Carioca Saio dali e vou pra casa da Leandra, mas antes passei na lanchonete pra comer alguma coisa. Puxo a cadeira, coloco o celular e os rádios em cima da mesa. Um deles desligado, o walkie talkie que fiz contato com a Leandra nesses três últimos dias. Um vapor me passa um rádio e logo chega por ali, trazendo a encomenda. Pouco depois, chego em frente a casa onde a Leandra mora com a amiga e aperto a buzina da moto. Aposto que a fofoqueira da amiga dela já foi contar que me viu com a mina do bar ontem, fodä-se. Logo ela sai na porta vindo em minha direção, usando um short e uma blusa tão curtos, que era quase a mesma coisa que estar pelada. — Eu tava com saudade. Desce, vem!— ela fala, agarrando meu pescoço. — Agora não, Leandra! Só vim te trazer uma parada. — tirei a mão dela da minha.— O quê é isso? — ela pergunta, pegando a sacola de papel que entreguei a ela.— É pra você, um celular novo! O cara disse que aquele seu lá, não tem mais conserto, não.O celular d
JAPAH E LC DEPOIS DA BRIGA DE LEANDRA:— Qual é do Carioca com essa mina aí, Japah?— E eu que sei? O Carioca tá maluco, só pode!— Rebeca me comentou que ele tava com outra, que a Fernanda tá mauzona, mas na moral? Achei que era só um pente e rala, mas depois do que vi lá no bar, tô achando isso aí muito sinistro.— LC, eu nem sei o que dizer, ele era louco pela Fernanda e agora que tá vindo mais um moleque aí, o cara tá fazendo merda atrás de merda, não tem sentido, não!— As duas se atracando, essa parada vai chegar até a Fernanda! — LC diz.— Tu tem alguma dúvida? Eu já falei pra Dani não ficar contando tudo pra ela, mas sabe, né? Esse povo do morro, tá sempre fazendo fofoca. — Japah fala e envia uma mensagem para Dani. — O Carioca comentou que o hacker descobriu que tudo indica que as mensagens que a Fernanda recebeu achando que eram do Prancha, saíram daqui da Penha.— Tá confirmado isso aí? Se for, é fake, certeza que é, Japah!— Então... ele comentou por alto, parece
FernandaA brisa do mar é suave e refrescante, ao contrário dos meus sentimentos de agora, que são pesados e perturbadores.Estamos na praia, Gabriel e eu. Ele corre e brinca na areia, pega grãos na sua mão e joga para o alto, feliz, totalmente alheio ao que acontece com seus pais. Suas risadas se misturam com o som das ondas. Ele ama a praia desde quando fomos a casa de praia…Lembrar daquela casa me faz querer chorar, lá vivi tantas coisas boas e ruins.Ver meu filho tão feliz, mesmo que por um momento, aquece meu coração e me dá a força que preciso para continuar. É por ele e pelo meu bebê que decidi fugir e deixar tudo para trás.Quando saí em fuga do shopping, senti um peso enorme na consciência ao saber que Felipe vai ficar furioso com a Ângela. Com o Robertão não quero nem pensar em como será a cobrança, mas eu não podia continuar naquela vida.A última frase da segurança para mim, se repete em meu cérebro:— Estou te ajudando porque queria ter conseguido ajudar a minha
CariocaEu tava cheio de fome e mandava um prato de comida pra dentro quando meu celular tocou. Achei que fosse a Leandra, que já ligou antes, mas não tô afim de papo com ela, não.No visor do aparelho, apareceu o nome de Robertão. Atendi de imediato, afinal, Fernanda tava na pista com o Gabriel e minha mãe. Robertão tava na escolta deles e me ligaria se qualquer coisa saísse do padrão.— Fala, Robertão. — Minha voz saiu ríspida, sem paciência para enrolação. Meu humor, que não é um dos melhores, tá ainda pior com tudo que tem acontecido.— Chefe, acho que temos um problema aqui no shopping. — a voz dele tremia. Algo estava errado.— Um problema? Que tipo de problema? — No meu pensamento já vinha o desgraçado do Barreto fazendo alguma coisa com a minha mulher e o meu filho, e a comida já ficou indigesta.— É a senhora sua esposa, chefe... — ele hesitou. — Ela entrou no banheiro com o seu filho e já tem mais de 15 minutos que não saem de lá. Alguém da manutenção tá tentando abrir
CariocaDepois que o Japah organizou tudo com os nossos homens, mesmo contra a própria vontade dele porque não concordava com a minha decisão de sair da comunidade pra buscar a Fernanda, um forte esquema de segurança foi armado pra eu sair da favela. Era muito arriscado o que eu iria fazer, e por isso Japah era contra. Ele inclusive, meteu uma pressão na mulher dele e no amigo dela e da Fernanda pra saber se realmente eles não sabiam de nada. Mas a verdade é que a Fernanda agiu sozinha nessa porrä.Um plano foi montado rapidamente e por isso a chance de eu me fod¢r era grande. Lance feito a pressas pode dar errado.Dois carros seguiriam na frente, cheios de meus homens, pra abrir caminho. Outro carro viria atrás, garantindo que ninguém nos seguiria e logo estávamos indo. ***Enquanto percorríamos as ruas fora da favela, em horário avançado da noite, entrando na madrugada, minha mente tava na neurose total e o ódio no coração. Sentado no banco de trás
FernandaO carro corria pela estrada. Felipe dirigia em alta velocidade, seus olhos fixos no caminho à sua frente, seu rosto enfurecido e furioso.Um carro ia à nossa frente e dois atrás.Eu estava no banco do passageiro. Não tive poder de escolha e precisei voltar com ele. Gabriel dormia profundamente no banco de trás.Depois do tumulto no hotel, ele tinha acordado, tomado suco e comido alguns biscoitos. Quando viu Felipe, seus olhos brilharam de alegria e ele correu para abraçar o pai. Um é louco pelo outro, isso não posso negar.— Felipe, por favor, diminua a velocidade. — pedi, quebrando o silêncio entre nós, que se estabeleceu desde que entramos no veículo. — Gabriel está dormindo e eu não quero que ele acorde assustado.Felipe não respondeu, nem sequer olhou para mim. Seu olhar continuava feroz, os dedos apertados no volante. Eu sabia que ele estava lutando contra seus demônios internos, e eu não precisava de mais tumulto, principalmente na presença do meu filho.— Felipe
NO ESCRITÓRIO DA BOCA:Felipe, Japah e LC reunidos conversando.Ângela entra pela porta segurando um envelope de cor parda.— Pô, dona Ângela, pra que se dar a esse trabalho todo? Eu mandava alguém buscar, já falei que aqui não é lugar pra você! — Carioca diz.— Ficava no meu caminho, filho, e eu queria participar deste momento também. Todos esses dias aguardando o resultado me deixou ansiosa. Estou curiosa assim como vocês. — Ângela coloca a bolsa na cadeira, abre o envelope e coloca o resultado sobre a mesa. — Anda, abram logo. O resultado está aí! — ela diz.Todos se olham, mas ninguém pega o papel.— Bom, então se ninguém tem coragem de ler, eu leio! — Ângela pega o papel e começa a ler. Segundos depois, ela abre um sorriso e diz:— Aqui diz que as chances de grau de parentesco são de 99%, ou seja, vocês são irmãos!Japah se aproxima e pega o papel, depois Carioca faz a mesma coisa e passa para LC ler também.Um silêncio predomina até eles processaram o que acabaram de ou
CariocaA Fernanda fod¢ com meu psicológico, ela fod¢ com tudo dentro de mim. Sempre.Aquela tentativa de fugir com meus filhos me deixou puto, eu tive vontade de quebrar ela inteira, na moral. Mas ela tá grávida e não ia fazer essa covardia com meu filho. Mas longe de mim, ela não vai viver. Isso nunca.A Fernanda não entende porrä nenhuma, não facilita nada. Pelo contrário, ela dificulta tudo.Daqui a pouco é o baile e eu tô na casa da Leandra, acabei de dar um trato nela, que agora tá no banho. Fumo meu baseado olhando a favela pela janela.Como pode minha vida e a da Fernanda estar desse jeito?Era pra estar tudo perfeito, dentro de uma perfeição que a minha vida do crime permite, é claro, mas ainda assim era pra estar tudo bem entre nós.Mas a porra do meu ciúme e a ingenuidade dela, fudeu com tudo. E agora eu tô aqui com a Leandra e não tem mais volta.Saio da janela com cortina longa, olho o quarto pequeno, mas bem organizado.Luminária com a inicial do nome dela em ci