Gilmare

CAPITULO 6

Louise Gomez

Eu parei na sua frente com uma excelente postura, e o encarei com os meus belos olhos azuis matadores, bem firme. Quero que ele veja bem, o mulherão que perdeu, e que nunca mais terá.

Pois, se tem uma coisa que eu sou, é vingativa. E ele seria o último homem para qual eu olharia.

Parada na sua frente, não posso negar que me deu uma balançada, mas dois toques e eu voltei a si, foi apenas coisa de momento, e o fato de não vê-lo a tantos anos, deve ter me confundido.

Foi um pouco estranho, pois se eu não soubesse tudo o que ele me fez no passado, poderia jurar que o jeito que ele me olhava, era de quem ainda gostava de mim. Talvez eu tenha mudado um pouco, e ele tenha estranhado as mudanças, mas não me importo nem um pouco com o que ele acha, ou não.

Provavelmente foi só o lado cafajeste dele se manifestando, mas eu não caio mais nessa, não. Tenho muitos planos, e o Wesley não está presente em nenhum deles.

Gostei dele colocar a cobrinha siliconada no lugar dela, falando sobre o meu cargo, e que eu seria sua nova chefe. Mulherzinha intrometida e inconveniente.

Ela me acompanhou até a minha sala, mas era nítido o seu descontentamento com a situação, mas estou pouco me lixando, problema é dela, que terá que me engolir de qualquer jeito.

— Aqui! Esta é a sala da gerência, mas se tivesse me dito antes, teríamos evitado este transtorno. — Diz ríspida.

— Ok, Gilmare! Se você se mantiver no seu lugar, estarei no meu, e tudo certo. Mas não se atreva a me desafiar, pois eu adoro desafios, e ainda não esqueci da promessa da privada — zombei.

— É Gilmara, não Gilmare! E tome muito cuidado comigo. Não fique se achando porque chegou hoje, e acha que está arrasando, só por que tem esse cabelo loiro. Eu pareço inofensiva, mas posso fazer, muitas coisas. E com licença! — falou e saiu bufando, mas eu segurei no seu braço, não permitiria que saísse sem antes ouvir umas verdades:

— Eu não tenho medo de você, tá? Só para ficar bem claro aqui! Eu preciso que faça o seu trabalho direito, e só! Apenas isso, e ficará tudo certo, entre a gente, caso contrário, eu não medirei esforços para quebrar a sua cara!

— Isso é o que nós vamos ver — Diz a vaca.

— Você é quem sabe! Se quiser, trabalhar como eu falei... ótimo! Um problema a menos. Mas, se quiser jogar... então tá! Eu adoro jogos! Só te aviso, uma coisinha... eu não perco uma briga — Digo a fuzilando com os olhos, e ela se retira da minha sala.

Aqui ninguém vai tirar farinha comigo, e se tentar, me apresentarei a quem precisar que me apresente, nem que eu realmente precise afundar aquela cara deslavada na privada, mesmo.

Mal cheguei na sala, e resolvi voltar a recepção do andar, esqueci de pegar um cafezinho que vi na hora em cheguei, e costumo tomar sempre, sou viciada em café.

Quando cheguei lá, esbarrei com um homem bonitão que estava passando, ele me olhou dos pés a cabeça, muito sorridente, e prestativo me serviu o café.

Era alto, loiro médio, com olhos claros, aparentemente mais novo que o Wes.

— Você é nova aqui né? Prazer, me chamo Douglas! — Disse, e estendeu a mão para eu cumprimentá-lo.

Fui educada e apertei a mão do homem, também não posso achar que todos eles são mal-intencionados, né? Então apenas sorri, e pegando meu café, me retirei. Não pretendo dar atenção demais a ninguém.

Voltando pra sala, vi que estava uma bagunça. Documentos importantes fora do lugar, e fora de ordem, no escritório do Ricardo, tudo ficava em ordem alfabética. Pelo visto a secretária metida não anda se preocupando em organizar nada. Aposto que fica de caso com o patrão, conheço bem esse tipo. Sem contar a sujeira que estava por toda a parte, e eu precisaria de uma faxina.

Notei a falta de alguns documentos que deveriam estar ali, mas não estavam, então precisei contactar a frescurenta. Me dirigi até sua mesa.

— Vou precisar de algumas coisas, então sugiro que anote para não esquecer.

— Pode falar, sou ótima em guardar as coisas — Diz se achando superior, “ah... até parece!“, penso, e a vejo a lixar as enormes unhas, como se não tivesse nada para fazer ali.

— Primeiro: Preciso da lista com todos os ramais internos. Segundo: Está faltando documentos importantes dos últimos projetos, e preciso deles para colocar em ordem, os demais. Terceiro: Os dados financeiros não estão batendo corretamente, então preciso dos arquivos do último ano, enviados no meu e-mail, ainda hoje, anote por favor: “financeiro_Lou@g***l.com”.

— Ok, só isso? — Pergunta com desdém.

— Por hoje sim! Amanhã te avisarei sobre o restante. Vou aguardar na minha sala.

— Vai ficar esperando então, não sou sua empregada. — Diz me encarando e pensei não ter ouvido direito.

— Como é?

— Além de burra, é surda? — Diz a mocréia.

— Escuta aqui, preguiçosa de quinta... se você não quiser trabalhar, tem muita gente que quer! Então se coloque no seu lugar, pois basta eu falar com o chefe, e estará demitida!

Ela ri alto, e eu não entendi a palhaçada.

— E você acha que ele vai te ouvir? Só porque é bonitinha, e tem esse cabelo loiro de farmácia, ele vai te dar moral? Se liga, ele não se insinua para funcionária nenhuma! Já fizemos Até uma aposta, valendo uma nota, para ver quem pega ele, mas ele não fica com funcionárias, e nem trata bem, nenhuma delas. Então boa sorte! — Disse a siliconada, movimentando as mãos.

Fiquei pensando aqui com os meus botões, logicamente ela não estava falando do Wesley. Só que pelo jeito, ele criou juízo, e não está saindo com funcionárias da empresa, isso sim, é novidade. Mas, isso não é da minha conta, então logo expliquei para a folgada quem é o chefe:

— Não, queridinha... quem precisa de sorte é você! O meu chefe se chama Ricardo, e com ele tenho total liberdade para trabalhar. Então você é quem escolhe, se quer trabalhar ou não!

— Algum problema por aqui? — estremeci com aquela voz grossa, que sempre me fez fraquejar, acompanhada do mesmo perfume amadeirado que conheço muito bem.

— Me parece que a senhorita Gilmare, não está querendo trabalhar. E preciso de algumas coisas para ontem, na minha sala. — falei ríspida, virando pro dono da voz.

— É Gilmara! — Diz a siliconada brava, com cara mais feia do que já tinha.

— Gilmara, preciso que auxilie a nova gerente, e organize tudo o que ela pedir, pois, estou atolado em trabalho, porque você não fez o seu trabalho direito. E, senhorita Gomez... preciso que vá até a minha sala quando puder!

“Ele me pediu para ir a sua sala?“ E agora? O que ele quer comigo? Será que quer falar sobre a empresa? Ele não se atreveria, depois de tantos anos, querer vim me dar alguma desculpa esfarrapada? Ou se atreveria? Pois, até achei estranho, que até agora, não me tratou mal, nem nada, ainda me ajudou com a cobra siliconada duas vezes, alguma coisa ele quer, e vou ter que ir lá, para saber, mas não agora.

“Droga, droga!“

Fui sem nem enxergar o caminho pelo corredor, e encontrei uma mulher de meia-idade, com uma roupa azul, e um carrinho de limpeza, então logo a chamei, pedi alguns utensílios dela. Primeiro colocaria tudo em ordem naquela sala.

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