NO ESCRITÓRIO DA BOCA:Felipe, Japah e LC reunidos conversando.Ângela entra pela porta segurando um envelope de cor parda.— Pô, dona Ângela, pra que se dar a esse trabalho todo? Eu mandava alguém buscar, já falei que aqui não é lugar pra você! — Carioca diz.— Ficava no meu caminho, filho, e eu queria participar deste momento também. Todos esses dias aguardando o resultado me deixou ansiosa. Estou curiosa assim como vocês. — Ângela coloca a bolsa na cadeira, abre o envelope e coloca o resultado sobre a mesa. — Anda, abram logo. O resultado está aí! — ela diz.Todos se olham, mas ninguém pega o papel.— Bom, então se ninguém tem coragem de ler, eu leio! — Ângela pega o papel e começa a ler. Segundos depois, ela abre um sorriso e diz:— Aqui diz que as chances de grau de parentesco são de 99%, ou seja, vocês são irmãos!Japah se aproxima e pega o papel, depois Carioca faz a mesma coisa e passa para LC ler também.Um silêncio predomina até eles processaram o que acabaram de ou
CariocaA Fernanda fod¢ com meu psicológico, ela fod¢ com tudo dentro de mim. Sempre.Aquela tentativa de fugir com meus filhos me deixou puto, eu tive vontade de quebrar ela inteira, na moral. Mas ela tá grávida e não ia fazer essa covardia com meu filho. Mas longe de mim, ela não vai viver. Isso nunca.A Fernanda não entende porrä nenhuma, não facilita nada. Pelo contrário, ela dificulta tudo.Daqui a pouco é o baile e eu tô na casa da Leandra, acabei de dar um trato nela, que agora tá no banho. Fumo meu baseado olhando a favela pela janela.Como pode minha vida e a da Fernanda estar desse jeito?Era pra estar tudo perfeito, dentro de uma perfeição que a minha vida do crime permite, é claro, mas ainda assim era pra estar tudo bem entre nós.Mas a porra do meu ciúme e a ingenuidade dela, fudeu com tudo. E agora eu tô aqui com a Leandra e não tem mais volta.Saio da janela com cortina longa, olho o quarto pequeno, mas bem organizado.Luminária com a inicial do nome dela em ci
CariocaTô no camarote com LC e o Japah. O bonde pesadão com cordões e anéis de ouro, roupas caras, porque a gente não anda de qualquer jeito, e as glocks na cintura. Todos naquele pique.Em um canto mais ao fundo, em uma mesa, estamos conversando enquanto muitos soldados circulam com os fuzis pra todo lado, fazendo a segurança. Quanto maior o evento, maior deve ser a atenção.Alimentação e bebidas da melhor qualidade, som muito alto e quadra lotada. Comemoração é sem miséria.Meu rádio toca.Me afasto e vou até onde não tem tanto barulho. Atendo.— Fala!— Senhora sua esposa saiu de casa, agorinha!— Cola nela, então!— Um dos homens já tá na escolta! — Bode responde do outro lado da linha.— Já é!Desligamos.Volto com os caras.Leandra chega no camarote.Vestido dourado, curto e justo, cordão de ouro com a letra C no pescoço, batom vermelho conforme falou que usaria.Ela se aproxima, sorrindo, e senta em meu colo.LC e Japah levantam e se afastam indo até suas fiéis
FernandaSubi pro camarote com tanta raiva que sinceramente, a minha vontade era voltar embora, mas não vou dar esse gostinho ao Felipe e muito menos para aquela vagabundä, que, inclusive, ficou me olhando dos pés à cabeça quando eu retornei ao camarote.Me aproximo dos meus amigos novamente.— Estava onde, Fernanda? — Dani perguntou.— Tá louca, Dani? Não sabe onde ela estava? Estava era com o chefe da porrä toda por aí! — Andrey diz.— Pior que eu estava mesmo, se ele pensou que eu iria sair chorando e voltaria para casa, se enganou feio!— Olha Fernanda, não sei como você aguenta, viu? Eu no seu lugar, já tinha acertado a cara daquela puta! — Rebeca fala, enquanto segura o copo quase encostado na boca, olhando em direção à Leandra.— Por que a primeira-dama tem classe, Rebequinha! — Andrey fala, enquanto faz um passinho de funk.Olho para os lados, não vejo o Felipe. Ele não deve ter subido de volta ao camarote ainda.Minha garganta está seca, preciso beber algo, mas não p
ÂngelaEm um elegante bar de Copacabana, acompanhada de excelente companhia, eu tomo meu drink predileto, um Marguerita.Sempre que saio, deixo meu celular no modo silencioso, afinal, nenhuma rede social deve ser prioridade maior do que uma conversa olho no olho.Após algum tempo de conversa leve e descontraída, percebo uma chamada perdida do Felipe. Hoje é a noite do maldito baile em que ele vai assumir aquela desqualificada.Retorno a chamada, mas agora quem não atende é ele.Envio uma mensagem, perguntando se algo havia acontecido.Nenhuma resposta.Mando mensagem também para a Fernanda, que me responde, dizendo estar tudo bem e eu fico mais tranquila.Pouco depois, recebo uma foto enviada pelo Felipe, abro a imagem.Foto de um batom com a logomarca do Maxime Remy e achei que ele pudesse ter enviado errado.Maxime Remy é um estilista renomado na França e meu amigo de longa data, tenho inúmeras roupas da coleção dele.“Que foto é essa, Felipe?” — digito e envio.Logo vei
CariocaEstava tudo certo pra assumir a Leandra como fiel, tudo no esquema conforme o combinado. Mas daí chegar no baile e ver a Fernanda, me quebrou legal.O que ela veio fazer aqui? Fod¢r com meu psicológico, como sempre.Como vou assumir outra na frente dela? Sem condições.Depois da treta com ela na pista lá embaixo, voltei pro camarote, mas antes, precisei usar uma paradinha mais forte, ficar com a mente totalmente sóbria hoje não rola.Depois de um tempo, minha cabeça trabalhava sem parar e eu decidi, não vou assumir a Leandra na frente da Fernanda, não tem como.O plano muda, sempre pode mudar.Aviso o soldado que tá perto do palco para informar ao DJ que não vai ter essa parada, geral sabe que a Leandra tá comigo, inclusive na internet já tavam comentando, então fodä-se, evento oficial não vai rolar.O lance do batom nas coisas dela não saiu da minha mente, algo me dizia que tinha escama.Por que um batom tava me incomodando tanto?O hacker mandou mensagem e na hora
CariocaSentado na mesa de concreto do pico do morro, olho pro horizonte e depois pro céu.Minha cabeça tá fervendo, mas não é pelo calor de 38° que faz no Rio de Janeiro no momento, e sim, pelas ideias trabalhando no meu cérebro.Penso, analiso muita coisa, relembro alguns detalhes.Ligo pro hacker que atende com a voz de sono, fodä-se, ele é sempre muito bem recompensado.— Vou te mandar por mensagem, o nome de uma pessoa que já morreu, mas que provavelmente a conta do Instagräm ainda esteja ativa.Hoje não me arrisco mais ao ponto de ter conta em Instagräm ou Fäcebook, mesmo que seja fake, todo cuidado é pouco, X9 tá em todo lugar.— Algo em específico pra eu procurar nessa conta, Carioca— Uma mulher, qualquer uma além da dona do perfil, que apareça em fotos com ela, não importa quantas fotos, quero que você me mande todasEm menos de 15 minutos depois ele me enviou, não precisava ser hacker pra fazer isso, a não ser que a conta fosse privada e eu nem sei se era. Eu só nã
OS DIAS PASSANDO...LeandraAquela sonsa, sem sal e sem açúcar da ex dele vai pagar caro pelo que me fez, isso não vai ficar assim. Ela não vai ter paz, não vai ter ele e não vai ter felicidade. Eu não vou deixar.O Carioca simplesmente não me assumiu no baile, conforme estava combinado e sumiu a noite toda. Deve ter comida aquela chifruda pra ela se acalmar.Tive que ligar pra Vitória, que trouxe uma roupa para eu sair do baile e tive que ficar no banheiro até ela chegar. Que ódio!Mas eu vou aguentar o que tiver que aguentar, traficante é assim mesmo, com a mãe dos filhos eles ficam por gratidão. Eu não vou desistir agora.A Jéssica agiu sob efeito da raiva e acabou perdendo ele pra essa daí, mas comigo vai ser diferente. Eu vou infernizar tanto a vida dela, que ela não vai ter outra alternativa a não ser ir embora da Penha. Se ela pensou que ia separar a gente, se enganou feio, nós seguimos juntos.Ele não vem todas as noites aqui, é verdade, e também não falou nada sobre aq