamais deveria se quer aparecer diante do poderoso alfa, mas lhe foi ordenado que informasse a Kaiser sobre os humanos recém-chegado
Vou ficar em silêncio Todos ficaram tensos, imóveis em seus lugares. Tanto os lobos quanto os humanos sabiam que jamais se deveria desobedecer ao rei alpha, pois as consequências seriam terríveis. Com tudo, Emília não parecia se importar tanto com aquilo, ela apenas desejava sair daquela situação e buscar por sua filha. As demais mulheres tremiam, acreditando que seriam punidas por algum trabalho executado de forma errada. ― Meu alpha,― Ryker se aproximou de Kaiser, que examinava de longe as costas das mulheres assustadas. ― O que faremos com relação a… ― O rei Alpha ergueu sua mão, calando Ryker. Falamos disse depois, apenas inicie as buscas assim que as coordenadas chegarem. ― o alpha ordenou, então se aproximou das humanas. Todas tremiam e mantinham suas cabeças baixas, desejando não chamar a atenção do lobisomem poderoso diante delas. Apenas uma parecia não se impressionar e nem se afetar com a presença de Kaiser. Sua postura relaxada e tranquila, sua cabeça coberta por um len