CAPÍTULO 1
Wesley Taylor Acordei atrasado novamente. Mas, sinceramente, a culpa não era minha, era dela. "Louise". São quatro anos acordando no meio da noite, suando frio, com a voz dela ecoando nos meus sonhos. Quatro anos sendo perturbado por aquele sorriso que um dia achei que era só meu. Essa feiticeira não precisa estar aqui para bagunçar minha vida. Ela faz isso perfeitamente mesmo à distância, mesmo depois de tanto tempo. Eu sei que deveria seguir em frente, deixar o passado no passado, mas quem consegue dormir em paz quando os próprios sonhos se tornaram território inimigo? Me arrumei às pressas, pegando a pasta, o celular e a chave do Porsche. No escritório, a secretária logo apareceu. Aquela oferecida nem me deixa sentar, já vem se jogando para cima de mim. Não que eu não goste, pelo contrário... adoro! Mas não sou do tipo que sai com funcionárias, ainda mais tendo tanta mulher por aí, que é só estalar os dedos e já estão na minha cama. Prefiro evitar problemas, e me envolver com alguém da empresa definitivamente me traria muitos. Não preciso de ninguém no meu pé. — Bom dia, senhor Wesley! — ela diz, com o olhar fixo em mim, ignorando o computador. — Bom dia! O que temos para hoje? — ela começa a falar milhões de coisas — Ótimo! O dia já começou agitado. Dou aquela olhada de leve enquanto ela sai, e começo a me arrepender de não pegar. A mulher é um espetáculo, mas prefiro evitar problemas. Me ajeitei na cadeira, buscando uma postura mais profissional e mergulhei no trabalho. Uma reunião estava para começar e precisava adiantar o máximo possível. Se ao menos tivesse uma assistente competente que soubesse lidar com esses documentos, minha vida seria bem mais fácil. Mas essa secretária é lenta demais e, para piorar, ainda não se formou na área. Acaba deixando tudo nas minhas costas. Até mesmo a reunião, demorou o dobro do tempo por culpa dela. Vou ficar maluco, assim. "Preciso de alguém competente". Perdido em pensamentos, fui interrompido pelo toque do meu celular. Olhei na tela, era meu primo. — Bom dia, primo! — disse animado. — Bom dia? — questionei — Bom seria se eu tivesse uma assistente decente, que soubesse o que faz — retruquei, frustrado. — Acho que liguei na hora certa, então — respondeu ele, descontraído. — Por quê? Já sabe como resolver meus problemas? Porque estou perdendo a paciência com essa secretária lerda, logo cedo. — Vou te enviar uma excelente assistente. Ela é formada em administração e trabalha comigo, então já está por dentro de como a rede Taylor’s funciona. Vai ser muito útil para você. Sentei melhor na cadeira, interessado. — Cara, valeu mesmo! Eu realmente preciso de alguém assim. Mas e você, vai ficar sem assistente? — Não se preocupe comigo. Vou dar conta — respondeu com tranquilidade. — Bom, se você diz... Eu agradeço muito. Olha, preciso terminar aqui, mas envie logo essa assistente. Me avisa que dia ela pode vir e manda o nome completo dela para fazer o cadastro. — O nome dela é Louise! — Ok, e o sobrenome? — perguntei distraído. — Louise Gomez! A Lou, cara! Vai dizer que esqueceu dela? — paralisei. Meu ar sumiu por um momento. — Wes? Tá aí? Tudo bem? — ele perguntou, parecia preocupado. — Estou... — foi tudo o que consegui responder. Não é possível, que quatro anos se passaram e ela não sai da minha cabeça, e nem da minha vida. Eu preciso muito de uma assistente, mas ela? Como diria isso ao meu primo? — Ah, que bom! Pensei que a ligação tinha caído. Vou avisar a Lou que ela já pode viajar, se quiser. Fica tranquilo, primo, ela logo estará aí para resolver todos os problemas. Bom trabalho! Nem sei como me despedi dele. Fiquei ali, apertando os dedos na mesa, paralisado, como sempre acontece quando ouço o nome dela. Aquela feiticeira que sabe me deixar louco até em pensamento. Mas desta vez vai ser diferente. Não vou deixá-la se aproximar novamente. Vou manter Louise no lugar dela, sem me deixar cair de novo no seu feitiço. Eu deveria ter voltado lá naquela época, feito um escândalo, obrigado ela a me explicar porque deixou um funcionário beija-la, justamente minutos antes que eu colocaria um anel no seu dedo. “Louise Louise... quer jogar? Que comecem os jogos!”, pensei alto e...CAPÍTULO 2 Wesley Taylor — Quem é Louise? — Pergunta meu amigo Douglas ao entrar na sala. — Meu primo, arrumou uma assistente pra me ajudar. Eu fiquei até animado, achei que resolveria meus problemas, mas... — Mais...? — Douglas arqueia as sobrancelhas, gesticulando para que eu continue. — A assistente é a Louise! A Lou, aliás! Sabe muito bem quem ela é. E também sabe de tudo o que aquela diaba aprontou comigo! — sinto o estresse subir só de lembrar. — Você continua com uma queda por ela, hein? Aposto! — Douglas me provoca descaradamente. — Queda? Claro que não! Só não aceito que me façam de idiota, e ela fez. Foi só eu baixar a guarda, e pronto, aproveitou da situação. — Sei... Então o melhor é esquecer, né? — diz, enquanto continua a girar na cadeira, divertido. — Já esqueci! Agora, vou trabalhar e mais tarde a gente se diverte — falo, tentando encerrar o assunto. — Também vou. Até mais! — ele se levanta e sai. Douglas foi embora, e eu tento focar no trabalho.
Capítulo 3 Louise Gomez Nasci e cresci em La Plata, na Argentina. É um lugar bonito, cheio de lembranças, mas muitas delas eu preferiria esquecer. Embora minha família esteja por perto, sempre sonhei em morar em outro país, longe de tudo que me mantém ancorada ao passado. Quero uma vida nova, em uma cidade movimentada, cercada de arranha-céus, onde o ritmo agitado das ruas me faça sentir viva. Aos 24 anos, sou uma mulher com um sonho — e algumas cicatrizes que prefiro não mencionar. Atualmente, moro com minha irmã Mayara e sua família. Comecei a trabalhar como ajudante de limpeza na casa dela, mas, com muito esforço, consegui ingressar na faculdade. Trabalhava na casa e até na roça para pagar metade da mensalidade, pois consegui uma bolsa. Foi uma fase corrida da minha vida, dividir o tempo entre o trabalho e os estudos enquanto ainda ajudava meu pai a cuidar da minha mãe, que enfrentava um câncer. Ricardo, meu cunhado e chefe, foi um grande apoio. Quando soube que
CAPÍTULO 4 Louise Gomez (No dia seguinte) — Bom... eu preciso ir — Digo ao me despedir. — O motorista vai te levar até o aeroporto. Já conversei com a equipe, e lá você terá o seu próprio motorista e funcionários para cuidarem da casa. Um deles irá te buscar no aeroporto de Boston — explica Ricardo. — Tia, você vai voltar? — pergunta Melissa, com seus olhinhos curiosos. — Claro, querida. A tia vai trabalhar lá, mas os passeios ainda serão aqui. Logo eu venho visitar vocês, ou então, seus pais te levam para lá. O que você acha? Ela bate as mãozinhas, feliz. — Eu quero viajar, mamãe! — Claro, lindinha. Logo iremos visitar a tia Lou — May responde com um sorriso. . Conforme o Ricardo havia dito, o motorista veio me buscar; nem precisei esperar muito no aeroporto. Enquanto observava as pessoas e o tráfego, avistei um carro preto, com a placa que o Ricardo havia me enviado. Era um carrão. O motorista desceu para abrir a porta, e parecia já saber quem
CAPÍTULO 5 Wesley Taylor A melhor parte foi ver aquela gostosa a muito pouco de acabar com a raça da Gilmara. Tive que me segurar para não rir, pois como CEO, preciso dar o exemplo, mas eu até gostaria de ver aquela briga. Vi que ela soltou os cabelos da minha secretária, e foi difícil não rir da cara dela de medo ou receio de apanhar. Foi aí que tomei o maior susto da minha vida... se tivessem me contado, eu não acreditaria! Como pode uma mulher ficar tão atraente com o passar do tempo? Era ela ali na minha frente. Mais de quatro anos depois, e muito mais bonita do que antes! Parece uma mulher muito mais segura de si, e muito bem produzida. Com roupas de grife, e acessórios delicados. Com uma maquiagem leve, mas muito bem feita, dá para ver que não é mais aquela garota simples e extrovertida que conheci numa cidade pequena em meio a verdes plantações, e que me ajudou a andar a cavalo. — Puta que pariu! — Deixei escapar. — Como, senhor? — Perguntou a Gilmar
CAPITULO 6 Louise Gomez Eu parei na sua frente com uma excelente postura, e o encarei com os meus belos olhos azuis matadores, bem firme. Quero que ele veja bem, o mulherão que perdeu, e que nunca mais terá. Pois, se tem uma coisa que eu sou, é vingativa. E ele seria o último homem para qual eu olharia. Parada na sua frente, não posso negar que me deu uma balançada, mas dois toques e eu voltei a si, foi apenas coisa de momento, e o fato de não vê-lo a tantos anos, deve ter me confundido. Foi um pouco estranho, pois se eu não soubesse tudo o que ele me fez no passado, poderia jurar que o jeito que ele me olhava, era de quem ainda gostava de mim. Talvez eu tenha mudado um pouco, e ele tenha estranhado as mudanças, mas não me importo nem um pouco com o que ele acha, ou não. Provavelmente foi só o lado cafajeste dele se manifestando, mas eu não caio mais nessa, não. Tenho muitos planos, e o Wesley não está presente em nenhum deles. Gostei dele colocar a cobrinha silicon
CAPITULO 7 Wesley Taylor Douglas continuava tentando consertar a situação: — Cara... agora fiquei com pena de você! Ela é outro nível de mulher, e duvido que vá conseguir manter o seu amigo dentro das calças. Até considero a Gilmara feia perto dela... — Tá, pode parar! Aqui não tem nenhum coitadinho, não! Eu já estou melhor. Só preciso estabelecer as mesmas regras de segurança que estabeleço com as demais, e estará tudo certo. Desta vez, essa mulher vai ficar chupando dedo se veio com a intenção de me atrair. Estou muito bem do jeito que estou, e ela não vai me fazer mudar nada — passei a mão no rosto. — Olha, achei ela muita areia para o seu caminhãozinho. Não sei não, quem é que vai ficar chupando dedo nessa história. Desculpa, aí cara! Mas ela é top demais, quando o resto da empresa conhecer, vai ter muita concorrência, e terá que trabalhar muito, para chegar aos pés dela — o maldito riu da minha cara. — Eu não vou falar mais nada, vou ficar na minha. E tem mais,
CAPITULO 8 Louise Gomez Fui com a cara e a coragem na sala do “chef”. Logo que entrei na sala, ele veio querendo me ensinar o que eu deveria fazer, mas eu nem permiti que continuasse. Fiquei muito puta com isto, pois ele deve estar com amnésia, só pode. Esqueceu, que me abandonou como se eu não fosse nada na vida dele, e como se eu tivesse cometido um crime, para me bloquear até mesmo, no WhatsApp. Pelo menos, ele já entendeu algumas coisas, e principalmente que precisa colocar a lambisgoia no lugar dela, e já é algo a menos para eu resolver. Voltei para a minha sala, e continuei a organizar algumas coisas até o horário de almoço, mas agora preciso encontrar um lugar para almoçar, que já estou varada de fome. Saí da minha sala com a minha bolsa, dei aquela arrumada básica nos cabelos, e retoquei o batom. Fui até o elevador, e o cara bonitão que vi mais cedo, chegou também. — Nos encontramos novamente. Acho que isso significa que deveríamos ir almoçar juntos
CAPÍTULO 9 Wesley Taylor Decidi pedir o meu almoço aqui na empresa mesmo, preciso adiantar o meu trabalho, e arrumar algumas merdas Que a Gilmara faz. Eu até posso demiti-la, mas foi um favor que fiz a um amigo, colocando a irmã dele para trabalhar aqui, então vou evitar enquanto der, mas paciência tem limite, e confesso que já estou muito cansado dela. Vi que o Douglas estava me ligando, mas resolvi ignorar, ele está difícil hoje, e com certeza quer falar sobre a Louise, e eu não quero ouvir nada, então vou deixar ele em off hoje, sem contar o tanto de coisas que eu posso adiantar aqui, enquanto evito a chatice dele no meu ouvido. Mas não adiantou nada, pois vinte minutos depois, ele já estava como um furacão dentro da minha sala, falando coisa, com coisa. — Cara, respira! Fala uma coisa de cada vez, não entendi nada! — falei para ele. — Tá, vamos por partes! Levei a Louise para almoçar... — Mas, você não perdeu tempo, né? Tá certo que falei para ir fundo, mas pelo jeito s